quinta-feira, 3 de abril de 2008

NOVELAS

Ciranda de Pedra é apresentada à imprensa

Elenco e equipes de autores, direção e produção de Ciranda de Pedra receberam repórteres e fotógrafos, nesta segunda-feira, dia 14, no cenário do escritório de advocacia de Natércio Silva Prado (Daniel Dantas). A próxima novela das 18h é escrita por Alcides Nogueira, inspirada na obra de Lygia Fagundes Telles, e tem direção de núcleo de Denise Saraceni e direção geral de Carlos Araújo. Antes de apresentar o clipe com cenas da novela, o autor fez questão de apresentar sua equipe: o co-autor Mario Teixeira e os colaboradores Lúcio Manfredi e Rodrigo Amaral. “Vamos contar as relações humanas e cotidianas, o amor, o carinho e também as tragédias. A novela tem elegância em tudo: no texto, na escolha do elenco, no cenário e no figurino”, disse Alcides Nogueira. “A equipe é praticamente a mesma da minissérie Queridos Amigos. É como vinho, que vai ficando cada vez melhor. Estamos amadurecendo juntos”, falou a diretora de núcleo Denise Saraceni, ao lado do diretor geral Carlos Araújo e dos diretores Maria de Médicis, Natalia Grimberg, André Luiz Câmara e Allan Fiterman.

Norteada por doçura e humor, Ciranda de Pedra vai contar duas histórias fundamentais, tendo como cenário a São Paulo de 1958: o triângulo amoroso entre Natércio (Daniel Dantas), Laura (Ana Paula Arósio) e Daniel (Marcello Antony) e o rito de passagem da adolescência para a vida adulta jovem Virgínia (Tammy Di Calafiori), filha de Laura e Daniel, mas criada como filha legítima de Natércio. Os outros personagens da novela são: Otávia (Ariela Massotti), Bruna (Anna Sophia Folch), Frau Herta (Ana Beatriz Nogueira), Iracema (Tuna Dwek), Silvério (José Augusto Branco), Pedro (André Rebustini), Rosa (Maria Laura Nogueira), Rogério (Claudio Fontana), Idalina (Karen Coelho), Alberto (Domingos Meira), Afonso (Caio Blat), Cícero Cassini (Osmar Prado), Julieta Cassini (Mônica Torres), Joaquina (Maria Pompeu), Conrado (Max Fercondini), Letícia (Paola Oliveira), Alice (Daniele Suzuki), Nicolau (Juliano Righetto), Emiliano (Samuel de Assis), Eduardo Ribeiro (Bruno Gagliasso), Dona Ramira (Walderez de Barros), Alzira (Clarice Niskier), Seu Memé (José Rubens Chachá), Jovelina (Olívia Araújo), Elzinha (Leandra Leal), Lindalva (Ana Karolina Lannes), Margarida (Cléo Pires), Aurora (Rosa Marya Colin), Faísca (Diego Francisco), Gracinha (Gabrielly Nunes), Divina (Hermila Guedes), Luciana (Lucy Ramos), Urânia (Mila Moreira), Patrício (Julio Andrade), Naná (Nêmora Cavalheiro), Peixe (André Frateschi) e Franzé (André Luiz Frambach).



Ciranda de Pedra estréia no dia 05 de maio, segunda-feira, logo após Malhação.


Elegância e delicadeza são palavras que embalam a criação da próxima novela das 18h, Ciranda de Pedra. Com autoria de Alcides Nogueira, direção de núcleo de Denise Saraceni e direção geral de Carlos Araújo, a novela, cuja trama é livremente inspirada no romance homônimo de Lygia Fagundes Telles, estréia no dia 05 de maio. Essa ciranda, norteada por doçura e humor, conta duas histórias fundamentais, tendo como cenário a São Paulo de 1958: o triângulo amoroso entre Natércio (Daniel Dantas), Laura (Ana Paula Arósio) e Daniel (Marcello Antony) e o rito de passagem da adolescência para a vida adulta jovem Virgínia (Tammy Di Calafiori), filha de Daniel e criada como filha legítima de Natércio.



“A história é a mescla perfeita entre o movimento de uma ciranda e a imobilidade da pedra. As pessoas estão em constante movimento, procurando seus destinos, porém estão atadas às suas próprias histórias. Em Ciranda de Pedra, os personagens querem a liberdade, viver suas vidas, fantasias, amores e paixões, mas estão amarrados à tradição, aos seus passados”, define Alcides Nogueira.



O ano de 1958 não foi escolhido à toa - no romance original, a trama se passa em 1947. Para o autor, esse é o mais dourado e emblemático dos anos para o Brasil. Apesar de não se tratar de uma novela épica, e sim de uma história das pequenas tragédias e laços de ternura que ligam os seres humanos, é neste pano de fundo que transcorre o cotidiano dos personagens de Ciranda de Pedra. Na política, JK modernizava o país prometendo o avanço de cinqüenta anos em cinco; entusiasmava empresários com a construção de Brasília, que seria inaugurada dois anos depois, com arquitetura de Oscar Niemeyer. Na economia, com a implantação de indústrias como a automobilística e da Usina Hidroelétrica de Furnas, o país passava a ter uma nova relevância no mundo das transações comerciais.

Na cultura, nascia a Bossa Nova e a cena teatral se agitava com a luta do Teatro de Arena e o Oficina por uma dramaturgia voltada para as questões do povo brasileiro. A literatura e as artes plásticas assistiam às mulheres conquistando e consolidando seu espaço. No cinema, as caríssimas chanchadas ainda tinham seu público, mas o engajamento social e o lema “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” começavam a formar o Cinema Novo, de Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos, entre outros. No esporte, o capitão da seleção brasileira de futebol, Bellini, erguia a Jules Rimet ao ganhar a Copa do Mundo e a tenista Maria Ester Bueno vencia o torneio de duplas em Wimbledon. No ano seguinte, ela seria a primeira brasileira a conquistar o campeonato na categoria individual. Em 1958, São Paulo já era a décima maior metrópole do mundo.



Os amores de Natércio, Laura e Daniel



Ainda bastante jovem, Laura (Ana Paula Arósio) se casou com Natércio (Daniel Dantas) por amor. Desse casamento, que a fez feliz por um tempo, nasceram Bruna (Anna Sophia Folch) e Otávia (Ariela Massotti). A sensibilidade de Laura, no entanto, era um tecido frágil e delicado, como os quadros pintados por ela, e bem diferente do pragmatismo e da ambição de seu marido Natércio Silva Prado, advogado e empresário de sucesso, filho de uma tradicionalíssima família quatrocentona de São Paulo.



