No dia 4 de junho, domingo, o Cineteatro São Luiz recebe o espetáculo “Makem canta o sertão”. A cantora cearense, semifinalista do The Voice Brasil, apresenta um show inédito ao público fortalezense em alusão ao São João. “Esse show é diferente de tudo que já fiz! É uma reconexão com as minhas raízes nordestinas! Só com os clássicos da música regional”, disse a artista. Além dela, sobem ao palco Felipe Facó, na produção musical e na guitarra; Aléfe Castro, nos teclados; Gustavo Pinheiro, no baixo; e Denilson Lopes, na bateria.
No setlist, haverá homenagens aos clássicos do eterno Rei do Baião, Luiz Gonzaga, como “Pagode Russo”, “Qui nem Jiló” e “Xote das meninas”. E faixas contemporâneas e conhecidas nas vozes de Gilberto Gil, “Esperando na janela”, e Alceu Valença com “Anunciação”. "É uma experiência nova! Mas já tem um bom tempo que eu queria interpretar baião, xote e música nordestina”, diz a artista sobre interpretar os grandes nomes da música.
Makem também é presença confirmada no Festival Zepelim, que reunirá vários artistas no Marina Park nos dias 19 e 20 de agosto.
Em 2015, Makem Oliveira, cria da periferia de Fortaleza, cantou em um karaokê na Barra do Ceará e, depois disso, muito mudou após um vídeo seu, cantando o hit de Whitney Houston ‘’I Have Nothing” viralizar na internet, alcançando mais de dois milhões de visualizações, compartilhamentos e reportagens. Em 2019, Makem lançou seu primeiro trabalho autoral intitulado ‘’Simplesmente Teu’’. Com elementos do R&B dos anos 90, a música conta a história de um coração partido, mas também a iniciativa de amor próprio.
Sabendo da sua capacidade e talento, Makem se inscreveu para “O The Voice Brasil”, da Rede Globo. Logo nas audições às cegas, Makem impressionou os quatro jurados que viraram suas cadeiras. Makem terminou o programa como semifinalista. Esse talento cearense, com sua voz poderosa, é o entrevistado de hoje do DIVIRTA-CE. Confira.
DIVIRTA-CE - Qual foi o momento mais desafiador para você durante a sua participação no The Voice Brasil? De que forma a sua experiência no The Voice Brasil mudou a sua visão sobre a indústria musical brasileira?
MAKEM - Com certeza, a batalha.
Trabalhar com outra pessoa no palco é sempre desafiador. Não dá pra cantar por cima de ninguém, isso é falta de respeito. Pensar como um dueto foi a melhor saída pra mim. Daí eu, e meu amigo Kacá Novais fizemos um show, juntes. O The Voice Brasil me deu uma nova perspectiva sobre televisão e como um programa de nível internacional funciona. O mercado ainda é muito monopolizado por alguns gêneros musicais. É um trabalho duro criar um conceito, algo que te diferencie e ao mesmo tempo seja fiel à sua essência.
DIVIRTA-CE - Como você define a sua identidade musical e como ela se reflete nas suas apresentações ao vivo? Quais são as suas maiores influências musicais e como elas se manifestam na sua música?
MAKEM - Essa pergunta é a mais complexa de todas, isso aqui vai ficar muito brechtiano, (risos). Eu diria no mínimo que sou uma Bruxa punk do espaço sideral, hippie simpatizante de um futuro incerto. Eu acredito que carregar minha ancestralidade é da maior importância pra poder refletir o meu tempo. É um caldeirão tão absurdo de influências dentro de mim que você nem imagina: Whitney e Elis são minha maiores mestras, mas o rolê vai de Rita Lee, a The Sisters of Mercy, Raul Seixas, Tim Maia, Fleetwood Mac e Stevie Nicks, Anita Baker e A-HA. A lista é infinita.
DIVIRTA-CE - Na sua opinião, quais são os principais desafios que os artistas independentes enfrentam atualmente no Brasil? Como você acha que a tecnologia tem influenciado a música, tanto no processo de criação quanto na distribuição e consumo?
