domingo, 10 de agosto de 2008

QUADRINHOS



HQ mostra Zé do Caixão na cadeia

José Mojica Marins criou o Zé do Caixão para uma trilogia de filmes que começou com "À Meia-Noite Levarei sua Alma", de 1964, seguiu com "Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver", de 1967, e continuou mais de quatro décadas depois, com o recém-lançado "Encarnação do Demônio".

Mas por onde o personagem andou nesse longo período? A resposta está na HQ "Prontuário 666 - Os Anos de Cárcere de Zé do Caixão", publicada neste mês como um "interlúdio" entre o segundo filme e o último. Como o subtítulo da HQ denuncia, Josefel Zanatas (nome do Zé do Caixão) esteve preso.

E o clima da penitenciária em São Paulo que recebeu o personagem foi um dos desafios do quadrinista Samuel Casal, que deu vida à história. "Havia muitos elementos que eu tinha de utilizar", conta o quadrinista gaúcho.

"Por exemplo, Paulo [Sacramento, diretor de "Encarnação do Demônio'] me dizia que queria uma penitenciária brasileira, não norte-americana." Assim, foram pesquisados situações e termos usados em cadeias nacionais, como "lagarto" -preso que assume a culpa por crimes cometidos por outros prisioneiros.

Visual antitropical

Além do clima da prisão, Casal deveria incluir na história elementos como o conceito visual do personagem (capa preta, cartola, unhas compridas) e suas fixações, como a busca pela "mulher perfeita", capaz de gerar seu filho e, assim, proporcionar sua "imortalidade". "Ele é visualmente riquíssimo", afirma Casal.

"Em um país tropical, de samba e alegria, aparece aquele personagem sombrio, soturno, único, que parece deslocado." O quadrinista buscava uma HQ que trouxesse, além da força do personagem, sua marca de autor. "Eu queria que tivesse não só a minha arte, mas a minha identidade", conta.

Casal escreveu o roteiro a partir de argumentos de Adriana Brunstein, que conversou com Mojica sobre a abordagem para a história. "A proposta é sintonizar o que se passa entre um filme e outro", conta Mojica.

A saga do Zé do Caixão não acaba com o lançamento do filme e de "Prontuário 666". Afinal, conta Mojica, a HQ aborda 30 anos do personagem na cadeia, mas faltam os dez que ele passou no manicômio. "A idéia é contar essa história, pode ser uma HQ, no ano que vem. Talvez uma série para a TV. Tudo nasce assim: a partir de idéias."

Prontuário 666 - Os Anos de Cárcere de Zé do Caixão
Autores: Samuel Casal (roteiro e arte) e Adriana Brunstein (argumento)
Editora: Conrad
Quanto: R$ 24 (120 págs.)



Despertar - último álbum de “Sandman”

Sandman, a obra máxima de Neil Gaiman está prestes a chegar ao final no Brasil. A Conrad já colocou a venda o álbum Despertar (264 páginas, R$ 69,90), o décimo da série. Em Despertar, Gaiman amarra as pontas soltas que deixou ao longo das histórias passadas. Lorde Morpheus está morto e os seus irmãos Perpétuos reúnem-se para prestar a ele uma última homenagem. Ao mesmo tempo, Daniel (filho de Hippolyta Hall), que assumiu o manto de Sonho começa a se adaptar 'as suas funções.

Falando sobre perdas, mudanças e recomeços, Despertar encerra com brilho uma das HQs mais importantes de todos os tempos. O álbum tem ainda participações de William Shakespeare (em A Tempestade, último capítulo da série, em que o dramaturgo inglês é citado como co-autor) e Hob Gadling, um dos personagens coadjuvantes mais marcantes do universo de Sandman.

Os desenhos são de Michael Zulli, Jon J. Muth e Charles Vess. E a capa, como sempre, é de Dave McKean, parceiro de Neil Gaiman em diversos projetos de quadrinhos.




