quinta-feira, 3 de abril de 2008

ASTRONOMIA




O Ovo do ET e a Bola de Cristal

"De repente, aquelas três tochas de fogo compridonas passaram e ficou todo mundo aperreado, gritando, meu Deus, meu Deus, já vai se acabar o mundo agora”, contou Gonçala Souza da Silva. Falava sobre o fenômeno nos céus do estado do Piauí e Ceará que interrompeu a festa de casamento de seu filho no fim de julho de 2004.

Em outra festa a cinqüenta quilômetros de distância de Gonçala, João Batista de Souza também relata o que testemunhou: “Eu olho para o céu e vejo aquilo vindo, com a velocidade mais monstro do mundo, como se fosse um anjo de braços abertos. Eram três bolas de fogo, uma no lugar de cada mão e outra na cabeça, e eu disse para o Genival, meu genro: 'Rapaz, vamos correr daqui senão vai morrer todo mundo'. Ele disse que não era caso, mas mal as bolas de fogo tinham passado ouvimos três estrondos e começou a ficar escuro, escuro. Parecia que ia chover, mas como, se o céu estava estrelado? Depois, logo clareou, e quedê o povo? Um bocado de gente correu para o mato e ficou escondida embaixo dos cajueiros”.

Apenas meia hora depois as pessoas temerosas com o fim do mundo começaram a retornar. “Continuou a festa; se fosse para morrer, o povo morria se divertindo”, completou João. Eles haviam pago para entrar na festa, afinal.

O fenômeno em questão foi bem real, testemunhado por centenas, talvez muitos milhares de pessoas. Ele deixou evidências físicas claras, destroços chegaram ao chão e foram recolhidos. Mas a forma simplória e supersticiosa como foi visto – e temido – pela população se torna ainda mais curiosa quando descobrimos o que afinal caiu sobre o nordeste brasileiro.

O objeto foi parte de um dos maiores feitos científicos da história humana. Ou pelo menos do ano de 2004. E de fato teve a ver com “coisas de outro mundo”.


Trajetória da reentrada do objeto (Cords)


NASA
Passados dias, mesmo semanas depois da queda do objeto, sua identidade permanecia uma incógnita, apesar das autoridades terem visitado o local e partes dele terem sido enviados para perícia. Talvez a parte mais interessante, uma esfera apelidada pelos locais do município de Cabeça de Vaca, Ceará, como “Ovo do ET”, deixava evidente que era um objeto artificial. Mas considerá-lo “ET” de pronto seria apenas outra superstição, não muito diferente de pensar que seria o fim do mundo.

Todo esse mistério poderia ser resolvido com uma busca na internet pelos termos “reentrada” e “atmosfera”, em inglês. Através deles, já na primeira página, o venerável Google revela o sítio do Center for Orbital and Reentry Debris Studies (Cords), com sede na Califórnia, EUA. Foi o que encontrei quando fiz a busca em 31 de julho. Encontrei lá a lista de reentradas previstas para objetos em órbita, e o possível culpado.

Entre os dias 24 e 25 de julho de 2004, justamente a data da queda, o segundo estágio de um foguete lançador Delta II deveria ter reentrado na atmosfera. Não só a data e o horário coincidiam, a previsão da trajetória do objeto passava justamente pelo norte e nordeste do Brasil. Contatei o Cords e solicitei informações que confirmassem que a queda de objetos no Brasil fosse de fato devida à reentrada prevista. Fui rapidamente atendido pelo diretor do centro, que agradeceu a informação e prometeu uma confirmação.

Em 4 de agosto, finalmente recebi uma confirmação da identificação, e ela veio da própria NASA, através de Nicholas L. Johnson, cientista-chefe e coordenador do Orbital Debris Program Office, do NASA Johnson Space Center.

“Sr. Mori,
Sou o Cientista-Chefe e Gerente do Programa de Destroços Espaciais na NASA. Uma de minhas responsabilidades é monitorar a queda orbital e reentrada de espaçonaves e estágios superiores de veículos lançadores da NASA. A reentrada do segundo estágio Delta 2 foi acompanhada de perto no fim do mês, e notamos que a reentrada inicial ocorreu sobre o norte do Brasil durante a noite de 24-25 de julho, de fato apenas poucos minutos depois de 25 de julho GMT”, confirmou Johnson. “Hoje fui informado de que alguns fragmentos desse estágio podem ter sido recuperados no Brasil e que você está familiarizado com a situação”, completou.

