quarta-feira, 14 de setembro de 2016

LITERATURA

Lançamento no Museu de Arte da UFC marca 80 anos do massacre do Caldeirão

Será lançado na sexta-feira (16), às 17h, no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Av. da Universidade, 2854 – Benfica), o livro O massacre do Caldeirão – história oral do 11 de setembro de 1936. O lançamento rememora os 80 anos da invasão policial que dissolveu o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, comunidade de camponeses liderada pelo beato José Lourenço, no Cariri cearense. Na ocasião, haverá palestra ministrada pelo autor da obra, o historiador Régis Lopes, professor do Departamento de História da UFC.

Sob indicação do padre Cícero Romão Batista, José Lourenço formou uma comunidade de agricultores, "nada muito grande, mas, com a sua orientação, pôs-se em prática o que em outros lugares se restringia à palavra: a igualdade entre os filhos de Deus", ressalta o Prof. Régis Lopes.

A comunidade cresceu, principalmente após a seca de 1932, quando milhares de flagelados foram acolhidos no Caldeirão, enquanto outros tantos morriam nos campos de concentração do governo. "O Caldeirão cresceu e a polícia não gostou: lembrava Canudos. O Governo do Estado, a Igreja Católica e os latifundiários também não gostaram, pelo mesmo motivo. A solução foi simples e corriqueira: no dia 11 setembro de 1936, um destacamento militar invadiu e massacrou o Caldeirão."

O livro, publicado pelas Edições da História Livre de História, transita entre o rigor da pesquisa acadêmica e a escrita sensível às narrativas dos sobreviventes do massacre, refletindo como a busca pela civilização que animava as elites do início do século XX pôde ser repressora com experiências que não se enquadraram no ideal de ordem e progresso.

Para o autor, o uso do termo massacre não é arbitrário. Além da dispersão das famílias e da destruição de suas casas, a força da lei promoveu a violação da fé que os camponeses praticavam e da vida que tinham em comunidade. Nesse sentido, a pesquisa se debruça sobre um dia, mas se desdobra no tempo, evidenciando a rebeldia da tradição.

O Prof. Régis Lopes dedica-se a temas como religiosidade popular, museu, teoria da história e escrita literária, tendo publicado vários livros sobre Juazeiro do Norte e o Caldeirão.

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