terça-feira, 3 de junho de 2008

LIVROS - FICÇÃO

Erotismo clássico revisto

Casanova, Petrônio, Marquês de Sade, Boccaccio, Masoch e As mil e uma noites inspiram essa série de novelas intitulada Coleção Placere, que chega às livrarias no final de maio, apresentando seus três primeiros volumes. O melhor da literatura erótica numa releitura contemporânea, feita por Flávio Braga que apresenta histórias conduzidas com paixão, luxúria e amoralidade, nas quais os mestres do erotismo universal são personagens. A matéria-prima é o texto destes autores, obras como Os 120 dias de Sodoma, A Vênus das peles, Decamerão, Satíricon... A inovação está na síntese que o autor busca entre os clássicos e uma linguagem atual.

Sade em Sodoma

Coleção Placere - Volume 1
Flávio Braga
Editora BestSeller
Formato: 14x21cm
160 páginas
Preço: R$ 21,90
ISBN: 978 85 7684 221 7

O movimento pendular que a moral literária percorre faz com que um autor morto há três séculos se apresente menos recatado do que a maioria dos criadores contemporâneos. O fenômeno se dá um tanto pela opressão de instituições vetustas, como a Igreja e os Tribunais, e outro tanto por modismos e opções estéticas. O certo é que ninguém desbancou Sade, por exemplo, na habilidade de expor os escândalos do prazer ou Petrônio em desnudar a vida das ruas na Antiguidade.

Utilizar a matéria-prima criada por esses mestres é a tentação a que o autor não resistiu. O clássico Os 120 dias de Sodoma, que serve de base à presente novela, é um livro maldito. Esteve proibido durante séculos. Sua trama revela uma orgia, com o prazo estipulado pelo título, em que a elite da nobreza, do clero e das forças armadas exercem a libertinagem mais desbragada.

O ponto de vista para a intervenção de Flávio Braga é bastante atual. Quem exerceu a segurança de semelhante evento? O personagem narrador assume essa tarefa e conta aos leitores estarrecidos o horror daqueles três meses num castelo próximo à fronteira da França.

“O senhor conhece a casa? Seu rosto não me é estranho. Costumo me orgulhar de conhecer todos os ratos de bordel de Paris. Pelo menos os que possuem títulos de nobreza. O senhor é marquês, correto? Mathieu lhe encaminhou? Ou foram os “amigos”? Entendi que lhe interessa ouvir. Como eles. Ouvir talvez para excitar-se, não é certo? Ouvir para escrever? Existem interessados nas infâmias que se praticam entre essas paredes? Não duvido de mais nada. Após tantos anos de profissão assisti de tudo. Tanto que agora sou solicitada a contar.”

Eu, Casanova, confesso...

Coleção Placere - Volume 2
Flávio Braga
Editora BestSeller
Formato: 14x21cm
192 páginas
Preço: R$ 21,90
ISBN: 978 85 7684 252 1

O mais célebre sedutor que se conhece, Giacomo Girolamo Casanova, era escritor de romances mas se tornou famoso por sua autobiografia. As mais de mil páginas que deixou, narrando sua vida, sofrem do mal das opiniões que temos de nós mesmos: são benevolentes e escondem o que o envergonhava. Alguns dias antes de abandonar a vida de prazeres que descreveu, Casanova sucumbiu à tentação de se confessar e durante seis horas falou a um cura.

Ora, a informação é de enorme valor para Flávio Braga, que nos remete a outro Casanova, tão libertino como o primeiro, porém bem mais realista. Afinal, quem pagou suas constantes viagens por toda a Europa? De onde vinha sua fonte de renda? Tudo foi confessado na hora da verdade e, lendo nas entrelinhas, pode-se verificar que tudo estava lá nas suas memórias. O leitor acompanha essas aventuras amorais como um documento de época. O testamento dos libertinos.

“Vivi como filósofo e morro como cristão, padre; o contrário talvez fosse mais simpático aos olhos de Deus, mas certamente seria menos racional, uma vez que a filosofia é mais de acordo com a vida, assim como a religião nos vale na hora da morte. Não se ofenda. Em nome do Senhor, sou cínico apenas aparentemente. Vivi para os sentidos da forma mais arrebatada que um homem poderia fazê-lo; fiz meu altar diante da carne das mulheres e tratei os homens como parceiros de jogo. Não consigo imaginar forma mais justa de distribuir a atenção entre os seres humanos.”