Estava finalmente identificado o objeto, o segundo estágio de um foguete lançador Delta 2. Partindo em 7 de julho de 2003 do Cabo Canaveral, ele lançou uma carga muito especial: o segundo Rover marciano, Opportunity. A mesma missão dos Rovers marcianos, que no momento em que escrevo estas linhas continuam funcionando em Marte, e que foi reconhecida como o maior avanço científico do ano de 2004 pela prestigiada revista Science.

Depois de lançar com sucesso a sonda rumo ao planeta vermelho, cumprindo sua parte na sofisticada missão científica, o estágio do foguete Delta 2 permaneceu em órbita por pouco mais de um ano, até que reentrou na atmosfera sobre o nordeste de um país ao sul, provocando pânico e todo tipo de especulações, do supersticioso apocalipse até a pseudociência dos extraterrestres.

O “Ovo do ET” era da NASA.


Dois momentos da mesma esfera pressurizada: antes de seu lançamento,
sendo examinada no Cabo Canaveral, EUA; e depois da reentrada na atmosfera,
no município de Cabeça de Vaca, Ceará: o "Ovo do ET"


Mídia e autoridade
Os relatos da senhora Gonçala e do senhor João Batista, no início deste texto, são parte de uma boa matéria publicada pelo jornal Estado de São Paulo, “Bolas de fogo no céu e os cabras todos aperreados”, do enviado Valdir Sanches, abordando outras histórias e relatos locais. Com tal enfoque, a imprensa pareceu mais interessada no curioso pânico da simplória população local do que exatamente no que havia caído. Publicada em 8 de agosto, quatro dias depois que a NASA já havia confirmado a identificação do objeto, a matéria ainda informava que “até hoje não se sabe o que provocou as luzes e a explosão”.

Talvez a imprensa tenha assumido que seria apenas um desinteressante lixo espacial, e também porque confiasse que as instituições nacionais resolvessem o mistério. Contudo, não só a mídia não havia identificado o objeto, tudo indica que nenhuma autoridade brasileira tampouco o havia feito corretamente, e assim a própria NASA desconhecia que fragmentos haviam de fato chegado ao solo e sido recuperados.

A precariedade da situação se torna evidente quando ficamos sabendo que justamente o “ovo do ET”, em verdade uma esfera pressurizada de titânio e o fragmento mais relevante, acabou sendo roubado antes que fosse encaminhado à perícia. Ainda não foi recuperado.

Todas essas falhas e confusões são mais decepcionantes quando lembramos que em 20 de janeiro do mesmo ano um evento praticamente idêntico ocorreu na Argentina, ao sul da cidade de Corrientes. Lá também, a população ouviu um estrondo, assustou-se, encontraram-se fragmentos de objetos, especulou-se sobre uma origem alienígena, constatou-se uma origem terrestre e mesmo confundiu-se a origem terrestre: teriam visto a inscrição "Made in Italy" em um dos fragmentos.

Mas, no caso argentino, apenas um dia depois da queda a Comisión Nacional de Actividades Espaciales (Conae) emitiu comunicado à imprensa identificando corretamente o culpado: também um foguete lançador Delta 2, americano, mas de seu terceiro estágio. Jornais como Clarín divulgaram a nota imediatamente. Gol dos argentinos, que identificaram seu “ovo de ET” prontamente.

Nem tudo é lamentação. Em se tratando de “ovos de ET”, o caso ainda é engraçado pela atuação de alguns ufólogos dedicados.


“Foguete chinês”
Talvez por seu enfoque centrado na curiosidade do evento, os veículos de notícia também consultaram “ufólogos”, que não se saíram muito melhor que a senhora Gonçala, uma humilde lavradora, em esclarecer o que havia ocorrido nos céus. É bem verdade que reconheceram ser mera sucata espacial, e não uma nave extraterrestre. Mas além deste acerto, houve uma comédia de erros.

“O objeto é apenas sucata espacial e pode ser o pedaço de um foguete chinês que partiu ao espaço há 20 dias para o lançamento de um satélite”, teria declarado o ufólogo Reginaldo de Athayde para a Folha, em nota publicada no dia 30 de julho. Procurei contatar o ufólogo para saber qual poderia ser esse foguete, já que aparentemente o único foguete chinês lançado no mês de julho o foi no dia 25 – o próprio dia da reentrada dos objetos sobre o Brasil. Mas o ufólogo não respondeu a minha mensagem.

As confusões de ufólogos não pararam em declarações à imprensa, pois todo o caso foi pouco depois matéria de capa da revista “UFO” de agosto de 2004, uma “publicação dedicada ao estudo dos discos voadores”. Sendo Athayde co-editor da publicação, o artigo não foi muito melhor que sua declaração sobre o satélite chinês – explicação que, a propósito, não é mencionada no artigo da revista.

Em “Alerta no Nordeste”, o artigo cita um suposto relatório de “N. L. Johnson”, “postado no site da Agência Especial [sic] Norte-Americana dias após o fato”, identificando o objeto e “encerrando a polêmica acerca dos acontecimentos”. Está-se falando de Nicholas Johnson, que de fato confirmou a identificação do objeto, mas não em um site da “Agência Especial” americana, e sim em mensagem a este autor, que logo a divulgou em um blog que mantém na internet. Devo esclarecer que meu blog não é um site da NASA.

O bizarro é que, apesar de atribuir uma informação circulada por mim a um suposto site da NASA, o artigo de fato cita meu trabalho. Mencionado como um “jornalista” – não o sou –citam uma frase do artigo “A Queda do Não-Investigado”, que publiquei no “Observatório da Imprensa” sobre o assunto.

A citação não é de crédito, e sim de crítica: “Comentou um jornalista, aproveitando o fato para fazer piadas”. Sim, este autor, que identificou o objeto, que contatou as instituições apropriadas, que divulgou abertamente os esclarecimentos que obteve, “aproveita o fato para fazer piadas”. Ou pelo menos, é o que o artigo de capa da revista dedicada a estudar discos voadores afirmou.

Se o problema fosse apenas de crédito, menos mal. Se fossem apenas ataques, apenas um tanto menos mal. Mas nem mesmo o “Ovo do ET” tais ufólogos compreenderam. Em certo ponto, menciona-se o “engenheiro do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE) e consultor da Revista Ufo Ricardo Varela Correa”. Bem informado, Varela oferece um comentário essencialmente acertado sobre o “Ovo do ET”:

“Trata-se de um tanque de combustível de satélite, onde fica armazenado um líquido em alta pressão, expelido para fora quando o artefato precisa mudar de posição ou para manter uma determinada atitude”.

A partir deste comentário o artigo entende um falso dilema. Perguntam: “se esse fragmento é apenas um tanque de combustível de satélite, e não os restos do foguete Delta 2, onde foram parar estes últimos?”.

A esfera de titânio sim é uma espécie de “tanque de combustível”, que armazena gás (que, devido à pressão, se liquefaz). Mas não é exclusiva a satélites, estando também presente em estágios, principalmente superiores, de foguetes lançadores. Aos que confiam mais na NASA do que em ufólogos dedicados a estudar discos voadores, Nicholas Johnson enviou em mensagem a este autor:

“A esfera na foto [da esfera de Cabeça de Vaca] realmente parece muito similar às esferas de titânio que fazem parte do segundo estágio do Delta 2”.

Supor que a esfera era de um suposto satélite (quem sabe chinês?) que teria caído ao mesmo tempo que o foguete lançador Delta 2, e perguntar “aonde foram parar” os destroços do foguete ajuda a entender como tais ufólogos também defendem que, além de tudo, “vários casos ocorreram naquele período, numa mistura de observações de UFOs – em vôo solitário e em formação – com a queda de pedaços de um foguete norte-americano”.

A tais ufólogos, mesmo que a queda tenha sido a de sucata espacial (seja de um satélite ao mesmo tempo em que a de um foguete!), também houve o acompanhamento de “UFOs” autênticos, “em vôo solitário e em formação”. Falam dos discos voadores a que se dedicam. Tudo ao mesmo tempo.


De novo!
Toda essa longa história deveria levar a algo. Todos cometem erros, e por vezes aprendem com eles. Ou não. Poucos meses depois a história se repetiria, em uma ironia de proporções astronômicas.

