quarta-feira, 1 de outubro de 2008

CINEMA

Jack Bauer em terror oriental

Kiefer Sutherland protagoniza “Espelhos do Medo”


Hollywood continua insistindo nos remakes de filmes orientais. Depois de refilmagens como "O Chamado" e o recente "O Olho do Mal", chega aos cinemas brasileiros "Espelhos do Medo", dirigido pelo francês Alejandre Aja ("Viagem Maldita") e trazendo Kiefer Sutherland (o Jack Bauer da série de TV "24 Horas") no papel principal."Espelhos do Medo" baseia-se num suspense coreano de 2003. Seu personagem principal, vivido por Sutherland, é um detetive de polícia afastado do trabalho por problemas com alcoolismo e que atirou acidentalmente em seu parceiro.Ben Carson é um ex-policial que sofre ao ver que os espelhos projetam imagens hediondas do passado Agora, para pagar a pensão para a ex-mulher (Paula Patton) e os filhos, o personagem, que se chama Ben Carson, trabalha como vigia noturno numa loja de departamentos em Nova York. Porém, problemas emocionais o impedem de levar uma vida normal.Tudo fica mais complicado quando espelhos que aparecem pelo caminho de Ben parecem emanar algo de estranho. O local onde ele trabalha foi incendiado há alguns anos e até hoje as ruínas parecem guardar algo de misterioso. A verdade é que Ben parece estar cercado por assombrações, seja no local de trabalho, ou nos pesadelos de seu filho pequeno, ou no apartamento que divide com a irmã. E são sempre espelhos que podem ser o canal para a energia maligna, o que faz o personagem se questionar se os espelhos não refletem algo além da realidade.
Esse é o pretexto para "Espelhos do Medo" entrar pelo caminho do terror psicológico, levantando suspeitas sobre a sanidade mental de seu protagonista e causando sustos na platéia - principalmente com imagens refletidas em espelhos.O filme foi rodado em Bucareste, na Romênia - exceto por algumas externas em Nova York. O cenário da loja onde o protagonista trabalha é a antiga Academia de Ciências, cuja construção foi iniciada pelo ex-ditador Nicolau Ceausescu e interrompida com a sua morte, no final da década de 1980.

'Corrida Mortal' imagina futuro sombrio nos EUA

Novo filme de Paul W.S. Anderson, diretor de Resident Evil e Alien VS Predador

A se julgar por Corrida Mortal, uma das estréias da semana nos cinemas, o futuro não parece muito promissor para os Estados Unidos, independente de quem ganhar as próximas eleições presidenciais. A trama se passa em 2012, quando a economia norte-americana entrou em colapso e as taxas de desemprego e crimes aumentaram.
Em meio a esse caos, as grandes corporações assumiram a administração de penitenciárias e lucram com lutas entre presidiários. O mais violento desses espetáculos é conhecido como Corrida Mortal, e acontece em Terminal Island. O local é administrado por Hennessey (Joan Allen, de O Ultimato Bourne), que enfrenta uma crise depois de perder na pista um dos principais competidores, conhecido como Frankenstein.
Visando aumentar a audiência, ela traz para arena um novo piloto: Jensen Ames (Jason Statham, Efeito Dominó). Ele foi condenado por um assassinato, mas se conseguir ganhar a corrida de três dias receberá em troca sua liberdade. Se perder, morrerá, pois apenas um competidor sobrevive à corrida mortal.
Para se proteger, Ames deverá usar a máscara de metal de Frankenstein e seu carro, um Mustang V8 Fastback, que é super-equipado com armas, bombas e lança-chamas. Seu treinador é vivido por Ian McShane (A Bússola de Ouro) e sua equipe inclui Gummer (Jacob Vargas, de Bobby) e List (Fred Koehler, de Dominó - A Caçadora de Recompensas).
O maior adversário de Ames é Joe Metralhadora, que matou Frankenstein e é interpretado por Tyrese Gibson (Transformers). Corrida Mortal é uma atualização de Corrida da Morte - Ano 2000, de Paul Bartel, com produção de Roger Corman, e adapta para os tempos atuais a paranóia mostrada no filme de 1975, agora colocando como foco os reality shows.
A direção é de Paul W.S. Anderson, diretor de filmes como Resident Evil e Alien VS Predador, e que em seus filmes tem trabalhado com futuros sombrios, combinando elementos de ação e ficção científica. Aqui, o excesso de cenas de ação dilui o potencial do tema e da crítica que Corrida Mortal aparentemente se propõe fazer da sociedade contemporânea.





