"Interior", do
Grupo Bagaceira, é eleito Melhor Espetáculo do 23° Festival Nordestino de Teatro
Cerca de 10 mil pessoas participaram da programação que
ocupou vários espaços da cidade durante oito dias. Patrocinado pela CAIXA e
realizado pela Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga, o festival é
apoiado pela Coelce e Secult
"Interior", do grupo Bagaceira de
Teatro, do Ceará, foi eleito pelo Júri Popular o Melhor Espetáculo do 23° FNT - Festival Nordestino de Teatro, que
terminou na noite deste sábado, 10 de setembro, em Guaramiranga, Ceará.
Concorreram ao Troféu Beija-Flor e o prêmio de R$ 5 mil, nove peças
participantes da Mostra Nordeste, carro-chefe do Festival.
Ao longo dos oito dias de programação,
o FNT contou com 37 sessões de espetáculos teatrais, divididas na Mostra
Nordeste, Mostra Ceará Convida, Nordeste Universitária, Mostra Palco Ceará, FNT
Para Crianças/SESC, Mostra em homenagem aos 25 anos do Curso Princípios Básicos
de Teatro, do Theatro José de Alencar (CPBT/TJA), além de dramas, debates,
oficinas, shows, cortejo e terreirada, alcançando um público de cerca de 10 mil
pessoas.
Para Nilde Ferreira, presidente da
Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga - AGUA, os resultados desta
edição foram alcançados plenamente. "O FNT ganhou como diferencial a
ampliação do diálogo com o campo da formação e também reafirmou Guaramiranga
como um lugar desse encontro do teatro cearense, nordestino, brasileiro",
disse. Para Nilde, houve um fortalecimento da ação formativa do festival, com
atividades que não são rotineiras dentro do itinerário formativo das escolas de
teatro.
O professor Arão Paranaguá, um dos
três debatedores desta edição do FNT, revela que sai com uma excelente
impressão do festival, destacando a participação bastante expressiva de pessoas
nos debates. "Algumas inclusive participaram todos os dias, assiduamente, e
isso permitiu um olhar mais reflexivo sobre a edição e obviamente sobre o
teatro no Nordeste", comenta. "É um saldo muito positivo, tanto na
dimensão estética dos espetáculos, com as questões de natureza artística, de
produção e criação, quanto em relação à questão da formação", diz. Para o
debatedor - mestre em educação na UnB (1983) e doutor em artes cênicas na USP -
a formação é uma questão que toca muito mais gente do que as pessoas do teatro.
"É muito mais vasto, é uma
pedagogia mesmo. Esta edição favoreceu a esse conceito de festival. Ao
dimensionar o teatro e escola - tema
desta edição do FNT - o festival provoca uma discussão que perpassa a estética
dos espetáculos", avalia.
Arão destaca questão da mediação nos
espetáculos. "Esse vínculo
entre a obra e o espectador, na arte contemporânea, é uma relação intrínseca, é
um processo que está dentro da criação. O espetáculo 'Interior', do Bagaceira, que foi o primeiro apresentado nesta
edição, traz isso de uma forma muito evidente, denunciando essas questões
contemporâneas da arte e da educação. Nos outros dias a gente viu processos
semelhantes, espetáculos que se prestam a algo para além do público
convencional de teatro", explica.
Também debatedor do 23° FNT, o doutor em artes
cênicas Héctor Briones, professor adjunto
do Curso de Teatro-Licenciatura, do Instituto de Cultura e Arte da Universidade
Federal do Ceará, destaca do FNT a instância ímpar e muito rica de trocas e compartilhamento de
saberes para pensar todos os alcances políticos, éticos e sociais da arte hoje
em dia. "A gente viu diversos Nordestes, tanto reprocessamento do
imaginário nordestino de cultura popular, de imaginários urbanos,
reprocessamentos globalizados em outras tendências, ligados à performance, à artes
visuais, outros que misturavam tudo, performance, artes visuais e regional, ou
seja, a gente viu uma riqueza de práticas, cada uma apontando no seu lugar e aqui
acontece uma troca".
O debatedor Marcelo Bones, que é programador, consultor e assessor de importantes festivais
teatrais brasileiros, e que atuou nesta edição como um dos curadores e
debatedores da Mostra Nordeste, considera o FNT um festival especial,
que vai muito além de mostra de espetáculos. "Conheço muitos festivais e o
de Guaramiranga é muito mais do que isso", comenta. Na opinião de Bones,
além de dar um recorte conceitual, enquanto pensamento e produção artística, o
festival dá também um recorte humano. "Vivemos um momento em que as questões
das políticas públicas para as artes estão sendo colocadas em cheque e o festival
é o momento para pensar no que estamos fazendo e para que serve".
Com
toda a programação gratuita, o 23° FNT teve o patrocínio da CAIXA,
apoio da Coelce e da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará/Secult, por meio
da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, e o apoio institucional da Prefeitura
Municipal de Guaramiranga, via Secretaria da Cultura e Turismo. Realização:
Associação dos Amigos da Arte de Guaramiranga - AGUA.
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