63º Salão de Abril recebe mais de 500 inscrições de artistas de todo o País e anuncia os 30 selecionados
Com o tema “A cidade e suas desconexões antrópicas”, o 63º Salão de Abril recebeu 510 inscrições de artistas de todo o País interessados em participar da exposição. No entanto, a Comissão de Seleção composta por três curadores, foi responsável por escolher os 30 trabalhos que serão expostos durante o evento, que acontece de 17 de abril a 30 de junho de 2012, na Galeria Antônio Bandeira - Centro de Referência do Professor. Cada artista selecionado receberá um prêmio no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais). Além disso, serão concedidas 02 (duas) bolsas para residência no valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais) cada, a dois artistas escolhidos entre os 30 selecionados. Fizeram parte da comissão o professor de Comunicação da UFC, Silas de Paula, o artista plástico Eduardo Frota e o também artista plástico carioca Marcelo Campos.
Durante a seleção, a comissão se mostrou surpresa com o número de artistas inscritos, que vieram de todas as regiões do País. “Ao selecionar os artistas, não os busco com olhar de especialista, mas de um alguém que quer ser surpreendido por eles. E isso aconteceu, pois são diferentes olhares, até mesmo devido à condição de onde vieram. As obras refletem muito da formação do artista e o que acontecem em suas cidades, além das suas tradições. Isso nos mostra que há situações instigantes em todos os lugares”, revela Marcelo Campos. “Seja de qualquer lugar do Brasil o que buscamos é a qualidade no material produzido”, completa o curador e artista plástico Eduardo Frota.
De acordo com o curador Silas de Paula, buscou-se durante a seleção, artistas que, por meio de suas obras, instiguem o público. “Nem sempre buscamos artistas já conhecidos e de grande visibilidade, mas aqueles que mostrem em seus trabalhos questionamentos, que incomodem e que sugira perguntas ao invés de respostas. O Salão promete grandes e positivas surpresas com os artistas selecionados”, explica o também professor.
A cidade que se transforma cotidianamente diante da espacialização das necessidades e desejos humanos é o foco do Salão em 2012, que visa aproximar cada vez mais a classe artística da sociedade civil e do poder público, no intuito de construir coletivamente políticas públicas para a cultura em Fortaleza. As relações do homem com o meio ambiente, levando em conta fatores políticos, éticos, sociais, econômicos e culturais, pautam o Salão em 2012.
O debate ético e estético proposto pelo Salão se desdobra em eixos como: adensamento urbano e resíduo social, semiárido urbano, pobreza e exclusão, saúde e doença social, educação e formação, o cidadão e a formação do espaço urbano. “A partir dessas discussões, pensar políticas culturais para a cidade de forma ampla, sem destituir o meio ambiente em que vivemos deste processo, pelo contrário, pensar possibilidades a partir dele e por meio dele propor formas diferenciadas para os processos de elaboração estética e conceitual. A busca proposta pelo tema é sempre a condição primordial de construção de um pensar sobre a cultura: a transversalidade. É por meio tão somente do olhar multifacetado gerado pela mediação entre o artista, a obra e o espectador, que a arte e o seu fazer processo ganha força e potência transformadora”, disse Maíra Martins, coordenadora de artes visuais da Secultfor e organizadora do 63° Salão de Abril.
Um dos diferenciais do 63° Salão de Abril é o convite a artistas ibero-americanos para exporem suas criações em Fortaleza, debatendo em paralelo sobre elas. Uma comissão curatorial (designada a partir do conceito de curadoria compartilhada, na qual a comissão decide os selecionados por meio de discussões e trocas com a Coordenação de Artes Visuais e a Direção da Galeria Antônio Bandeira), será constituída para o processo de seleção dos artistas convidados. Em cumprimento à demanda do grupo de artistas locais de Fortaleza, o salão promove ainda o Seminário “A cidade e suas desconexões antrópicas”, marcado por uma visão transversal e multidisciplinar da arte contemporânea.
A homenagem à artista plástica Heloísa Juaçaba também prevê uma exposição de suas obras na Galeria Antônio Bandeira, além de uma mostra do acervo da Pinacoteca do Município e um catálogo geral destas obras, no qual constará um capítulo todo dedicado à contribuição de Heloísa Juaçaba às artes visuais de Fortaleza.
Lista dos selecionados (Resultado também disponível no site Salão de Abril – www.salaodeabrilfortaleza.com.br) :
Alessandra Duarte
André Hauck
Aslan Cabral
Celso de Oliveira Silva
Cyntia Werner
Daré (Gustavo Marcelo Rodrigues Daré)
Dalila Martins
Dalton Oliveira de Paula
Danielle Travassos
Diego Castro Pedroso
Felipe Bertarelli
Francisco José Franco dos Santos
Henrique de França
Ivan Grilo
Júlio César Fernandes Lira
Karol Luan Sales Oliveira
Lucas Ribeiro de Melo Costa
Lucíola Feijó Alexandre Paiva
Marcus Vinicius Pereira
Marilia Barreira Furman
Nilson Sato
Paul Cezanne Souza Cardoso de Moraes
Paulo Almeida
Raul Couto Leal
Robezio Marqs
Rodrigo Sassi
Sofia Gerheim Caesar
Vanessa Gonçalves de Almeida Rosa
Yara de Pina Mendonça
Thales Leite dos Santos Pereira
Recepção das obras: De 27 de fevereiro a 23 de março de 2012
Exposição: 17 de abril a 30 de junho de 2012
Serviço
www.salaodeabrilfortaleza.com.br.