No dia 6 de novembro de 2004, Allyson Santos, do “Instituto de Pesquisas Ufológicas do Rio Grande do Norte”, enviava a listas eletrônicas de discussão sobre ufologia o relato:

“Hoje exatamente às 17h35min, eu estava no bairro Redinha da cidade de Natal/RN quando alguns amigos me alertaram para ver algo que parecia ser fogos de artifício. Na verdade não eram fogos!!! Algum objeto, ainda não identificado, entrou na atmosfera, logo acima da cidade de Natal, no sentido Norte/Sul! O objeto estava em intensa combustão, com fragmentos menores se desprendendo do objeto maior e se desintegrando (parecia quando o ônibus espacial explodiu ao tentar entrar na atmosfera da Terra). Parecia que os destroços iriam cair sobre a cidade, mas, exatamente no momento que eu estava vendo o objeto queimar no céu, meu celular tocou, era um amigo que reside na cidade que nasci, Caicó/RN, distante 280 km da capital do estado, na qual me encontro, ele estava dizendo que estava também naquele exato momento vendo alguma coisa caído em chamas do céu, assim, indicando que o objeto não estava tão baixo quanto, no momento do ocorrido, pensávamos. Era eu e ele ao celular vendo e relatando um ao outro. Durou cerca de 3 a 5 minutos, o avistamento”.

Santos ainda comentava:

“Até o momento, nada saiu nos meios de imprensa. Quem estiver em outros Estados que tenha visto algo, por favor, pronuncie-se”.

Dois dias depois, ele desabafava:

“Amigos, já passam das 48 horas do ocorrido e nenhuma pronunciação dos órgãos ‘competentes’. Como pode algo que entra na atmosfera cruzando o céu em chamas do RN até PE (até agora que temos notícia) e ninguém ver, por exemplo o pessoal do INPE.... Nada saiu em nenhum jornal, nenhuma chamada na tv local... Agora se aparecesse um infeliz dizendo que tinha viajado num camelo voador, teria muitos programas dando atenção a ele....”.

Mas Santos realmente não estava sozinho. Outras testemunhas partilharam seus relatos, sempre nas listas de ufologia. Na lista da revista UFO, Ceiça Medeiros escreveu:

“Aqui em João Pessoa muita gente viu o objeto cruzando os céus e ninguém entendeu o motivo da falta de notícias por parte da imprensa”.

E Rafael:

“Eu vi isso daqui de Pernambuco! Estava num hotel de campo (Hotel Campestre de Aldeia, no km 11 aproximadamente, no município de Camaragibe, que é colado com Recife, exatamente nessa hora eu e mais três pessoas vimos essa bola incandescente com outras menores cruzando o céu, mas passaram por trás de uma nuvem grande, e a gente perdeu de vista, porém só a maior deixou um rastro de fumaça quase como de um jato, que ia praticamente de um extremo a outro do céu!”

Em outra lista de discussão, a “Ufolista”, Jaime Galvão comentava:

“Sou natalense e moro em Fortaleza no bairro Pio XII, e do apartamento onde moro tenho uma visão de praticamente 150 graus (horizontal) de um ceu sempre limpo e sem nenhum obstáculo a interferir minha bela paisagem. Mais ou menos às 17:30 horas estava na cozinha (lado oposto do apartamento) quando meu filho chamou minha atenção para um objeto que se deslocava no sentido norte/sul e que deixava um rastro esbranquiçado que soltava alguns fragmentos com a mesma intensidade de luz e velocidade. Tudo durou mais ou menos 1 minuto. Esse acontecimento foi visto também por minha mulher. Da minha posição de observador isso aconteceu quase na linha do horizonte. Não soube de nenhum comentário na cidade, apesar de ter perguntado inclusive a alguns vizinho do prédio, ninguém viu nada”.


A Bola de Cristal
O ufólogo Allyson Santos e todas essas testemunhas participantes de listas de discussão sobre ufologia não estavam delirando. Houve realmente a reentrada de um objeto na atmosfera sobre suas cabeças, no início de novembro de 2004. A primeira coisa que fiz foi, outra vez, visitar o website do Center for Orbital and Reentry Debris Studies e consultar a lista de previsões de reentrada.

Havia uma reentrada prevista para o dia 6 de novembro de 2004, e o horário e a trajetória também eram compatíveis com o evento avistado. A história se repete, e novamente entrei em contato com o Cords, através de seu diretor, o doutor William Ailor, além de com Nicholas Johnson, da NASA. Em poucas horas, recebi as valiosas respostas:

“Sr. Mori,
Embora o local e hora exatos da reentrada do FSW-3 2 não estejam disponíveis, a descrição que você fornece é certamente consistente com a trajetória da espaçonave.
Atenciosamente,
Nicholas L. Johnson”

E de Ailor:

