quarta-feira, 1 de julho de 2009

MÚSICA

Veterano da cena mangue beat

Depois do mercado europeu, inglês e americano, Dj Dolores lança no Brasil o CD “1 Real”, seu terceiro álbum


DJ Dolores, veterano da cena mangue bit da década de 90, volta a atacar em “1 Real”, seu terceiro CD lançado, no ano passado, no mercado europeu, inglês e americano e agora, no Brasil, pelo selo Arterial Music com distribuição da Rob Digital. De gênero inclassificável, “1 Real” é um apanhado de referências que vão desde o forró (“J.P.S.”) a surf music (“Flying Horse”), passando por afrobeat (“Cala Cala”) e tempero caribenho (“Tocando o Terror”), tudo embalado pela eletrônica peculiar que tem sido sua marca registrada.
A boa recepção do disco no exterior rendeu-lhe três temporadas européias no ano de 2008 e uma turnê de costa a costa nos Estados Unidos, onde mostrou ao vivo uma eletrizante combinação de música eletrônica, improviso e balanço. “1 Real” entrou nas listas dos mais tocados na Europa (um dos 20 mais importantes discos do ano pelo WME Chart) e college radios americanas (CMJ), além de ótimas resenhas em jornais e revistas do mundo inteiro.
DJ Dolores já remixou faixas de Gilberto Gil, Tribalistas, Fernanda Porto, Taraf de Haïdouks e foi convidado pela revista americana Wired para participar do projeto “Rip, Mash, Sample, Share”, baseado nas licenças do Creative Commons. Suas músicas também estiveram em filmes como “A Máquina” (de João Falcão) e “Narradores de Javé” (de Eliane Caffé) e o DJ ganhou vários prêmios aqui e lá fora, como o prêmio da BBC de World Music, na categoria “Club Global”, em 2004. *** * 4 ESTRELAS / Ótimo


O novo CD do Fagner

“Uma Canção no Rádio” tem sete músicas compostas por Chico César, Fausto Nilo, Zeca Baleiro e outros


A sonoridade de “Uma Canção no Rádio” é tão diversificada que encaixar o disco dentro de algum estilo musical é uma missão difícil. Passeando por diversos estilos musicais vai do reggae ao tango eletrônico, dos ritmos nordestinos as baladas românticas, sem amarras. A postura é condizente com a carreira de Fagner, artista que tem no currículo disco experimental produzido por Hermeto Paschoal e músicas no primeiro lugar das paradas. O denominador comum aqui (e em sua discografia) é o olhar do próprio Fagner, aproximando trabalhos de diversos colaboradores, sem medo de falar qualquer “língua” necessária para isso.
A produção de Clemente Magalhães acompanha os caminhos propostos por Fagner, variando de acordo com o clima de cada canção. Servindo a esse mesmo propósito, os arranjos utilizam bases eletrônicas, sanfonas, violas ou cordas com a mesma ênfase, sublinhando as idéias. No dia seguinte a um show na Feira de São Cristóvão, no Rio, sentado no sofá do seu apartamento no Leblon, em frente a uma parede inteiramente coberta por uma foto de uma praia do Ceará, Fagner comenta um traço comum aos bons compositores: a catarse.
“Disco meu eu me envolvo demais. Até quando acaba, depois abandono. É muito difícil [ouvir de novo]. Quando acaba, parece que vai embora”, explica o compositor. Pior para ele, que provavelmente não escuta seus clássicos “Orós” ou “Ave Noturna” há muito tempo. Sete músicas foram compostas com novos parceiros, como Chico César, e alguns antigos, como Fausto Nilo e Zeca Baleiro. No entanto, o impulso para fazer um novo disco surgiu mesmo após ouvir um novato. “Quando eu ouvi esse menino cantando pensei, ‘vou cantar essas musicas’. Não tava nem pensando em disco. Tudo tem um sinal. Ele já vinha atrás de me conhecer, mas não acontecia. Então um amigo fez uma festa e levou ele pra cantar. Cada musica! E nunca tinhas sido gravado”. O “menino” é Oliveira do Ceará, já na faixa dos 50 anos, servente de uma faculdade e autor da música mais bonita do disco, “Amor Infinito”, além de “Regra do Amor” e “Martelo”. Bom exemplo da mistura proposta por Fagner nesse disco é “Martelo”. O reggae-forró (ou vice-versa) e letra de denúncia social, foi composta no Ceará e complementada no Rio, pelo rapper Gabriel O Pensador. “O Gabriel ouviu e mandou a leitura dele do tema, falando da maneira dele, como a música está sendo feita hoje. No fim as duas coisas se juntam. Os dois são parceiros e nem se conhecem!”
“Uma Canção no Rádio”, título retrô em tempos de MP3 voando pela rede e consumo digital, traz dez músicas, o que parece pouco para os padrões do mercado. “Essa coisa de gravar coisa demais não é legal. O trabalho se resume na intensidade. Se aparecer uma super música daqui a três meses, algo que eu ache que seja pra ser dito agora e daqui um ano não tenha relevância, vou gravar e jogar [na rede]”, fala Fagner. Animado com o disco, Fagner acredita que seu momento de vida colaborou para o clima positivo do trabalho. “No anterior, ‘Fortaleza’, eu estava passando por muitos problemas, então não foi um disco pra cima. Tem uns seis anos que não estou tão empolgado com um disco de uma maneira geral, de encontrar músicos bons, dar o timbre”.