Informações: 85 3105.1358
“Campo Branco” reune obras de seis artistas visuais mineiros
O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108) abrirá na próxima quinta-feira, 1º de março, às 18 horas, a exposição coletiva “Campo Branco”, reunindo obras de seis artistas visuais mineiros. São eles: Francisco Magalhães, Isaura Pena, Júnia Penna, Pedro Motta, Ricardo Homen e Rodrigo Borges. Com entrada franca, a mostra ficará em cartaz até 1º de abril deste ano (horário de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e aos domingos, de 12h às 18h).
A exposição tem o objetivo de apresentar a produção recente de seis artistas visuais mineiros, que vêm realizando trabalhos significativos no cenário da arte contemporânea. Os artistas desenvolvem pesquisas plásticas que, apesar da diversidade de meios e interesses, apontam alguns procedimentos em comum. Estes procedimentos revelam uma aproximação poética entre as obras, presente na espacialidade, na noção de vazio e no sentido construtivo. As referências geográficas apresentam-se como ponto de interesse para este grupo de artistas que trata a geometria de uma forma “orgânica”, e busca, no trabalho com a superfície e o espaço, o palco de suas ações artísticas.
Observação do lugar: ferramenta para obras artísticas
Texto de Francisco Magalhães
Tentar falar do mundo através da observação do lugar parece-nos comum aos interesses dos geógrafos, biólogos, físicos, sociólogos, antropólogos e artistas. A observação atenta dos fatos sociais, do relevo, da vegetação, dos movimentos demográficos, dos movimentos naturais, das etnias e das práticas desenvolvidas especificamente por uma determinada cultura são, para aqueles que trabalham no campo da ciência e da arte, uma ferramenta eficiente no desenvolvimento de seus pensamentos, enfim, de suas obras.
Para os cientistas, a observação dos fatos pode se dar de maneira aparentemente dissociada de suas histórias individuais. A paisagem é, em princípio, algo diverso, dissociado da vontade que os move em direção à compreensão do mundo, do lugar. E os artistas, de que forma se dá a observação dos artistas? O que o artista olha? O que ele vislumbra? Quais serão os seus métodos? Para os artistas, a paisagem aparece de forma quase atávica - o artista sempre estará falando do lugar. Para aquele que trabalha no campo da arte, a experiência de sua própria incursão no mundo, suas memórias, serão marcas determinantes em suas formas de criação.
Será objeto de curiosidade para o artista tudo aquilo que pode ser abarcado pelos sentidos: seu olhar perscrutador percebe a paisagem, vivencia o espaço. Absorve-o, toma-o para si, para depois transfigurá-lo dentro do embate criativo – a arte. Ao tentar compreender o que se dá no campo banal, o artista aproxima-se da essência do binômio homem/paisagem. Uma aproximação que resulta em reflexões (ação não-natural) sobre o lugar, a paisagem e sobre si mesmo. Imaginemos o artista sendo uma árvore na paisagem, um organismo alimentando-se do substrato do mundo, erguendo-se e sendo parte do lugar – modificando e sendo modificado.
O artista compreenderá o lugar ao considerar a paisagem como tudo aquilo que pode ser abarcado pelo “olhar” – a paisagem no seu entendimento mais amplo. Vale lembrar que esse vislumbre se dará pelos diversos sentidos e, se os olhos são mesmo as janelas da alma, podemos imaginar o artista como uma janela descerrada para a paisagem, estando em e sendo dela a parte mais íntima, recôndita.
Aberto para a paisagem, o artista soma-se ao mundo. Ao observar e descrever a natureza, o lugar a partir de suas experiências e memórias, o artista nos oferece a possibilidade de compartilhar sua busca, o seu objeto, seus fazeres – a sua paisagem interior, o seu lugar no mundo.
O termo "caatinga" é originário do tupi-guarani e significa mata branca. “Paisagem interior”, a parte mais dentro do Brasil, sob um mesmo céu: Minas Gerais e Ceará. O termo "campo branco", que dá nome à exposição apresentada pelo Centro Cultural Banco do Nordeste, alude a um lugar supostamente árido, lugar ainda por ser, suporte/território no qual esses artistas estabelecem suas criações. Referências geográficas apresentam-se como interesse para este grupo. Esta ideia os reúne, ecoa como uma presença comum: a paisagem. Entendida não como gênero, mas como espaço vivo/lugar, território de toda criação. Esse território, ainda por ser, traz para a proposta uma ideia de diversidade e extensão, e que vai ao encontro da diversidade de produção que este grupo de artistas apresenta. A paisagem aparece, aqui, de diferentes formas, por vezes evidente. Em alguns momentos de maneira mais formal, em outros, mais simbólica. Isaura Pena, Pedro Motta, Francisco Magalhães, Júnia Penna, Ricardo Homen e Rodrigo Borges revelam uma aproximação poética entre as obras, presente na espacialidade, na noção de vazio e no sentido construtivo, e buscam, no trabalho com a superfície, o espaço, a matéria, o símbolo, o lastro para suas ações.