Apesar do amor que verdadeiramente sentia pela esposa, ele não foi capaz de compreendê-la em sua subjetividade e complexidade. O empenho com que multiplicava as cifras de seus investimentos e se dedicava à carreira jurídica crescia na mesma proporção em que se afastava do afeto que sentia por Laura, transformando-a em mais uma de suas ferramentas profissionais. Culta e bela, era sem dúvida a mulher perfeita para estar ao seu lado, como um troféu bem-polido a ser exibido para a alta sociedade e o empresariado paulistas.



A estabilidade emocional de Laura começou a ruir e acabou levando-a a conhecer o grande amor de sua vida, Daniel (Marcello Antony). Médico com especialização em neurologia, Daniel Freitas foi contratado por Natércio para cuidar dos distúrbios emocionais de Laura, que a faziam ter crises constantes, ora tranqüila e simpática; ora irascível e nervosa. A atenção com que o médico cuidava de Laura a fortaleceu e os dois se apaixonaram. Desse amor nasceu Virgínia (Tammy Di Calafiori).



A relação dos dois, contudo, foi esmagada pelo advogado, que ameaçou tirar a guarda das filhas de Laura caso ela o abandonasse. Os três, portanto, fizeram um pacto que determinava que o iminente escândalo seria abafado e a caçula criada como uma Prado, impedindo que o médico reconhecesse a paternidade da menina. Laura e Daniel sublimaram a paixão e o desejo que sentiam um pelo outro, mantendo, desde então, uma relação de cuidados médicos e de um amor profundo e casto que os uniria para sempre. Natércio, em sua solidão cortante, tornou-se um homem cada vez mais prepotente, dilacerado por não saber como lidar com seu amor e sua obsessão por Laura.



A reviravolta de Laura



Em 1958, quando a trama de Ciranda de Pedra começa, Laura está há seis meses internada à força por Natércio, em uma casa de repouso, e proibida de ver as filhas. Virgínia já é uma moça. Dr. Daniel divide seu tempo entre os atendimentos no posto de saúde e em comunidades carentes, mas sem deixar faltar nada à Laura, sempre cuidando dela com muita atenção.



O retorno de Laura à mansão dos Prado é minuciosa e triunfalmente planejado por Natércio. Ele organiza uma ostensiva festa de aniversário para a esposa, na qual pretende fazer diversos e importantes contatos profissionais. Antes do grande dia, entretanto, prende Laura no sótão da mansão, lindamente decorado. Lá, ele mina suas forças e a submete a mais uma chantagem para que aceite a festa. Laura sucumbe às pressões e às diversas situações impostas pelo marido por um tempo, até decidir tomar as rédeas de sua vida e lutar por sua felicidade. Ela finalmente abandona seu casamento de aparências e sua linda casa no Jardim Europa e vai morar no sobrado de Daniel, na Vila Mariana.



O apoio de Virgínia



Ao contrário das irmãs Bruna e Otávia, que, apesar de amarem a mãe, morrem de vergonha das crises dela, Virgínia apóia e cuida de Laura incondicionalmente. Sem saber de seu passado, a jovem se sente rejeitada pelo pai Natércio e não entende por quê. Isso a aproximou ainda mais de Laura que sempre a protegeu e tratou com extremo carinho. Essa relação tão cúmplice, no entanto, despertou o ciúme de suas irmãs, principalmente de Otávia, que ama a mãe profundamente, mas se esforça para se livrar desse sentimento, sofrendo por se sentir preterida. Já Bruna se esconde atrás de sua devoção à religião, porém é incapaz de um ato de generosidade.



Com a saída de Laura da mansão, Natércio volta sua fúria contra Virgínia, sempre instigado pela governanta Frau Herta (Ana Beatriz Nogueira), que conduz a casa com mão de ferro. Apaixonada em segredo pelo patrão, a empregada quer tomar o lugar de Laura e tenta destruir tudo o que é querido por ela ou lhe faz bem. Cada vez mais desnorteada, Virgínia decide morar com a mãe, na casa de Daniel. O que poderia ser finalmente a reunião daquela família, impedida da felicidade em sua origem, é abalada pela morte de Laura, cuja doença foi alimentada e manipulada à distância por Natércio.



Além da perda da mãe, o caminho de Virgínia vai lhe reservar duros golpes: ela descobrirá que seu verdadeiro pai é o médico Daniel e se sentirá rejeitada por ele não a ter assumido. A jovem também vai experimentar o amor, porém não sem dores. Virgínia vai sofrer ao perder seu primeiro namorado e paixão de infância, Conrado Cassini (Max Fercondini), para sua própria irmã Otávia, que seduzirá o rapaz apenas por capricho. Depois vai se apaixonar por Eduardo (Bruno Gagliasso), gerando-lhe um grande conflito, já que o jovem engenheiro é namorado de Margarida (Cléo Pires), professora primária que ela conhecerá na Vila Mariana e da qual se tornará grande amiga.



Família Cassini



Muito próxima dos Prado está a família Cassini. Cícero (Osmar Prado), filho de imigrantes italianos que enriqueceu com muito trabalho e honestidade, é o único amigo de Natércio. Dono de uma metalúrgica em sociedade com o advogado, ele é rude, mas tem um coração enorme e valoriza a família acima de tudo. Isso o leva a discordar brutalmente da maneira como o amigo trata Laura. Apesar de aceitar as críticas constantes que Natércio faz a ele, não admite que o advogado o desautorize na frente de seus empregados. Tem seus brios! Julieta (Mônica Torres), sua esposa, é a melhor amiga e confidente de Laura. Sofre com as crises dela e principalmente com os desmandos de Natércio, já que foi ela quem o apresentou à amiga. Criou os filhos Conrado e Letícia (Paola Oliveira) muito perto de Bruna, Otávia e Virgínia. Julieta morrerá misteriosamente na trama, o que agravará ainda mais a doença de Laura.



Vila Mariana



É o bairro da classe média e dos trabalhadores que acreditam no progresso do país e que São Paulo é a terra das oportunidades. Bem diferente do aristocrático bairro Jardim Europa em que a vida se dá na esfera privada, Vila Mariana é um bairro em que as relações acontecem na rua. Laura e Virgínia conhecerão esse ambiente ao se mudarem para o sobrado de Daniel.



É nele que o cabeleireiro e peruqueiro Seu Memé (José Rubens Chachá) vive às turras com sua sogra Dona Ramira (Walderez de Barros). A esposa Alzira (Clarice Niskier), que apesar de amar o marido, é obediente à mãe, é uma pasteleira de mão cheia. Na década de 50, os pastéis da Vila eram considerados os melhores de São Paulo. Completando a família, as irmãs Elzinha (Leandra Leal) e Margarida (Cléo Pires) são os opostos. A primeira é uma coquete que só pensa em dar o golpe do baú: mal consegue se manter 24 horas empregada e não se cansa de contar pequenas mentirinhas para provar que “Elzinha é biscoito fino!”. Tem uma filha pequena, que ama muito, mas que é criada como sua irmã caçula para não desonrar a família. Margarida é o avesso. Extremamente responsável, leva sua vida de professora primária com muita dedicação e mantém seu coração bem longe de qualquer conta bancária.