Os “Duetos” com Jorge Aragão

Álbum reúne parcerias do cantor com Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal e outros

Mais do que colegas, o CD Jorge Aragão - Duetos, novo disco da série da Som Livre, reúne amigos de longa data de Jorge Aragão. Comadres como Beth Carvalho, Alcione e Elza Soares, e compadres como Zeca Pagodinho dividem com o cantor e compositor alguns dos seus maiores sucessos.
Amiga dos tempos de Cacique de Ramos, Beth Carvalho interpreta ao lado de Jorge Aragão um pot-pourri de “Coisinha do Pai” (Almir Guineto / Luiz Carlos / Jorge Aragão) e “Vou Festejar” (Jorge Aragão / Dida / Neoci Dias), do CD/DVD “Jorge Aragão Ao Vivo Convida” (2002). As duas músicas foram gravadas e consagradas pela sambista no fim dos anos 70, ajudando a impulsionar a carreira de compositor de Jorge. Do mesmo trabalho ao vivo, entram mais três duetos com cantoras da nata da música brasileira: Elza Soares, Alcione e Leci Brandão. Primeira a gravar uma música de Aragão, a canção “Malandro” (Jorge Aragão / Jotabe), em 74, Elza divide a mesma com ele, enquanto Alcione participa de “Enredo do Meu Samba”, composição de Aragão e Dona Yvone Lara. Já a mangueirense Leci Brandão aparece ao lado do cantor na faixa “Do Fundo do Nosso Quintal” (Jorge Aragão / Alberto Souza). O time de intérpretes femininas não fica por aí. Jorge Aragão - Duetos traz ainda Jovelina Pérola Negra e Ivete Sangalo, nas faixas “O Dia Se Zangou” (Mauro Diniz / Ratinho) e “Loucuras de Uma Paixão” (Ratinho / Mauro Diniz), respectivamente.
Os compadres de Jorge Aragão também marcam presença na coletânea. Nas canções “Multirão de Amor” (Jorge Aragão / Sombrinha / Zeca Pagodinho) e “Minta Meu Sonho” (Jorge Aragão), Jorge conta com a companhia de Zeca Pagodinho. Emílio Santiago surge em “Espelhos D´Água” (Cláudio Rabello / Dalto) e o xará Jorge Vercillo acompanha Jorge Aragão em “Encontro das Águas” (Jota Maranhão / Jorge Vercillo). Vercillo é apenas um dos três xarás que entram para o CD Jorge Aragão - Duetos. Gravada no show “Coisas de Jorge”, de 2007, “Líder dos Templários” (Jorge Vercillo / Jorge Ben Jor / Jorge Aragão) traz Jorge Aragão, Jorge Mautner, Jorge Vercillo e Jorge Ben Jor na mesma canção.
Fundo de Quintal, Exaltasamba e Quarteto de Cordas completam o repertório do Jorge Aragão – Duetos. Grupo que Jorge ajudou a fundar em 1980, mas deixou logo após o primeiro álbum para seguir carreira solo, o Fundo de Quintal participa em “Amor dos Deuses” (Mário Sérgio / Ronaldinho). Já com o Exaltasamba, canta “Eu e Você Sempre” (Jorge Aragão / Flávio Cardoso), enquanto toca ao lado do Quarteto de Cordas a bela “Ave Maria” (Charles Gounod / Arr. & Adapt.: Jorge Aragão). **** 4 ESTRELAS / Ótimo




