quarta-feira, 8 de abril de 2009

LIVROS - NÃO-FICÇÃO

Os donos do poder

“A Tirania do Petróleo” explica a capacidade das petrolíferas de moldar o mundo ao seu favor


A escritora americana Antonia Juhasz investigou fundo para trazer à tona os esquemas de poder das companhias petrolíferas. Com base em pesquisas, reportagens e entrevistas Juhasz construiu um elucidativo e preocupante painel sobre como o dinheiro e a influência das grandes corporações manipulam as instâncias de poder – em especial o governo americano – a seu favor. Tudo muito bem descrito e explicado em A Tirania do Petróleo, que a Ediouro traz para o Brasil. Este é um livro de oportunidade rara. Primeiro por ser uma espécie de inventário do que foi o governo Bush na sua permanente e pouco discreta orientação pró companhias petrolíferas. Segundo, por abordar um setor que ajudou a promover, através da especulação desenfreada, a bolha financeira internacional, mas que agora submerge no crash global.
Em A Tirania do Petróleo , Antonia Juhasz, detalha como o petróleo se tornou um artigo tão valioso, capaz de originar tanto poder e controle. Um enredo que vai da descoberta do primeiro poço americano até o ponto auge do poder das Big Oil – as grandes empresas petrolíferas - no governo Bush. Sempre mostrando a forma de influir e de administrar destas companhias para obter o maior lucro.
No livro, Juhasz cita a Guerra do Iraque, que devolveu a exploração do petróleo da região para as Big Oil, como o provável momento máximo – e mais radical – deste jogo de poder. A autora lembra também que é muito difícil encontrar um político americano na história recente que jamais tenha recebido o apoio das petrolíferas. Essa atuação política não fica restrita ao patrocínio de candidaturas: anualmente, as Big Oil gastam milhões de dólares com lobistas e através deles tem conseguido muitos privilégios e influência nas decisões governamentais.
Dividido em 9 capítulos A Tirania do Petróleo não se resume a desnudar uma indústria milionária, poderosa e manipuladora. O livro traz, ainda, registros e dados históricos relevantes para o leitor compreender como chegamos à realidade política, econômica e ambiental de hoje. Antonia Juhasz é uma das mais importantes especialistas dos Estados Unidos em indústria do petróleo, comércio internacional e política financeira. Escritora premiada, colabora frequentemente em várias publicações, incluindo New York Times, International Herald Tribune e Los Angeles Times. Juhasz vive em San Francisco, Califórnia.
SERVIÇO
Livro: A Tirania do Petróleo - Autor: Antonia Juhasz - Nº de páginas: 432 - Preço sugerido: R$ 59,90
*** 3 ESTRELAS / BOM



Memórias de Nélida

Em “Coração andarilho”, a aclamada escritora faz um comovente e sensível registro de suas lembranças

Nélida Piñon. Recordações de infância e juventude, família e viagens pelo mundo
Nas cinco décadas dedicadas à literatura, Nélida Piñon já guardava em um canto da memória as histórias de “Coração andarilho”. Na verdade, o livro começou a ser esboçado antes mesmo do nascimento da escritora carioca. Mais ou menos na época em que seu avô, Daniel, chegou ao Brasil, no final do século 19, originário da região da Galícia, na Espanha. Durante a infância, Nélida foi muito incentivada por seus pais a descobrir os prazeres da leitura, do teatro e das viagens. De cunho autobiográfico, o novo livro traz a essência de Nélida como criadora e como ela foi formando seu universo pessoal e criativo perpetuado em mais de 20 publicações.

Em “Coração andarilho”, Nélida escreve sobre sua trajetória íntima, mas o pai Lino e a mãe Carmen são co-protagonistas desta narrativa. Principalmente o pai, a quem a autora diz finalmente ter prestado contas afetivas. Morto precocemente, quando Nélida tinha 20 anos, Lino foi um homem culto, inteligente e um dos grandes responsáveis por sua formação como escritora e mulher independente, uma cidadã do mundo.
Assim como Simbad, o marujo, Nélida Piñon é uma marinheira moderna, com numerosas e fantásticas aventuras para contar de suas viagens — geográficas ou literárias — ao redor do mundo. E como uma boa navegante, Nélida sempre teve como porto seguro a família, os afetos, o Brasil e as cidades imaginárias. Neste delicado e pungente livro de memórias, a autora de Vozes do deserto (vencedor do Prêmio Jabuti 2005 nas categorias Romance e Livro do Ano) presta uma homenagem a seus pais, à origem galega e mostra como se deram os anos de formação como escritora e como mulher. Mais do que apenas um resumo cronológico de sua vida, Nélida cria uma narrativa sensível e envolvente na qual as lembranças surgem como um jorro de memória afetiva, sem preocupação com o que estamos acostumados como “fatos”. Assim, visitamos o compartimento de memórias de sua primeira infância. A casa no bairro carioca de Vila Isabel onde nasceu porque sua mãe tinha receio de tê-la no hospital e não reconhecer a própria filha; as tardes bucólicas a passear com o avô Daniel, figura muito importante na sua vida (e que mais tarde ela perceberia que é um anagrama de seu nome); o Carnaval de rua de uma cidade que não mais existe. Depois, a mudança para Copacabana, o começo do entendimento do mundo e os novos desafios. E para mais, navegue, pois, com Nélida por este rio de memória e se emocione com as histórias que esta magnífica escritora tem a nos contar.