Também muito conhecida no bairro é Aurora (Rosa Marya Colin), dona de uma pensão que abriga migrantes de todo o Brasil que chegaram a São Paulo para fazer a vida. Urânia é outra “figurinha fácil” do bairro. Presidente do decadente Grêmio da Vila Mariana, não mede esforços para que seus trambiques dêem certo e garantam um suculento filé mignon à mesa. Para isso, conta com a ajuda do filho Patrício (Julio Andrade), pai coruja da adolescente Naná (Nêmora Cavalheiro).



A ambientação de São Paulo, em 1958



Suavidade e urbanidade foram as duas principais características trabalhadas pelas equipes de direção e produção. “O movimento da ciranda é contraditório, ao mesmo tempo bruto e poético. O primeiro representa a cidade, sua arquitetura e seu grafismo, o segundo é a expressão da fragilidade humana. Esse encontro entre o bruto e o poético é o fluxo dentro da cidade. Trabalho a estética pensando no encantamento e na beleza da alma humana. É uma estética corajosa, muito simples, porém difícil e feita com muito capricho”, conta o diretor geral Carlos Araújo.



A equipe de cenografia, composta por May Martins, Fumi Hashimoto, Fernando Schmidt, Valéria Caldas e Carlos Eduardo Magalhães, buscou uma composição que não pendesse para nenhum dos extremos: nem a suavidade silvestre, nem a dureza da cidade grande. Portanto, a elegância da palheta de cor usada, em tons de pastel, não tirou o foco da modernidade de São Paulo, que há 50 anos já era a décima maior cidade do mundo.



“É uma novela de época, mas sem a sensação de uma produção que parece estar ‘pendurada em uma parede’. Há uma efervescência nessa São Paulo de 58, que já era muito moderna inclusive na arquitetura. Esse dinamismo da cidade remete a uma atualidade, como se fôssemos contemporâneos. O trânsito de pedestres e carros nas ruas já era caótico; os negócios eram de cifras inacreditáveis”, conta a cenógrafa May Martins. “Mas não perdemos de vista a sobriedade e a elegância. O humor que há na novela está na própria dramaturgia e não na caricatura daquela época”, completa.



Muitas cenas foram gravadas em locações paulistas como o Parque do Ibirapuera ,com a arquitetura de Oscar Niemeyer, a Praça da Sé e a rua Berta, na Vila Mariana, com seu conjunto de casas modernistas. Outras estão sendo gravadas na cidade cenográfica construída na Central Globo de Produção, que reproduz o centro de São Paulo e a Vila Mariana em seis mil metros quadrados. Os moradores da Vila Mariana pertencem majoritariamente à classe média e acreditam no progresso e em São Paulo como a terra das oportunidades. É lá que fica a Pensão da Aurora, que abriga migrantes dos quatro cantos do país e descendentes, entre outros, de japoneses e espanhóis, em busca de um lugar ao Sol.



“As pessoas se educavam para ter uma chance melhor de trabalho e o futuro estava ali. Não havia ainda aqueles bancos de miséria que foram surgindo com a industrialização. Era um bairro mais pobre, demorava-se um pouco mais para chegar ao trabalho, mas o bonde ia até lá. Era um universo digno e esperançoso de pertencer a esse grande Brasil moderno”, define May. Ao projetar a Vila Mariana a partir do estudo de diversas referências da época, a equipe também pensou no comércio do próprio bairro, que agitava a vida local. Várias tramas se desenrolam em espaços construídos com interior na cidade cenográfica, como o salão de beleza do Seu Memé (José Rubens Chachá), o hall do cinema e a pensão.



A Vila Mariana é um bairro mais jovem e que foi crescendo com uma arquitetura modernista, com conjunto de casas e sobrados, como o do médico Daniel (Marcello Antony). O cenário do interior da casa do personagem possui curvas e um desenho característico do estilo. Já a arquitetura do centro de São Paulo é uma mistura do velho com o novo, onde construções do início do século XX convivem com outras mais neoclássicas. Um ponto importante na reprodução desse espaço foi a manutenção da escala. Para conseguir representar a sensação de que em São Paulo o ser humano sente-se pequeno devido à grandiosidade de seus prédios, as entradas possuem pé direito duplo, como a porta de entrada do escritório de Natércio (Daniel Dantas) com seus aproximadamente oito metros. Outro motivo foi de ordem prática: as ruas precisavam comportar os enormes carros de época, cujos eixos não manobravam com a facilidade dos atuais.



Nos ambientes montados no estúdio, a mansão dos Prado chama atenção pelo requinte. Apesar de ser a casa de Laura, que é muito sensível, o espaço é a expressão do poder, do dinheiro e da ambição que Natércio representa emblematicamente. A palheta de cores é fria, com muitos tons de azul, e a decoração é clássica. “O Natércio se preocupa muito com a imagem para poder manter seu padrão de milionário. Então, seu cenário é clássico, uma mansão que deixa transparecer em cada detalhe a preocupação com o conforto, a sofisticação e a riqueza”, destaca May.



O ponto coincidente entre Natércio e Daniel é que ambos acreditam na modernidade. O médico se especializou em neurologia, ciência que começava a ser estudada na época. Ele possui esse olhar do progresso, mas voltado para o ser humano. Já o advogado e empresário enxerga o progresso como uma conta bancária, de forma absolutamente materialista. Essas características se refletem em suas casas.



Como a maioria de móveis e objetos daquela época não são encontrados em bom estado de conservação, foram reproduzidas ou mesmo criadas várias peças. “Lemos muitos livros de referências, até sobre o surgimento de alguns bairros paulistas, e assistimos a filmes. O resultado é um trabalho de criação a partir dessa pesquisa. Compramos muitas peças em brechós sim, mas é uma época de objetos frágeis. Então, também reproduzimos muitas coisas e criamos outras coerentes com o universo que está sendo retratado e que foi vastamente pesquisado”, conta May.



O mesmo processo de trabalho se deu com os produtores de arte Ana Maria de Magalhães e Marco Cortez. A escolha dos carros, por exemplo, foi minuciosa. Prevaleceram os mais coloridos e que remetiam ao glamour e à modernidade da época, como o conversível verde escuro de Laura, um Jaguar XK 120, ano 1952. “Em 58 ainda se viam muitos carros da década de 40, do pós-guerra e que eram basicamente cinzas. Optamos por uma sofisticação maior, com mais cores. Não se trata de um documentário e sim de uma obra de ficção que nos permite essa licença poética. Mas tomamos muito cuidado para não errar, pesquisando bastante”, conta Ana Maria.