Estilos de forró

Cacau Brasil lança novo CD, “Vermelho Coração Agreste”, seu primeiro disco temático

Cacau Brasil se uniu aos parceiros músicos que trazem na bagagem o forró de raiz e a diversidade rítmica do Nordeste para lançar o CD “Vermelho Coração Agreste Forró em Ritmos”. Este é o quinto disco do artista, composto por 10 músicas (autorais, inéditas e clássicas), em que Cacau une a pluralidade dos ritmos contemporâneos ao tradicional da cultura popular. “Os ritmos do Nordeste são muito importantes na composição da minha música, no meu processo criativo, nas minhas influências. Sempre quis gravar um disco de forró e agora tive esta feliz oportunidade”, comemora Cacau.
As canções clássicas escolhidas foram: Pedras que Cantam, de Fausto Nilo e Dominguinhos; Baião, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e O Canto da Ema, com toques do maracatu tipicamente pernambucano. O sucesso Ai que saudade d’ocê, de Vital Farias, também ganha uma versão especial de Cacau Brasil. "O Cacau está fazendo o melhor, que é cantar e gravar a grandeza musical brasileira, com honestidade, ética e responsabilidade. Será um marco esse CD e ficará na memória de quem conhece a cultura do nosso povo,” declara o renomado compositor paraibano, Vital Farias, conhecido por suas músicas de acentuado caráter regional, aliado ao forte apelo da poesia popular de cordel.
A canção Vermelho Coração Agreste, que dá nome ao disco, foi criada numa parceria entre o baiano Luciano Magno e o pernambucano André Rio, que também assina Do Litoral ao Sertão. Conhecido por animar multidões em seu trio elétrico no Galo da Madrugada, André Rio participa ainda da inédita Beija-Flor desta vez, dividindo a criação com Cacau Brasil e Marcos Resende.

O disco traz também a música autoral Rendeira e as canções Lagartixa e Matuto Pensador, com letras poéticas e lúdicas, próprias da cultura regional nordestina.
A direção musical é de Luciano Magno. Nando Barreto no baixo e, juntamente com as backings vocal, Nena Queiroga e Walkiria Mendes, forma o time de pernambucanos. Do Ceará tem Adelson Viana no acordeom, Denilson Lopes na bateria e Hoto Júnior na percussão. O carioca Marcio Resende complementa a banda tocando sax e flauta.
Recentemente, Cacau recebeu o prêmio Brazilian International Press Awards, na categoria Arte Cultura e Comunidade, em Miami, pela turnê do disco Acordes Pro Mundo (Som Livre). Lançado em 2008, o quarto trabalho autoral de Cacau Brasil conta com as participações de Alceu Valença, Flávio Venturini, dos senegaleses Alboury Dabo e Cherifo Sisokho e do Corpo do Balé Oficial da Macedônia.




Michael Jackson e Freddy Mercury gravaram juntos nos anos 80!


Pouca gente sabe, mas Michael Jackson e Freddy Mercury foram muito amigos nos anos 80. Na época em que o Queen gravava o disco “The Game” e mudava bastante de sonoridade, foi o Rei do Pop quem sugeriu o clássico “Another One Bites The Dust” como primeiro single da nova fase da maior banda da Inglaterra.

