segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

ARTES PLÁSTICAS, ARQUITETURA, DESIGN



IFOTO seleciona 43 fotógrafos para o deVERcidade 2010


Nas fotos da materia, trabalhos de Aziz Ary Neto, Gustavo Pellizon e Iatã Cannabrava


Um total de 43 fotógrafos de 11 estados e do Distrito Federal foram selecionados para o deVERcidade 2010, evento de fotografia que acontece de 24 a 28 de fevereiro no entorno do Mercado dos Pinhões, em Fortaleza. Cada selecionado participará com um ensaio, ou seja, um único trabalho, composto por algumas imagens, com exceção de dois expositores de Fortaleza, Fred Benevides e André Quintino Lopes, que entram com instalações.

Foram mais de 280 inscrições, que representaram 2.686 fotografias em propostas de exposições e 49 projetos de instalação. Os trabalhos inscritos foram analisados pela curadoria composta por Silas de Paula (Fotógrafo, Professor da Universidade Federal do Ceará – UFC e Curador do IFOTO), Paulo Amoreira (Designer, Fotógrafo, Coordenador de Mídias Digitais da Secretaria de Cultura de Fortaleza – SECULTFOR e Curador do IFOTO), Tiago Santana (Fotógrafo, Editor e Curador do IFOTO), Eduardo Frota (Artista Plástico e Curador), André Scarlazzari (Diretor de arte e Cenógrafo) e Bia Fiúza (Fotógrafa e Diretora do IFOTO).

Mais três artistas e dois coletivos foram convidados para apresentar trabalhos na mostra. São eles, os artistas visuais José Tarcísio, Alexandre Veras e Milena Travassos e os coletivos Balbucio e Alumbramento. Além destes, o deVERcidade contará ainda com alguns trabalhos do homenageado desta edição, o fotógrafo baiano Mário Cravo Neto, falecido em agosto de 2009. Nos anos anteriores foram homenageados o historiador Nirez e os fotógrafos Chico Albuquerque e José Albano.

O deVERcidade é uma realização do IFOTO, com patrocínio da Oi Futuro, Governo do Estado do Ceará e Prefeitura Municipal de Fortaleza.

Selecionados para o deVERcidade 2010:

De São Paulo: Alberto Oliveira, Beatriz Moreira Pontes, Célia Regina Menezes Mello, Daniel Bittencourt Ducci, Fernanda Prado, Fernanda Preto Mariano, Iatã Cannabrava, Isaumir Nascimento, Lívia Aquino, Márcio Bezerra de Melo Távora, Natália Braga Tonda, Paulo Pereira - Grupo Reverbe.

De Ceará: Analice Cunha Diniz, André Quintino Lopes, Aziz Ary Neto, Camila Leite de Araujo, Frederico Benevides Parente, Haroldo Bezerra Saboia Filho, Henrique José de Almeida Torres, Julia Franco Braga, Leonardo Ferreira Melo, Pedro Henrique Martins Pinto e Sergio Carvalho.

De Rio de Janeiro: Ana Dalloz, Antonia D'Orazio, Antonio Carlos de Faria Junior, Gustavo Pellizzon, Jose Eduardo Nogueira Diniz, Leandro Pereira da Costa e Maria Cristina Ribeiro de Paranaguá.

De Minas Gerais: Francilins Castilho Leal (Lagoa Santa/MG), Leonardo Costa Braga (Caeté), Pedro David de Oliveira Castello Branco e Samantha Alvares da Silva Campos (Belo Horizonte)

De Bahia: Jonas Silva Grebler e Mariana David de Aragão.

De estados com um selecionado: Usha Velasco (Brasília/DF), Luana Navarro (Curitiba/PR), Paulo José Rossi (João Pessoa/PB), Ricardo de Carvalho Junqueira (Natal/RN), Mateus Sá Leitão de Castro Soares (Olinda/PE), Márcio Henrique Furtado Vasconcelos (São Luís/MA) e Bruno Saiter Zorzal (Vitória/ES).