*****
Enquanto Petrônio morre
Coleção Placere - Volume 3
Flávio Braga
Editora BestSeller
Formato: 14x21cm
160 páginas
Preço: R$ 21,90
ISBN: 978 85 7684 250 7

O Imperador Nero foi o responsável pelo suicídio de Petrônio. O grande autor foi vítima de intrigas palacianas, mas o texto que escreveu sobre o submundo de Roma sobreviveu e alçou seu nome à eternidade. O romance Satíricon serve de base para Flávio Braga recriar o dia em que Petrônio morre. Uma Roma de espetáculos sangrentos entre gladiadores e escravos e onde as casas de banho se assemelhavam muito às saunas gays de nossas grandes cidades.

As aventuras de dois marginais pela noite romana conduzem o leitor aos diversos níveis da vida do povo na Antiguidade, quando o valor da vida e dos prazeres estava muito ligado ao poder total das elites.

“Aguardo a ajuda dos deuses, ou pelo menos de alguns deles, de Circe e de Príapo, com certeza, para que possa ser fiel aos fatos. Estou ciente de que as palavras sobrevivem aos homens, embora dificilmente elas garantam a sobrevivência física deles. Eu, pessoalmente, só ganhei o meu pão com a venda dos corpos. Só a satisfação sensual possui valor nesse mundo em que me foi dado viver.”






Um dos grandes nomes do novo romance de espionagem

BRANDEMBURGO é um thriller emocionante ambientado nos dias que antecederam a queda do Muro de Berlim. Seu autor, Henry Porter, foi alçado a categoria de celebridade depois da publicação do romance A spy’s life, em 2001, transformando-se em um dos grandes nomes do novo romance de espionagem. Ele vem sendo considerado pela crítica o novo John le Carré.
Setembro de 1989. O governo comunista da Alemanha Oriental encontra-se à beira do colapso, agarrado desesperadamente ao poder pela mão de ferro da Stasi. Um dos mais eficientes serviços de inteligência do mundo, o órgão contabiliza um informante para cada sete habitantes do país, mantém espiões ultra-informados, inúmeros agentes armados, prisões de altíssima segurança e centrais de interrogatório. Mas todo esse aparato seria insuficiente para impedir a queda de seu maior baluarte: o Muro de Berlim.
Rudi Rosenharte é ex-agente da Stasi. Aposentado, é agora historiador de arte e mora em Dresden. Mas uma convocação inesperada coloca Rudi em uma última missão: ele é enviado a Trieste para um encontro com sua antiga amante, Annalise Schering. O problema: Rudi sabe que ela está morta. Ele a encontrara boiando em sangue dentro de uma banheira alguns anos antes e manteve o fato em segredo.
A Stasi acredita que Annalise está voltando à ativa com informações vitais e, para garantir que Rosenharte siga as regras do jogo na Itália, sua família é feita refém. Mas a agência de inteligência da Alemanha Oriental não é a única disposta a usar Rosenharte. Agentes ingleses, russos e americanos logo o cercam, forçando-o a escolher entre abandonar o irmão que ama a uma morte sob tortura ou voltar à Alemanha Oriental como agente duplo.
Henry Porter é o editor da Vanity Fair britânica. Formado pela Universidade de Manchester, contribui regularmente com The Guardian, The Observer, Evening Standard, e The Sunday Telegraph. Brandemburgo foi traduzido para 13 idiomas. É autor também de Remembrance Day, A Spy’s Life e Empire State. Atualmente, divide seu tempo entre Nova York e Londres.






Clássico moderno da literatura argentina



"Seis problemas para Dom Isidro Parodi & Duas fantasias memoráveis", de Jorge Luis Borges & Adolfo Bioy Casares, foi escrito sob o pseudônimo H. Bustos Domecq. Por trás do jogo de máscaras da autoria, em que os dois grandes escritores argentinos dão lugar, na verdade, a um heterônimo, ao menos dois aspectos se destacam: a raridade da literatura a quatro mãos e a modernidade do autor como outra criação do autor. Pois se o autor cria a obra, cria também, ao criá-la, a si mesmo como autor. Obra e autor criam-se, então, mutuamente. E como todos os aspectos da criação tornaram-se conscientes na modernidade, isto gera a possibilidade – mais ainda, a necessidade – de tornar tal consciência criativa parte da própria criação. É o que, grosso modo, faz Borges todo o tempo, a despeito de um classicismo estilístico que a princípio confundiu parte da crítica (no Brasil, houve o caso notório de Paulo Francis, que primeiro rejeitou a obra de Borges como pré-moderna para depois retratar-se). E é isso o que faz Borges, junto com Casares, ao criar tanto o autor, H. Bustos Domecq, quanto sua obra. Em suma, Seis problemas para Dom Isidro Parodi & Duas fantasias memoráveis são e não são de autoria de Borges e Bioy Casares, assim como são e não são de autoria de Bustos Domecq – que de fato existe como o autor de uma obra que não é, enfim, simplesmente nem Borges nem de Bioy Casares... Ser ou não ser, disse Hamlet ao inaugurar a modernidade. Cujo outro nome é complexidade. Em todo caso, não resta dúvida quanto à tradução desta ediç&ati lde;o ser de Maria Paula Gurgel Ribeiro, assim como de nela haver o belo e esclarecedor prefácio de Michel Lafon, da Universidade Stendhal (Grenoble, França). Tudo é jogo nesse livro que, ao mesmo tempo, é pura literatura, no sentido de ser ficção e nada além de ficção. A ficção, portanto, é um jogo, cujas peças são as palavras, cujos jogadores são os autores e os leitores e cujo tabuleiro, parodiando Borges, talvez seja a realidade. A começar do nome do autor, Honorio Bustos Domecq, que é então honrado (honório) e honra ancestrais maternos de Borges (Bustos) e de Bioy Casares (Domecq). Segue o jogo com o nome do personagem, Parodi, que evoca paródia. E com sua situação: estar encarcerado por um crime que não cometeu. Além disso, sua profissão, barbeiro, que evoca navalhas no pescoço, o faz um inocente injustiçado que é quase ameaçador, além de ser um homem sem formaçã o intelectual que, no entanto, não faz outra coisa além de investigação intelectual (ou “pesquisa estática”), pois desvenda crimes de dentro da cela – levando ao limite a figura do investigador cerebral moderno à Sherlock Holmes –, a partir da excitação, confusão e demandas dos que vêm visitá-lo com toda sua ansiedade social. O jogo puramente literário se aprofunda em Duas fantasias memoráveis, a partir de referências bíblicas que os relatos “ilustram ou pervertem, confirmam ou contradizem”.



OS AUTORES:


Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires em 1899. Por influência da avó inglesa, é alfabetizado em inglês e em espanhol. Em 1914 viaja a Genebra, onde cursa o ensino médio. Em 1919 muda-se para a Espanha e entra em contato com o movimento ultraísta. Em 1921 regressa a Buenos Aires e funda com outros escritores a revista Proa. Trabalha como bibliotecário. Em 1923 publica seu primeiro livro de poemas, Fervor de Buenos Aires. Adoece dos olhos e sofre sucessivas operações de cataratas até perder quase por completo a visão em 1955. Em sua vasta obra em poesia e prosa, traduzida em mais de vinte e cinco idiomas, destacam-se Inquisiciones (1925), Historia universal de la infa mia (1935), El jardín de senderos que se bifurcan (1941), Ficciones (1944) e El Aleph (1949). Recebeu importantes distinções de diversas universidades e governos e numerosos prêmios, entre eles o Prêmio Cervantes em 1980. Borges faleceu em Genebra em 1986. Adolfo Bioy Casares nasceu em Buenos Aires em 1914. De família abastada, iniciou sua carreira literária bastante jovem, com uma série de relatos impregnados de surrealismo. Sua obra de ficção, na qual se destacam La invención de Morel (1940), El sueño de los héroes (1954) e Diario de la guerra del cerdo (1969), caracteriza-se fortemente pela trama elaborada. Funda em 1935 a revista Destiempo junto com Borges, com quem escreveria vários volumes de ficção policial, mesclados com observações irônicas sobre a sociedade argentina e registrados sob diversos pseudônimos, sendo o principal H. Bustos Domecq. Bioy Casares morreu em Buenos Aires em 1999.






O colecionador de sombras

Autor multi premiado e bastante respeitado pelos seus pares, João Batista Melo rompe um hiato de nove anos sem lançar com a publicação de O COLECIONADOR DE SOMBRAS. O livro é o quinto na carreira de 17 anos do escritor mineiro, o quarto de contos.
O título faz alusão a uma frase do escritor israelense Amós Oz, que no livro aparece como epígrafe, que fala que “até a sombra tem a sua sombra”. Melo diz que esse talvez seja um dos desafios do contista, enxergar o que os olhos comuns não conseguem apreender. “Nesse sentido, talvez minha obra tenha sempre buscado enxergar essa sombra que, muitas vezes, passa despercebida na vida real.”
Esteticamente, o novo trabalho dá prosseguimento aos livros anteriores. “Desde meu primeiro livro publicado, O inventor de estrelas, estou sempre em busca dessa releitura do ser humano e de suas experiências aparentemente banais. Tentando enxergar o que existe de poesia, ou de sombrio como é o caso de alguns contos de O colecionador de sombras, o que está por trás dos sentimentos, mais do que os sentimentos em si, dos atores que vivenciam as tramas”, disse.
Alguns contos do livro apontam para o fantástico, gênero pouco explorado na literatura brasileira. O autor admite a influência em sua produção, mas apruma seu foco para um viés diferente do habitual no gênero. “Costumo dizer que o que me atrai não é o fantástico propriamente dito, mas a fronteira entre o real e o fantástico, aquele espaço misterioso no qual não se tem certeza se estamos diante de uma realidade científica e concreta ou de possibilidades imaginárias ou transcendentes.”
João Batista Melo nasceu em Belo Horizonte. Publicou o romance Patagônia (Prêmio Cruz e Sousa) e os livros de contos As baleias do Saguenay (Prêmio Paraná e Prêmio Cidade de Belo Horizonte), O inventor de estrelas (Prêmio Guimarães Rosa) e Um pouco mais de swing. Durante vários anos, atuou como crítico de cinema e de literatura em diversos jornais. Formado em Comunicação Social e mestre em Multimeios, dirigiu três curtas-metragens, um dos quais - Tampinha - premiado, em 2004, como melhor filme no festival Divercine, no Uruguai.




História, lenda e recentes descobertas arqueológicas

Steven Saylor, autor do elogiadíssimo A decisão de César, recria em ROMA o cotidiano da capital do maior império de todos os tempos. Entrelaçando história, lenda e recentes descobertas arqueológicas, o romancista dá vida nova ao drama dos primeiros 1.000 anos de Roma - a começar pelos primórdios, um povoado às margens de uma rota comercial, chegando à sua fundação pelos gêmeos Rômulo e Remo, com detalhes impressionantes da ascensão que a fez se tornar capital do maior e mais poderoso império da História.
ROMA reconta a tragédia do herói traidor Coriolano, a captura da cidade pelos gauleses, a invasão de Aníbal, as ferozes lutas políticas dos patrícios e dos plebeus, e a morte definitiva da República de Roma com o triunfo e o assassinato de Júlio César.
Às vezes como testemunhas, outras como protagonistas da história, estão os descendentes de duas das primeiras famílias de Roma - os clãs dos Potício e dos Pinário -, ora representados por um confidente de Rômulo, ora por um escravo que leva uma virgem vestal a quebrar seus votos. E, unindo dezenas de suas gerações, um misterioso talismã, tão antigo quanto a própria cidade.
Épico em todos os sentidos do termo, ROMA é uma panorâmica saga histórica, mais um grandioso trabalho de Steven Saylor.
Steven Saylor é dono de um imenso fascínio pela Roma antiga. Na infância, não perdia a estréia de grandes épicos como Cleópatra, Espártaco e Ben-Hur nas telas do cinema. Formado em história pela Universidade do Texas, colabora com o canal de televisão History Channel, debatendo questões sobre a política e a vida romanas. É autor dos nove volumes da série Roma Sub Rosa, ambientada na Roma antiga e aclamada pela crítica, assim como dos livros de mistério A Twist at the End e Have You Seen Dawn? Suas obras foram traduzidas para 18 idiomas. Atualmente, divide seu tempo entre Berkeley, na Califórnia, e Austin, no Texas. Dele, a Editora Record publicou A decisão de César.






Romance policial repleto de reviravoltas

Uma seqüência de ações fracassadas vem ridicularizando a polícia de Munique. A suspeita de corrupção leva o comissário de polícia a investigar seus próprios colegas. Quando extratos bancários de uma conta na Suíça são encontrados na gaveta do delegado Ricardo Bauer, oficial considerado exemplar, a situação torna-se insustentável. Lotado há oito anos na delegacia de combate ao crime organizado em Munique, Bauer se vê em apuros de uma hora para outra. Tachado de bandido, o policial é imediatamente detido pelo possível envolvimento no esquema de corrupção. Envergonhado com a situação, ele a esconde da esposa, Marion. Seu maior temor é que ela possa duvidar de sua palavra e perca a confiança no marido. A omissão, no entanto, pode colocar seu casamento em risco. Ávido por justiça, o ex-delegado precisa urgentemente reconstituir os fatos ocorridos desde as fracassadas ações da polícia de Munique e descobrir como e por que os extratos foram plantados em sua gaveta. Para isso, Bauer recebe de um de seus informantes o endereço do advogado Keufer. Ajudado por ele e pelo detetive particular Klaus Port, buscará a identidade dos policiais corruptos para limpar seu nome. VÔO DE SEXTA-FEIRA é mais um título da Coleção Negra - Noir Europeu, dedicada aos clássicos da literatura policial do velho continente.

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