Só que essa amizade não rendeu apenas uma boa sacada para uma nova música de trabalho. No gigantesco hiato de cinco anos entre “Thriller” e “Bad” de MJ, Freddy Mercury gravara seu primeiro disco solo, “Mr. Bad Guy e foi provavelmente nas seções desse álbum que os dois fizeram uma versão de “There Must Be More To Life Then This”, que vazou há pouco no nosso querido Youtube e você confere abaixo:

A outra música é “State of Shock”, que muitos afirmam ser uma das 51 composições que sobraram da versão final de “Bad”, lançado em 1987:

O guitarrista Brian May não gostou nem um pouco disso, mas um disco de inéditas e parcerias de Michael Jackson agora não seria nada mal. E material tem de sobra.





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A tradicional “Feijoada com Samba” agora em CD

O sábado é um dos dias mais concorridos do tradicional Bar Brahma, localizado no famoso cruzamento das avenidas ‘Ipiranga e São João’, devido ao projeto “Feijoada com Samba”, parada obrigatória dos amantes do samba e também de uma deliciosa feijoada, que tem como sua principal atração o sambista Naninha, com mais de 20 anos de carreira.

A compilação dos momentos especiais desses mais de sete anos de som contagiante e clima descontraído estão reunidos no CD “Bar Brahma Apresenta: Naninha”, recém lançado pela Lua Music. O álbum de 15 faixas gravado ao vivo em um sábado animado de novembro, 2008, traz o melhor do samba de raiz e conta com participações especiais de Mauro Diniz, Reinaldo, Benito de Paula e da bateria da Escola de Samba Unidos de Vila Maria, berço do cantor Naninha.

O repertório diversificado escolhido por Naninha e por sua interação com o público reúne canções de nomes consagrados do Samba, como Batuque na Cozinha (Martinho da Vila), Espelho (João Nogueira e Paulo César Pinheiro), Não Deixe o Samba Morrer (Edson e Aloísio), além de inéditas que, com certeza, serão grandes sucessos – Natureza (Almir Guineto e Mi Barros), Eterno Filme (Arlindo Cruz e Luiz Carlos da Vila), Meu Pavilhão, Meu Bem Querer (Waguinho, Darlan e Fabinho LS), entre outras. “Eu jogava as canções no show e a galera respondia”, assim explica Naninha a seleção das música.

A mesma espontaneidade, transparência e simplicidade de Naninha no seu dia-a-dia estão presentes no CD e, é claro, nos shows, já que o álbum nada mais é do que o publico encontra todos os sábados no Bar Brahma.

O registro histórico é o primeiro de uma série que o Bar Brahma pretende lançar dos artistas da casa. A coletânea não poderia ter começado de maneira melhor.

Mais Sobre Naninha:

Milton Bezerra Vanderlei, popularmente conhecido como Naninha, é o caçula de seis irmãos e neto de um dos integrantes do bando de Lampião, o falecido sanfoneiro Luís Marques .Nasceu em 09/08/72, na comunidade da Vila Maria em São Paulo/SP, local no qual reside até hoje. Seguindo o caminho dos pais desde muito novo ingressou na Escola de Samba Unidos de Vila Maria, sendo hoje diretor musical e um dos garotos-propagandas mais ativos da escola, sendo responsável por muitos projetos sociais para a comunidade.

Naninha, que recebeu esse apelido desde criança devido ao grande apetite por “bananinha”, nasceu com o dom do samba, aprendeu a tocar de ouvido ao acompanhar um dos irmãos mais velhos em rodas de samba. Mas, não pense que parou por aí, como todo profissional dedicado desde sempre procura aprimorar seus talentos, começou a estudar cavaquinho com Edézio Pires aos 17 anos, na seqüência aprendeu a tocar tamborim, pandeiro, banjo, fez aulas de canto com o grande mestre Isabeh, faz fonoaudiologia, passa com Otorrinolaringologista, entre outras rotinas para manter todo seu potencial vocal e artístico.

A decisão definitiva pela carreira musical se deu aos 17 anos ao ser convidado para tocar banjo e logo depois vocal na banda “Nova Morada”, que o acompanha até hoje. Durante muito tempo intercalou a vida de músico com trabalhos paralelos como borracheiro e mecânico.