Currículos resumidos dos artistas
FRANCISCO MAGALHÃES (Mutum, MG, 1962) – Artista visual formou-se pela Escola Guignard. Trabalha e reside em Belo Horizonte. Responsável pela idealização de projetos, mostras e ações em Museus, Fundações de Cultura e Espaços Culturais. Entre os anos 2005 a 2011 dirigiu o Museu Mineiro, responsável pela concepção e coordenação de projeto museais, entre eles o “O Museu Guardas” que recebeu o Selo do Prêmio Cultura Viva – 2010 MINC. Em 2011 recebeu o Prêmio Rumos Educação Cultura e Arte 2011/213. Participou mostras coletivas e individuais. Recebeu os prêmios: Grande Prêmio Prefeitura de Belo Horizonte no 16° Salão de Arte da Pampulha, Premio Mostra Individual no 44° Salão de Arte Contemporânea do Paraná – Curitiba, o Prêmio no 42° Aquisitivo Banco Econômico no XXXVIII Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco e o Prêmio Especial Alfredo Ceschiatti - Escultura e Objeto, no 19° Salão de Arte da Pampulha, entre outros. Como cenógrafo foi indicado ao Prêmio Sated, em 2008. Tem obras nos acervos do MAP- BH / MAC – Curitiba / Museu de Arte de Pernambuco / Fundação Clóvis Salgado – BH e coleções particulares.
ISAURA PENA (Belo Horizonte, MG, 1958) – Graduada em desenho pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1983, frequentou a Escola Guignard em Belo Horizonte, de 1978 a 1979, e o Núcleo Experimental de Arte, dirigido por Amilcar de Castro, Museu de Arte da Pampulha, de 1980 a 1982. Entre suas exposições individuais estão mostras no Museu de Arte da Pampulha (Belo Horizonte, MG), em 2007; na Galeria Anna Maria Niemeyer (Rio de Janeiro, RJ), em 2006; e na Gesto Gráfico Galeria de Arte (Belo Horizonte, MG), em 2004. Entre as coletivas destacam-se Geometria Impura – MAM da Bahia (2009), Geometria Impura – Palácio das Artes- Belo Horizonte (2006), 2x2 (2005), Onde está você, Geração 80? (2004) e Tecendo o Visível (2003). participou de salões de arte em todo o Brasil, recebendo o Prêmio de Artista Convidada do II Salão Baiano (1989), o Prêmio Aquisição no X Salão Nacional de Artes Plásticas (1988) e o Prêmio no XIX Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte (1986). É professora na Escola Guignard – UEMG desde 1995.
JÚNIA PENNA (Belo Horizonte, MG, 1966) – Mestre em Artes Visuais da Escola de Belas Artes/UFMG. Entre suas principais exposições individuais estão Estranho no Parque das Mangabeiras (Belo Horizonte, MG), em 2010; Trama, no Campus da UFMG, em 2003 e uma mostra na Galeria Gesto Gráfico (Belo Horizonte, MG), em 2001. Entre as mostras coletivas, destacam-se Geometria Impura – MAM da Bahia (2009), Geometria Impura – Palácio das Artes- Belo Horizonte (2006), Nem tudo azul, na Gesto Gráfico Galeria de Arte (2007), A Regra do Jogo (2002), Escultura Mineira (1999) e 25º Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte (1998). Em 2005 recebeu bolsa da Pollock-Krasner Foudation e em 1991 o Prêmio Aquisição do XXIII Salão Nacional de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte. É professora na Escola Guignard – UEMG desde 2003.
PEDRO MOTTA (Belo Horizonte, MG, 1977) – Bacharel em desenho formado pela Escola de Belas Artes, UFMG em 2002. Entre suas principais exposições individuais estão mostras no Oi Futuro (Rio de Janeiro, RJ), em 2009; Box 4 Galeria (Rio de Janeiro, RJ), em 2008; Museu da Pampulha (Belo Horizonte MG), em 2004. Entre as mostras coletivas, destacam-se Noorderlicht Gallery, Groningen, Holanda; Paralela 2010 - Geometria Impura – MAM da Bahia (2009), Contemplação do Mundo, Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo; 20 anos do Programa de Exposições do CCSP, São Paulo; 2ª Bucharest Biennale, Bucharest, Romênia; 5ª Bienal Internacional de Fotografia e Artes Visuais de Liège, Bélgica; Fotografia Contemporânea Brasileira, Neue Berliner Kunstverein. Berlim, Alemanha;14ª Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, Masp, São Paulo, SP; Arte Brasileira Hoje, Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM, Rio de Janeiro, RJ. Em 2008 publicou junto com Pedro David e João Castilho o livro Paisagem Submersa pela editora Cosac Naify e Temprano, Conexão Artes Visuais Funarte, 2010.
RICARDO HOMEN (Belo Horizonte, MG, 1962) – Cursou Artes Plásticas na Escola Guignard / UEMG de 1983 a 1988. Entre as exposições individuais estão mostras no Centro Universitário Maria Antonia (SP), em 2002; no Palácio das Artes (Belo Horizonte, MG), em 2001; e no Centro Cultural São Paulo (SP), em 1997. Entre as mostras coletivas destacam-se Geometria Impura – MAM da Bahia (2009), Geometria Impura – Palácio das Artes- Belo Horizonte (2006), Nem tudo azul (2007), Diálogos 2002 - Tangenciando Amílcar (2002) e Coletiva Sobre Papel (2000), Prospecções: Arte nos Anos 80 e 90 em BH, Palácio das Artes, BH. Participou e foi premiado em diversos salões de arte na década de 80.
RODRIGO BORGES (Governador Valadares, MG, 1974) – Mestre em Artes Visuais na Escola de Belas Artes/UFMG, Belo Horizonte, MG. Entre suas principais exposições individuais estão Embrulho no Espaço Cultural Cemig Galeria de Arte, em Belo Horizonte (2010) e a I Mostra do Programa de Exposições 2005 no Centro Cultural São Paulo. Já entre as mostras coletivas, destacam-se Bomserá (2010), Geometria Impura – MAM da Bahia (2009), Fiat Mostra Brasil (2006) e Disposição (2005). Foi um dos artistas selecionados no Programa Rumos Itaú Cultural Artes Visuais edição 2001/2003. É professor da Escola de Belas Artes desde 2005.
