Após sete anos, Tihuana lança novo CD com músicas inéditas
Com “Agora é pra valer!”, banda conhecida por seu sucesso no filme “Tropa de Elite” tenta se renovar
Após sete anos sem lançar disco de inéditas, o grupo paulista Tihuana apresenta seu sexto álbum, "Agora é pra valer!", o primeiro de estúdio desde "Um dia de cada vez" (2006).Uma banda se parece muito mais com um ser vivo. Quanto mais ela amadurece, mais estrada, história e repertório ela tem. Mais identidade, mais caracter ela adquire. E já não responde mais aos seus integrantes separadamente, ela é a soma, o todo. Já não é unanimidade nem mesmo entre seus fãs. O álbum "Agora É Pra Valer!" traz a marca inconfundível de uma banda que conquistou com talento, seu lugar no cenário da música brasileira.
Surgida em 1999, na cidade de São Paulo, a banda possui influências diversificadas de vários gêneros que vai desde o rock mais pesado, passando pelo rapcore, punk rock, o reggae e o ska em algumas canções, mas tendo como a maior das influências a música latina. O Tihuana tem em sua formação músicos de origens diferentes e inspirações diversas, juntos destilaram uma sonoridade própria e agora ampliam ainda mais o seu espectro. São eles, um paulista (Egypcio), um argentino (Román) e dois cariocas (Leo e PG), agora eles estão de volta com um disco solar, alto astral e com muita energia! Referências e vivências que se somam e se complementam.
O novo "Agora é pra valer!" é composto de 15 músicas, sendo que duas delas já haviam sido lançadas em single - com destaque para Minha Rainha que já tem um clipe, gravado com participação de Dani Bolina, Dinho do Capital Inicial, os skatistas Pois é e Porquê e Digão do Raimundos que também interpreta a música.
Produzido pelo próprio quarteto, que ganhou projeção nacional ao ter sua música Tropa de elite veiculada pelo filme homônimo, Agora é pra valer! alinha no repertório músicas inéditas como “Primeiro no fim”, “Jack Bauer”, “Herói de plástico” e “Vento do Sul”, uma tentativa de renovação no trabalho maduro do Tihuana.
Gal Costa atualiza versões clássicas e conquista fãs de novas gerações
Novo CD e DVD da cantora, “Recanto ao Vivo”, já está nas lojas – Gal deverá fazer show em Fortaleza no próximo dia 3 de agosto
Da mesma forma que o lançamento do CD Recanto, no qual Gal Costa gravou 11 canções de autoria de Caetano Veloso e serviu para confirmar que o talento dos dois não se perdeu, apenas estava adormecido, o registro ao vivo do show de mesmo nome – lançado em CD e DVD pela Universal Music – não deixa dúvidas sobre a ótima forma de Gal. “Recanto ao Vivo” foi gravado em duas apresentações feitas pela cantora baiana no Theatro Net Rio em outubro do ano passado. Na ocasião, ela se lembrou de sua ligação com a casa de shows, o antigo teatro Tereza Rachel, onde estreou seu disco Fa-Tal – Gal a Todo Vapor, em 1971. "As arquibancadas pareciam um poleiro, parecia que iam cair a qualquer momento", contou a cantora em entrevista.
Antes de gravar DVD e CD duplo, Gal estreou a turnê de Recanto ao Vivo no Rio, em março. O mesmo espetáculo chegou a Virada Cultural de São Paulo na semana passada. Na ocasião, afetada por uma faringite, a cantora desafinou no início do show e foi criticada na imprensa. "Transformei o show em um acontecimento, em algo bonito. Se eu desafinei é porque estava com faringite. Quem não desafina? Todo mundo um dia desafina, ninguém é tão perfeito assim", disse Gal. "O ser humano não é máquina, a tendência é afinar. Eu sou afinada, agora, não vou dizer que eu nunca desafinei na vida, que João Gilberto nunca desafinou. Todo mundo pode desafinar e desafina", completou.
No novo DVD e no CD Gal é acompanhada por Pedro Baby (guitarra), Domenico Lancellotti (MPC e bateria acústica) e Bruno Di Lullo (baixo). “Recanto Ao Vivo” mostra como “Recanto”, o seu disco com letras obscuras (de Caetano) e bases eletrônicas, encaixa-se precisamente nas performances vigorosas que a cantora se acostumou a entregar nesses muitos anos de carreira. É a transposição para a nossa década das apresentações impecáveis de décadas atrás da cantora. A decisão de Caetano e Gal para realizar esse projeto é a de trazer músicas famosas na voz de Gal para a atmosfera meio eletrônica meio claustrofóbica de “Recanto”, assim como de levar algumas canções de “Recanto” e manter algumas anteriores ao disco em uma sonoridade jazz standard à qual Gal poderia ser normalmente associada.
O resultado dessas decisões é um disco tão forte, intenso e vigoroso quanto o seu análogo de estúdio. A bem da verdade, há versões de canções de “Recanto” que, no disco ao vivo, soam ainda melhores, mais adequadas ao som e a voz livre de Gal ao vivo. “Segunda”, sétima faixa do primeiro disco do álbum, é certamente uma delas, talvez nosso melhor exemplo de adaptação da música nordestina às sonoridades mais obscuras de hoje em dia. “Um dia de domingo”, colocada na mesma altura do segundo disco do álbum é sua contraposição perfeita e delimita o outro extremo do projeto musical estabelecido para esse disco ao vivo.