Sucesso da escola musical

“High School Musical 3” estréia nos cinemas na próxima sexta


O muito antecipado "High School Musical 3 - Ano da Formatura", da Walt Disney, chegou aos cinemas de todo o mundo com vendas enormes de ingressos antecipados e planos de levar adiante a franquia de mais de 1 bilhão de dólares com um quarto filme. A Disney planeja para a partir de hoje um lançamento suntuoso para o filme familiar, o primeiro a ser lançado na tela grande. Os dois primeiros filmes da série foram feitos para a TV e saíram primeiramente no canal pago Disney Channel, com muito menos pompa. Mark Zoradi, presidente do grupo Walt Disney, disse que "High School Musical 3" vai estrear em 3.800 cinemas dos EUA e Canadá e o dobro disso no resto do mundo.

Estrelado por Vanessa Hudgens e seu namorado tanto na tela quanto na vida real Zac Efron, o filme vendeu quase dois terços de todos os ingressos antecipados vendidos nos EUA até quinta-feira, passando à frente de filmes que estréiam neste fim de semana. O "High School Musical" original, feito para a TV, atraiu 255 milhões de espectadores em todo o mundo, levando a Disney a apressar-se para montar um programa de merchandising em cima dele e iniciar a produção de uma sequência.

O fenômeno cresceu com um segundo filme feito para a TV e que quebrou recordes, em 2007, acompanhado por espetáculos de teatro e no gelo, shows, vendas recordes de CDs e DVDs, videogames e atrações em parques temáticos, além de 500 milhões de dólares em vendas de produtos ligados a "High School Musical." "Nunca houve outro filme feito para a TV que rendeu negócios tão grandes", disse Rich Ross, presidente da Disney Channels mundial. Em "High School Musical 3", os personagens principais se formam e se despedem do colégio fictício East High School.

Mas a Disney não vê razões para aposentar uma franquia que gerou 100 milhões de dólares em lucros operacionais em seus primeiros 18 meses e que deve gerar valor igual apenas no ano fiscal de 2008. A empresa ainda não negociou contratos com os atores do quarto filme, previsto para chegar aos cinemas em 2010. É provável que esse filme não tenha Zac Efrons, Vanessa Hudgens e alguns dos outros personagens principais. Mas Ross disse que a Disney "acha que ainda há muitas histórias a contar sobre East High. Vamos focar a nova história e os novos personagens."




ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA É PREMIADO NA ESPANHA
Público elege longa de Fernando Meirelles como melhor filme do Sitges 2008

Ensaio sobre a Cegueira foi premiado no STIGES 2008, Festival Internacional de Cinema da Catalunha, como Melhor Filme pelo voto popular. Tulé Peak, Production Desginer do longa, recebeu o prêmio de Melhor Direção de Arte. O Festival aconteceu entre os dias 02 a 12 de outubro, em Catalunha, Espanha.



O filme Ensaio sobre a Cegueira, lançado no Brasil em 12 de setembro, já atraiu às salas de cinema 663.222 pessoas. O longa, dirigido por Fernando Meirelles (de “O Jardineiro Fiel” e “Cidade de Deus”, pelo qual foi indicado ao Oscar de Melhor Diretor), é baseado na obra do escritor português José Saramago, único escritor da língua portuguesa a receber o primeiro Nobel de literatura. O filme reúne elenco internacional, com nomes de destaque como Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Gael Garcia Bernal, Danny Glover, entre outros.