Exposição marca os dez anos da morte do artista plástico cearense Zenon Barreto
Uma exposição marcará os dez anos da morte do artista plástico cearense Zenon Barreto. Denominada “Z.NON”, a mostra será aberta no neste sábado, 11, às 16 horas, no Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108). Com entrada franca, a exposição ficará em cartaz até 18 de março deste ano (horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e aos domingos, de 12h às 18h).
ZENON da Cunha Mendes BARRETO foi um pintor, desenhista, gravador, escultor, cenografista e ilustrador cearense, nascido em Sobral em 31 de dezembro de 1918 e falecido em Fortaleza em 18 de janeiro de 2002.
O artista chegou em Fortaleza e ingressou na Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP) em 1949. Participou e foi premiado em diversos eventos: Salão de Abril, Salão de Arte Moderna, Bienal Internacional de São Paulo, Panorama de Arte Atual Brasileira e Salão de Artes Plásticas do Rio Grande do Sul, entre outros.
Zenon ministrou cursos de desenho, atuou como cenógrafo e figurinista em peças encenadas no Theatro José de Alencar, em Fortaleza. Em 1950, coordenou a restauração da Casa de José de Alencar, e publicou os álbuns “Dez Figuras do Nordeste”, documentário com xilogravuras de arquétipos humanos nordestinos com poemas de cordelistas cearenses e prefácio de Câmara Cascudo, e “Ritos, Danças e Folguedos do Nordeste”, documentário com xilogravuras prefaciado pelo poeta cearense Patativa do Assaré.
Possui obras no Museu Nacional de Belas Artes, Palácio da Abolição (Fortaleza), Paço Municipal de Fortaleza, Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade de Fortaleza, Embaixada do Brasil em Londres, e é co-autor do grande vitral do Instituto de Arte Contemporânea da Fundação Armando Álvares Penteado. Possui diversas esculturas em logradouros de Fortaleza, sendo a mais famosa a que retrata a figura de “Iracema”, personagem do romance de José de Alencar, encravada na praia do mesmo nome.
O inventor de coisas
Texto de Jacqueline Medeiros
Nas mãos de Zenon Barreto, materiais aparentemente pesados, como cimento, ferro e latão, deram forma a figuras e a objetos nordestinos. A incorporação destes elementos está diretamente ligada às concepções de arte e realidade a partir da década de 1960 no Brasil. Nesta mostra onde predominam as obras denominadas "Homenagem ao artesão e ao trabalhador rural", Zenon desloca o sentido funcional das ferramentas de trabalho e cria possibilidades simbólicas abertas a uma pluralidade de leitura a serem escolhidos ou criadas pelo espectador.
As obras, pertencentes ao acervo do Banco do Nordeste, são oriundas da exposição de inauguração do espaço cultural do Banco, nas dependências do BNB Clube de Fortaleza em 23 de fevereiro de 1989. O título Z.NON faz referência a seu jeito crítico e irônico de encarar a vida. É uma alusão às pessoas que confudiam seu nome: zé (José)Non, o que Zenon prontamente assumiu no título de sua exposição em 1952.
Nas esculturas da mostra, Zenon se refere à realidade imediata do seu cotidiano, vivida entre sua fazenda no sertão de Caridade-CE e a capital Fortaleza. As ferramentas e objetos rurais estão deslocados de seus contextos usuais, eles passam a oscilar entre a condição de objeto real e a de elemento formal, compositivo e articulados entre si, sempre com a herança da abstração geométrica e construtiva. Pode-se dizer que a organização dos elementos segue, de certa forma, os ideais de racionalidade e do desenvolvimento da forma, herança da arte construtiva e concreta.
Para o construtivismo, a pintura e a escultura são pensadas como construções e não como representações. O termo construtivismo liga-se diretamente ao movimento de vanguarda russa. Não são pequenas as influências do construtivismo na América Latina, em geral, e no Brasil, em particular, no período após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Marcas da vanguarda russa podem ser observadas no movimento concreto de São Paulo, Grupo Ruptura, e no Rio de Janeiro, Grupo Frente. Contudo, a ruptura neoconcreta estabelecida com o manifesto de 1959 não afasta as influências do construtivismo russo na arte brasileira. A maior parte dos mais de cem artistas brasileiros da 5ª edição da Bienal de Arte de São Paulo, em 1959, tinha ligações com o abstracionismo, com grande número de concretistas e construtivistas, o que reflete a produção do País naquele momento. Zenon participou daquela Bienal de arte com obras geométricas e construtivas: os desenhos com nanquim “Hospedaria de Flagelados” e “Labirinteiras”, ambos de 1959.
As ferramentas que tem a força de transformação da terra em alimento, tornam-se inúteis e nao têm mais serventia. Seria mais uma de suas posturas críticas diante do trabalho rural e a civilização global como um elemento problemático e contraditório da sociedade contemporânea? Zenon, além de artista, sempre foi um homem político, muito inquieto, criticando o ambiente cultural de Fortaleza. Poderia o artista estar propondo uma Critica social? Zenon vivenciava naqueles finais dos anos 1980 o universo da produção rural e as contradições de que o avanço cientifico e econômico global não ocorrem em concomitância com os avanços sociais, beneficiando todos os setores da sociedade. O que poderia ter mobilizado o artista em torno de uma arte que se coloca a serviço da vida do povo.
Zenon busca um cruzamento entre as formas regulares e geométricas e o aspecto bruto e cru dos objetos do sertão, considerando suas ressonâncias simbólicas. Uma postura crítica como lhe é peculiar, daí seu interesse pelos elementos locais, fugindo do universalismo e preocupando-se com o papel do indivíduo e da subjetividade.