“Neguinho”, “Recanto Escuro” “Cara do Mundo” e “Miami Maculelê” (com uma participação impecável de Domenico nos vocais originalmente deprimentes de Caetano) mostram como “Recanto” possui de fato algumas das melhores das muitas ótimas canções já gravadas por Gal Costa. As letras e arranjos espinhosos de Caetano em “Recanto” e “Recanto Ao Vivo”, juntamente com a produção conjunta com seu filho Moreno, certamente tem um peso imenso neste resultado. As versões insólitas de “Divino Maravilhoso” e “Vapor Barato” (na sua melhor interpretação desde o já citado “Fa-tal”) mostram com claridade a influência e o acerto de Caetano na atual fase de Gal.
O registro do DVD é totalmente fiel ao espetáculo e faz o espectador se sentir sentado em uma das primeiras filas do teatro, cara a cara com a cantora. Alguns dos momentos mais gratificantes ficam por conta das interpretações de “Folhetim”, “Barato Total”, “O Amor”, “Vapor Barato” e “Modinha para Gabriela”, que não estava no roteiro original do DVD, mas entrou devido ao sucesso da nova versãop da minissérie “Gabriela”, da Globo.
Gal Costa continua com agenda lotada de apresentações e depois de gravar especial “Estúdio MTV”, ser atração principal da Virada Cultural de São Paulo, continua seu roteiro de shows pelo país – e Fortaleza não estará fora desse roteiro, com apresentação marcada para o próximo dia 3 de agosto, segundo a página da produtora cearense D&E.
“No grão de areia, o sol” mostra o talento da cantora Ana Ariel
A voz encantadora de uma das maiores intérpretes espíritas da atualidade
Depois de 3 álbuns lançados de forma independente e centenas de apresentações no Brasil, Colômbia, Estados Unidos, Suíça, Bélgica, França, Espanha e Alemanha, a cantora espírita Ana Ariel apresenta seu mais recente CD “No Grão de Areia, o Sol”.
Produzido por Corciolli, o álbum traz uma seleção de 11 canções de cunho religioso em arranjos com influências da música country, do soul e do pop. O repertório traz sucessos do universo gospel como “Te Amo Ó Deus” e “Luz da Manhã”, além de composições inéditas como a envolvente “Deus Presente” e a poética “Esperança”. Um dos grandes destaques do álbum, porém, fica por conta da versão intimista - cantada em espanhol - para a música “Bendita Tu Luz”, do grupo de rock Maná.
Contando com um time excepcional de músicos e a participação especial do cantor e compositor brasiliense Alexandre Paredes, Ana canta com o coração: Sua voz doce e suave transmite paz, esperança e bem-aventurança, em interpretações cativantes.
O caráter cristão e universal das letras evidencia seu louvor à Deus e à Jesus. Quarta geração de uma família tradicional espírita, Ana dirige em conjunto com sua mãe, a AMIC (www.amic.org.br) uma instituição de cunho beneficente que atende crianças e jovens carentes na periferia de Campinas em São Paulo.
Com 28 anos de carreira, Biquini Cavadão lança “Roda-Gigante”
O novo CD da banda, que tem muitos fãs no Ceará, tem participação do vocalista do Jota Quest, Rogério Flausino
Bruno Gouveia, Miguel Flores da Cunha, Carlos Coelho e Álvaro 'Birita': 14º disco da carreira
O Biquini Cavadão não para. Com 28 anos de estrada e passando a marca de 2 mil shows em mais de 600 cidades do país, além de outras tantas apresentações internacionais, tudo pode soar exaustivo, mas não para Bruno Gouveia, Miguel Flores da Cunha, Carlos Coelho e Álvaro 'Birita'. Para eles, a vida tem sido uma roda-gigante, que a cada volta é capaz de revelar novos pontos de vista e trazer novas experiências. E é com o décimo quarto disco da carreira que a banda mostra mais novas faces de sua história.
‘Roda-Gigante’ tem produção de Carlos Coelho e Marcelo Magal, e possui 12 faixas, sendo 11 dessas autorais. A única regravação que compõe o disco é de ‘Agora é Moda’, parte do álbum ‘Babilônia’ (1977), de Rita Lee, que nessa versão tem Rogério Flausino dividindo os microfones com Bruno Gouveia. Nas outras canções, o Biquini fez novas e velhas parcerias.
Abrindo o álbum, ‘Amanhã É Outro Dia’ tem cara de crítica social com pegada dos anos 80. Mas, em seguida, vem a faixa título com um arranjo de guitarras e violão e que pode ser definida como a essência da nova sonoridade do Biquini, que apesar de se orgulhar de ser uma banda da década que surgiu, é mais que qualquer coisa, uma banda contemporânea. Nessa busca, um encontro se destaca: ‘Acordar Pra Sempre Com Você’ tem Lucas Silveira, do Fresno, que dividiu os vocais e a autoria da música e, segundo Bruno, “foi uma dessas chances que tivemos para achar um outro caminho, produto da bagagem de cada um, das influências e idades diferentes.” E isso eles sabem aproveitar: ‘O Último a Saber’ tem um som mais experimental, gritos tribais e timbres de teclado incomuns, e veio da parceria com João Eduardo Vasconcelos, ex-guitarrista do Los Porongas.