MAKEM - Grana (risos). A gente tá vindo de um período cavernoso pra cultura que foi muito subvalorizada nesses últimos anos. Você precisa financiar tudo pra fazer sua carreira dar certo. Os streamings democratizaram muito as chances de podermos divulgar o nosso trabalho. Eu vim de um viral no YouTube. Teria sido bem mais difícil pra mim se essas mídias não existissem.
DIVIRTA-CE - Você é atração confirmada do Festival Zepelim 2023. Quais são as suas opiniões sobre a cena musical independente do Brasil e como você enxerga o papel dos festivais nesse cenário?
MAKEM - Eu acho de uma importância absoluta a gente ter festivais como o Zepelim que trazem essa pluralidade musical que reflete de verdade o nosso país, gente de toda forma, cor, gênero ocupando aquele espaço com força! A nossa cena é rica, nossas histórias são contadas nesses palcos! Isso é Brasil.
DIVIRTA-CE - Qual é a importância da diversidade e da inclusão na música e como você tem abordado essas questões em seu trabalho? Como você equilibra as expectativas do público com a sua própria criatividade e autenticidade artística? De que forma você acha que a música pode ser uma ferramenta para promover mudanças sociais e políticas?
MAKEM - Nossa existência em si já é um ato revolucionário, em um mundo que quer te adaptar a um molde específico. Minha voz feminina, aura pagã, minha própria aparência já configura um discurso.
Defender a minha existência, minha sexualidade, minha quebrada, minha origem, acaba fazendo alguém se enxergar em mim. Isso é que me inspira a pisar no palco. Eu me deixo levar por completo, e esse ato de entrega já me mostra como o público reage. Eu absorvo o melhor dessa experiência.
DIVIRTA-CE - No dia 4 de junho, próximo domingo, o Cineteatro São Luiz recebe o espetáculo “Makem canta o sertão”. Você apresentará um show inédito ao público fortalezense em alusão ao São João. Como será a apresentação?
MAKEM - O show é uma experiência toda nova pra mim. Eu nunca fiz um projeto todo voltado pra música regional. E vem sendo incrível perceber como somos ligades a essas músicas. Como são parte viva da nossa memória e história. Eu vou ter a oportunidade de interpretar composições de Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Sivuca, dominguinhos e mais! A genialidade desses cabras é outra coisa! E poder unir essa tradição à minha energia não binárie já é em si algo forte pra mim!
DIVIRTA-CE - Como você escolhe as músicas que irá interpretar em seus shows e qual é o processo de seleção de repertório?
MAKEM - Cada música precisa ter um pouquinho de mim. Eu sempre busco interpretar histórias curiosas, infames ou simplesmente românticas. Músicas que revelem coisas que eu acredito e sinto ou simplesmente que me deem a sensação de ser uma pessoa diferente em cada interpretação.
DIVIRTA-CE - Quais são os seus planos para o futuro em relação à sua carreira musical? Quais os próximos shows e projetos?
MAKEM - Esse ano estou me envolvendo em projetos diferentes. Realizando tributos e shows que sempre quis fazer! Também tem trabalho autoral vindo por aí! Meu desejo é contar as histórias reais, das ruas, do corre nosso de cada dia. Um som urbano com um toque clássico.
SERVIÇO
MAKEM CANTA O SERTÃO
Data: 4 de junho, domingo
Local: Cineteatro São Luiz, R. Major Facundo, 500 - Centro, Fortaleza - CE
Horário: 18h
Ingressos online: https://bileto.sympla.com.br/event/82983/d/195358/s/1318744
Valores/Vendas: R$ 25,00 (meia) / R$ 50,00 (inteira) + um item de higiene pessoal ou pacote de absorvente que serão doados à Comunidade Sangue Nosso (solidária)
Duração: 60 minutos
Venda de ingressos físicos: bilheterias do Cineteatro São Luiz
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