Com o tema “A cidade e suas desconexões antrópicas”, o 63º Salão de Abril recebeu 510 inscrições de artistas de todo o País interessados em participar da exposição. No entanto, a Comissão de Seleção composta por três curadores, foi responsável por escolher os 30 trabalhos que serão expostos durante o evento, que acontece de 17 de abril a 30 de junho de 2012, na Galeria Antônio Bandeira - Centro de Referência do Professor. Cada artista selecionado receberá um prêmio no valor de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais). Além disso, serão concedidas 02 (duas) bolsas para residência no valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais) cada, a dois artistas escolhidos entre os 30 selecionados. Fizeram parte da comissão o professor de Comunicação da UFC, Silas de Paula, o artista plástico Eduardo Frota e o também artista plástico carioca Marcelo Campos.
Durante a seleção, a comissão se mostrou surpresa com o número de artistas inscritos, que vieram de todas as regiões do País. “Ao selecionar os artistas, não os busco com olhar de especialista, mas de um alguém que quer ser surpreendido por eles. E isso aconteceu, pois são diferentes olhares, até mesmo devido à condição de onde vieram. As obras refletem muito da formação do artista e o que acontecem em suas cidades, além das suas tradições. Isso nos mostra que há situações instigantes em todos os lugares”, revela Marcelo Campos. “Seja de qualquer lugar do Brasil o que buscamos é a qualidade no material produzido”, completa o curador e artista plástico Eduardo Frota.
De acordo com o curador Silas de Paula, buscou-se durante a seleção, artistas que, por meio de suas obras, instiguem o público. “Nem sempre buscamos artistas já conhecidos e de grande visibilidade, mas aqueles que mostrem em seus trabalhos questionamentos, que incomodem e que sugira perguntas ao invés de respostas. O Salão promete grandes e positivas surpresas com os artistas selecionados”, explica o também professor.
A cidade que se transforma cotidianamente diante da espacialização das necessidades e desejos humanos é o foco do Salão em 2012, que visa aproximar cada vez mais a classe artística da sociedade civil e do poder público, no intuito de construir coletivamente políticas públicas para a cultura em Fortaleza. As relações do homem com o meio ambiente, levando em conta fatores políticos, éticos, sociais, econômicos e culturais, pautam o Salão em 2012.
O debate ético e estético proposto pelo Salão se desdobra em eixos como: adensamento urbano e resíduo social, semiárido urbano, pobreza e exclusão, saúde e doença social, educação e formação, o cidadão e a formação do espaço urbano. “A partir dessas discussões, pensar políticas culturais para a cidade de forma ampla, sem destituir o meio ambiente em que vivemos deste processo, pelo contrário, pensar possibilidades a partir dele e por meio dele propor formas diferenciadas para os processos de elaboração estética e conceitual. A busca proposta pelo tema é sempre a condição primordial de construção de um pensar sobre a cultura: a transversalidade. É por meio tão somente do olhar multifacetado gerado pela mediação entre o artista, a obra e o espectador, que a arte e o seu fazer processo ganha força e potência transformadora”, disse Maíra Martins, coordenadora de artes visuais da Secultfor e organizadora do 63° Salão de Abril.
Um dos diferenciais do 63° Salão de Abril é o convite a artistas ibero-americanos para exporem suas criações em Fortaleza, debatendo em paralelo sobre elas. Uma comissão curatorial (designada a partir do conceito de curadoria compartilhada, na qual a comissão decide os selecionados por meio de discussões e trocas com a Coordenação de Artes Visuais e a Direção da Galeria Antônio Bandeira), será constituída para o processo de seleção dos artistas convidados. Em cumprimento à demanda do grupo de artistas locais de Fortaleza, o salão promove ainda o Seminário “A cidade e suas desconexões antrópicas”, marcado por uma visão transversal e multidisciplinar da arte contemporânea.
A homenagem à artista plástica Heloísa Juaçaba também prevê uma exposição de suas obras na Galeria Antônio Bandeira, além de uma mostra do acervo da Pinacoteca do Município e um catálogo geral destas obras, no qual constará um capítulo todo dedicado à contribuição de Heloísa Juaçaba às artes visuais de Fortaleza.
Lista dos selecionados (Resultado também disponível no site Salão de Abril – www.salaodeabrilfortaleza.com.br) :
Alessandra Duarte
André Hauck
Aslan Cabral
Celso de Oliveira Silva
Cyntia Werner
Daré (Gustavo Marcelo Rodrigues Daré)
Dalila Martins
Dalton Oliveira de Paula
Danielle Travassos
Diego Castro Pedroso
Felipe Bertarelli
Francisco José Franco dos Santos
Henrique de França
Ivan Grilo
Júlio César Fernandes Lira
Karol Luan Sales Oliveira
Lucas Ribeiro de Melo Costa
Lucíola Feijó Alexandre Paiva
Marcus Vinicius Pereira
Marilia Barreira Furman
Nilson Sato
Paul Cezanne Souza Cardoso de Moraes
Paulo Almeida
Raul Couto Leal
Robezio Marqs
Rodrigo Sassi
Sofia Gerheim Caesar
Vanessa Gonçalves de Almeida Rosa
Yara de Pina Mendonça
Thales Leite dos Santos Pereira
Recepção das obras: De 27 de fevereiro a 23 de março de 2012
Exposição: 17 de abril a 30 de junho de 2012
Serviço
www.salaodeabrilfortaleza.com.br.