'Super-Heróis' satiriza sucessos recentes do cinema

Super Heróis - A Liga da Injustiça é mais uma comédia da dupla Jason Friedberg e Aaron Seltzer - os mesmo diretores de Uma Comédia Nada Romântica e Espartalhões. O longa segue a mesma linha dos anteriores, satirizando, sem muito sucesso, outras produções recentes.

Em 2000, eles ficaram famosos ao co-assinar (ao lado de outros quatro profissionais) o roteiro de Todo Mundo em Pânico. Desde então, roteirizaram outros três filmes da série, além de outras comédias - todas tentando parodiar outros filmes. Porém, o público já não tem dado o mesmo retorno.

Nos Estados Unidos, há quase uma década, Todo Mundo em Pânico fez mais de US$ 156 milhões. Já Super-Heróis não chegou a US$ 15 milhões. Talvez seja um sinal de que a platéia esteja cansada dessa mesma fórmula.

Super-Heróis começa com uma imitação de 10.000 a.C., quando a cantora Amy Winehouse (Nicole Parker) é confundida com um tigre que guarda um notebook no seu penteado inusitado. Essa é a desculpa para criar piadas em cima de sucessos recentes como Hulk, Sex & The City e Juno.

Para tentar unir todas as piadas, há a história de Will (Matt Lanter, da série Heroes) tentando se reencontrar com sua amada (Vanessa Minnillo), enquanto a cidade é destruída por vários desastres naturais, como asteróides, terremotos e tornados. Essa fuga é uma referência a Cloverfield - Monstro, mas os diretores nunca se dão ao trabalho de usar uma câmera na mão para se aproximar do resultado do filme original.

Também dão o ar da graça ao longo dos 90 minutos de Super Heróis - A Liga da Inustiça personagens de Encantada, Alvin e os Esquilos, Kung Fu Panda, Beowulf, Speed Racer e Jumper.

O programa de televisão High School Musical e celebridades como Michael Jackson, Javier Bardem e Miley Cyrus também são alvo da ironia dos diretores.




Liam Neeson é justiceiro em 'Busca Implacável'

Em Busca Implacável, o inglês Liam Neeson (Batman - Begins) faz um tipo bem diferente daquele que interpretou em um de seus filmes mais famosos, A Lista de Schindler.

No premiado longa de Steven Spielberg, seu personagem resolvia tudo diplomaticamente; aqui, a solução é alcançada na pancadaria e nos tiros.

Ele é Bryan Mills, um ex-agente da CIA que se vê numa grande enrascada depois que sua filha de 17 anos, Kim (Maggie Grace, da série Lost), é sequestrada. Atualmente, ele ganha a vida como segurança e a garota vive com a mãe e o padrasto. Ela quer passar férias na Europa, acompanhando a turnê do U2, mas como sabe que o pai não consentirá, mente e diz que irá apenas para Paris.

Ao desembarcar na capital francesa, Kim e uma amiga acabam sequestradas por uma quadrilha. Mas, antes de ser levada, a menina consegue telefonar para o pai e lhe passa pistas valiosas.

Com a experiência adquirida na CIA, o serviço de espionagem americano, Bryan parte para a França em busca da filha. Lá, com a ajuda de antigos colegas do serviço de espionagem, descobre que a moça foi capturada por albaneses que lucram com o tráfico de mulheres para prostituição. Ele terá apenas 96 horas para recuperar Kim.

Dirigido pelo francês Pierre Morel (ex-diretor de fotografia que trabalhou em filmes como Cão de Briga e Carga Explosiva), Busca Implacável tem roteiro e produção de Luc Besson (O Profissional, Angel-A), que já dominou o espírito americano e consegue fazer filmes franceses com a cara de Hollywood. Esse não é diferente.