O Brasil de Donald e Homer

Alexandre de Mendonça Aires edita o blog O Brasil de Donald e Homer (http://blig.ig.com.br/blogbdh), no qual discute, analisa e noticia fatos que gravitam ao redor do livro homônimo que foi lançado, dia 3, no Shopping Benfica. Nos anos 1940, o Pato Donald foi recepcionado de forma efusiva pelo anfitrião tupiniquim Zé Carioca, num ambiente bucólico e cordial. Já na época contemporânea, a família Simpsons foi alvo de seqüestro, conhecendo um país selvagem e de sexualidade ambígua. O objetivo desta obra é mostrar de que forma o Brasil foi representado nestes dois momentos, tentando esclarecer o porquê dos autores Walt Disney e Matt Groening terem exibido tais visões a respeito dos mais variados temas nacionais. Em comum, dois produtores culturais ianques que usam a linguagem do desenho animado para representar o Brasil. As semelhanças param por aí. São diferentes os momentos históricos, o papel das políticas estatais, a motivação dos produtores bem como a estética e a ideologia de cada um deles.




Seita polêmica denunciada em livro

“Inocência Roubada”, baseado em história real, faça sobre uma sociedade poligâmica e autoritária dos Estados Unidos

A Ediouro traz para o Brasil a história real de uma jovem que enfrentou sua igreja e suas crenças para poder escolher o próprio destino. Um depoimento que escandalizou os Estados Unidos, decisivo para decretar a prisão de Warren Jeffs, líder da Igreja Fundamentalista de Jesus Cristo dos Últimos Dias (IFSUD), uma seita poligâmica, até então, com 10 mil seguidores. Elissa Wall nasceu e cresceu como membro dessa igreja e aceitava com naturalidade as determinações vindas do “profeta” rumo ao caminho da salvação, pois só ele recebia mensagens diretamente de Deus e as repassava, decidindo assim o destino dos seguidores.
Todos os casamentos eram determinados por ele, os homens tinham mais de uma mulher concomitantemente, e as mulheres tinham de ser submissas às vontades do marido. Uma lógica inegável para Elissa, até ser informada que teria de se casar aos 14 anos, com seu primo de primeiro grau, do qual não gostava. A partir dessa decisão, começou a questionar por que Deus havia designado a ela tal sofrimento, ainda tão jovem.
Essa foi a primeira de muitas dúvidas que passaram pela cabeça dessa adolescente que entre aceitar sua infelicidade e os abusos sofridos como algo natural ou abandonar sua família e sua vida para procurar a felicidade em uma nova realidade, onde poderia fazer suas próprias escolhas, optou por ser livre. Elissa Wall deixou a igreja e o primo com quem foi obrigada a se casar em 2005, aos 18 anos. Atualmente vive com os dois filhos e o marido, Lamont.




Flávio Paiva e a crise na infância

O jornalista e escritor completa 50 anos lançando "Eu era assim – Infância, Cultura e Consumismo"

O jornalista e escritor Flávio Paiva lançou o livro "Eu era assim – Infância, Cultura e Consumismo" no Centro de Referência a Infância (Rua Joaquim Sá, 879 – Dionísio Torres). Na ocasião, o autor comemora seu aniversário de 50 anos, com uma divertida apresentação do grupo Os Bufões, versão da Banda Dona Zefinha para crianças, cantando músicas dos livros Flor de Maravilha e A Festa do Saci, de Flávio Paiva, com direção de Orlângelo Leal e participação especial da Orquestra de Sopros de Pindoretama, sob a regência do maestro Arley França.
O livro trata da tragédia do consumismo na infância – na crise do padrão civilizatório que atinge o meio ambiente e as relações humanas, muitos países tem adotado medidas de proteção a criança. Segundo o autor, a construção da realidade cotidiana desorganiza a lógica do discurso linear e do olhar bem comportado sobre uma educação que não está mais somente na família, escola e igreja, mas também nos meios de comunicação de massa e das redes sociais e virtuais.




Guia prático das adolescentes independentes

“O livro das garotas audaciosas”, best seller nos Estados Unidos e na Inglaterra, é um misto de almanaque, enciclopédia e manual de sobrevivência para meninas

Para todas as garotas de espírito independente e tendência para encrencas, um guia de aventuras proibido para meninos. Um manual com tudo que uma garota precisa saber — e isso não quer dizer pregar botões! Com mais de um milhão de exemplares vendidos nos Estados Unidos, “O livro das garotas audaciosas” (Editora Galera Record) é a versão feminina — e autorizada — de O livro perigoso para garotos. Best seller nos Estados Unidos e na Inglaterra, o livro de Andrea J. Buchanan e Miriam Peskowitz já foi publicado em mais de 15 países e chega ao Brasil em uma versão adaptada com novos textos sobre surfe, moda e histórias de mulheres audaciosas brasileiras, como Anita Garibaldi, Nise da Silveira, Pagu, Leila Diniz, Chiquinha Gonzaga e Imperatriz Leopoldina.
“O livro das garotas audaciosas” mantém o espírito ousado e livre de seu similar de calças. Meninas à procura de aventura, atenção! Aqui, elas irão encontrar histórias sobre piratas famosas da História, mulheres espiãs e outras garotas que mudaram o mundo. Além de aprender movimentos básicos do caratê, conseguir prender o cabelo com um lápis e amarrar um sári. Neste livro, cozinhar só tem vez se for numa fogueira, em meio à natureza, contando histórias de fantasmas para as amigas.
Uma mistura de almanaque, enciclopédia e manual de sobrevivência para meninas, “O Livro das garotas audaciosas” é uma homenagem das autoras à infância, resgatando aventuras e brincadeiras antigas como pular elástico, pular corda e brincadeiras de bate-palma. **** 4 ESTRELAS / Ótimo

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