quinta-feira, 20 de outubro de 2022

ENTREVISTA

Humor e versatilidade de Luís Miranda
O ator que está em "Bem vinda a Quixeramobim", e protagoniza filme sobre Lima Barreto, deu entrevista ao DIVIRTA-CE 

O baiano Luis Miranda: Apresentou a peça "O Mistério de Irma Vap" em Fortaleza e se prepara para lançamento da série "Encantados na Globoplay 
Conhecido por sua veia cômica e seus personagens hilários, mas também vom um lado dramático em clássicos do cinema como "O Bicho de Sete Cabeças", o ator baiano Luis Miranda apresentou recentemente por Fortaleza com o espetáculo "O Mistério de Irma Vap", ao lado de Matheus Solano, e se prepara para estrear dois novos filmes no cinema: um sobre a vida do escritor Lima Barreto e a nova comédia do diretor cearense Halder Gomes, "Bem Vinda a Quixeramobim". 
Jurado do "Domingão com o Huck" e contratado da Rede Globo, com grandes trabalhos na dramaturgia brasileira, Luís falou com o DIVIRTA-CE sobre a nova série "Encantados", que estreia na Globoplay, sua carreira e seus novos trabalhos na TV, teatro e cinema. Confira a entrevista.

DIVIRTA-CE - O longa-metragem “Bem-vinda a Quixeramobim”, de Halder Gomes, foi o vencedor, mês passado, durante o 26º Infinitto Brazilian Film Festival Miami, dos prêmios de Melhor Filme Júri Popular e Melhor Atriz para Monique Alfradique. O festival é o maior e mais importante de cinema brasileiro no exterior, com a exibição, em formato híbrido, de cerca de 70 produções brasileiras, todas inéditas no país. Como é o seu personagem no filme e quais as expectativas para esse longa metragem que está nos cinemas? 
LUIS MIRANDA - Bem Vinda a Quixeramobim foi um convite do Halder, um cara querido, que a gente já tinha vontade de trabalhar juntos. Eu iria fazer o Cine Holyudi, mas acabei fazendo outra serie na casa. É uma parceria bacana, eu adoro o trabalho do Halder, ele é um incrível, o filme é um cara incrível. Foi um prazer ter feito o filme, eu faço o advogado da personagem da Monique (Alfradique, atriz, protagonista do filme), que é um cara que vai explicar a ela o que ela tem direito após o pai ser preso na malha fina, ela vai ter que deixar a casa dela e descobre que tem essa propriedade no Ceará, e ela acaba caindo nessa aventura em Quixeramobim. A gente se diverte muito assistindo, o filme já é premiado, tem um elenco delicioso, o Edmilson Filho que todo mundo é super fã. É um filme maravilhoso.
DIVIRTA-CE - Você é um ator que faz muito cinema e protagonizou um filme histórico que estreia ainda esse mês. Fale um pouco sobre essa novidade.
LUIS MIRANDA - Eu também estou estreando dia 29 o Lima Barreto, o Terceiro Dia, filme do Luís Antônio Pilar no qual estou protagonizando, sobre a história do Lima Barreto. Filme também já aclamado no Festival de Recife com melhor roteiro, melhor direção de arte. É um filme que fiquei muito feliz de ter feito. Um filme negro, com elenco negro, falando sobre a vida do escritor, falando sobre loucura. É um filme também que tive muito prazer de fazer. E a expectativa é que os filmes consigam ser vistos, né? Hoje a gente tem que lutar para que os filmes brasileiros sejam vistos, e que as pessoas curtam, se divirtam. A gente quer contar história, isso é bacana.