“Kentaro--
Obrigado pela informação. O horário relatado (6 Novembro 2004 às ~20:35 UTC), direção (aproximadamente Norte a Sul), área do avistamento (Natal, Brasil), e duração (3-5 minutos) são todos completamente consistentes com a reentrada do objeto 28402 (FSW-3 2). Além disso, nenhum outro objeto rastreado reentrou durante o período de 5-7 de novembro de 2004.
Iremos notar na página reentrynews.com que a reentrada foi vista. Não temos informações sobre se algum destroço foi recuperado ou aonde poderiam ter caído.
Obrigado novamente pela informação.
Bill”

Solucionado mais um caso, este levanta considerações interessantes sobre a precisão dos testemunhos e a utilidade das listas de discussão na internet sobre ufologia. Apenas interessados em OVNIs parecem ter se importado em partilhar o que viram. Certamente muitas outras pessoas devem ter visto a reentrada, mas o caso não ecoou na imprensa. Também indica que há ufólogos sensatos, interessados em partilhar o que viram de forma precisa, sem especular gratuitamente sobre o que viram. Começando com a mensagem de Allyson Santos, várias das outras testemunhas limitaram-se, mesmo em listas sobre ufologia, a relatar o que viram. Sem dedicar-se a “discos voadores”.

Este segundo caso ainda é interessante por um pequeno detalhe. Embora não se tenham recuperado os restos do objeto que reentrou, a própria reentrada pode ter sido fotografada. Devo um agradecimento a Rosângela Vilar por avisar que Maria Gorete de Figueiredo havia publicado em seu blog (http://fuleiragem.typepad.com/fuleira/) uma fotografia do evento, com o título “Juro que vi!”. Viu sim, Gorete, e felizmente fotografou, com sua câmera Sony DSC-P72, no restaurante Golfinho em João Pessoa, Paraíba.


Fotografia de Maria Gorete de Figueiredo (link)

Estes não são os únicos casos em que reentradas de satélites e foguetes na atmosfera foram motivo para todo tipo de confusão. Mas os dois casos em particular que abordamos aqui levam à grande ironia de proporções astronômicas que mencionamos antes.

Nesta segunda reentrada em novembro, meses depois da primeira, o objeto que reentrou na atmosfera foi nada menos que... um satélite chinês. Sim, chinês como o que não caiu no primeiro caso de fim de julho, ao contrário do que o ufólogo Reginaldo de Athayde havia sugerido, sabe-se lá por qual fonte de pesquisa.

A coincidência se torna ainda mais curiosa quando notamos que o satélite chinês que reentrou sobre o nordeste no início de novembro foi lançado apenas no fim de agosto de 2004, muito depois que o ufólogo proferisse sua incorreta especulação.

Talvez não tão incorreta assim, supondo que sua fonte de pesquisa seja uma bola de cristal, estava apenas alguns meses adiantado com seu foguete chinês.

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Agradecimentos
Com agradecimentos a William Ailor, Center for Orbital and Reentry Debris Studies; Nicholas Johnson, Orbital Debris Program Office, NASA Johnson Space Center; Allyson Santos e demais testemunhas da reentrada de novembro/2004 que partilharam seus relatos pela internet; Rosângela Vilar e a Maria Gorete de Figueiredo, que teria fotografado a reentrada. A internet é uma ferramenta poderosa quando há pessoas dispostas a partilhar informações de forma aberta e honesta.


Referências
- "A queda do não-investigado", Observatório da Imprensa,
- "Reentry Predictions", Center for Orbital and Reentry Debris Studies,
- "Explosão de "OVNI": identificado", Líquito,
- "Satélite reentra sobre o nordeste do Brasil", Perspectivas,
- "Reentrada de satélite fotografada", Perspectivas,
- "Juro que vi", Blog de Maria Gorete de Figueiredo,
- "Bolas de fogo no céu e os cabras todos aperreados", O Estado de São Paulo, 8 de agosto de 2004;
- "Perícia vai examinar restos de explosão", O Estado de São Paulo, 30 de julho de 2004;
- "Pedaço de satélite é roubado em Boa Viagem", Diário do Nordeste,
- "Polícia já tem pistas seguras sobre o autor do roubo", Diário do Nordeste,
- "Ufólogos descartam origem extra-terrestre de objeto encontrado no CE", Folha Online,
- Caso "San Roque" - Reingreso de carcaza de motor Star 48B de PAM-D de Delta II 7925,
- "Alerta no Nordeste", revista UFO, n. 102, agosto de 2004,

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