Suas principais influências são Leci Brandão, Monarco da Portela, Mauro Diniz e Jorge Aragão, sendo este último seu primeiro padrinho, tendo o batizado no Terra Brasil, casa em que tocou por 14 anos, acompanhando vários grupos e cantores que participaram daquele point de domingo que ficou famoso em todo o Brasil, rendendo até alguns CDs que fizeram grande sucesso.

Depois foram oito anos no Consulado da Cerveja e outros seis no Mistura Brasileira, entre outras casas sempre lotadas, como: Carioca Club, Cervejaria Pólo Norte, Bar Avenida e Bovinu’s.

Faz parte de sua carreira participações e aberturas em shows de artistas consagrados no mundo do samba, como Jorge Aragão, Almir Guineto, Reinaldo, Sensação, Arlindo Cruz e Sombrinha, Fundo de Quintal, Leci Brandão, Benito de Paula, Exalta Samba, Monarco da Portela, Mauro Diniz e muitos outros.

A parceria com o Bar Brahma, que já dura sete anos, iniciou-se de maneira curiosa. Um dos sócios do Bar, Álvaro Aoás, queria dar uma agitada nos sábados do local e por indicação de uma amiga foi assistir a um show do cantor no Consulado da Cerveja, lá mesmo fecharam parceria para um ano, o sucesso foi tanto que não parou mais.




O "Feriado" de Bruna Caram

Bruna Caram tem senso de humor, escreve muito e bem para caramba. É musical e dona de uma bela voz educada, respira nas regras da arte. Tem 22 anos e toda a graça e frescor de seus 22 anos, o que pode encantar o público masculino e já fez Hebe Camargo carimbar seu indefectível “gracinha!” Também já foi dito que Bruna canta sorrindo. Um sorriso franco de quem está inteira em cada verso, preocupada em interpretar tudo na exata. Um sorriso capaz de ser franco mesmo quando não é nada sorriso. Simpática é a vovozinha; a moça se impõe.

Neta da cantora de rádio Maria Piedade, Bruna nasceu em Avaré (SP), berço do tradicional festival de MPB. Caiu cedíssimo em caldeirão de sofisticadas referências musicais e, dos saraus e rodas de choro familiares, passou sem traumas para o profissionalismo aos 9 anos. Por uma década inteira, como integrante dos Trovadores Mirins, e depois, dos Trovadores Urbanos, ganhou jogo de cintura e valiosa quilometragem em contato com os mais diversos tipos de público.

O primeiro álbum-solo, lançado em dezembro de 2006 pela Dábliu Discos, chamava-se Essa Menina. No Japão, a faixa-título chegou a emplacar em playlists de rádios importantes. Aqui, a partir do sucesso de “Palavras do Coração”, Bruna passou a ser incluída na lista de talentos emergentes da MPB. Agora, seu segundo disco foi batizado Feriado Pessoal, nome da única composição própria que ela e seu elevado senso crítico se permitiram incluir no repertório. É ouvir e comprovar que a menina cresceu: o groove de sax alto, guitarra e piano elétrico decola a partir de um afro-beat à Fela Kuti, e Bruna mistura declaração de independência com um bem-humorado pé no traseiro.

Estamos diante de uma cantora com voz própria e que sabe o que quer. Não fica perdida na roda de samba da quebrada alheia, não entra de penetra em baladas eletrônicas, não compra pronto o modelito, o business plan e o tal do “posicionamento no mercado”. Bruna está cercada por uma turma talentosa de músicos e compositores jovens de São Paulo, companheiros de geração, amigos da música, do bar, da vida real.

Na capa, ela aparece rindo, radiante, no alto do edifício Copan, 35 andares acima do chão paulistano. Parece caçoar do horizonte de prédios, do cinza, da pressa, da síndrome do pânico a cada esquina. E é por aí mesmo. “Minha idéia era: esse som vai atravessar a cidade”, confirma Bruna. Feriado Pessoal pode ser refrescante ou energético, uma pausa antes ou depois de docemente se deixar engolir pela urbe. Ou dela fugir, como está literalmente expresso no folk estradeiro “Caminho Pro Interior” (de Otávio Toledo e J. C. Costa Netto), decorado com o trombone de Bocato e ukulele. “É meio Mallu Magalhães”, comenta Bruna, brincando. “Se quiserem que eu explique tintim por tintim, posso beber uma pinga e passar o dia inteiro contando. Mas queria que as músicas comunicassem imediatamente. A intenção é alcançar não só quem gosta de MPB, mas também quem curte outros gêneros.”