Informações: 85 3105.1358
“Campo Branco” reune obras de seis artistas visuais mineiros
O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108) abrirá na próxima quinta-feira, 1º de março, às 18 horas, a exposição coletiva “Campo Branco”, reunindo obras de seis artistas visuais mineiros. São eles: Francisco Magalhães, Isaura Pena, Júnia Penna, Pedro Motta, Ricardo Homen e Rodrigo Borges. Com entrada franca, a mostra ficará em cartaz até 1º de abril deste ano (horário de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e aos domingos, de 12h às 18h).
A exposição tem o objetivo de apresentar a produção recente de seis artistas visuais mineiros, que vêm realizando trabalhos significativos no cenário da arte contemporânea. Os artistas desenvolvem pesquisas plásticas que, apesar da diversidade de meios e interesses, apontam alguns procedimentos em comum. Estes procedimentos revelam uma aproximação poética entre as obras, presente na espacialidade, na noção de vazio e no sentido construtivo. As referências geográficas apresentam-se como ponto de interesse para este grupo de artistas que trata a geometria de uma forma “orgânica”, e busca, no trabalho com a superfície e o espaço, o palco de suas ações artísticas.
Observação do lugar: ferramenta para obras artísticas
Texto de Francisco Magalhães
Tentar falar do mundo através da observação do lugar parece-nos comum aos interesses dos geógrafos, biólogos, físicos, sociólogos, antropólogos e artistas. A observação atenta dos fatos sociais, do relevo, da vegetação, dos movimentos demográficos, dos movimentos naturais, das etnias e das práticas desenvolvidas especificamente por uma determinada cultura são, para aqueles que trabalham no campo da ciência e da arte, uma ferramenta eficiente no desenvolvimento de seus pensamentos, enfim, de suas obras.
Para os cientistas, a observação dos fatos pode se dar de maneira aparentemente dissociada de suas histórias individuais. A paisagem é, em princípio, algo diverso, dissociado da vontade que os move em direção à compreensão do mundo, do lugar. E os artistas, de que forma se dá a observação dos artistas? O que o artista olha? O que ele vislumbra? Quais serão os seus métodos? Para os artistas, a paisagem aparece de forma quase atávica - o artista sempre estará falando do lugar. Para aquele que trabalha no campo da arte, a experiência de sua própria incursão no mundo, suas memórias, serão marcas determinantes em suas formas de criação.
Será objeto de curiosidade para o artista tudo aquilo que pode ser abarcado pelos sentidos: seu olhar perscrutador percebe a paisagem, vivencia o espaço. Absorve-o, toma-o para si, para depois transfigurá-lo dentro do embate criativo – a arte. Ao tentar compreender o que se dá no campo banal, o artista aproxima-se da essência do binômio homem/paisagem. Uma aproximação que resulta em reflexões (ação não-natural) sobre o lugar, a paisagem e sobre si mesmo. Imaginemos o artista sendo uma árvore na paisagem, um organismo alimentando-se do substrato do mundo, erguendo-se e sendo parte do lugar – modificando e sendo modificado.
O artista compreenderá o lugar ao considerar a paisagem como tudo aquilo que pode ser abarcado pelo “olhar” – a paisagem no seu entendimento mais amplo. Vale lembrar que esse vislumbre se dará pelos diversos sentidos e, se os olhos são mesmo as janelas da alma, podemos imaginar o artista como uma janela descerrada para a paisagem, estando em e sendo dela a parte mais íntima, recôndita.
Aberto para a paisagem, o artista soma-se ao mundo. Ao observar e descrever a natureza, o lugar a partir de suas experiências e memórias, o artista nos oferece a possibilidade de compartilhar sua busca, o seu objeto, seus fazeres – a sua paisagem interior, o seu lugar no mundo.
O termo "caatinga" é originário do tupi-guarani e significa mata branca. “Paisagem interior”, a parte mais dentro do Brasil, sob um mesmo céu: Minas Gerais e Ceará. O termo "campo branco", que dá nome à exposição apresentada pelo Centro Cultural Banco do Nordeste, alude a um lugar supostamente árido, lugar ainda por ser, suporte/território no qual esses artistas estabelecem suas criações. Referências geográficas apresentam-se como interesse para este grupo. Esta ideia os reúne, ecoa como uma presença comum: a paisagem. Entendida não como gênero, mas como espaço vivo/lugar, território de toda criação. Esse território, ainda por ser, traz para a proposta uma ideia de diversidade e extensão, e que vai ao encontro da diversidade de produção que este grupo de artistas apresenta. A paisagem aparece, aqui, de diferentes formas, por vezes evidente. Em alguns momentos de maneira mais formal, em outros, mais simbólica. Isaura Pena, Pedro Motta, Francisco Magalhães, Júnia Penna, Ricardo Homen e Rodrigo Borges revelam uma aproximação poética entre as obras, presente na espacialidade, na noção de vazio e no sentido construtivo, e buscam, no trabalho com a superfície, o espaço, a matéria, o símbolo, o lastro para suas ações.
Currículos resumidos dos artistas
FRANCISCO MAGALHÃES (Mutum, MG, 1962) – Artista visual formou-se pela Escola Guignard. Trabalha e reside em Belo Horizonte. Responsável pela idealização de projetos, mostras e ações em Museus, Fundações de Cultura e Espaços Culturais. Entre os anos 2005 a 2011 dirigiu o Museu Mineiro, responsável pela concepção e coordenação de projeto museais, entre eles o “O Museu Guardas” que recebeu o Selo do Prêmio Cultura Viva – 2010 MINC. Em 2011 recebeu o Prêmio Rumos Educação Cultura e Arte 2011/213. Participou mostras coletivas e individuais. Recebeu os prêmios: Grande Prêmio Prefeitura de Belo Horizonte no 16° Salão de Arte da Pampulha, Premio Mostra Individual no 44° Salão de Arte Contemporânea do Paraná – Curitiba, o Prêmio no 42° Aquisitivo Banco Econômico no XXXVIII Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco e o Prêmio Especial Alfredo Ceschiatti - Escultura e Objeto, no 19° Salão de Arte da Pampulha, entre outros. Como cenógrafo foi indicado ao Prêmio Sated, em 2008. Tem obras nos acervos do MAP- BH / MAC – Curitiba / Museu de Arte de Pernambuco / Fundação Clóvis Salgado – BH e coleções particulares.