Busca Implacável se vale de todos os artifícios do gênero, com muita perseguição e uma visita ao submundo de Paris. O que há de mais diferente é a presença de Neeson, que não parece confortável nesse tipo de papel.




Richard Gere diz ter conhecido Diane Lane em outra vida

Depois de "Infidelidade", os atores voltam a ser um casal em "Noites de Tormenta"
Quando o thriller romântico Infidelidade estreou nos cinemas em maio de 2002, apostava-se que o filme seria logo esquecido, já que competia, em pleno verão norte-americano, com o Homem-Aranha.
Mas o par Richard Gere, 59 anos, e Diane Lane, 43, ganhou o coração do público. Infidelidade arrecadou US$ 119 milhões nas bilheterias do mundo todo e Lane foi indicada ao Oscar.
Gere e Diane estão juntos novamente em Noites de Tormenta e a química entre os dois passou das telas à vida real.
Apesar de passarem pouco tempo juntos quando não estão trabalhando, os dois atores conversam como velhos amigos e completam as frases um do outro ao discutir amor, vida e carreira na meia-idade - os assuntos-chave de Noites de Tormenta.

Baseado no romance homônimo de Nicholas Sparks, o filme conta a história de dois estranhos solitários que se juntam em um hotel à beira mar na costa da Carolina do Norte durante uma tempestade, tanto real quanto emocional.
O médico Paul Flanner (Gere) e a artista Adrienne Willis (Lane) recorrem um ao outro para sobreviver à tempestade e recomeçar suas vidas - mas nem um nem outro sai como planejado.
Os atores disseram que o flerte entre Paul e Adrienne foi interpretado de maneira diferente do que o que fizeram anos atrás. As duas personagens conversam bastante no filme.
"É muito respeitoso e equilibrado. É o equilíbrio da amizade em oposição à fantasia erótica, eu gosto disso", disse Gere. "Eles realmente conversam um com o outro".
"E ouvem e aprendem", completou Lane.
Assim como as personagens, Diane e Gere dizem que o destino os juntou - pelo menos nas telas.
"Não estamos juntos. Não somos casados. Mas não tenho dúvida de que tivemos muitas vidas juntos", disse Gere.
Na vida real, Gere é casado com a atriz Carey Lowell e Lane é casada com o ator Josh Brolin.




Shia LaBeouf é suspeito do FBI em 'Controle Absoluto'

Com pouco mais de 20 anos de idade, o ator Shia LaBeouf tornou-se uma sensação em Hollywood. Queridinho de Steven Spielberg, com quem trabalhou em Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, alcançou status de celebridade depois de estrelar o blockbuster Transformers, no ano passado.
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Em Controle Absoluto a produção é assinada por Spielberg e o ator volta a ser dirigido por D.J.Caruso, com quem o ator trabalhou no irregular Paranóia (2007). Aqui, interpreta Jerry Shaw, um rapaz desajustado e sem dinheiro, que vive à sombra do irmão gêmeo, morto em circunstâncias suspeitas.
A vida banal de Jerry muda quando um carregamento de explosivos militares aparece misteriosamente em sua casa e sua conta bancária recebe um depósito de US$ 750 mil. Nada faz sentido para o rapaz, muito menos o telefonema que recebe dizendo que o FBI invadirá seu apartamento em menos de 30 segundos e que deve obedecer às instruções recebidas pelo celular para fugir.
Enquanto isso, em outra parte da cidade, Rachel Holloman (Michelle Monaghan, de Kiss Kiss, Bang Bang) passa por situação similar. Sob a ameaça de ver seu filho morto, deverá seguir o plano da misteriosa interlocutora.
O que torna a situação dos protagonistas perturbadora é o fato de que a figura ao telefone é onipresente e controla todas as máquinas e aparelhos eletrônicos da cidade. Em uma das cenas, em represália a uma desobediência, a vilã entra no sistema de comunicação do metrô e ordena aos passageiros a captura de Jerry, por ser um criminoso procurado.
Tratado como terrorista pela polícia e pelo FBI, o casal passa a ser caçado pelo agente Thomas Morgan (Billy Bob Thornton, de A Última Ceia) e pela oficial das Forças Armadas Zoe Perez, (Rosario Dawson, de Rent). Sem saber das agruras de Jerry e Rachel, divertem a platéia com suposições absurdas sobre o que ocorre - em especial Thornton, com seu já habitual mau-humor.
De fato, há poucas informações sobre quem seja ou quais as motivações da vilã. O que se pode supor é que suas ações têm o envolvimento dos escalões mais altos da inteligência militar americana.
O roteiro, escrito a oito mãos, traz às telas uma boa idéia, estrelada por um elenco afinado e competente. No entanto, as qualidades do roteiro e do trabalho do diretor, D.J. Caruso, não superam o fraco desfecho da produção, que levanta questionamentos sobre a lógica da história.