Atenta a todos os detalhes, a produtora de arte sugeriu que a notícia sobre o acidente entre o carro de Daniel e o bonde fosse ouvida por Natércio no rádio, já que ainda não havia transmissão jornalística de televisão ao vivo.



Cada cenário tem as peças específicas do universo de seu personagem, mas a equipe também trabalhou com alguns “ícones” dos anos 50, como o murano, vidro artesanal produzido na Itália que era bastante popular no Brasil naquela época e agora volta a estar na moda. Entre as maiores dificuldades da produção de arte estiveram as bonecas de louça típicas do período. “Conseguimos comprar em um antiquário, mas tivemos que pintá-las e refazer as roupas”, conta Ana Maria. A propaganda também mereceu pesquisa detalhada: vários cartazes foram produzidos e, em alguns casos, produtos de marcas conhecidas e que não existem mais estão sendo usados em cena.



O visual dos personagens



“Os anos 50 são os anos da vaidade”, afirma Gogóia Sampaio que assina o figurino com Rô Gonçalves. De acordo com a figurinista, basta abrir qualquer revista Cruzeiro, uma das fontes de pesquisa, para perceber a quantidade de anúncios de produtos de beleza: esmaltes, batons e cremes. O mercado da vaidade atingia inclusive os homens, que tinham, por exemplo, o costume de fazer as unhas. A alta-costura também fazia muito sucesso.



Rô Gonçalves destaca que a moda inverno atual tem uma tendência forte daquela década, mas que é uma releitura. “A silhueta é a similar, mas o comprimento é diferente, o tecido tem um traço mais fashion, mais moderno. Por isso não pudemos aproveitar”, conta a figurinista. A solução foi mais uma vez procurar os brechós, porém apenas para copiar a modelagem, já que a conservação das roupas em geral é precária.



A maior dificuldade foi o que Rô chamou de “a batalha de tecidos”. Hoje os tecidos são predominantemente sintéticos e os nobres, usados para a alta-costura, estão cada vez mais difíceis de serem encontrados. Os sapatos deram menos trabalho. “Há uma grande variedade no mercado de diferentes épocas. Temos o scarpin, um clássico que continua até hoje, e também é fácil achar sapatos com estilo Chanel”, conta Rô.



A principal característica do figurino de Ciranda de Pedra é a sobriedade e a sofisticação típicas de São Paulo. Para as mulheres, estava na moda o balonê, conhecido como ‘bolinho de noiva’, e a saia godê ou de corte reto, com a cintura bem marcada. Os homens usavam muito paletó, gravatas finas e discretas e pulôver. Uma moda mais descontraída, inspirada na rebeldia de filmes como os de James Dean e Marlon Brando, com calça jeans, camiseta e jaqueta, também está sendo usada para vestir personagens mais jovens, como Afonso (Caio Blat) e Peixe (André Frateschi).



Gogóia também destaca a diferença entre o figurino dos personagens do aristocrático Jardim Europa e os da Vila Mariana. “O tecido é a principal diferença entre eles, já que era comum copiar o corte das roupas na costureira. Para fazer um vestido godê guarda-chuva, por exemplo, precisava-se de seis metros de tecido. Quem tinha essa roupa, em geral, era alguém de boa condição financeira. Mas era possível copiar o vestido, com menos tecido, fazendo umas ‘preguinhas’. Então, a diferença maior era o tipo de tecido. Os mais ricos usavam zibeline, tafetá e seda pura, enquanto os outros usavam tecido misto e algodão”, compara Gogóia. “E na Vila Mariana as roupas são mais estampadas e com cores mais abertas. No Jardim Europa, o que há de estampa é feito com bordado e as cores mais secas”, completa Rô.



O figurino de Laura, por exemplo, foi todo inspirado nos áureos tempos da década de 50. O Rio de Janeiro ainda era capital federal, mas era São Paulo que concentrava o glamour e a movimentação do dinheiro. As figurinistas usaram como referência as atrizes Grace Kelly, Audrey Hepburn e Ingrid Bergman. "Para a composição da Laura, nós também nos valemos da própria atriz Ana Paula Arósio, que é um 'ícone de beleza' em qualquer época. Toda pesquisa para o figurino dela foi feita baseada na alta-costura, já que a personagem conhecia e podia usar as roupas criadas pelos melhores estilistas da época, como o francês Givenchy que estava na 'crista da onda'", exemplifica Gogóia.



Já a personagem Elzinha, de Leandra Leal, é uma coquete super vaidosa. Filha do cabeleireiro Seu Memé, a mocinha mora na Vila Mariana, mas sonha em conhecer um milionário para viver numa mansão como a dos Prado, no Jardim Europa. Enquanto isso não acontece, ela trabalha como ajudante de costureira no requintado ateliê da Madame Lenah e copia as melhores roupas da alta sociedade. Isso quando não inventa de pegar "emprestado" um vestido ou outro encomendado e costurado com os melhores tecidos. Elzinha é uma boneca, um "biscoito fino", como gostar de se auto-intitular. Para a caracterização, Leandra clareou os cabelos com um tom louro bem claro. "A Elzinha é extremamente vaidosa e ainda deu a sorte de ser filha de um cabeleireiro, que vive experimentando tintas. Ela faz de tudo para se parecer como as divas do cinema que admira, como a Marilyn Monroe", conta Carmem Bastos que assina a supervisão de caracterização com Fernando Torquatto.



Como está sempre "antenada" com esse universo da moda, Elzinha também adota algumas tendências que viriam a se consolidar na década de 60, como o delineador mais fino e longo, conhecido como "gatinho" e sombra cintilante para copiar o estilo de Marilyn. A maior parte das demais personagens femininas segue as referências do final da década de 50, que era um período de transição. Guardadas as sutilezas entre uma maquiagem e outra, fazia sucesso entre as mulheres delineador com traço mais grosso e curto, cílios postiços, sombras opacas e batons opacos, secos e em tons de vermelho, cor que também predominava nos esmaltes. E o que "virava a cabeça" delas eram os apliques que começavam a surgir, os penteados volumosos que usavam esponja de aço internamente para sustentá-los e os bobs para enrolar os cabelos. O laquê podia ser considerado seu melhor amigo. "Fazer os cabelos era um ritual, eram embrulhados para presente", brinca a supervisora de caracterização.



Mas esse não é um papo só de mulherzinha. Os homens também tinham lá seus momentos de Narciso. Seu Memé, de José Rubens Chachá, é a personificação dessa vaidade masculina. Dono de um salão de beleza e um dos primeiros a assumir que usa laquê, ele se considera um “artista capilar” e vive experimentando suas misturas de tinta no próprio cabelo. Por enquanto, o ator tem gravado com tinta lavável. Contudo, já há uma peruca pronta, à disposição da caracterização, para o dia em que ele tenha que fazer cenas com cores de cabelo diferentes. "Entre os homens, não é só o Seu Memé que é vaidoso, não. O Peixe, personagem do André Frateschi, usa um topete a base de muito gel. As referências dele são baseadas na rebeldia de James Dean. E também era comum os homens usarem goma nos cabelos quando iam aos bailes", conta Carmem.