ISAURA PENA (Belo Horizonte, MG, 1958) – Graduada em desenho pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1983, frequentou a Escola Guignard em Belo Horizonte, de 1978 a 1979, e o Núcleo Experimental de Arte, dirigido por Amilcar de Castro, Museu de Arte da Pampulha, de 1980 a 1982. Entre suas exposições individuais estão mostras no Museu de Arte da Pampulha (Belo Horizonte, MG), em 2007; na Galeria Anna Maria Niemeyer (Rio de Janeiro, RJ), em 2006; e na Gesto Gráfico Galeria de Arte (Belo Horizonte, MG), em 2004. Entre as coletivas destacam-se Geometria Impura – MAM da Bahia (2009), Geometria Impura – Palácio das Artes- Belo Horizonte (2006), 2x2 (2005), Onde está você, Geração 80? (2004) e Tecendo o Visível (2003). participou de salões de arte em todo o Brasil, recebendo o Prêmio de Artista Convidada do II Salão Baiano (1989), o Prêmio Aquisição no X Salão Nacional de Artes Plásticas (1988) e o Prêmio no XIX Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte (1986). É professora na Escola Guignard – UEMG desde 1995.
JÚNIA PENNA (Belo Horizonte, MG, 1966) – Mestre em Artes Visuais da Escola de Belas Artes/UFMG. Entre suas principais exposições individuais estão Estranho no Parque das Mangabeiras (Belo Horizonte, MG), em 2010; Trama, no Campus da UFMG, em 2003 e uma mostra na Galeria Gesto Gráfico (Belo Horizonte, MG), em 2001. Entre as mostras coletivas, destacam-se Geometria Impura – MAM da Bahia (2009), Geometria Impura – Palácio das Artes- Belo Horizonte (2006), Nem tudo azul, na Gesto Gráfico Galeria de Arte (2007), A Regra do Jogo (2002), Escultura Mineira (1999) e 25º Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte (1998). Em 2005 recebeu bolsa da Pollock-Krasner Foudation e em 1991 o Prêmio Aquisição do XXIII Salão Nacional de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte. É professora na Escola Guignard – UEMG desde 2003.
PEDRO MOTTA (Belo Horizonte, MG, 1977) – Bacharel em desenho formado pela Escola de Belas Artes, UFMG em 2002. Entre suas principais exposições individuais estão mostras no Oi Futuro (Rio de Janeiro, RJ), em 2009; Box 4 Galeria (Rio de Janeiro, RJ), em 2008; Museu da Pampulha (Belo Horizonte MG), em 2004. Entre as mostras coletivas, destacam-se Noorderlicht Gallery, Groningen, Holanda; Paralela 2010 - Geometria Impura – MAM da Bahia (2009), Contemplação do Mundo, Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo; 20 anos do Programa de Exposições do CCSP, São Paulo; 2ª Bucharest Biennale, Bucharest, Romênia; 5ª Bienal Internacional de Fotografia e Artes Visuais de Liège, Bélgica; Fotografia Contemporânea Brasileira, Neue Berliner Kunstverein. Berlim, Alemanha;14ª Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, Masp, São Paulo, SP; Arte Brasileira Hoje, Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM, Rio de Janeiro, RJ. Em 2008 publicou junto com Pedro David e João Castilho o livro Paisagem Submersa pela editora Cosac Naify e Temprano, Conexão Artes Visuais Funarte, 2010.
RICARDO HOMEN (Belo Horizonte, MG, 1962) – Cursou Artes Plásticas na Escola Guignard / UEMG de 1983 a 1988. Entre as exposições individuais estão mostras no Centro Universitário Maria Antonia (SP), em 2002; no Palácio das Artes (Belo Horizonte, MG), em 2001; e no Centro Cultural São Paulo (SP), em 1997. Entre as mostras coletivas destacam-se Geometria Impura – MAM da Bahia (2009), Geometria Impura – Palácio das Artes- Belo Horizonte (2006), Nem tudo azul (2007), Diálogos 2002 - Tangenciando Amílcar (2002) e Coletiva Sobre Papel (2000), Prospecções: Arte nos Anos 80 e 90 em BH, Palácio das Artes, BH. Participou e foi premiado em diversos salões de arte na década de 80.
RODRIGO BORGES (Governador Valadares, MG, 1974) – Mestre em Artes Visuais na Escola de Belas Artes/UFMG, Belo Horizonte, MG. Entre suas principais exposições individuais estão Embrulho no Espaço Cultural Cemig Galeria de Arte, em Belo Horizonte (2010) e a I Mostra do Programa de Exposições 2005 no Centro Cultural São Paulo. Já entre as mostras coletivas, destacam-se Bomserá (2010), Geometria Impura – MAM da Bahia (2009), Fiat Mostra Brasil (2006) e Disposição (2005). Foi um dos artistas selecionados no Programa Rumos Itaú Cultural Artes Visuais edição 2001/2003. É professor da Escola de Belas Artes desde 2005.