Francisco de Almeida expõe a maior gravura já produzida com vinte metros de comprimento


A gravura “Os quatro elementos” de 20 metros de comprimento do artista plástico Francisco de Almeida estará aberta a visitação pública nesta quinta (28) e sexta-feira (29) no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Avenida da Universidade, 2854, Benfica). A obra cearense é considerada a maior gravura do País e teve o apoio de R$ 15 mil da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) para sua produção. O horário de visitação do MAUC será quinta, de 14h às 18h, e na sexta de 8h às 12h e 14h às 18h. Aberto ao público.

O cearense Francisco de Almeida trabalhou nesta gravura por seis anos consecutivos elaborando as matrizes e impressões. A gravura batizada de “Os quatro elementos” trabalha a temática religiosa nordestina, perpassando em caminho próprio a chuva, o sol, o vento e a terra.

A obra foi exposta pela primeira vez na VI Bienal do Mercosul (RS), de setembro a novembro de 2009. Após esta breve mostra no Ceará está agendada para seguir a São Paulo, onde entrará em cartaz no Museu Afro-Brasil.

O artista - Francisco de Almeida é hoje, sem dúvida, um dos grandes nomes da gravura nacional. Nascido em Crateús e residindo em Fortaleza, dedica o seu tempo a produção de gravuras que cedo ganharam o mundo. Com trabalhos adquiridos e expostos em alguns dos mais prestigiados museus do Brasil e do exterior, Almeidinha, como é conhecido, coleciona importantes exposições individuais e coletivas. Dentre elas, mostras na Bienal de Valencia (Espanha).











EXPOSIÇÕES

Mostra fotográfica "Olho de Águia" comemora 30 anos de carreira do artista João Netto

A exposição Olho de Águia, em cartaz na praça de eventos (piso L1) do Shopping Aldeota, comemora os 30 anos de carreira do artista João Netto. Ator, humorista e fotógrafo, Netto procurou retratar sua essência e revelar cenas do cotidiano, de viagens e experiências vividas pelo comediante nos últimos 10 anos. O resultado foi a mostra com mais de 24 fotografias, que permanece no local até o dia 21 de fevereiro.

Autodidata na fotografia, João Netto explica que o cotidiano é o que inspira as imagens que retrata. “Sempre gostei de fotografar. Cheguei a fazer um curso com o amigo e fotógrafo profissional Chico Gadelha, mas minha formação vem da prática e com a leitura de livros sobre o assunto. Nunca me ative a um tema específico, tenho um olhar bom e vejo fotografia nas mínimas coisas do dia-a-dia. Por isso Olho de Águia, visualizo uma cena de longe”, revela João Netto. Esta é a primeira exposição individual do artista, que já participou de duas mostras coletivas.

Mais conhecido pelo personagem humorístico Zé Modesto (criado em 1992), João Salviano de Sousa Netto é cearense da região do Cariri e começou a carreira no teatro.

Participou de peças e filmes nacionais, fazendo apresentações também no exterior.

Na televisão, participou de alguns programas com outros comediantes e chegou a comandar o próprio programa.

O artista também já lançou três cd’s com causos e piadas.

Sobre o Shopping Aldeota

Com 11 anos de atuação no mercado cearense, o Shopping Aldeota recebe diariamente cerca de 12 mil pessoas com um fluxo de aproximadamente 500 mil pessoas por mês e uma área de influência que abrange seis bairros.

Os freqüentadores pertencem às classes A (56%), B (32%) e C (12%). São 240 lojas distribuídas em cinco pisos, em uma área total de 14.362 m², além do estacionamento com capacidade para 2.400 vagas rotativas, aos domingos e feriados é inteiramente gratuito.

Com quatro lojas âncoras - Pão de Açúcar, Lojas Americanas, Marisa e Polishop - o Shopping Aldeota oferece uma nova Praça de Alimentação ampliada e reformulada, trazendo novas opções como Bob’s, Subway, Pastelzin, Kin Sei, Vanilla Caffè, além da livraria Nobel e do parque de diversão eletrônica, Amazon Fantasy.