Entrevista com o autor Alcides Nogueira



Inspirada no romance homônimo de Lygia Fagundes Telles, Ciranda de Pedra é uma novela de Alcides Nogueira, escrita por ele e Mario Teixeira, com a colaboração de Lúcio Manfredi e Rodrigo Amaral. “O que estou fazendo é uma nova versão de Ciranda de Pedra e não um remake. É uma obra igualmente inspirada no livro de Lygia Fagundes Telles, nossa grande dama da literatura brasileira”, explica Alcides em relação à novela exibida pela TV Globo, em 1981.



Nascido em Botucatu (SP), o dramaturgo fez sua estréia profissional no teatro paulista em 1977, com a “Farsa da Noiva Bombardeada”, que acabou censurada pela ditadura militar. Em 1981, foi o vencedor de prêmios como o Molière, por “Lua de Cetim”. Nos palcos, coleciona também os sucessos “Feliz Ano Velho”, “Ventania”, “Pólvora e Poesia” e “A Javanesa”. Na televisão, escreveu, entre outras, as novelas De Quina Pra Lua (1986), O Amor Está no Ar (1997) e Força de Um Desejo (1999/2000), com Gilberto Braga, além de episódios para Retrato de Mulher e Brava Gente. Com Silvio de Abreu, trabalhou em Rainha da Sucata (1990), Deus Nos Acuda (1992/1993), A Próxima Vítima (1995), Torre de Babel (1998) e As Filhas da Mãe (2001). E com Maria Adelaide Amaral, assinou as minisséries Um Só Coração (2004) e JK (2006).



Em relação às suas peças de teatro, você costuma dizer que depois do ponto final, a obra passa a pertencer à equipe de criação e ao público. Como é adaptar uma obra de outro autor? Como foi trabalhar com a Lygia Fagundes Telles e com as modificações que foram feitas na obra?

Alcides Nogueira: Acho a Lygia uma das maiores autoras brasileiras e foi muito fácil trabalhar com ela, que é extremamente generosa. Ela também sente o mesmo que eu em relação à obra: quando escreve um livro, aquilo passa a pertencer também ao leitor e, eventualmente, ao espectador. A Lygia já teve obras adaptadas para teatro, cinema e a própria “Ciranda de Pedra” para televisão. Acho que ela tem a dimensão de que aquilo que está no papel tende a adquirir um outro espaço maior e não há como impedir que haja uma interatividade com leitor ou o espectador o tempo todo. E não existe veículo maior para essa troca de sensibilidade do que a televisão. O espectador interage o tempo inteiro com o novelista, os atores, a direção, o figurino. É impressionante. A somatória do trabalho de todos é que resulta no que podemos chamar de “a” obra. O livro da Lygia é muito intimista e compacto para sustentar tantos capítulos. Então criei outros universos, pois queria um pouco de humor, que acho fundamental para qualquer novela. É como se você tivesse um colchão de água debaixo da trama mais densa, para que ela continue sendo contundente, porém sem ser tão pesada.



O livro se passa em 1947, mas você escolheu ambientar a trama em 58, que era um momento de ouro para o país. Você acha que é hora de fazer um balanço do que foi esse desenvolvimento da sociedade, nos aspectos culturais e econômicos?

Alcides Nogueira: Sem dúvida. Acho que esse balanço está sendo feito. Paulatinamente, as pessoas estão se dando conta de que 50 anos se passaram desde 58, que é um ano emblemático. Quando a gente fala de anos dourados, o mais dourado foi este, o ano que sintetiza a consciência que o brasileiro passa a ter como cidadão. Ele deixa um pouco de lado aquela posição de colonizado para ser um cara mais atuante no mundo. Isso se deve a muita coisa, desde o fato de JK estar na presidência e ser muito moderno, preocupado com essa inserção do Brasil no mundo, ao momento cultural que o país passa a viver com o surgimento da Bossa Nova, do Cinema Novo e de uma literatura cada vez mais pujante. As mulheres começam a ocupar um espaço grande na literatura, temos Lygia Fagundes Telles, Hilda Hilst, Clarice Lispector, Nélida Piñon, Raquel de Queiroz, muita gente produzindo com muita qualidade. Nas artes plásticas temos uma explosão dessa nova arte brasileira com Ligia Clark e Hélio Oiticica. E, economicamente, o Brasil sai daquele porão onde a gente vivia e vai para a sala de jantar. Acho que a implantação da indústria automobilística e de outras indústrias tem uma importância grande para o Brasil, não só para a auto-estima do país, mas porque ele passa a ser reconhecido como parceiro para transações comerciais com o resto do mundo.



Como esse entorno sedutor da modernidade de São Paulo no final da década de 50 está presente na trama?

Alcides Nogueira: A história da Lygia é muito vertical. Ela explora a densidade do ser humano, busca as nuances psicológicas e não se preocupa muito com essa ambientação. Porém, para uma novela, esse entorno é muito importante, pois preciso localizar visualmente essa história no tempo e no espaço. O espectador é diferente do leitor, é uma questão de veículo.



Como você define Ciranda de Pedra?

Alcides Nogueira: Acho linda a imagem que a Lygia criou já com o título Ciranda de Pedra. A história é a mescla perfeita entre o movimento de uma ciranda e a imobilidade da pedra. As pessoas estão em constante movimento, procurando seus destinos, porém estão atadas às suas próprias histórias. Os personagens querem a liberdade, viver suas vidas, fantasias, amores e paixões, mas estão amarrados à tradição, aos seus passados. A novela vai contar as relações humanas, falar das pequenas tragédias e do cotidiano com elegância. Quero resgatar esse universo da Lygia, que é visceral, duro, todo matizado, e, ao mesmo tempo, é envolto em relações muito delicadas. A Lygia tem esse poder, ela sempre passa pelo canal do afeto, da generosidade, da solidariedade humana. Também acho que Ciranda de Pedra é uma novela voltada para o clima da esperança, da juventude e da beleza. Acho que as pessoas perderam um pouco o parâmetro da ternura que deve existir entre os seres humanos. Venho de uma família muito grande, tenho seis irmãos, e isso me fez aprende a conviver com a diversidade. Na trama, os personagens são muito reais, têm uma base sólida construída no próprio romance, mesmo os mais estranhos, à primeira vista, como uma “mulher louca” ou um “marido obsessivo”. Um olhar um pouco mais atento percebe uma mulher que quer ser feliz e um homem que, apesar de toda loucura dele, ama essa mulher.