Exposição marca os dez anos da morte do artista plástico cearense Zenon Barreto
Uma exposição marcará os dez anos da morte do artista plástico cearense Zenon Barreto. Denominada “Z.NON”, a mostra será aberta no neste sábado, 11, às 16 horas, no Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108). Com entrada franca, a exposição ficará em cartaz até 18 de março deste ano (horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e aos domingos, de 12h às 18h).
ZENON da Cunha Mendes BARRETO foi um pintor, desenhista, gravador, escultor, cenografista e ilustrador cearense, nascido em Sobral em 31 de dezembro de 1918 e falecido em Fortaleza em 18 de janeiro de 2002.
O artista chegou em Fortaleza e ingressou na Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP) em 1949. Participou e foi premiado em diversos eventos: Salão de Abril, Salão de Arte Moderna, Bienal Internacional de São Paulo, Panorama de Arte Atual Brasileira e Salão de Artes Plásticas do Rio Grande do Sul, entre outros.
Zenon ministrou cursos de desenho, atuou como cenógrafo e figurinista em peças encenadas no Theatro José de Alencar, em Fortaleza. Em 1950, coordenou a restauração da Casa de José de Alencar, e publicou os álbuns “Dez Figuras do Nordeste”, documentário com xilogravuras de arquétipos humanos nordestinos com poemas de cordelistas cearenses e prefácio de Câmara Cascudo, e “Ritos, Danças e Folguedos do Nordeste”, documentário com xilogravuras prefaciado pelo poeta cearense Patativa do Assaré.
Possui obras no Museu Nacional de Belas Artes, Palácio da Abolição (Fortaleza), Paço Municipal de Fortaleza, Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade de Fortaleza, Embaixada do Brasil em Londres, e é co-autor do grande vitral do Instituto de Arte Contemporânea da Fundação Armando Álvares Penteado. Possui diversas esculturas em logradouros de Fortaleza, sendo a mais famosa a que retrata a figura de “Iracema”, personagem do romance de José de Alencar, encravada na praia do mesmo nome.
O inventor de coisas
Texto de Jacqueline Medeiros
Nas mãos de Zenon Barreto, materiais aparentemente pesados, como cimento, ferro e latão, deram forma a figuras e a objetos nordestinos. A incorporação destes elementos está diretamente ligada às concepções de arte e realidade a partir da década de 1960 no Brasil. Nesta mostra onde predominam as obras denominadas "Homenagem ao artesão e ao trabalhador rural", Zenon desloca o sentido funcional das ferramentas de trabalho e cria possibilidades simbólicas abertas a uma pluralidade de leitura a serem escolhidos ou criadas pelo espectador.
As obras, pertencentes ao acervo do Banco do Nordeste, são oriundas da exposição de inauguração do espaço cultural do Banco, nas dependências do BNB Clube de Fortaleza em 23 de fevereiro de 1989. O título Z.NON faz referência a seu jeito crítico e irônico de encarar a vida. É uma alusão às pessoas que confudiam seu nome: zé (José)Non, o que Zenon prontamente assumiu no título de sua exposição em 1952.
Nas esculturas da mostra, Zenon se refere à realidade imediata do seu cotidiano, vivida entre sua fazenda no sertão de Caridade-CE e a capital Fortaleza. As ferramentas e objetos rurais estão deslocados de seus contextos usuais, eles passam a oscilar entre a condição de objeto real e a de elemento formal, compositivo e articulados entre si, sempre com a herança da abstração geométrica e construtiva. Pode-se dizer que a organização dos elementos segue, de certa forma, os ideais de racionalidade e do desenvolvimento da forma, herança da arte construtiva e concreta.
Para o construtivismo, a pintura e a escultura são pensadas como construções e não como representações. O termo construtivismo liga-se diretamente ao movimento de vanguarda russa. Não são pequenas as influências do construtivismo na América Latina, em geral, e no Brasil, em particular, no período após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Marcas da vanguarda russa podem ser observadas no movimento concreto de São Paulo, Grupo Ruptura, e no Rio de Janeiro, Grupo Frente. Contudo, a ruptura neoconcreta estabelecida com o manifesto de 1959 não afasta as influências do construtivismo russo na arte brasileira. A maior parte dos mais de cem artistas brasileiros da 5ª edição da Bienal de Arte de São Paulo, em 1959, tinha ligações com o abstracionismo, com grande número de concretistas e construtivistas, o que reflete a produção do País naquele momento. Zenon participou daquela Bienal de arte com obras geométricas e construtivas: os desenhos com nanquim “Hospedaria de Flagelados” e “Labirinteiras”, ambos de 1959.
As ferramentas que tem a força de transformação da terra em alimento, tornam-se inúteis e nao têm mais serventia. Seria mais uma de suas posturas críticas diante do trabalho rural e a civilização global como um elemento problemático e contraditório da sociedade contemporânea? Zenon, além de artista, sempre foi um homem político, muito inquieto, criticando o ambiente cultural de Fortaleza. Poderia o artista estar propondo uma Critica social? Zenon vivenciava naqueles finais dos anos 1980 o universo da produção rural e as contradições de que o avanço cientifico e econômico global não ocorrem em concomitância com os avanços sociais, beneficiando todos os setores da sociedade. O que poderia ter mobilizado o artista em torno de uma arte que se coloca a serviço da vida do povo.
Zenon busca um cruzamento entre as formas regulares e geométricas e o aspecto bruto e cru dos objetos do sertão, considerando suas ressonâncias simbólicas. Uma postura crítica como lhe é peculiar, daí seu interesse pelos elementos locais, fugindo do universalismo e preocupando-se com o papel do indivíduo e da subjetividade.
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