Serviço:
Lançamento da Exposição Olho de Águia

Dia: 18 de janeiro de 2010

Horário: a partir das 19h30

Local: Praça de eventos (piso L1) do Shopping Aldeota
(Av. Dom Luís, 550)













PULSÕES ALEATÓRIAS NO TERREIRO DO MARACATU

O coletivo Traços Aleatórios e Maracatu Solar realizam a exposição Pulsões Aleatórias no Terreiro do Maracatu, mostra ganhadora do edital de ocupação do Centro Cultural dos Correios em 2010.

A exposição terá sua abertura no dia 28 de janeiro, às 19h, no Espaço Cultural dos Correios, localizado na rua Senador Alencar, 38, Centro, onde permanecerá em cartaz até o dia 13 de Março.

Com curadoria de Maíra Ortins, artista visual e coordenadora de Artes Visuais da Secultfor, a exposição coletiva utiliza referências do Maracatu, apresentando multiplicidade de técnicas e estilos artísticos desenvolvidos pelo Grupo, que instiga os sentidos sobre esta rica manifestação da Cultura Popular, buscando levar ao público visitante um trabalho de preservação das tradições culturais e a reinvenção desses saberes.

O coletivo Traços Aleatórios é formado por Carlosnaik Veras, Diego Sousasantos, Erik George, Glau Holanda, Marildo Montenegro e Teresa Cristina. Artistas jovens, vindos do Curso de Artes Plásticas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE e que têm discutido e buscado se inserir no contexto da atual produção artística local.

Os processos criativos do coletivo são permeados por reflexões acerca dos movimentos do cotidiano, lançando um olhar sobre ele. O imaginário, a crítica e a reinvenção são estratégias de ação dos quais os artistas se apropriam para ressignificar o habitual. Pulsões Aleatórias no Terreiro do Maracatu é um dos resultados desta ressignificação.


O maracatu é festa inspirada na dança sensual, na força e saudade de uma África que não deixa ser esquecida. Inspirados no ritmo, cores, brilho e alegria do maracatu os artistas apresentam trabalhos autorais, resultantes de experimentações diversas e diferentes, mas que se entrelaçam, dialogando entre si.

DINÂMICA DA EXPOSIÇÃO

Como num cortejo ou desfile de Maracatu, a exposição tem seu movimento e evolução, e ganha as ruas, fazendo assim, um cortejo visual. Segundo Maíra Ortins, a exposição tem seu marco de início no espaço dos Correios, mas continua pela cidade, lançando desta forma, uma outra compreensão de exposição, porque este projeto não é restrito a trabalho de arte urbanada, mas também não está fechado só num cubo branco, a galeria.

Ele é híbrido, dialoga com o espaço interno dos Correios e com o próprio prédio, linca os arredores do centro da cidade, e resgata de forma inteligente, numa linguagem contemporânea uma manifestação popular.
SERVIÇO
Exposição Pulsões Aleatórias no Terreiro do Maracatu
Local: Espaço Cultural dos Correios.
Endereço: rua Senador Alencar, 38, Centro. Datas: abertura dia 28 de janeiro, 19h. De 29 de janeiro até 19 de Março. Grátis. Horários: Segunda a sexta-feira: 08h às 17h. Sábados: 08h às 12h. Informações: (085) 88912870.









Moana mostra o Ceará pela ótica de Cláudio César

O Moana Gastronomia & Arte lançou a exposição do premiado artista Cláudio César, que através de um olhar singular se inspira em recortes do cotidiano para fazer arte. Atuando há quase 20 anos no cenário artístico, Cláudio César levará agora ao restaurante Moana 18 obras – incluindo inéditas - entre pinturas e desenhos que retratam diversas fases de sua produção.

Atraído por uma Fortaleza de casas e ventos receptivos, o carioca Cláudio César – que já foi advogado e radialista – adotou o Ceará como lar há quase três décadas, mas foi em 1994 que resolveu dedicar-se exclusivamente à arte. Julgando-se acima de tudo um observador, Cláudio César é responsável por obras como o “Painel História do Ceará” (2007), que adorna o Hall do Plenário da Assembléia Legislativa, e a escultura “Pescador” (2008) localizada na entrada da Prainha (CE). O artista também já expôs sua produção em países como Portugal, Espanha, França e Itália.