Mulheres...Sexo Forte' pega onda em 'Sex and the City'


Dirigido e roteirizado por Diane English, veterana de TV e criadora da série Murphy Brown, a comédia Mulheres...Sexo Forte é um terreno fértil para pensamentos, emoções e atitudes femininas.

No elenco, estão atrizes muito conhecidas, caso de Meg Ryan (de Eu e as Mulheres), Annette Bening (Adorável Júlia), Cloris Leachman (Espanglês) e Bette Midler (Mulheres Perfeitas), ao lado de outras de experiência comprovada embora um pouco mais curta, no caso de Jada Pinkett Smith (Ali) e Debra Messing (da série de TV, Will & Grace). A fonte de inspiração do roteiro vem de As Mulheres, filme de 1939 de George Cukor (1899-1983), considerado como um dos melhores diretores de atrizes em Hollywood e que botou em cena ali um time dos sonhos da época: Norma Shearer, Joan Crawford, Rosalind Russell, Paulette Goddard e Joan Fontaine.
Quase 70 anos e várias temporadas de Sex and the City depois, a reciclagem do filme de Cukor tinha mesmo de ser bem diferente do original, embora mantenha alguns detalhes, como o adultério do marido da protagonista.
A personagem central, Mary Haines (Meg Ryan) é rica, bonita e acha que é feliz no casamento. Isso até descobrir, numa conversa casual no cabeleireiro, que o marido a está traindo com uma balconista da perfumaria do magazine Sak''s (Eva Mendes).
Abalada, Mary conta para a mãe (Candice Bergen, que foi a protagonista de Murphy Brow) e é aconselhada a conformar-se. Mas Mary discorda e rompe com tudo em busca de uma outra vida.
Sua melhor amiga, Sylvie (Annette Bening), fez outras escolhas na vida -não quis ter filhos e mergulhou de cabeça na carreira de jornalista. No momento, tenta fazer decolar uma nova revista, mas nada parece estar dando certo.
Outras amigas da mesma turma são Edie (Debra Messing), que não faz mais nada do que ter um filho atrás do outro, e Alex (Jada Pinkett Smith), lésbica assumida.
A influência de Sex and the City fica mais clara na figura de Sylvie, que parece uma cópia piorada de Samantha (Kim Cattrall). Mas, oscilando entre o drama e a comédia, Mulheres...Sexo Forte não atinge o mesmo ritmo do bem-sucedido seriado.