‘Descer as Ondas’, parceria com Marcelo Mira (Alma D’Jem) e Dudy Cardoso, pode muito bem ser música de luau, leve e veranil como os próprios cariocas da banda. O Rio de Janeiro, inclusive, ganha homenagem especial em ‘Eu Sorrio’, ornamentada com metais e refrão simples e certeiro. Para outro grande símbolo brasileiro, ‘É Dia de Comemorar’ chega com potencial de hino futebolístico, daqueles para serem gritados a todo pulmão no estádio. A música da vez é ‘Entre Beijos e Mais Beijos’, canção que trata do amor através dos tempos, embalada por arranjos que fazem jus ao tema. O single, que ganhou clipe, pode ser visto no canal do YouTube da banda.
Para esse trabalho, o Biquini inova no formato e lança, além do disco físico, um pen drive que contém as canções desse álbum e uma coletânea de 14 sucessos da banda, clipes e making of de algumas faixas. Além disso, o público que adquirir o material vai poder se cadastrar para receber mais músicas via internet: a cada versão, remix ou videoclipe novos, quem estiver conectado vai receber as novidades automaticamente. A Roda-Gigante do Biquini não para nunca de girar.
A volta do camaleão David Bowie
Com o novo álbum “The Next Day”, ele rompeu uma década de silêncio
O cantor David Bowie voltou ao topo do ranking de vendas do Reino Unido e conseguiu pela primeira vez em 20 anos que um álbum novo de sua autoria, "The Next Day", seja o número um da lista. Bowie surpreendeu o mundo quando, em 8 de janeiro, quando completou 66 anos, rompeu uma década de silêncio com o single "Where Are We Now?", seu primeiro lançamento desde o álbum de estúdio "Reality", de 2003. O single foi extraído do álbum "The Next Day", que esta semana se tornou o álbum mais vendido do Reino Unido em 2013, anunciou no domingo a Official Charts Company (Companhia oficial de Listas).
Bowie vendeu 94 mil cópias de seu álbum, superando a cifra de 71.600 exemplares atingida pelo álbum "Opposites", dos roqueiros escoceses Biffy Clyro, quando foi lançado em janeiro. A última vez que Bowie se posicionou no topo das paradas de vendas foi em 1993, com "Black Tie White Noise".
Durante os últimos anos, circularam boatos de que o músico camaleônico estaria sofrendo com problemas de saúde e que teria se retirado na companhia da mulher e da filha em Nova York. Mas Bowie tinha voltado ao estúdio para gravar seu novo álbum, descrito pelo jornal britânico "Independent" como "o melhor álbum de retorno da história do rock and roll". Há dois anos, Bowie começou a trabalhar em sigilo neste novo disco ao lado de Tony Visconti, produtor de 12 de seus 24 álbuns.
O álbum, bem recebido pela crítica especializada, também já está disponível no Brasil. As músicas de "The Next Day" (O Dia Seguinte, em tradução literal), já podiam ser ouvidas na Internet desde março. Em sua versão normal o álbum tem 14 faixas, já a edição deluxe traz como bônus três outras canções inéditas.
Esse novo trabalho é uma homenagem a Berlim, onde o músico britânico viveu durante três anos na década de 70. Nesse período ele lançou três discos, incluindo o famoso "Heroes", cuja capa inspirou a do novo álbum. Ambas usam a mesma foto em preto e branco de David Bowie. O videoclipe de uma das músicas, The Stars (are Out Tonight), é estrelado pela atriz britânica Tilda Swinton, vencedora de um Oscar.
“The Next Day” é, essencialmente, um disco de rock. Guitarras musculosas são sentidas a todo momento e sustentam um trabalho vigoroso, de arranjos épicos, sonoridade metálica e lirismo contundente. Será uma pena se Bowie não fizer alguns shows no Brasil a bordo dessas novas músicas.
No novo CD existem várias referências de sua produção setentista, breves revelações de teor autobiográfico e um amplo imaginário sobre um mundo doente. Ao se conectar com o passado, Bowie atira para o presente: ”I’d Rather Be High” e “How Does the Grass Grow” falam com sarcasmo peculiar sobre a guerra e o ofício de matar. Já The Stars (Are Out Tonight) reflete sobre o lado obscuro das celebridades.
Em quase 50 anos de carreira, David Bowie já vendeu cerca de 140 milhões de discos em todo o mundo. O Museu Victoria and Albert de Londres inaugurou mês passado a primeira retrospectiva mundial dedicada à carreira do músico. A exposição apresenta figurinos, fotografias, trechos de filmes e vídeos e anotações manuscritas inéditas, ao das canções de Bowie. São ao todo 300 objetos para contar a história de um artista que teve diversos estilos e assumiu diversas identidades ao longo de sua trajetória.
TV DIVIRTA-CE
Veja o novo clipe de David Bowie
Mais uma novidade que vem do Pará
O universo estranho e colorido da Gang do Eletro
Não há nada mais brilhante, pegajoso e inventivo hoje no Brasil do que a cena musical de Belém. Os “cultos” torcem o nariz, quem é apaixonado pelo rock finge que não existe, mas o povo e até os moderninhos dançam como nunca antes dançaram. Há quem chame de piada, e diga até que a graça já acabou. Tem ainda quem afirma ser o equivalente ao Manguebeat na década de 1990, mas uma coisa é certa: o que toma conta da música paraense atual não chega nem perto de ser uma brincadeira, gruda nos ouvidos feito chiclete e está longe de soar como algo tolo ou inexistente. Se Felipe Cordeiro e Gaby Amarantos abriram as portas, é com o primeiro álbum da Gang do Eletro que somos de fato apresentados a esse estranho e colorido universo.
O ouvinte pode até firmar extensos estudos culturais para traçar a origem do que abastece o trabalho da banda, mas isso parece ser o menos importante nas 10 faixas que impulsionam o disco. Como anunciam os vocais entusiasmados de Piripaque: “Quem tá doido que se segure, por que a festa vai começar meu DJ”. Surgindo como se fossem índios da Tribo Neon, Maderito, Keila e William Love estampam a capa, dançam e cantam sem pausas durante mais de 30 minutos, deixando aos comandos do cacique Waldo Squash o sintetizar de tambores, ritmos e referências orgânicas de forma a reproduzir um som essencialmente eletrônico. Um jogo bem elaborado de faixas rápidas e que praticamente obrigam o ouvinte a dançar.
Embora se manifeste como a primeira grande obra do quarteto, o álbum nada mais é do que constatação comercial de tudo o que a banda vem construindo desde 2009, quando foi montada. Concentrado no ambiente cotidiano de Belém, festas de aparelhagem e em composições que lidam com o romantismo de forma tão confessa que beira o Brega, o registro, contra todas as expectativas, não custa a posicionar o ouvinte no mesmo cenário da banda. São composições simples, mas nunca vazias, faixas que mantém no toque semi-cômico o mesmo descompromisso pop que décadas antes consolidou a carioca Blitz e outros fanáticos pelos sintetizadores.
Por falar no clima pop dos anos 1980 e em tudo o que foi construído há mais de três décadas, é na utilização dos teclados, elemento tão caricatos do período, que a banda constrói boa parte do trabalho. Enquanto o trio de vozes se desdobram em composições tomadas pelo romantismo (Dança no Salão), temáticas periféricas (Velocidade do Eletro) ou apenas faixas pensadas para a dança (Só no Charminho), Squash esbanja referências e solos que causariam inveja ao Daft Punk. É possível encontrar desde homenagens sinceras ao trabalho de gigantes como Kraftwerk (em Eletro do Robô), até canções que garantem um toque “futurístico” à marcas essencialmente orgânicas, vide a cumbia robótica em Una Cosa ou o regionalismo de Esquenta carregado pela levada do Eletromelody.
Verdadeiro liquidificador de tendências regionais e estrangeiras, Gang do Eletro (o disco) em nenhum instante se distancia de quem talvez não esteja acostumado aos sons que há tempos impulsionam o quarteto ou mesmo toda a cultura nortista. Com letras movidas por um nítido descompromisso pop, o álbum parece antecipar aquilo que Diplo e outros produtores devem assumir como “novidade” em alguns anos. São faixas como Vamos De Barco (com um duelo de versos que muito se aproximam do Rap norte-americano) ou mesmo Galera da Laje, faixas que transformam tudo aquilo que M.I.A, Santigold e tantos outros estrangeiros vêm experimentando há tempos em algo criativo, nacional e, claro, sempre dançante.
Desprovido do mesmo “compromisso” conceitual que marca o trabalho de Felipe Cordeiro, Amarantos ou mesmo de veteranos a exemplo de Dona Onete, o álbum de estreia da Ganga Do Eletro assume como único propósito a diversão – apenas não confunda com a “diversão” pasteurizada que alimenta a Banda Uó. Distante de parecer um registro banal, o álbum alcança um efeito curioso ao lidar com esse tipo de som: parece fluir como um trabalho tão efetivo e atraente quanto qualquer outro registro de acertos “sérios” ou possível maturidade aprimorada. Assim como as marcas que definem a música paraense, a estreia de Waldo Squash e seus parceiros está longe de se manifestar como um retrato tolo, mas que ainda assim, gruda feito chiclete.
Novo álbum do Vespas Mandarinas traz letras de Arnaldo Antunes e Bernardo Vilhena
Novidade do Rock Brasil, a banda Vespas Mandarinas acaba de lançar seu primeiro álbum pela gravadora DeckDisc. O trabalho foi produzido por Rafael Ramos e gravado entre os estúdios Tambor (RJ) e Costella (SP). A banda formada pelo Vj da MTV Chuck Hipolitho (guitarra e voz), Thadeu Meneghini (guitarra e voz), André Dea (bateria) e Flávio Guarniei (baixo) tem o rock dos anos 80 como grande fonte de inspiração. Por isso, convidaram dois grandes compositores que tiveram suas trajetórias marcadas por esse período. A idéia é trazer de volta para o rock uma profundidade nas letras que se perdeu.
As músicas trazem um rock/pop bem urbano. A cidade de São Paulo foi uma grande fonte de inspiração e aparece no álbum tanto diretamente quanto metaforicamente. Como influência, eles tem o rock nacional clássico, em bandas como Titãs, IRA!, Os Paralamas do Sucesso, entre outras. “Bebendo na tradição e jogando para frente” – como eles dizem.
“Animal Nacional” valoriza as letras, dando a elas uma profundidade que a banda acredita ter se perdido no rock. Para isso, contaram com os parceiros antigos, Adalberto Rabelo e Fábio Cascadura, nas composições. Além de parcerias inéditas, com Bernardo Vilhena em “Santa Sampa” e Arnaldo Antunes em “A Prova”.
O disco é composto por 12 faixas, entre elas “Cobra de Vidro”, já conhecida pelos fãs da banda, “O Amor e o Ocaso”, “O Vício e o Verso” e “Um Homem Sem Qualidades”. Ainda estão no álbum, a também conhecida “O Herói Devolvido”, “Rir no Final”, “Distraídos Venceremos” e “Não Sei O Que Fazer Comigo”, versão da música “Ya No Sé Qué Hacer Conmigo” da banda uruguaia El Cuarteto de Nos.
VEJA UM CLIPE DA BANDA:
Com “Agora é pra valer!”, banda conhecida por seu sucesso no filme “Tropa de Elite” tenta se renovar
Após sete anos sem lançar disco de inéditas, o grupo paulista Tihuana apresenta seu sexto álbum, "Agora é pra valer!", o primeiro de estúdio desde "Um dia de cada vez" (2006).Uma banda se parece muito mais com um ser vivo. Quanto mais ela amadurece, mais estrada, história e repertório ela tem. Mais identidade, mais caracter ela adquire. E já não responde mais aos seus integrantes separadamente, ela é a soma, o todo. Já não é unanimidade nem mesmo entre seus fãs. O álbum "Agora É Pra Valer!" traz a marca inconfundível de uma banda que conquistou com talento, seu lugar no cenário da música brasileira.
Surgida em 1999, na cidade de São Paulo, a banda possui influências diversificadas de vários gêneros que vai desde o rock mais pesado, passando pelo rapcore, punk rock, o reggae e o ska em algumas canções, mas tendo como a maior das influências a música latina. O Tihuana tem em sua formação músicos de origens diferentes e inspirações diversas, juntos destilaram uma sonoridade própria e agora ampliam ainda mais o seu espectro. São eles, um paulista (Egypcio), um argentino (Román) e dois cariocas (Leo e PG), agora eles estão de volta com um disco solar, alto astral e com muita energia! Referências e vivências que se somam e se complementam.
O novo "Agora é pra valer!" é composto de 15 músicas, sendo que duas delas já haviam sido lançadas em single - com destaque para Minha Rainha que já tem um clipe, gravado com participação de Dani Bolina, Dinho do Capital Inicial, os skatistas Pois é e Porquê e Digão do Raimundos que também interpreta a música.
Produzido pelo próprio quarteto, que ganhou projeção nacional ao ter sua música Tropa de elite veiculada pelo filme homônimo, Agora é pra valer! alinha no repertório músicas inéditas como “Primeiro no fim”, “Jack Bauer”, “Herói de plástico” e “Vento do Sul”, uma tentativa de renovação no trabalho maduro do Tihuana.
Gal Costa atualiza versões clássicas e conquista fãs de novas gerações
Novo CD e DVD da cantora, “Recanto ao Vivo”, já está nas lojas – Gal deverá fazer show em Fortaleza no próximo dia 3 de agosto
Da mesma forma que o lançamento do CD Recanto, no qual Gal Costa gravou 11 canções de autoria de Caetano Veloso e serviu para confirmar que o talento dos dois não se perdeu, apenas estava adormecido, o registro ao vivo do show de mesmo nome – lançado em CD e DVD pela Universal Music – não deixa dúvidas sobre a ótima forma de Gal. “Recanto ao Vivo” foi gravado em duas apresentações feitas pela cantora baiana no Theatro Net Rio em outubro do ano passado. Na ocasião, ela se lembrou de sua ligação com a casa de shows, o antigo teatro Tereza Rachel, onde estreou seu disco Fa-Tal – Gal a Todo Vapor, em 1971. "As arquibancadas pareciam um poleiro, parecia que iam cair a qualquer momento", contou a cantora em entrevista.
Antes de gravar DVD e CD duplo, Gal estreou a turnê de Recanto ao Vivo no Rio, em março. O mesmo espetáculo chegou a Virada Cultural de São Paulo na semana passada. Na ocasião, afetada por uma faringite, a cantora desafinou no início do show e foi criticada na imprensa. "Transformei o show em um acontecimento, em algo bonito. Se eu desafinei é porque estava com faringite. Quem não desafina? Todo mundo um dia desafina, ninguém é tão perfeito assim", disse Gal. "O ser humano não é máquina, a tendência é afinar. Eu sou afinada, agora, não vou dizer que eu nunca desafinei na vida, que João Gilberto nunca desafinou. Todo mundo pode desafinar e desafina", completou.
No novo DVD e no CD Gal é acompanhada por Pedro Baby (guitarra), Domenico Lancellotti (MPC e bateria acústica) e Bruno Di Lullo (baixo). “Recanto Ao Vivo” mostra como “Recanto”, o seu disco com letras obscuras (de Caetano) e bases eletrônicas, encaixa-se precisamente nas performances vigorosas que a cantora se acostumou a entregar nesses muitos anos de carreira. É a transposição para a nossa década das apresentações impecáveis de décadas atrás da cantora. A decisão de Caetano e Gal para realizar esse projeto é a de trazer músicas famosas na voz de Gal para a atmosfera meio eletrônica meio claustrofóbica de “Recanto”, assim como de levar algumas canções de “Recanto” e manter algumas anteriores ao disco em uma sonoridade jazz standard à qual Gal poderia ser normalmente associada.
O resultado dessas decisões é um disco tão forte, intenso e vigoroso quanto o seu análogo de estúdio. A bem da verdade, há versões de canções de “Recanto” que, no disco ao vivo, soam ainda melhores, mais adequadas ao som e a voz livre de Gal ao vivo. “Segunda”, sétima faixa do primeiro disco do álbum, é certamente uma delas, talvez nosso melhor exemplo de adaptação da música nordestina às sonoridades mais obscuras de hoje em dia. “Um dia de domingo”, colocada na mesma altura do segundo disco do álbum é sua contraposição perfeita e delimita o outro extremo do projeto musical estabelecido para esse disco ao vivo.
“Neguinho”, “Recanto Escuro” “Cara do Mundo” e “Miami Maculelê” (com uma participação impecável de Domenico nos vocais originalmente deprimentes de Caetano) mostram como “Recanto” possui de fato algumas das melhores das muitas ótimas canções já gravadas por Gal Costa. As letras e arranjos espinhosos de Caetano em “Recanto” e “Recanto Ao Vivo”, juntamente com a produção conjunta com seu filho Moreno, certamente tem um peso imenso neste resultado. As versões insólitas de “Divino Maravilhoso” e “Vapor Barato” (na sua melhor interpretação desde o já citado “Fa-tal”) mostram com claridade a influência e o acerto de Caetano na atual fase de Gal.
O registro do DVD é totalmente fiel ao espetáculo e faz o espectador se sentir sentado em uma das primeiras filas do teatro, cara a cara com a cantora. Alguns dos momentos mais gratificantes ficam por conta das interpretações de “Folhetim”, “Barato Total”, “O Amor”, “Vapor Barato” e “Modinha para Gabriela”, que não estava no roteiro original do DVD, mas entrou devido ao sucesso da nova versãop da minissérie “Gabriela”, da Globo.
Gal Costa continua com agenda lotada de apresentações e depois de gravar especial “Estúdio MTV”, ser atração principal da Virada Cultural de São Paulo, continua seu roteiro de shows pelo país – e Fortaleza não estará fora desse roteiro, com apresentação marcada para o próximo dia 3 de agosto, segundo a página da produtora cearense D&E.
“No grão de areia, o sol” mostra o talento da cantora Ana Ariel
A voz encantadora de uma das maiores intérpretes espíritas da atualidade
Depois de 3 álbuns lançados de forma independente e centenas de apresentações no Brasil, Colômbia, Estados Unidos, Suíça, Bélgica, França, Espanha e Alemanha, a cantora espírita Ana Ariel apresenta seu mais recente CD “No Grão de Areia, o Sol”.
Produzido por Corciolli, o álbum traz uma seleção de 11 canções de cunho religioso em arranjos com influências da música country, do soul e do pop. O repertório traz sucessos do universo gospel como “Te Amo Ó Deus” e “Luz da Manhã”, além de composições inéditas como a envolvente “Deus Presente” e a poética “Esperança”. Um dos grandes destaques do álbum, porém, fica por conta da versão intimista - cantada em espanhol - para a música “Bendita Tu Luz”, do grupo de rock Maná.
Contando com um time excepcional de músicos e a participação especial do cantor e compositor brasiliense Alexandre Paredes, Ana canta com o coração: Sua voz doce e suave transmite paz, esperança e bem-aventurança, em interpretações cativantes.
O caráter cristão e universal das letras evidencia seu louvor à Deus e à Jesus. Quarta geração de uma família tradicional espírita, Ana dirige em conjunto com sua mãe, a AMIC (www.amic.org.br) uma instituição de cunho beneficente que atende crianças e jovens carentes na periferia de Campinas em São Paulo.
Com 28 anos de carreira, Biquini Cavadão lança “Roda-Gigante”
O novo CD da banda, que tem muitos fãs no Ceará, tem participação do vocalista do Jota Quest, Rogério Flausino
Bruno Gouveia, Miguel Flores da Cunha, Carlos Coelho e Álvaro 'Birita': 14º disco da carreira
O Biquini Cavadão não para. Com 28 anos de estrada e passando a marca de 2 mil shows em mais de 600 cidades do país, além de outras tantas apresentações internacionais, tudo pode soar exaustivo, mas não para Bruno Gouveia, Miguel Flores da Cunha, Carlos Coelho e Álvaro 'Birita'. Para eles, a vida tem sido uma roda-gigante, que a cada volta é capaz de revelar novos pontos de vista e trazer novas experiências. E é com o décimo quarto disco da carreira que a banda mostra mais novas faces de sua história.
‘Roda-Gigante’ tem produção de Carlos Coelho e Marcelo Magal, e possui 12 faixas, sendo 11 dessas autorais. A única regravação que compõe o disco é de ‘Agora é Moda’, parte do álbum ‘Babilônia’ (1977), de Rita Lee, que nessa versão tem Rogério Flausino dividindo os microfones com Bruno Gouveia. Nas outras canções, o Biquini fez novas e velhas parcerias.
Abrindo o álbum, ‘Amanhã É Outro Dia’ tem cara de crítica social com pegada dos anos 80. Mas, em seguida, vem a faixa título com um arranjo de guitarras e violão e que pode ser definida como a essência da nova sonoridade do Biquini, que apesar de se orgulhar de ser uma banda da década que surgiu, é mais que qualquer coisa, uma banda contemporânea. Nessa busca, um encontro se destaca: ‘Acordar Pra Sempre Com Você’ tem Lucas Silveira, do Fresno, que dividiu os vocais e a autoria da música e, segundo Bruno, “foi uma dessas chances que tivemos para achar um outro caminho, produto da bagagem de cada um, das influências e idades diferentes.” E isso eles sabem aproveitar: ‘O Último a Saber’ tem um som mais experimental, gritos tribais e timbres de teclado incomuns, e veio da parceria com João Eduardo Vasconcelos, ex-guitarrista do Los Porongas.
‘Descer as Ondas’, parceria com Marcelo Mira (Alma D’Jem) e Dudy Cardoso, pode muito bem ser música de luau, leve e veranil como os próprios cariocas da banda. O Rio de Janeiro, inclusive, ganha homenagem especial em ‘Eu Sorrio’, ornamentada com metais e refrão simples e certeiro. Para outro grande símbolo brasileiro, ‘É Dia de Comemorar’ chega com potencial de hino futebolístico, daqueles para serem gritados a todo pulmão no estádio. A música da vez é ‘Entre Beijos e Mais Beijos’, canção que trata do amor através dos tempos, embalada por arranjos que fazem jus ao tema. O single, que ganhou clipe, pode ser visto no canal do YouTube da banda.
Para esse trabalho, o Biquini inova no formato e lança, além do disco físico, um pen drive que contém as canções desse álbum e uma coletânea de 14 sucessos da banda, clipes e making of de algumas faixas. Além disso, o público que adquirir o material vai poder se cadastrar para receber mais músicas via internet: a cada versão, remix ou videoclipe novos, quem estiver conectado vai receber as novidades automaticamente. A Roda-Gigante do Biquini não para nunca de girar.
A volta do camaleão David Bowie
Com o novo álbum “The Next Day”, ele rompeu uma década de silêncio
O cantor David Bowie voltou ao topo do ranking de vendas do Reino Unido e conseguiu pela primeira vez em 20 anos que um álbum novo de sua autoria, "The Next Day", seja o número um da lista. Bowie surpreendeu o mundo quando, em 8 de janeiro, quando completou 66 anos, rompeu uma década de silêncio com o single "Where Are We Now?", seu primeiro lançamento desde o álbum de estúdio "Reality", de 2003. O single foi extraído do álbum "The Next Day", que esta semana se tornou o álbum mais vendido do Reino Unido em 2013, anunciou no domingo a Official Charts Company (Companhia oficial de Listas).
Bowie vendeu 94 mil cópias de seu álbum, superando a cifra de 71.600 exemplares atingida pelo álbum "Opposites", dos roqueiros escoceses Biffy Clyro, quando foi lançado em janeiro. A última vez que Bowie se posicionou no topo das paradas de vendas foi em 1993, com "Black Tie White Noise".
Durante os últimos anos, circularam boatos de que o músico camaleônico estaria sofrendo com problemas de saúde e que teria se retirado na companhia da mulher e da filha em Nova York. Mas Bowie tinha voltado ao estúdio para gravar seu novo álbum, descrito pelo jornal britânico "Independent" como "o melhor álbum de retorno da história do rock and roll". Há dois anos, Bowie começou a trabalhar em sigilo neste novo disco ao lado de Tony Visconti, produtor de 12 de seus 24 álbuns.
O álbum, bem recebido pela crítica especializada, também já está disponível no Brasil. As músicas de "The Next Day" (O Dia Seguinte, em tradução literal), já podiam ser ouvidas na Internet desde março. Em sua versão normal o álbum tem 14 faixas, já a edição deluxe traz como bônus três outras canções inéditas.
Esse novo trabalho é uma homenagem a Berlim, onde o músico britânico viveu durante três anos na década de 70. Nesse período ele lançou três discos, incluindo o famoso "Heroes", cuja capa inspirou a do novo álbum. Ambas usam a mesma foto em preto e branco de David Bowie. O videoclipe de uma das músicas, The Stars (are Out Tonight), é estrelado pela atriz britânica Tilda Swinton, vencedora de um Oscar.
“The Next Day” é, essencialmente, um disco de rock. Guitarras musculosas são sentidas a todo momento e sustentam um trabalho vigoroso, de arranjos épicos, sonoridade metálica e lirismo contundente. Será uma pena se Bowie não fizer alguns shows no Brasil a bordo dessas novas músicas.
No novo CD existem várias referências de sua produção setentista, breves revelações de teor autobiográfico e um amplo imaginário sobre um mundo doente. Ao se conectar com o passado, Bowie atira para o presente: ”I’d Rather Be High” e “How Does the Grass Grow” falam com sarcasmo peculiar sobre a guerra e o ofício de matar. Já The Stars (Are Out Tonight) reflete sobre o lado obscuro das celebridades.
Em quase 50 anos de carreira, David Bowie já vendeu cerca de 140 milhões de discos em todo o mundo. O Museu Victoria and Albert de Londres inaugurou mês passado a primeira retrospectiva mundial dedicada à carreira do músico. A exposição apresenta figurinos, fotografias, trechos de filmes e vídeos e anotações manuscritas inéditas, ao das canções de Bowie. São ao todo 300 objetos para contar a história de um artista que teve diversos estilos e assumiu diversas identidades ao longo de sua trajetória.
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Veja o novo clipe de David Bowie
Mais uma novidade que vem do Pará
O universo estranho e colorido da Gang do Eletro
Não há nada mais brilhante, pegajoso e inventivo hoje no Brasil do que a cena musical de Belém. Os “cultos” torcem o nariz, quem é apaixonado pelo rock finge que não existe, mas o povo e até os moderninhos dançam como nunca antes dançaram. Há quem chame de piada, e diga até que a graça já acabou. Tem ainda quem afirma ser o equivalente ao Manguebeat na década de 1990, mas uma coisa é certa: o que toma conta da música paraense atual não chega nem perto de ser uma brincadeira, gruda nos ouvidos feito chiclete e está longe de soar como algo tolo ou inexistente. Se Felipe Cordeiro e Gaby Amarantos abriram as portas, é com o primeiro álbum da Gang do Eletro que somos de fato apresentados a esse estranho e colorido universo.
O ouvinte pode até firmar extensos estudos culturais para traçar a origem do que abastece o trabalho da banda, mas isso parece ser o menos importante nas 10 faixas que impulsionam o disco. Como anunciam os vocais entusiasmados de Piripaque: “Quem tá doido que se segure, por que a festa vai começar meu DJ”. Surgindo como se fossem índios da Tribo Neon, Maderito, Keila e William Love estampam a capa, dançam e cantam sem pausas durante mais de 30 minutos, deixando aos comandos do cacique Waldo Squash o sintetizar de tambores, ritmos e referências orgânicas de forma a reproduzir um som essencialmente eletrônico. Um jogo bem elaborado de faixas rápidas e que praticamente obrigam o ouvinte a dançar.
Embora se manifeste como a primeira grande obra do quarteto, o álbum nada mais é do que constatação comercial de tudo o que a banda vem construindo desde 2009, quando foi montada. Concentrado no ambiente cotidiano de Belém, festas de aparelhagem e em composições que lidam com o romantismo de forma tão confessa que beira o Brega, o registro, contra todas as expectativas, não custa a posicionar o ouvinte no mesmo cenário da banda. São composições simples, mas nunca vazias, faixas que mantém no toque semi-cômico o mesmo descompromisso pop que décadas antes consolidou a carioca Blitz e outros fanáticos pelos sintetizadores.
Por falar no clima pop dos anos 1980 e em tudo o que foi construído há mais de três décadas, é na utilização dos teclados, elemento tão caricatos do período, que a banda constrói boa parte do trabalho. Enquanto o trio de vozes se desdobram em composições tomadas pelo romantismo (Dança no Salão), temáticas periféricas (Velocidade do Eletro) ou apenas faixas pensadas para a dança (Só no Charminho), Squash esbanja referências e solos que causariam inveja ao Daft Punk. É possível encontrar desde homenagens sinceras ao trabalho de gigantes como Kraftwerk (em Eletro do Robô), até canções que garantem um toque “futurístico” à marcas essencialmente orgânicas, vide a cumbia robótica em Una Cosa ou o regionalismo de Esquenta carregado pela levada do Eletromelody.
Verdadeiro liquidificador de tendências regionais e estrangeiras, Gang do Eletro (o disco) em nenhum instante se distancia de quem talvez não esteja acostumado aos sons que há tempos impulsionam o quarteto ou mesmo toda a cultura nortista. Com letras movidas por um nítido descompromisso pop, o álbum parece antecipar aquilo que Diplo e outros produtores devem assumir como “novidade” em alguns anos. São faixas como Vamos De Barco (com um duelo de versos que muito se aproximam do Rap norte-americano) ou mesmo Galera da Laje, faixas que transformam tudo aquilo que M.I.A, Santigold e tantos outros estrangeiros vêm experimentando há tempos em algo criativo, nacional e, claro, sempre dançante.
Desprovido do mesmo “compromisso” conceitual que marca o trabalho de Felipe Cordeiro, Amarantos ou mesmo de veteranos a exemplo de Dona Onete, o álbum de estreia da Ganga Do Eletro assume como único propósito a diversão – apenas não confunda com a “diversão” pasteurizada que alimenta a Banda Uó. Distante de parecer um registro banal, o álbum alcança um efeito curioso ao lidar com esse tipo de som: parece fluir como um trabalho tão efetivo e atraente quanto qualquer outro registro de acertos “sérios” ou possível maturidade aprimorada. Assim como as marcas que definem a música paraense, a estreia de Waldo Squash e seus parceiros está longe de se manifestar como um retrato tolo, mas que ainda assim, gruda feito chiclete.
Novo álbum do Vespas Mandarinas traz letras de Arnaldo Antunes e Bernardo Vilhena
Novidade do Rock Brasil, a banda Vespas Mandarinas acaba de lançar seu primeiro álbum pela gravadora DeckDisc. O trabalho foi produzido por Rafael Ramos e gravado entre os estúdios Tambor (RJ) e Costella (SP). A banda formada pelo Vj da MTV Chuck Hipolitho (guitarra e voz), Thadeu Meneghini (guitarra e voz), André Dea (bateria) e Flávio Guarniei (baixo) tem o rock dos anos 80 como grande fonte de inspiração. Por isso, convidaram dois grandes compositores que tiveram suas trajetórias marcadas por esse período. A idéia é trazer de volta para o rock uma profundidade nas letras que se perdeu.
As músicas trazem um rock/pop bem urbano. A cidade de São Paulo foi uma grande fonte de inspiração e aparece no álbum tanto diretamente quanto metaforicamente. Como influência, eles tem o rock nacional clássico, em bandas como Titãs, IRA!, Os Paralamas do Sucesso, entre outras. “Bebendo na tradição e jogando para frente” – como eles dizem.
“Animal Nacional” valoriza as letras, dando a elas uma profundidade que a banda acredita ter se perdido no rock. Para isso, contaram com os parceiros antigos, Adalberto Rabelo e Fábio Cascadura, nas composições. Além de parcerias inéditas, com Bernardo Vilhena em “Santa Sampa” e Arnaldo Antunes em “A Prova”.
O disco é composto por 12 faixas, entre elas “Cobra de Vidro”, já conhecida pelos fãs da banda, “O Amor e o Ocaso”, “O Vício e o Verso” e “Um Homem Sem Qualidades”. Ainda estão no álbum, a também conhecida “O Herói Devolvido”, “Rir no Final”, “Distraídos Venceremos” e “Não Sei O Que Fazer Comigo”, versão da música “Ya No Sé Qué Hacer Conmigo” da banda uruguaia El Cuarteto de Nos.
VEJA UM CLIPE DA BANDA:
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