Qual é a trama principal de Ciranda de Pedra?

Alcides Nogueira: São duas histórias fundamentais. O triângulo amoroso de Natércio, Laura e Daniel é a história de uma mulher que é praticamente esmagada pela prepotência do marido, que não é capaz de entender a doença dela. Ela encontra apoio e amor incondicional - e que se tornará casto por muitos anos - de outro homem, por quem ela se apaixona. Paralelamente, temos a história da Virgínia, fruto dessa relação de amor proibido. A menina está cumprindo seu rito de passagem, a saída da adolescência e a entrada na maturidade, período que normalmente é muito dolorido. Essa menina que está descobrindo sua sexualidade, seus amores, sai de uma estrutura aristocrática para conviver com outra de classe média, que é mais liberal. Ela se apaixonará por um cara que veio de lá de baixo, que é o Eduardo, e vai sofrer com o fato de ele ser namorado de uma grande amiga sua, a Margarida. Virgínia é a conjunção da beleza com a ética. Herdou a integridade de seu pai biológico e a beleza e sensibilidade de sua mãe. É isso que faz dela uma heroína. A história do triângulo da Laura é toda “psicologizada”, como se houvesse algo de machadiano. E da Virgínia tem um toque de romantismo inglês, como o romance de Jane Austen, “Orgulho e Preconceito”.



Como será o vilão Natércio?

Alcides Nogueira: Natércio é vilão, porque é prepotente e autoritário. Apesar de não ser desumano, é muito centrado em si mesmo. Mas ele ama, então não posso dizer que ele é “o” vilão. Ele é mais um personagem na linha daqueles de Machado de Assis, um Dom Casmurro, um cara fechado que não consegue conviver com a doença e o amor da Laura, com a relação familiar. Mas ele consegue conviver com a modernidade, com os negócios, com o lugar dele na sociedade, com a tradição de sua família. Em Ciranda de Pedra, o vilão clássico que é a Frau Herta, ela sim é tinta forte.



Entrevista com a diretora de núcleo Denise Saraceni



Primeira mulher a se tornar diretora de núcleo da TV Globo – e por enquanto, a única –, Denise Saraceni já trabalhou em 14 novelas (Ciranda de Pedra é a 15ª), nove minisséries e 17 episódios de séries e casos especiais. Sua estréia na emissora foi como assistente de produção do seriado Malu Mulher, de 1979. O último trabalho foi como diretora de núcleo da minissérie Queridos Amigos exibida no início deste ano. Entre os prêmios conquistados pela diretora estão o “Grande Prêmio da Crítica de TV”, dado pela APCA à minissérie A Muralha; o APCA de “Melhor Diretora” pela minissérie Engraçadinha; e o Prêmio Coral Negro de Melhor Vídeo no Festival de Cinema e Vídeo de Havana, pela minissérie O Tempo e o Vento, de 1985.



O autor Alcides Nogueira usou a palavra elegância para definir a novela. Como esse conceito está sendo trabalhado pela direção?

Denise Saraceni: Alcides nos visitou e recebeu todo o desenho da nossa produção, que realmente é muito elegante. Os cenários, os figurinos e a produção de arte partem do princípio de dar verdade ao universo de Ciranda, que é, sem dúvida, muito elegante, já que fala de uma São Paulo inspirada na obra da Lygia Fagundes Telles, grande escritora brasileira, que neste romance escreve sobre a elite paulistana.

Quais foram as principais referências usadas pelas áreas de criação? Como foi feita a pesquisa da década de 50?

Denise Saraceni: Nossa base foi a história que o Alcides criou, inspirada no universo da Lygia Fagundes Telles. Queremos uma novela clássica e elegante, portanto fomos aos clássicos do cinema.



Que recursos você está usando para simular a paisagem de São Paulo, que já era a décima maior cidade do mundo em 1958?

Denise Saraceni: Estamos trabalhando pela primeira vez com carros e figuração virtual para dar a grandiosidade que já existia em São Paulo em 1958. O resultado tem sido muito bom.



Apesar de a novela se passar em um ano emblemático para o país, a trama de Ciranda de Pedra mostra o cotidiano, o humor e as relações humanas. Como está sendo o olhar da direção para contar essa história?

Denise Saraceni: O olhar é simples, já que ele deve respeitar essas pequenas tragédias do cotidiano. Deixar seus personagens vivenciarem esse cotidiano, e não representá-lo distante de seu universo. O Carlos Araújo, meu diretor geral, e nossos diretores Maria de Médicis, Natália Grimberg, André Câmara e Allan Fiterman têm a responsabilidade de dar ênfase ao universo desses personagens. É uma novela centrada nos atores e em seus personagens.



Você acabou de sair da minissérie Queridos Amigos que teve uma estética e linguagem realista. Como foi essa transição para um universo mais lúdico e romântico do horário das 18h?

Denise Saraceni: Uma delícia. É bom o conto de fadas e o horário das 18h nos permite isso: contar uma história densa e forte, para um público jovem e outro mais maduro, que vai se reconhecer ali, e reviver suas próprias histórias ou o seu tempo. Queridos Amigos também tinha isso, um reconhecimento. Tomara que Ciranda de Pedra, na sua medida, encante o publico da mesma maneira.



O que o público pode esperar de Ciranda de Pedra?

Denise Saraceni: Muita ternura, luta pelo amor e pela vida. Mas principalmente ternura.



Qual é o maior prazer ao fazer uma novela de época?

Denise Saraceni: O prazer é estudar, rever filmes que a gente ama, construir um universo imaginário, mas dar credibilidade a ele. É viver um pouco aquilo que não se viveu. Adoro isso. Ter a chance de viajar no tempo.



Perfil dos Personagens



Laura Prado (Ana Paula Arósio) - Lindíssima, sensível, elegante e culta. Nascida em família tradicional, foi educada em colégio de freiras. Laura se casou muito jovem com o conceituado advogado Natércio Silva Prado, com quem teve as filhas Bruna e Otávia. Sua instabilidade emocional é tratada com carinho e compreensão pelo Dr. Daniel, com quem viveu um grande amor, impedido por Natércio. Da relação, nasceu Virgínia, criada pelo advogado como filha legítima.



Natércio Silva Prado (Daniel Dantas) - Advogado bem-sucedido, homem charmoso, culto e elegante. Envolvido com a modernização que toma conta do país, Natércio vem de uma família quatrocentona. Tornou-se sócio de seu único amigo, Cícero Cassini, dono da Metalúrgica Cassini. Extremamente prepotente, autoritário e ambicioso por poder, disfarça com habilidade ser um homem torturado e dilacerado por não saber lidar com o amor que sente por Laura. Natércio gosta de solidão.