Bruna estudou piano desde os 7 anos e está se formando em Educação Musical pela Unesp. Até os 18, teve pouco contato com jazz e pop estrangeiro. O Clube da Esquina foi uma de suas fronteiras com o mundo pop, ligação que a primeira música do disco, “Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor”, permite retraçar. A recente pérola de Lô e Márcio Borges (gravada por Milton Nascimento em Pietá, de 2003) abre espaço em primeiro plano aos comentários blueseiros da guitarra do produtor Alexandre Fontanetti. Famoso pelos trabalhos com Rita Lee (Bossa’N’Roll é a maior referência) e Zélia Duncan, ele injeta diversidade nas três únicas músicas já conhecidas do repertório. “Gatas Extraordinárias”, hit de Cássia Eller com a assinatura de Caetano Veloso, não perde o suingue, mas ganha luxuoso arranjo de cordas que remete ao melhor da black music setentista. Na faixa final, Alexandre convida Christiaan Oyeens, especialista em violões havaianos de colo, para reinventar “Cuide-se Bem”, sucesso de Guilherme Arantes de 1976.

Nas composições inéditas, o produtor consegue proezas ainda mais expressivas, apoiado pelos pianos elétricos e sintetizadores vintage de Marcelo Jeneci, o baixo de Serginho Carvalho e ocasionais programações eletrônicas de Bruno Fiacadori. Com “Fim de Tarde”, de Juca Novaes e Edu Santana, ele e Bruna concretizam o pop/soul paulistano tão perseguido – em vão – pelo pessoal das décadas de 90 e 00. Em veia semelhante, a balada “Um momento”, de Otávio Toledo, explicita o sotaque na profusão de rimas em “einto”. Jamais passou pela cabeça de Bruna amenizar seu paulistês. “Não consigo cantar de um jeito que eu não falo”, explica ela.

A escolha do repertório, está sussurrado quase secretamente entre os agradecimentos, foi um “dramalhão”. Mas o parto difícil gerou filhos bonitos. Entre os destaques das pepitas garimpadas, está a sublime “Amor Escondido”, de Janaína Pereira. Originalmente um samba-choro, a canção ganha guitarra de colo, violão requinto (afinado uma quarta acima, para atingir notas mais agudas) e uma interpretação genial de Bruna, saboreando a doçura de cada verso como se fosse a última bala vermelha do pacote.

A bucólica “Em Paz”, escrita pelo jovem Pedro Altério com seus pais, Rita e Rafael, é outra obra inspiradíssima, com potencial para ser regravada em décadas futuras. Misturando violinos, cellos e guitarra filtrada por pedal wah-wah em seu belo arranjo, a complexa “Alquimia” revela outro baita compositor, Caê Rolfsen, 27 anos, elogiado violonista e um dos líderes da Gafieira São Paulo.

E há também a melodia sinuosa de “Nascer de Novo” (de Dani Black, prodigioso filho de Tetê Espíndola), cheia de notas “enganosas”, que proporciona a Bruna um tour de force vocal ao lado do piano de Marcelo Jeneci. Ao final da gravação, sem Auto-Tune ou qualquer outra maquiagem de defeitos, Alexandre Fontanetti deixou escapar, orgulhoso: “Que outra cantora da nova geração seria capaz de cantar essa música assim?” Repasso a pergunta a você e aconselho: ouça o disco inteiro. Com charme, jeitinho e simpatia, Bruna Caram se impõe.




Fresno lança DVD após CD "Redenção"

A banda de emocore Fresno lançou, pela Arsenal Music, o debut DVD chamado "O outro lado da porta". Além de clipes e quinze músicas gravadas ao vivo em estúdio, no DVD de estreia também contém depoimentos dos integrantes falando sobre a carreira da banda. As antigas canções “Duas Lágrimas”, “Onde Está” e “Impossibilidades” são apresentadas em versões exclusivas inéditas.