'Missão Babilônia' mistura misticismo e ficção científica

Baseado num romance do francês Maurice G. Dantec, Missão Babilônia, de Mathieu Kassovitz, é um filme de ação que procura temperar sua história com alguns toques de misticismo e ficção científica.
Vin Diesel (Triplo X) interpreta um mercenário chamado Toorop, cujo lema é matar para não morrer. Ele vive num futuro não muito distante, quando todas as pessoas são rastreadas e vigiadas por meio de satélites.
Um dia, é contratado por uma figura estranha, vivida por Gérard Depardieu, para conduzir do Cazaquistão à cidade de Nova York uma jovem refugiada num convento.
Ela é Aurora (Mélanie Thierry), que viajará na companhia de sua protetora, a irmã Rebeka (Michelle Yeoh, de O Tigre e o Dragão). Todos viajarão de trem, carro, submarino e outros meios de transporte mais inusitados, sempre protegendo a garota, que esconde um segredo.
Aurora pode ser uma figura messiânica ou uma arma biológica. De qualquer forma, seu destino não é promissor, pois muita gente quer capturá-la. Há uma sacerdotisa (Charlotte Rampling, de Instinto Selvagem 2) e também um cientista (Lambert Wilson, The Matrix Revolutions), cada um com seus interesses pela garota.
Aurora é dotada de poderes estranhos, mostrando-se capaz de prever o futuro e comunicar-se em diversas línguas. Esses seus dotes serão muito úteis durante a fuga ao lado do mercenário e da irmã até chegar a Nova York, onde novos incidentes acontecem.
Enquanto se mantém em cenas de ação, correria e tiroteios, Missão Babilônia não foge do esquematismo do gênero, e, por isso mesmo, tem um certo nível. O grande problema é quando, no seu ato final, tenta combinar coisas tão diferentes como inteligência artificial e uma gravidez milagrosa.
A bem da verdade, o diretor, o francês Mathieu Kassovitz (Na Companhia do Medo), já havia renegado o filme, cuja montagem final não é de sua responsabilidade. No site francês A, ele disse que a versão final de Missão Babilônia "não passa de pura violência e estupidez" e não tem nada a ver com o que ele havia planejado originalmente.
"Mais parece um episódio ruim de 24 Horas", comparou Kassovitz.



"Mamma Mia!" é alegria pura

Filme combina ABBA, Grécia e Meryl Streep

Num certo momento da versão para o cinema do musical do teatro Mamma Mia!, a personagem de Meryl Streep diz :"não quero falar". E ela vai falar muito pouco mesmo.

A frase é apenas o primeiro verso de uma das dezenas de músicas do grupo ABBA, que ela e seus colegas de elenco vão cantar no filme.

Os hits do Abba que desfilam ao longo das quase duas horas de Mamma Mia! não se encaixam muito bem na história e tudo parece forçado. Assim, a personagem de Meryl não tem muito dinheiro, mas pode cantar Money, Money, Money e sonhar com a vida dos ricos; ou uma mulher mais velha faz um jogo de sedução com um rapaz e canta Does your mother know? (Sua mãe sabe?).

Numa ilha grega paradisíaca, Sophie (Amanda Seyfried), de 20 anos, vai se casar, mas não sabe quem é o seu pai. Depois de ler o diário da mãe, Donna (Meryl), uma ex-hippie, descobre que há três homens que podem ser seu pai e os convida sem contar para ninguém o porquê. Eles são Sam (o ex-007 Pierce Brosnan), um arquiteto; Bill (Stellan Skarsgård), um aventureiro descolado; e Harry (Colin Firth), um sujeito certinho e todo reprimido.

Faltam dois dias para o casamento e, para passar o tempo, os personagens andam pela ilha, se encantam com a paisagem e soltam a voz, com as músicas da banda, como Dancing Queen (que já foi mais bem aproveitada em O Casamento de Muriel), Super Trooper, Our Last Summer e Voulez-Vous. E todo mundo canta o tempo todo - inclusive os 'gregos' que só abrem a boca para fazer o coro para os famosos.

Como aconteceu com a segunda versão de cinema de 2005 de Os Produtores (a primeira foi lançada no Brasil como Primavera para Hitler), Mamma Mia! foi feita basicamente pela mesma equipe técnica da Broadway, a roteirista Catherine Johnson, a produtora Judy Craymer e a diretora estreante Phyllida Lloyd, que parece não ter descoberto ainda para que serve uma câmera.

