Rivalidade entre Irmãos
O ciúme é o principal motivo da rivalidade. Isso ocorre com freqüência quando, principalmente, o menor vê em seu irmão um "teto impossível de alcançar". Segundo especialistas, os pais devem ser imparciais e deixá-los tentar se entender sozinhos
Até recentemente na Europa, em especial na Espanha, um filho era eleito pelos pais para cuidar deles até o final da vida, o que significava uma herança maior que os demais filhos, que precisavam sair de casa para fazerem a própria vida. O filho escolhido era aquele que mais se afinava com os pais ou, geralmente, o primeiro filho do casal, que também ficava encarregado de manter os costumes da família.
Atualmente, a ordem organizacional de uma família se constitui da autoridade dos pais e da igualdade entre os irmãos. Mas nem sempre é assim. Quando esta igualdade se vê abalada, surge o sentimento de ciúmes e competição para ver quem será o melhor, quem reinará no coração dos pais. “Este sentimento de rivalidade pode ser aumentado de acordo com as atitudes dos pais quando, muitas vezes, eles querem que um irmão se espelhe no comportamento e nas reações do outro”, explica a psicoterapeuta Maura de Albanesi. Estas atitudes, ao invés de gerar motivação para melhorar o comportamento dos irmãos, só instigam mais a inveja, o ciúme e a raiva entre eles, além de diminuir a auto-estima de cada um, causando afastamento entre eles.
No fundo, os pais querem ver a família unida, harmoniosa e com o mesmo valor entre os membros. Neste caso, qualquer um que se diferencie pode ser rejeitado e o amor posto sob condições. A fantasia criada é a de que se por ventura não existisse irmãos, o filho único bastaria para agradar aos pais. Por isso, é comum o sentimento de ciúmes de uma criança quando chega ao mundo um irmãozinho, como se os pais dissessem: “você não é suficiente para nós, precisamos de mais um filho”.
Cada filho ocupa um lugar na constelação familiar; este lugar é demarcado pelo nascimento e traz direitos iguais, porém deveres diferentes. Na antroposofia (conhecimento do ser humano) estuda-se o perfil psicológico do primeiro, segundo e terceiro filho, que são:
Primeiro Filho: recebe maior atenção, cuidados e expectativas especiais, cabendo a este manter os costumes. Normalmente, este é mais apegado à família, pois, na falta dos pais, é ele quem toma a iniciativa para manter a família unida, promovendo encontros.
Segundo Filho: normalmente são os que ficam em cima do muro diante de situações decisórias, realizando um papel de intermediário.
Terceiro Filho: é considerado o teto da casa, aquele que foge dos padrões da família. É comum o sentimento de não pertencerem a esta família. São pessoas mais voltadas ao futuro e lançam-se em empreitadas diferentes.
Quarto Filho: tem a mesma dinâmica do primeiro, porém mais acentuada.
Quinto Filho: semelhante ao segundo.
Sexto Filho: semelhante ao terceiro.
E assim por diante. “Muitas vezes, a rivalidade se instaura quando esses papéis não são respeitados, o segundo filho quer ocupar o lugar do primeiro, por exemplo. A rivalidade diminui quando há respeito pela individualidade e pelo lugar que cada um ocupa, estimulando os pontos favoráveis, sem utilizar o outro como exemplo de comportamento almejado, bem como pela igualdade de afeto e regalias que os pais propiciam. Isto não quer dizer dar o mesmo para todos, mas dar para cada um, o que cada um necessita”, completa Maura.
A psicoterapeuta Maura de Albanesi dá algumas dicas que podem amenizar a rivalidade entre irmãos, veja:
- Nunca atribua a culpa a criança mais velha por ficar zangada com a menor. É muito difícil saber quem tem razão;
- Evite tomar partido, seja isento. Desta forma, você evita que algum deles se revolte e se sinta injustiçado, pois ao tomar partido pode aumentar a rivalidade;
- Não se envolva nas discussões, deixe-os tentar resolver os problemas sozinhos.
- Quando perceber que eles não vão chegar a nenhuma conclusão, converse calmamente com os dois, entenda a posição de cada um, fazendo com que exprimam o que estão sentindo um com relação ao outro;
- Não demonstre preferência por um dos filhos.
Maura de Albanesi – é psicoterapeuta, pós-graduada em Psicoterapia Corporal, Terapia de Vivências Passadas (TVP), Terapia Artística, Psicoterapia Transpessoal e Formação Biográfica Antroposófica; Master Pratictioner em Neurolinguística; e mestranda em Psicologia e Religião pela PUC.
CASO ISABELLA NARDONI ASSUSTA AS CRIANÇAS
Psicopedagoga Maria Irene Maluf tem sido procurada para tratar de medo infantil
O fácil acesso das crianças à informação, seja pelo noticiário da TV ao rádio ou internet expõe os pequenos a fatos violentos que podem gerar desestabilização emocional ou reprodução de comportamentos agressivos.
O caso Isabella, há dias na mídia, já está levando algumas crianças aos consultórios para identificação de medos e fobias, baixo aproveitamento escolar e dispersão, como conta a psicopedagoga Maria Irene Maluf.
"Não é só a repetição da notícia que amedronta a criança. Os pequenos não conseguem discernir a realidade da fantasia e também não entendem que suspeitos ainda não foram condenados. Na cabecinha deles os pais matam os filhos e isso gera uma insegurança enorme", afirma a especialista.
Uma das alternativas para diminuir a ansiedade da criança é monitorar seu tempo diante da TV e o acesso às informações pela internet, rádio ou jornal. Conversar com os pequenos ressaltando sua segurança pessoal e que a polícia está empenhada em resolver o problema também ajuda. Mas a constância do medo, temores imaginários, sono leve, problemas de relacionamento e baixa produtividade escolar devem ser assuntos a serem tratados por especialistas, alerta a psicopedagoga.
Sobre Maria Irene Maluf
Pedagoga especialista em Educação Especial e Psicopedagogia, Membro Honorário da Associação Portuguesa de Psicopedagogos, Conselheira Vitalícia da Associação Brasileira de Psicopedagogia - ABPp - e Editora da revista Psicopedagogia.
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