Esqueça a angústia da guitarra, o choro em profusão e a ansiedade adolescente de querer acelerar sempre um pouco mais. Quebrar diariamente os vínculos com o passado fez do quarto disco do Fresno um rompimento com aquela agonia juvenil. Não apenas uma ruptura calcada em relacionamentos, mas também com o cenário que o quarteto de Porto Alegre rascunhou por árduos oito anos.

Nessa highway, o prêmio de banda revelação na MTV, em 2007, as 30 mil cópias vendidas de maneira independente – de seus três primeiros álbuns – e os mais de 20 estados percorridos pelo Brasil cristalizaram a tendência da banda para ser um fenômeno da atual geração. Dos milhões de downloads via internet desde 2003, o grupo conduzido pela voz de Lucas Silveira entendeu a responsabilidade que cabia a ele: era necessário sair de vez do saco hardcore melódico (chamado por alguns de emo) que foi colocado quando estourou em 2006, com o álbum Ciano.

Redenção, primeiro disco lançado pela dupla Universal/Arsenal, poderia ganhar a alcunha de recomeço. Os teclados na abertura de “Sobre Todas As Coisas Que Eu...” alertam para o que aguardar nas 12 faixas seguintes. Se anteriormente os riffs eram catalisados pelo hardcore californiano, agora, Keane e Coldplay são as referências. A temática permanece a mesma. Mesmo assim, amor e amargura admitem um requinte. “O CD está pop, bem produzido e com letras mais sofisticadas”, fala Lucas. “Dei um duro para acrescentar versos maduros.” Seguido deles, há a disciplina do vocalista. “Antes minha voz parecia desesperada. Agora está suave”, comemora.

A faixa título, mesmo quando levada ao extremo no refrão “...desligue o rádio e a TV, porque no seu domingo eu vou aparecer...”, ganha sutileza na voz maturada do cantor. A canção fala de ex-namoradas e dá a feição do que os rockstars nos seus 25 anos falam na mesa de um bar.

A música de trabalho, “Uma Música”, é simples. Pilha pelo refrão e pela necessidade de ser uma válvula de escape. Riffs como o de “Europa” e “Passado” são marcantes e provam o quanto os anos de estradas fazem bem. O da primeira traz à cabeça os anos 80 enquanto o da segunda refresca com seu quê de Foo Fighters. Já “Milonga” fecha o CD de forma amargurada. Segundo Lucas “é a música que vai fazer muita gente repensar sua opinião sobre a Fresno”.

Produzido por Rick Bonadio (CPM 22, NX Zero), Rodrigo Castanho e Paulo Anhaia, Redenção vem como uma lufada de boas intenções. Em um momento paradoxal em que cada vez mais se ouve música e menos se vende CD, acompanhar o Fresno pode ser uma dica de para onde a música e o mercado nacional irão daqui para a frente.