Ooru - Volume 2
Violência, quadrinhos e a Yakuza como você nunca viu antes

Jun Hanyunyuu é um dos mangakás (autor de mangás) mais cultuados do Japão. Antes de desenhar Ooru (seu maior sucesso), foi o autor do mangá Koi No Mon, que ficou conhecido no Ocidente pela sua adaptação cinematográfica Otakus in Love, selecionado em 2004 para o Festival de Veneza. No entanto, esta edição brasileira de Ooru é a estréia de Hanyunyuu no Ocidente.

Hanyunyuu conquistou seu lugar entre os grandes mestres do mangá atual da maneira mais imprevista. Suas histórias fogem a qualquer tentativa de classificação: Ooru, por exemplo, é uma mistura escatológica, barroca, de violência, realismo, drama, humor e suspense. Seu desenho, muito diferente do habitual dos mangás, tem como principal referência o pintor expressionista austríaco Egon Schiele (1890-1918).

Ooru, assim como outros trabalhos de Hanyunyuu, foi publicado originalmente na Bean, a principal revista da vanguarda dos quadrinhos japoneses. É nela que também tem sido publicado Suehiro Maruo (O Sorriso do Vampiro, Eroguro) e Atusushi Kaneko (Bambi).

Conta a história de um mangaka (um desenhista e roteirista de mangas) que abandona tudo para se tornar um ermitão na ilha de Okinawa. Ali descobre o que pensa ser sua verdadeira vocação: ser um assassino da Yakuza.

O mangá:

Ficar sentado o dia todo desenhando em cima de prancheta pode ser tedioso. Por isso Kôzô Sanou, o protagonista de Ooru (“azul”, em japonês) resolveu levar uma vida um pouco mais agitada. Depois de enriquecer desenhando mangás em revistas semanais, o mangaká Sanou exilou-se na ilha de Yonatou e perdeu o contato com o resto do mundo, morando numa pequena casa abandonada no campo.

Porém o ambicioso e endividado Takeshi Antai, editor de mangás, vai atrás do mangaká, para tentar convencê-lo a publicar uma nova história (e ganhar mais dinheiro). Antai acaba encontrando um Sanou irredutível em seu auto-exílio, mas ainda assim resolve levar o autor para um bar na tentativa de persuadi-lo a voltar a desenhar.

As coisas não saem como o previsto, e o bar vira palco para um tiroteio entre os yakuzas (mafiosos japoneses) locais. Sanou consegue uma arma caída no chão e acaba matando o assassino que entrara no bar para eliminar o chefe do clã Jinbaru. Animado com o tiroteio, Sanou resolve entrar para a máfia, e leva o editor junto com ele.

Assim os dois iniciam juntos uma parceria insana, mergulhando de cabeça nas atividades criminosas da Yakuza – Sanou querendo descobrir um sentido para a vida, e Antai pensando em transformar essa aventura irresponsável em um novo mangá de sucesso. Só que nem sempre os planos saem como o esperado...

Entrevista com o autor (em inglês): http://www.pingmag.jp/2007/07/06/hanyunyuu/
Site oficial do autor: http://homepage2.nifty.com/hanyu-new/
Site oficial do filme Otakus in Love: http://koinomon.com/
Otakus in Love no IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0435107/





Adeus Colonnese...

Faleceu nesta madrugada as 4 horas, o ilustrador Eugennio Colonnese, que completaria 79 anos no próximo dia 3 de setembro. O motivo de sua morte foi "falencia multipla de orgãos".

Colonnese sofreu um desmaio em fevereiro deste ano, quando passava férias com a familia de sua filha Liliana no Guarujá, no litoral paulista.

Descobriu-se então que ele estava com o pulmão muito debilitado devido ao intenso consumo de cigarros.

Colonnese deixa as filhas Liliana, Mônica, Sandra, Valéria e Shane. E os netos René e Graziella. Após o seu primeiro internamento hospitalar em fevereiro desta ano, Colonnese realizou uma história em quadrinhos com sua personagem mais conhecida Mirza, e outra de Morto do Pântano. Também concluiu a graphic novel A Vida de Chico Xavier, que será lançada em outubro.
O corpo de Colonnese foi enterrado no Cemitério da Saudade, em Vila Assunção, no Centro de Santo André, SP, às 10 horas da manhã de sábado, dia 9 de agosto de 2008.

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