Daniel Freitas (Marcello Antony) - Daniel Freitas é um médico humanista, íntegro, culto e discreto. É alegre, bem-humorado e possui uma grande vitalidade. Trabalha em um posto de saúde e pratica medicina em comunidades carentes. Apaixonou-se por sua paciente, Laura, com quem teve uma filha, que não pôde reconhecer. Sublimou o amor, mas continua cuidando de Laura com muito carinho.



Virgínia (Tammy Di Calafiori) - Virgínia é bonita, inteligente e doce. Fruto do relacionamento de Laura com o médico Daniel, herdou a sensibilidade da mãe e a ética de seu pai biológico. É a menina dos olhos de Laura, mas se sente rejeitada pelas irmãs e o suposto pai, Natércio. Apaixonada por Conrado, terá que lidar com as investidas de sua irmã Otávia no rapaz. Virgínia não concorda com normas e regras. É meiga, alegre e engraçada, embora seja sempre tratada como o “patinho feio” da família. Conhece Eduardo e se apaixona por ele. Isso gera um grande conflito, pois Eduardo é o namorado de sua grande amiga Margarida.



Otávia (Ariela Massotti) - Otávia é linda, dona de uma beleza fria e distante, quase inacessível. Desde pequena foi a líder das irmãs. É uma mulher decidida, que não hesita em satisfazer seus desejos. Muito mimada e acostumada a ter tudo o que quer, pode se tornar muito perigosa. Mesmo não querendo, é muito parecida com Laura e tem pavor de vir a sofrer dos mesmos distúrbios emocionais da mãe.



Bruna (Anna Sophia Folch) - Bruna é religiosa e muito ciosa de sua posição social. Autoritária e moralista, segue à risca as ordens de Natércio. Sua postura altiva se torna arrogante aos olhos de todos, mas na verdade é muito tímida e acostumada a conter os seus desejos. Vai namorar Rogério, mas só se apaixonará de verdade pelo alpinista social Afonso.



Na mansão dos Prado trabalham:



Frau Herta (Ana Beatriz Nogueira) - Frau Herta é determinada, conservadora e autoritária. Ama o patrão Natércio em silêncio e nunca desistiu de conquistá-lo. Detesta Laura e quer tomar o seu lugar. A rígida governanta considera Virgínia uma “bastarda” e não se cansará de tratá-la como tal.



Iracema (Tuna Dwek) - Mulher simples, mas inteligente e sagaz. Casada com Silvério e mãe de Pedro. Cozinheira da mansão, sempre se deu muito bem com sua patroa Laura. Adora Virgínia e procura protegê-la dos ataques de Frau Herta.



Silvério (José Augusto Branco) - Homem simples, trabalhador e de princípios, é marido de Iracema e pai de Pedro. Também não gosta de Frau Herta, mas procura não entrar em litígio com a governanta. Respeita Natércio e procura entender e justificar o jeito durão do patrão.



Pedro (André Rebustini) - Motorista da mansão dos Prado. Sensível e bom caráter, é o “brinquedinho” de Otávia, que se diverte ao seduzi-lo e humilhá-lo. É simples e honesto.



Rosa (Maria Laura Nogueira) - Rosa é a copeira da família Prado. Jovem bonita e tímida, é apaixonada pelo motorista Pedro.



No escritório de Natércio trabalham:



Rogério (Claudio Fontana) - Rogério é um jovem talentoso e de bom caráter. Vindo de família tradicional do interior de São Paulo, é refinado e culto. Um verdadeiro workaholic. Depois que leva um golpe de Afonso, é demitido e vai morar na Vila Mariana. Também perderá a namorada Bruna para o carreirista. Grande amigo e confidente de Letícia.



Idalina (Karen Coelho) - Idalina é uma moça bonita que adora bijuterias e penduricalhos. Fofoqueira, mas sempre simpática, veio do interior do Paraná para tentar a vida em São Paulo. Sabendo que é apaixonada por ele, Afonso vai usá-la para subir na vida.



Alberto (Domingos Meira) - Alberto é inteligente e elegante, mas muito desastrado. Bem-humorado e de família tradicional, é amigo das filhas de Natércio e dos irmãos Letícia e Conrado. Típico jovem da alta-sociedade paulistana da década de 50.



Afonso (Caio Blat) - Afonso é um verdadeiro alpinista social, ambicioso e sem escrúpulos. Consegue emprego como estagiário no escritório de Natércio com um diploma de direito forjado. Considera-se um injustiçado e, por isso, se aproveita das carências de Bruna para manipulá-la. Nada é capaz de detê-lo.



Família Cassini:



Cícero Cassini (Osmar Prado) - Cícero Cassini é dono da Metalúrgica Cassini & Prado, em sociedade com Natércio. Filho de imigrantes italianos, enriqueceu com muito trabalho e honestidade. É rude, mas dono de um grande coração. Trata paternalmente os seus empregados. Sua grande preocupação são os filhos: Letícia, que não quer casar, e Conrado, que não se dedica à vida profissional.



Julieta Cassini (Mônica Torres) - É a grande amiga e confidente de Laura. Preocupa-se muito com as filhas de Laura, depois que esta acaba o casamento com Natércio. Ao contrário de seu marido Cícero, incentiva a carreira de tenista de Letícia. Morrerá assassinada. Depois de sua morte, Laura se fragilizará ainda mais.



Joaquina (Maria Pompeu) - Joaquina possui um humor cortante. Trabalha com a família desde o casamento de Julieta e Cícero. Tia de Urânia e grande amiga de Iracema.



Conrado (Max Fercondini) - Conrado é bonito, rico e bom caráter. Namora Virgínia, mas acaba ficando noivo de Otávia. É um jovem sensível, mas a convivência com o pai e a rigorosa formação o transformaram num homem reservado, que evita demonstrar suas emoções. Foi educado para assumir os negócios da família e nunca questionou isso. Quando se der conta de que realmente ama Virgínia, vai ter que lutar para reconquistar seu amor.



Letícia (Paola Oliveira) - Letícia é bela, inteligente e exímia tenista. Cresceu com as filhas de Laura e Natércio. Prática e liberal, Letícia defende com firmeza seus pontos de vista, mas sem perder a classe. Muito valente e corajosa, não tem medo de aventuras. É contra o envolvimento de Otávia e o irmão. Com seu ótimo caráter e sua integridade, mostrará como é possível viver sem abrir mão de seus valores. Viverá uma paixão turbulenta com Arthur, empresário mais velho do que ela, amigo de Natércio Prado e de seu pai.



Arthur (ator a ser definido) - Jovem empresário, ligado a Natércio e Cícero. Mais velho que Letícia, vai viver uma paixão explosiva com ela. Muito moderno, elegante, gosta de viajar, de vinhos, da boa culinária. Esportista. Um tipo excêntrico, vaidoso, muito preocupado com a aparência. Elegante.