Usando acrílico sobre tela ou desenhando com bico de pena, Cláudio César aborda temáticas como a infância e a natureza. Mas o artista não restringe seu registro apenas ao belo, algumas de suas obras como “Aerolândia” e “Foto da Noite” mostram ao público problemas sociais e outras cenas ricas em cores e traços marcantes. Cláudio César expressa, com pinceladas de ironia, sua indignação em forma de arte.

O Moana Gastronomia & Arte funciona diariamente das 6 horas até 1 hora da manhã e conta com horários especiais de visitação sem consumo. Além do almoço e jantar (a la carte), o Moana ainda oferece café da manhã, em serviço de bufê.

Serviço
Moana Gastronomia & Arte
Avenida Beira Mar, 4260 – no Golden Flat Fortaleza
Mais informações: (85) 3263.4887
* Restaurante (buffet de café da manhã, além de almoço e jantar a la carte). Funciona das 6h às 1h.
* Galeria (visitação sem consumo). Funciona das 9h às 11h e das 14h às 19h. Entrada grátis.








A Escrita Chinesa no Espaço Cultural Unifor

Exposição marca o início das atrações culturais de 2010

O Espaço Cultural Unifor realiza a exposição A Escrita Chinesa: das inscrições oraculares aos dígitos binários, com registros em painéis explicativos, objetos e utensílios diversos desta que é uma das mais antigas formas de escrita.

O público cearense terá a oportunidade de conhecer de perto a história da escrita chinesa, única língua arcaica ainda viva.

Na exposição A Escrita Chinesa, serão apresentados painéis explicativos que levam o visitante a uma viagem da pré-história à era da informática, peças originais, entre ossos, cerâmicas e vasos de diversos períodos.

Essa mostra tem como diferencial um espaço voltado para a interatividade. Nele, o público terá acesso a um material complementar ilustrativo, através de um ambiente computadorizado montado especialmente para a exposição.


Na mostra, o visitante poderá apreciar desde as inscrições oraculares gravadas em ossos de animais, a forma mais primitiva da escrita chinesa, até o registro da incorporação dos caracteres chineses à linguagem dos computadores, um grande marco no processo gradual de evolução e plena realização da humanidade.

A escrita chinesa é fundadora e transmissora da civilização chinesa, constituindo um fator de coesão da nacionalidade e um traço de ligação entre a China e outras nações.

A exposição contará ainda com a presença da primeira secretária da República Popular da China, Yang Chunyan, que estará em Fortaleza no dia 10 de janeiro.

Já no dia 12, chegará à capital, para participar da abertura da exposição, o embaixador da República Popular da China, Qiu Xiaoqi, e o conselheiro cultural Shu Jianping.

A visitação ao Espaço Cultural Unifor é gratuita. De terça a sexta, das 10h às 20h, e aos sábados e domingos, das 10h às 18h.







“Recordações de uma paisagem não vista”, do artista goiano Divino Sobral


Com curadoria da crítica chilena Daniela Labra, mostra tem como principal característica a mesclagem entre o regional e o contemporâneo

O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (CCBNB) abriu a exposição “Recordações de uma paisagem não vista”, do artista goiano Divino Sobral. Com curadoria assinada por Daniela Labra, crítica chilena radicada no Rio de Janeiro, a mostra, que contém três obras (uma instalação, um vídeo e um objeto), tem como principal característica a mesclagem entre o regional e o contemporâneo. Em cartaz até 30 de janeiro, a exposição já esteve em cartaz no CCBNB-Cariri de Juazeiro do Norte (CE) e é gratuita ao público.

Segundo Daniela Labra, “os bordados, os desenhos, as esculturas, os objetos e as instalações, entre outras mídias, remetem a um Brasil de fábula arcaica, que é ao mesmo tempo hiper-moderno; um Brasil que pode ser encontrado no Cariri e em São Paulo, simultaneamente”, disse.

