sexta-feira, 26 de agosto de 2016

TEATRO DE RUA

Livres para ser profano

Em um bloco de carnaval, o novo espetáculo do coletivo Os Pícaros Incríveis estreia trazendo à rua heróis gregos trágicos para falar de liberdades

Nas duas primeiras quintas e sextas-feiras de setembro (1o., 2, 8 e 9) as praças João Gentil e da Gentilândia, respectivamente, terão seus espíritos carnavalescos renovados em um carnaval sem época na temporada de estreia da segunda montagem do coletivo Os Pícaros Incorrigíveis, “Devorando Heróis - A tragédia segundo os Pícaros”. As apresentações serão gratuitas e abertas, e acontecem sempre às 19 horas.

Em continuidade à sua pesquisa e prática do teatro de rua que transborda uma arte pública, expansiva e desestabilizadora do cotidiano e de seus sensos, os Pícaros Incorrigíveis mostram nesse espetáculo as trágicas histórias de dois heróis da Grécia Antiga, Prometeu e Ájax. O objetivo é ganhar as praças como um bloco de carnaval e realizar uma folia teatral que devora esse heróis, tomando suas feições e forças de enfrentamento aos ditames do poder, para assim falar de liberdades.

Os heróis na tragédia grega são aqueles que desobedecem os deuses ou ultrapassam os limites do poder, e nós o que temos ultrapassado para confrontar autoridades e autoritarismos? Na encenação picaresca, multicolorida, tropicalista e marginal, assinada por Murillo Ramos, os heróis são o anti, o contrário, o marginal, o malandro, o matreiro, ou seja, a própria picardia.

Segundo Ramos, "Devorando Heróis é, acima de tudo, um exercício de liberdade onde atores,músicos, circenses, saltimbancos, experimentam do desbunde como oposição à realidade imposta".

Com músicas originais, compostas por Beto Menêis, que também é autor do texto da montagem, e direção musical de Moisés Filipe e Pedro Caleb, o espetáculo conta com musica ao vivo, executada pelo elenco composto por Menêis, Filipe e Caleb, além de Alysson Lemos, Gyl Giffony, Júnior Barreira, Murillo Ramos e Paula Yemanjá. O figurino tem assinatura de Ruth Aragão e o cenário é do coletivo, com colaborações de Yuri Yamamoto e Miguel Campelo.

Inspirados também por artistas como Hélio Oiticica, Jards Macalé, Torquato Neto, Waly Salomão, Raul Seixas, Mário Gomes e Marcelo Bittencourt, o grupo parte de uma leitura da clássica dramaturgia grega para chegar ao pícaro contemporâneo, um carnavalesco sopro de contestação ao cinza concreto da metrópole com seus corpos enrijecidos pela engrenagem do sistema. Um turbilhão de cores, corpos, imagens, ritmos, músicas, rasgam o espaço urbano para compor a picardia.

Serviço

Temporada de estreia do espetáculo de teatro de rua “Devorando Heróis - A tragédia segundo os Pícaros”, do coletivo Os Pícaros Incorrigíveis

Quando?

Dias 1o., 2, 8 e 9 de setembro às 19h

Onde?

Quintas (1. e 8) na Praça João Gentil;

Sextas (2 e 9) na Praça da Gentilândia, ambas no Benfica.

Quanto?

Aberto e gratuito

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