"Bons ventos" de Luiza Possi

Desde sempre o vento é mensageiro. Levou os poemas de amor do louco Majnun na lenda persa, faz cantigas no alto do coqueiral em Caymmi, balança a rede sem ninguém dentro no poema de Paulo Leminski. Nesse novo trabalho de Luiza Possi o vento inspira canções e traz o seu próprio recado. Ela assina seis das treze faixas do cd “Bons Ventos Sempre Chegam”.
Luiza Possi nasceu em berço forjado por cultura e arte e saiu aos seus não só no talento como na busca por um caminho pessoal, uma marca particular. Jovem veterana de palcos e coxias ela agora se firma no ofício da composição e traz com assumido acento autobiográfico sua vida nas canções. Ela se mostra sentimental, delicada, decidida, menina, mulher. Faz homenagem e referencia as suas musas: a música (com a linda “Cantar” de Godofredo Guedes) e a mãe (com “Minha Mãe”, uma mistura de ciranda e samba de roda, mas tudo sempre pop). E as duas conversam e se completam. Luiza também escolheu seu repertório entre os contemporâneos e firmou parceria com Dudu Falcão, um nome que já é referência de qualidade na canção popular. Foram mais de 15 músicas em 6 meses, uma parceria frutífera que acabou dando a partida no processo de fazer o novo disco.
Juntos, Luiza e Dudu Falcão assinam 5 canções e numa delas, “Paisagem”, dividem o estúdio. Luiza ao piano e Dudu ao violão num belo arranjo algo romântico, barroco e de muito bom gosto para esses dois instrumentos e um naipe de cordas. Na letra, referências à efemeridade da vida e dos amores. Uma boa parceria é coisa preciosa.
E temos outros pilares fundamentais para a sua mais perfeita tradução: Max Viana dentro do estúdio, na produção, nas guitarras, velho amigo e cúmplice de geração; o talentosíssimo Sacha Amback nos arranjos, teclados e na escolha de repertório – foi ele quem trouxe Mylene com sua “Pipoca Contemporânea” e uma inédita de Moska, “Agora Já é Tarde”- certamente um compositor importante pra Luiza. Samuel Rosa e Chico Amaral mandaram de presente “Ao Meu Redor” que tem uma deliciosa pegada Roberto/Erasmo.
Lula Queiroga, o pernambucano letrado, inventivo, parceiro de Lenine entre outros feras, assina “Pode me Dar”, uma ponte aérea melancólica mas com levada de guitarra, bateria e harmônica com carinha de Steve Wonder.
Chico César entra com uma versão feita especialmente pra Luiza para “Vou Adiante”, de Lokua Kanza. Uma canção linda que conta com Marcos Suzano na percussão e com violão e voz de Lokua. Chique é pouco. Não é por acaso que ela abre o disco com um vento tão bom, a letra é a cara de Luiza e de seu momento artístico e pessoal.
Luiza diz que começou a compor ainda muito menina e que foi por um baião apreciado pelos colegas de escola que começou a cantar. Muito bem formada, toca piano, compõe ao violão e se aventura sozinha nas letras depois de ter experimentado textos que já saíam com melodia. É só dela, por exemplo, “Queixo Caído”, uma boa balada com pegada pop de onde saiu a frase que dá nome ao disco: “Bons Ventos Sempre Chegam”.
E são os ventos da liberdade que sopram na sua direção nesse momento. Ela fala do que é puro e sincero e eu me lembro de Lulu Santos cantando Tempos Modernos. Taí a vida melhor do futuro. Taí a nova ordem dentro do que é fazer música hoje. São tantas as possibilidades e já não dá mais pra enganar ninguém. Luiza faz a diferença e deixa sua marca justamente porque aposta nisso. Na sua história.
Esse grande país de cantoras continua dando flor, cada vez mais bonitas e interessantes. E o vento traz esse cheiro bom.



Masterização do novo disco de Pitty muda de mãos

Impossibilitado de trabalhar durante essa semana por motivo de doença, Brian “Big Bass” Gardner será substituído pelo próprio Bernie Grundman, dono do Bernie Grundman Mastering, na masterização do novo disco de Pitty. Dono de um currículo que inclui Slayer, Dead Kennedys, Neil Young, Red Hot Chilli Peppers, Beck e U2, entre as centenas de projetos em que trabalhou, Bernie é hoje considerado um dos três maiores do mundo: “I am glad to be involved on Pitty’s Project”, disse o engenheiro. O produtor Rafael Ramos, que está em Los Angeles para acompanhar o trabalho, enviou mensagem em que deseja a pronta recuperação de Brian e afirma que a masterização do novo disco de Pitty continua em ótimas mãos.



Yassír Chediak e Rodrigo Sater -PEÕES DE PARAÍSO GRAVAM PELA SOM LIVRE

Os peões e cancioneiros Juvenal e Tiago da novela Global Paraíso, respectivamente Yassír Chediak e Rodrigo Sater agradaram tanto nas rodas de viola da novela que vão lançar CD pela Som Livre.

Yassir é considerado um dos maiores violeiros do Brasil, e Almir já se apresentou em países como França e Alemanha, sem falar das incontáveis apresentações pelo Brasil, ao lado de seu irmão Almir Sater. A dupla já entrou em estúdio e o CD está previsto pra julho.

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