Para ela, as histórias da mostra parecem dizer que é a cultura da grande metrópole que depende do interior para construir sua identidade. “Por outro lado, ainda que possa parecer contradição, o discurso estético não se aprisiona ao que é regionalista, e traz, no peito, tanto o orgulho do pertencimento local, como o de não pertencer a lugar algum”, acrescentou.

Instalação

Com o mesmo título da exposição, a instalação “Recordações de uma paisagem não vista” é concebida como um livro de viajante, construído pela relação entre imagens e textos. O livro revela depoimentos, acontecimentos, personalidades, datas históricas, extratos de poemas, romances e músicas, mapas, letras e palavras bordadas sobre 40 fronhas que ocupam paredes.

Trata os estereótipos como representações emblemáticas ainda plenas de substância, referentes clássicos para a reflexão contemporânea. Subtrai dos clichês sua natureza estritamente regionalista e os atualizam em outros contextos, em convivência com outras narrativas, visuais e verbais.

As fronhas soltas são como páginas avulsas de um livro desencadernado. O uso como suporte abre para conexões entre o sono, o sonho, os processos mentais noturnos de formação e o desenvolvimento da memória, que fala sobre recordações, paisagem, lendas e vultos.

Desde Antônio Conselheiro, Padre Cícero, José de Alencar, Patativa do Assaré, Luiz Gonzaga, Euclides da Cunha, Rachel de Queiroz e Villa-Lobos, entre outros, a obra alinhava narrativas e promove encontro com a memória do Nordeste, sobretudo Ceará, Cariri e Juazeiro do Norte, por meio da produção cultural e sua inserção na história brasileira.

Vídeo

A segunda obra, o vídeo “Os poetas e as pedras”, é um documentário de sete minutos que registra a performance de Divino Sobral usando carro de som para a leitura de poemas de 28 autores, que abordam a figura da pedra. A leitura é feita por um trajeto de ruas calçadas de pedras na Cidade de Goiás, a antiga capital goiana. As pedras pretendem acordar, no espectador, a memória dos fósseis na Chapada do Araripe.

Tanto na instalação quanto no vídeo destacam-se a preocupação do artista com a estrutura conceitual, a incorporação do signo verbal e o desenvolvimento de narrativas, por meio do uso de paisagens e histórias específicas aos locais onde são desenvolvidos os trabalhos.

Objeto

Já a terceira obra é um objeto intitulado “11.000 Anos” que reproduz, em resina de poliéster, a forma de um machado pré-histórico, coletado na região da cidade de São Francisco de Goiás. O artista liga o passado ao presente com ecos na memória, atualiza a mais antiga das formas construídas pela cultura humana e revela o design polido e preciso obtido pelos povos primitivos.

O artista

Divino Sobral recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça – Funarte, (2009); realizou a mostra individual “O tempo é água” no Museu de Arte Contemporânea de Goiânia, Goiás (2004); e participou de importantes exposições coletivas, entre elas, Americas Latinas: Las fatigas del querer, Spazio Oberdan, Milão, Itália (2009); Camadas da memória, Museu de Arte Contemporânea/USP, Ibirapuera, São Paulo, SP (2008); 12 Vetores, Galeria Isabel Aninat, Santiago, Chile (2006); O Centro na borda, Galeria Arte em Dobro, Rio de Janeiro, RJ (2006); Heterodoxia, Galeria ArtCo, Lima, Peru (2004); 8ª Bienal de Habana, Departamiento de Intervenciones Publicas, Habana, Cuba (2003); e 2ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (1999).