Na Metalúrgica trabalham:



Alice (Daniele Suzuki) - Alice é uma linda nissei, simpática, meiga e bom caráter. Apesar de às vezes ser um pouco ingênua, é corajosa e valente. Muito elétrica e detalhista, quer e faz tudo nos conformes. Está sempre atrás de Cícero, agüentando seus berros. Mas, no fundo, sabe que ele é um bom homem. Ótima profissional, quase não fala de sua vida pessoal, mas é simpática e se dá muito bem com o pessoal da empresa. Veio do interior e mora na Liberdade, com uma irmã. Quando a irmã vai para o Japão para se casar, Alice passa a morar na Pensão da Aurora, na Vila Mariana. É muito inteligente e preserva as tradições orientais.



Nicolau (Juliano Righetto) - Descendente de espanhóis, Nicolau é determinado e correto. Quer estudar e melhorar de vida. Fechado, quase não se sabe nada de sua vida pessoal. É um homem batalhador.



Emiliano (Samuel de Assis) - Emiliano é um rapaz trapalhão mas boa gente. Trabalha como químico na Metalúrgica Cassini.



Eduardo Ribeiro (Bruno Gagliasso) - Eduardo é bonito, honesto, íntegro, muito inteligente e procura sempre ajudar as pessoas. Encara a vida com alegria e ótimo humor. Batalhador, ajuda sua família. Começa a trabalhar na Metalúrgica Cassini como faxineiro e mais tarde conquista a confiança do patrão e cresce na carreira. Isso vai provocar um estremecimento em sua relação com Conrado, que se sente trocado pelo pai. Namora Margarida, mas se encanta por Virgínia logo na primeira vez que a vê e não consegue mais tirá-la da cabeça.



Moram na Vila Mariana:



Dona Ramira (Walderez de Barros) - O passatempo preferido de Dona Ramira é implicar com o genro Memé. Além de sempre criticar as experiências que ele faz no cabelo, ela vive “descobrindo” casos extraconjugais do genro, que só existem na cabeça dela. Apesar de todas as suas desconfianças, ela se dá bem com Urânia e adora a filha Alzira.



Alzira (Clarice Niskier) - Alzira finge que é muito brava, mas tem o coração mole. Vive brigando com o marido, sempre incentivada pela mãe, que conspira contra o genro. Seus pastéis são famosos na Vila Mariana, bairro que tem a fama de ter os melhores de São Paulo. Fez uma promessa misteriosa. Não conta o motivo para ninguém. Tem uma ótima relação com as filhas, e sabe como acalmar a fúria de sua mãe, Dona Ramira.



Seu Memé (José Rubens Chachá) - Palamedes, conhecido como Seu Memé, é generoso, muito engraçado e amigo de todo mundo. É o jornal falado do bairro. Sabe de tudo. Juscelinista roxo, acredita piamente no slogan “50 anos em 5”. Exímio peruqueiro, é o primeiro a usar laquê na Vila Mariana. Tem paixão pela mulher Alzira e adora as filhas.



Jovelina (Olívia Araújo) - É uma jovem manicure que trabalha no salão de Seu Memé, com quem vive passando por situações engraçadas.



Elzinha (Leandra Leal) - Elzinha é espevitada, namoradeira, impossível. Mas, por trás dessa aparente banalidade, sabe muito bem aonde quer chegar: num casamento rico, se possível, milionário. Vive sendo despedida dos empregos que arruma, mas sempre dá um jeito de arrumar outro. Possui um ótimo caráter e é muito divertida.



Lindalva (Ana Karolina Lannes) - Filha de Elzinha, é criada como sua irmã caçula. Inteligentíssima, sapeca e levada.



Margarida (Cléo Pires) - Margarida é romântica, doce e elegante. É uma garota sonhadora, mas sem perder a sobriedade. Leva sua profissão com muito amor e convicção e é como uma mãe para as crianças. O destino fará com que ela se apaixone por Eduardo. Os dois começam a namorar, mas o rapaz se encantará por Virgínia.



Aurora (Rosa Marya Colin) - Aurora é uma mulher viúva e batalhadora. Dona da pensão mais conhecida da Vila Mariana, a Pensão da Aurora, trata seus hóspedes como familiares. Cria os netos Faísca e Gracinha, abandonados pela mulher de seu falecido filho. Aurora não conhece a mãe das crianças.



Faísca (Diego Francisco) - Faísca é uma peste e detesta estudar. Nem a avó pode com ele. Ele só respeita Margarida, sua professora, a única que lhe ensinou que o estudo pode ser divertido.



Gracinha (Gabrielly Nunes) - Gracinha é uma menina muito levada. Não fica atrás do irmão, mas sempre se sai bem porque coloca nele a culpa de todas as suas travessuras.



Divina (Hermila Guedes) - Divina é a verdadeira faz-tudo da Pensão e adora dançar. É alegre, mas se alguém a provoca, compra briga na hora. Viverá uma paixão secreta. Grande amiga de Memé e de Daniel.



Luciana (Lucy Ramos) - Luciana é uma linda moça que largou tudo para ficar perto do Dr. Daniel. Sofre porque ele não retribui o seu amor. Vive rondando a Pensão da Aurora misteriosamente.



Urânia (Mila Moreira) - Urânia é a eterna presidente do Grêmio da Vila Mariana. Vive em pé de guerra com Seu Memé. Trambiqueira e esperta, é sobrinha de Joaquina.



Patrício (Julio Andrade) - Patrício é um trapalhão. Está ao lado de sua mãe Urânia na administração do clube que anda decadente. Ajudará Afonso em suas armações e nos golpes de Peixe.



Naná (Nêmora Cavalheiro) - A pequena Naná é filha de Patrício e neta de Urânia. Julga-se uma moça!



Pelas ruas de São Paulo:



Peixe (André Frateschi) - Peixe é comparsa de Afonso. Muito hábil com as mãos, aplica vários golpes para se dar bem. Ajudará o vilão em suas armações para conseguir dinheiro e poder.



Franzé (André Luiz Frambach) - Franzé é um menino criado na rua, que nunca conheceu os pais. Vive do pouco que ganha com suas graxas, da venda de jornal e da caridade dos moradores da Vila Mariana. Está sempre encardido mas é muito inteligente, esperto e alegre.



Na Clínica Santa Adelaide trabalham:



Dra. Lígia (atriz a ser definida) - Lígia é uma mulher bela, culta e independente. Estudou com Daniel na Faculdade e voltou há pouco da Europa, onde fez cursos de psiquiatria. De volta a São Paulo, começa a reestruturar a clínica que herdou de seu pai.



Alfredo (ator a ser definido) - Alfredo é um homem forte, bom e muito leal à Dra. Lígia.

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