DIVIRTA-CE- Como surgiu a arte e o humor na sua vida? Você marcou sua carreira nos palcos, TV e cinema fazendo stand up comedy, inclusive tem personagens queridos do público, como Ademar Queixada, Caroline, Dona Edith, Detona, MC Dólar, Madame Sheila, Vovó Arlinda. 
LUIS MIRANDA - Apesar de ser marcado pelo humor, não comecei minha carreira fazendo comédia stand up. Eu fiz muito teatro em São Paulo. Já tinha feito filmes como Bicho de Sete Cabeças e outros, anteriores ao Terça Insana, que foi um convite da Grace (Gianoukas), porque sempre fui um cara que gostei muito desse lado do humor. Depois foram pintando convites na televisão, da série Sob Nova Direção, depois Tudo Junto e Misturado, em seguida A Grande Família, Mister Brown, Zorra. Tem "Encantados" que estreia na Globoplay ano que vem, uma série de humor também, e vários filmes que fiz nessa pegada, mas me considero um ator sem gênero, apesar de ter essa coisa toda da veia cômica. Acabei de rodar vários filmes que são de outros gêneros, temos que tentar exercitar e fazer com que o trabalho da gente seja um pouco mais expansivo, do que a gente costuma fazer. Mas a ideia é que a comédia, o drama sejam mescladas uma com a outra. A ideia é a gente conseguir fazer um trabalho pluralizado, universalizado, contemporâneo, que possa falar sobre o nosso país, sobre o nosso Brasil.
DIVIRTA-CE - Você esteve em Fortaleza, apresentando o espetáculo "O Mistério de Irma Vap" ao lado de Mateus Solano, em montagem adaptada e dirigida por Jorge Farjalla a partir do texto de Charles Ludlam. Esse texto de Ludlam teve sua primeira montagem brasileira com direção da atriz Marília Pêra e atuação de Ney Latorraca e Marco Nanini, estreou em 1986 e ficou em cartaz durante 11 anos consecutivos, o que garantiu ainda o registro no livro Guinness World Records. A peça ficou marcada na história do teatro por uma espécie de gincana de troca de figurinos por Nanini e Latorraca. Como você reagiu ao convite para fazer o espetáculo que garantiu prêmios por sua atuação?
LUIS MIRANDA - Para mim foi muito legal a ideia de ser convidado para fazer Irma Vap. Eu já tinha uma coisa emblemática na minha vida, tinha escrito um texto há um tempo atrás, que era uma história de vampiro também, você vê, que coisa engraçada. Quando o diretor nos convidou para fazer ele já tinha uma ideia na cabeça do que ele queria, e sou um cara movido a desafios, então me interessou muito. O espetáculo que ele monta é completamente diferente do que o Paganini e Marília Pêra fizeram com o Ney Latorraca, onde o virtuosismo está mesmo nos atores e na sincronicidade que a gente usou para fazer as trocas de personagens, destacando só o corpo físico, muito mais que as trocas de roupas.

DIVIRTA-CE - Como é essa nova adaptação da peça "O Mistério de Irma Vap" que foi apresentada na capital cearense e outros estados, quais as diferenças da outra versão? 
A gente preferiu fazer um espetáculo que é uma homenagem ao Teatro. É uma peça que desnuda a ideia do fazer teatral. Então ele mostra as trocas de roupas, e também tem coisas que não eram do original, temos um espetáculo muito dinâmico. Costumo dizer que é uma gincana com atletismo. É um espetáculo que propõe uma diversão muito interessante, porque para além dos dois atores, temos mais quatro atores que fazem os contra regras monstros, que tocam, cantam, empurram carrinho. Tem uma parafernália ali na direção que é muito interessante enquanto entretenimento. Paralelo a isso a gente usa uma história com muitas críticas sociais, a gente faz apontamentos sobre o momento atual que estamos vivendo no país. É um espetáculo que tem essa acidez e a gente atualiza ele para falar de cultura, de arte, prestar homenagens a pessoas que já se foram. O espetáculo é um grande encontro com o público, após esse momento que passamos de pandemia. Um encontro de diversão, brincadeira e, principalmente, de jogo entre os atores.

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