Serviços

Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza: Rua Floriano Peixoto, 941 – Térreo – Centro – fone: (85) 3464.3108

Dias e horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; aos domingos, de 10h às 18h







PROJETO “VARAL AO VENTO”, COM TRABALHOS DO ARTISTA PLÁSTICO BOSCO LISBOA

O projeto “Varal ao vento” objetiva principalmente levar arte gratuita a grande parcela da população que por motivos diversos tornam se alheias ao grande poder transformador da cultura. O “Varal ao vento” inicia nesse 31 de janeiro no jardim do Theatro José de Alencar, com a abertura da exposição do artista plástico Bosco Lisboa, das 16h às 20h, com curadoria de Dodora Guimarães e dentro da programação gratuita da Domingueira no Varais ao Vent Theatro (ver atrações a seguir). A iniciativa também vai apresentar nas praças públicas de maior movimentação do nosso município, obras (varais de cerâmica) do Artista plástico Bosco Lisboa, permitindo assim o acesso e uma completa integração das artes plásticas com a população de Fortaleza. As exposições terão duração de uma semana em cada local, perfazendo um total de 10 mostras em semanas alternadas por diversas áreas da cidade.

O escultor Bosco Lisboa guarda em suas memórias de barro reminiscências incomuns. Relembra que quando menino, vez por outra, na loja de Eletrônica Padre Cícero, de seu pai, em Juazeiro do Norte/CE, o trivial bordão do conserta-se rádio, vitrola, televisor, geladeira, era substituído pela epifania lamuriante de Frei Damião e de seus seguidores. Adentrando no coração devoto dos proprietários e dos demais presentes a voz sussurrante do famoso peregrino do sertão reverberava nas prateleiras apinhadas de objetos à espera de consertos. Aos olhos grelados do meninote, estas aparições “mágicas” congelavam tudo à volta. Na sua mente imaginativa aquelas constelações terrenas, como espectros de pó ganhavam movimento e voavam janelas afora, como no filmes de animação.

Não eram os benditos ou as preces que atingiam os ouvidos de Bosco Lisboa. Mas o silêncio daqueles objetos inertes, com suas formas provocativas, sedutoras. O seu interesse, portanto, era dar velocidade àquele filme cujo enredo o emaranhava todo. Sonhava dominando o tempo, e no mesmo sonho soprava o movimento. Quando seus pais abdicaram do comércio para seguir a rota missionária de Frei Damião, coube a Bosco a herança da oficina eletrônica, logo transformada em atelier de arte. O antigo ambiente, com seus objetos e ferramentas migraram para o pensamento do artista que mesclou à sua existência o barro da criação.

Da arte santeira do início, nos moldes da repetição romeira, partiu para experiências mais radicais no convívio com os oleiros do sítio Touro e, posteriormente com os mestres artesãos do bairro Tiradentes, reduto tradicional da cerâmica juazeirense. Deixando-se levar pela maciez, flexibilidade e temperatura do material que tinha às mãos, viu que o seu universo podia se expandir tanto quanto o seu pensamento. Tinha asas para sua imaginação. Embarcou no seu tempo.

Buscando a si, no barreiro do seu interior, Bosco Lisboa encontrou as pegadas que o levariam às paredes manchadas pelo dias e às nuvens “levianas” que por algum tempo ocuparam seu campo criativo, para, finalmente sua memória explodir de vez, devolvendo ao artista suas lembranças da infância, quando a realidade era sua fonte de encantamento. Observando com a mesma avidez de menino o ritmo de um relógio parado, ou desconcertando-se com o movimento da roda na sua mais completa imobilidade, o artista deslumbra-se com o mundo à sua volta.

Girando em torno do que está à sua frente, sem pressa, quase em câmera lenta o nosso escultor nos relembra com ironia que se o tempo não pára, pra que colocar ponteiros num relógio que é feito com o mesmo pó do tempo? A realidade brutal de seus objetos choca não só pela verossimilhança, mas pelo sentido que ganham na trivialidade de suas funções.

Ao longo de sua carreira o artista retratou e dimensionou em suas peças cenas do cotidiano popular, através de seus utensílios, suas vestimentas e seus costumes. Obras estas que geram um elo entre espectador e obra, onde o auto-reconhecimento, faz com que a obra interaja diretamente com quem a visualiza, trazendo a tona experiências e momentos vividos, gerando um “déjà vu” de emoções.

Desta maneira então buscamos levar o povo ao povo através da arte, permitindo assim que a população fortalezense se auto-reconheça e se descubra na obra do ceramista Bosco Lisboa.

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