Papo sobre gaita, política e cultura
A didática da harmônica é um dos destaques da edição 2022 do Fórum Harmônicas Brasil. O músico e professor Marcelo Naves vai dar dicas sobre as melhores soluções para cursos na Internet. Além de Marcelo Naves, os gaitistas Diogo Farias e Maurício Einhorn participam da programação, que vai ao ar a partir dos dias 16, 17 e 18 de julho. Em 19.7, o Fórum apresentará show com os artistas Jefferson Gonçalves & Bitencourt Duo. Toda a agenda será veiculada no canal www.youtube.com/forumharmonicas. Reconhecido como um dos mais produtivos eventos de formação artística do País, o Fórum segue em formato digital este ano, adotado em 2020 e 2021. A edição deste ano traz os artistas sendo entrevistados por Roberto Maciel e Jefferson Gonçalves. E o Jornal O Estado conversou com Roberto Maciel que falou sobre esse e outro evento que é produtor cultural, além de falar sobre eleições, pois o jornalista é comentarista político de vasta experiência, um dos mais conceituados do Ceará. Confira a entrevista.
DIVIRTA-CE - Como foi a ideia de criar o Fórum Harmônicas Brasil, um festival que coloca a gaita como protagonista?
ROBERTO MACIEL - A ideia original é do Diogo Farias, médico e gaitista cearense, que pensou num evento com gaitas. Ele me fez a provocação de realizar o evento e convidei o jornalista Luiz Carlos de Carvalho, que na época era meu sócio. A partir daí, a seis mãos, começamos a definir e a lapidar o Fórum Harmônicas Brasil. A primeira edição foi em 2005, ainda com o nome de Fórum Harmônicas do Ceará. Posteriormente, demos caráter nacional à programação.
DIVIRTA-CE - Fale um pouco do evento deste ano, que será online, das edições que aconteceram e da importância do Fórum Harmônicas.
ROBERTO MACIEL - Essa é a segunda edição virtual com formato de podcast. E nela vamos completar um ciclo importantíssimo: o de engajar na agenda mais um grande nome da gaita brasileira. Neste ano teremos Maurício Einhorn, que é reconhecido internacionalmente como um dos maiores nomes do instrumento. Já tivemos, em edições presenciais, Rildo Hora e Jehovah da Gaita e outros gigantes da música. Isso enriquece muito o Fórum como plataforma de difusão de conhecimentos. Também tivemos a oportunidade de reunir artistas internacionais, como Win Djikgraaf (Holanda), Xime Monzon (Argentina) e Johnny Rover, Peter Madcat e Rick Estrin (EUA), o que ampliou mais ainda a nossa capacidade de compartilhamento de informações. Outras referências nacionais, como Guta Menezes, Flávio Guimarães, Jefferson Gonçalves, José Staneck, Indiara Sfair e Benê Chireia ajudaram a solidificar a iniciativa. Também abrimos espaços para nomes locais, como Raquel Ingredy, o próprio Diogo Farias, Rodrigo BZ, Di Lennon Ribeiro e Natanael Pereira, além de promovermos ampla atividade didática.
DIVIRTA-CE - Você também produz o festival Canoa Blues. O festival também acontecerá esse ano?
ROBERTO MACIEL - Estamos definindo a programação do Canoa Blues para novembro e dezembro, apostando agora na retomada das atividades culturais após a pandemia. O evento tem repercussões muito positivas na economia do Aracati e de Canoa Quebrada, o que nos confere o apoio decisivo do Governo do Estado, da Prefeitura do município, do Sebrae e da Associação dos Empreendedores de Canoa Quebrada. Também planejamos uma sessão em Fortaleza. Lembrando: toda a agenda do Canoa Blues garante acesso gratuito do público.
DIVIRTA-CE - Você foi comentarista político durante alguns anos na TV Verdes Mares e hoje mantém o portal InvestNE. Como você analisa a situação política no cenário atual sobre a escolha de candidatos ao Governo do Estado e a aclamação de Lula nas pesquisas para presidente?
ROBERTO MACIEL - Há indefinições, o que não autoriza previsões neste momento. O PDT, por exemplo, que é partido majoritário na Assembleia, ainda não firmou candidato ao Governo. Quanto ao fortalecimento de Lula, parece-me que há um reconhecimento de avanços das gestões relacionadas ao petista e uma reprovação ao modelo atual. De todo modo, é possível que os muitos campos da cultura, hoje tão devastados, e outros direitos sociais, têm a possibilidade de sonhar com novos momentos de crescimento e de democracia.
DIVIRTA-CE- A Câmara derrubou o veto de Bolsonaro e acaba de publicar a Lei Aldir Blanc 2 e a Lei Paulo Gustavo que dará incentivo de bilhões aos artistas brasileiros depois do setor cultural agonizar na pandemia de Covid 19. Como você vê a necessidade de incentivo e o retorno do investimento nas artes nacionais, o que muitos chamam de "mamata"?
ROBERTO MACIEL - Não é "mamata" nem nunca foi. Trata-se, sim, de uma experiência valiosíssima para a economia criativa. A depreciação que se tenta impor, que soa como terrorismo numa avalanche de desinformação, é um gesto de inimigos da cultura - gente que está por trás, por exemplo, dos rios de dinheiro que prefeituras pobres fazem jorrar para artistas sertanejos ou de forró. Nada contra o sertanejo e o forró, mas a favor da democratização de saber e inteligência em manifestações diversas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário