terça-feira, 3 de novembro de 2009

CRÔNICAS - ARTIGOS

Talentos estão em falta?

Edson Rodriguez*

Busca-se no mercado cada vez mais talentos com um determinado grupo de competências comportamentais. É quase como um rótulo: foco em objetivos, visão de negócio e de resultados, capacidade de se comunicar e negociar, mobilidade e adaptação, criatividade e auto-iniciativa são pré-requisitos para um número cada vez maior de requisições e não só no campo gerencial. Mesmo atividades de execução, muitas vezes, primam por esses requerimentos e isso vale para aproximadamente 50% das vagas no mercado de trabalho hoje.

Porém, essas competências não estão presentes em todo mundo. Talvez em apenas 15% da população elas apareçam como predominantes. Isso cria um paradoxo, pois se aproximadamente 50% das vagas no mercado de trabalho requerem um tipo de perfil que aparece em apenas 15% da população, como fazer para suprir essa necessidade?

E é por isso que pessoas com esse tipo de perfil são as mais voláteis, ou, em outras palavras, são exatamente os talentos difíceis de serem mantidos. Por quê? Porque o mercado os quer. Aliás, ocorre um fenômeno interessante: as pessoas que a empresa quer manter são as que têm a tendência de irem embora e, as que a empresa não se incomodaria se fossem embora são as que acabam ficando.



O que fazer então? A resposta está no desenvolvimento de cada indivíduo. As pessoas podem mudar seu estilo comportamental e desenvolver competências específicas, que não naturais em seu self, mas que irão aparecer em sua personna. A manutenção de uma máscara, tanto social como profissional, é possível se os fatores motivadores do indivíduo forem devidamente estimulados. Em outras palavras, ele tem que desejar a mudança. E muito.

Imaginemos uma pessoa gorda que deseja emagrecer. A maioria dos gordos deseja isso, no entanto, a obesidade é um problema que só cresce. Então, só desejar não é suficiente. É preciso desejar muito, muito mesmo, até que esse desejo se transforme em ação. Para isso, é preciso focar o desejo, a vontade de mudar. Mudanças são difíceis, trabalhosas (é por isso que dietas são quebradas, programas de ginástica são interrompidos, etc.). Essas são as barreiras que precisam ser vencidas. É possível? Sem dúvida.



A questão é: como obter esse tipo de mudança em uma escala profissional, de modo a atingir um grande número de pessoas em um curto espaço de tempo?



Há tecnologias disponíveis no mercado que permitem um processo de avaliação de competências comportamentais necessárias versus competências existentes no perfil de cada indivíduo. Sistemas de Análise de Perfil Pessoal (ou PPA, sigla de Personal Profile Analysis) auxiliam o gestor a identificar as necessidades em cada indivíduo e a traçar um plano de desenvolvimento adequado. Entretanto, só isso não basta. Como já foi dito, é preciso que o indivíduo deseje a mudança. Ele precisa se projetar, se ver naquele novo papel e gostar da projeção.



Uma forma de se conseguir isso é por meio de um programa de coaching. Para pequenos grupos ou necessidades pontuais, o coaching presencial é interessante, mas para grandes grupos, muitas vezes dispersos geograficamente, a solução está no e-coaching, uma nova forma de prover e monitorar o auto desenvolvimento dos indivíduos, ajudando-os e orientando-os em seus processos de mudança comportamental.

Essa tecnologia permite que cada indivíduo tenha seu plano de desenvolvimento acompanhado por um software que gerencia o processo. Como se trata de um programa informatizado, seu custo é muito mais interessante para grandes grupos de treinados, pois o custo unitário é muito menor que um processo de coaching presencial, além de permitir que dezenas e mesmo centenas de pessoas estejam no programa simultaneamente.

Resumindo, a necessidade de novos padrões de perfil comportamental no mercado moderno mais a dificuldade cada vez maior de encontrá-los entre a população, impõe aos empresários e gestores um novo desafio: formar, moldar pessoas de modo a atenderem as novas e cada vez mais dinâmicas necessidades do mercado de trabalho moderno.


Edson Rodriguez é consultor em Gestão de Pessoas e Orientação Profissional, coacher gerencial e e Vice Presidente da Thomas Brasil (www.thomasbrasil.com.br). Autor dos livros “Conseguindo Resultados através de Pessoas”, “Futebol para Executivos” e “Por que alguns vendedores vendem mais que os outros?”.

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