Lançamento no Museu de Arte da UFC marca 80 anos do massacre do Caldeirão
Será
lançado na sexta-feira (16), às 17h, no Museu de Arte da Universidade
Federal do Ceará (Av. da Universidade, 2854 – Benfica), o livro O massacre do Caldeirão – história oral do 11 de setembro de 1936.
O lançamento rememora os 80 anos da invasão policial que dissolveu o
Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, comunidade de camponeses liderada
pelo beato José Lourenço, no Cariri cearense. Na ocasião, haverá
palestra ministrada pelo autor da obra, o historiador Régis Lopes,
professor do Departamento de História da UFC.
Sob
indicação do padre Cícero Romão Batista, José Lourenço formou uma
comunidade de agricultores, "nada muito grande, mas, com a sua
orientação, pôs-se em prática o que em outros lugares se restringia à
palavra: a igualdade entre os filhos de Deus", ressalta o Prof. Régis
Lopes.
A comunidade cresceu, principalmente
após a seca de 1932, quando milhares de flagelados foram acolhidos no
Caldeirão, enquanto outros tantos morriam nos campos de concentração do
governo. "O Caldeirão cresceu e a polícia não gostou: lembrava Canudos. O
Governo do Estado, a Igreja Católica e os latifundiários também não
gostaram, pelo mesmo motivo. A solução foi simples e corriqueira: no dia
11 setembro de 1936, um destacamento militar invadiu e massacrou o
Caldeirão."
O livro, publicado pelas Edições da
História Livre de História, transita entre o rigor da pesquisa
acadêmica e a escrita sensível às narrativas dos sobreviventes do
massacre, refletindo como a busca pela civilização que animava as elites
do início do século XX pôde ser repressora com experiências que não se
enquadraram no ideal de ordem e progresso.
Para
o autor, o uso do termo massacre não é arbitrário. Além da dispersão
das famílias e da destruição de suas casas, a força da lei promoveu a
violação da fé que os camponeses praticavam e da vida que tinham em
comunidade. Nesse sentido, a pesquisa se debruça sobre um dia, mas se
desdobra no tempo, evidenciando a rebeldia da tradição.
O
Prof. Régis Lopes dedica-se a temas como religiosidade popular, museu,
teoria da história e escrita literária, tendo publicado vários livros
sobre Juazeiro do Norte e o Caldeirão.
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