Mamma Mia! não foi pensado cinematograficamente, e isso fica evidente na tela.

As músicas não se encaixam na ação e os personagens parecem não entender o que estão cantando, mas sorriem e repetem seus versos afinadamente. O problema aqui não é tentar disfarçar a cafonice das músicas com um cenário paradisíaco ou uma grande atriz (que parece estar apenas brincando), o que atrapalha é como nada parece estar no lugar certo, desde os números musicais até as amigas de Donna, vividas por Julie Walters e Christine Baranski.




Meirelles cria clima perturbador com 'Ensaio Sobre a Cegueira'

Assim como o diretor brasileiro Fernando Meirelles afirmou na primeira sessão para a imprensa de Ensaio Sobre a Cegueira, adaptação para as telonas do romance do escritor português Jose Saramago, o filme não tem nada de 'hollywoodiano', como andavam anunciando. O drama é um retrato cru, incômodo e parado de uma epidemia de cegueira que atinge, aos poucos, toda a população mundial.

O filme tenta agradar o público que leu o romance e assim não dá as cartas de uma grande produção, pelo contrário: se esquiva dos valores estéticos, usa telas brancas para retratar a cegueira e abusa da luminosidade.

Tudo perturba em Ensaio Sobre a Cegueira e essa deve ser a maior arma contra o projeto, que corre o risco de cair no ostracismo se não alcançar pelo menos um pouco de atenção quando estiver nas salas de cinema.

A história começa em uma cidade fictícia, no meio do trânsito. Um homem japonês (Yusuke Iseya) perde a visão enquanto dirige, mas ao visitar o oftalmologista (Mark Ruffalo), descobre que não há nada de errado com seus olhos. Momentos depois, uma prostituta (Alice Braga), também paciente do mesmo médico, fica cega após visitar um cliente.

Como num efeito dominó, todos os personagens envolvidos nesta atmosfera são tomados pela cegueira. Neste cenário de desespero, a mulher do médico (Julianne Moore) ainda se mostra imune à doença, mas finge ter perdido a visão para acompanhar o marido numa quarentena montada pelo governo. Eles são levados a um sanatório abandonado, que cada dia recebe mais pacientes. Aos poucos, as peças vão se encaixando: todos ali tiveram uma relação, o que, a princípio, parece ser a causa da epidemia.

O que Meirelles retrata a partir de então é a batalha absurda desses personagens por sobrevivência. Única capaz de enxergar, a personagem de Julianne Moore é quem guia as vítimas neste cenário de horror, mas demora a agir quando a situação toma proporções políticas e violentas.

O diretor não poupa o espectador em nenhum momento - exceto na cena do estupro, retirada da versão original. Mostra a "nojeira" em que o sanatório se torna. O chão é tomado por urina, fezes, roupas sujas, sangue, papel higiênico. As imagens dos cegos nus chocam os mais puritanos. Assim o filme toma força.

Julianne Moore mostra novamente sua competência como atriz, assim como Alice Braga, que, se em Cinturão Vermelho e Eu Sou a Lenda não mostrou muito seu talento, agora comove como a prostituta que cria sentimentos maternais a um menino (Mitchell Nye).

Quem conhece a cidade de São Paulo - onde quase todas as externas foram rodadas - verá que a ambientação foi impecável. Com auxílio de pouquíssimos efeitos, conseguiram transformar a maior cidade do País em um depósito de lixo, delirante, decadente e inóspita. Fica difícil acreditar que não utilizaram estúdios para criar a metrópole fictícia.

Apesar dos elogios, engana-se quem pensa que Ensaio Sobre a Cegueira é um filme com potencial para alcançar um grande número de fãs, mesmo fugindo dos padrões óbvios.

Ensaio Sobre a Cegueira é um drama tenso que envolve o colapso urbano, mas jamais remete a outros filmes com o mesmo tema, como o recente Fim dos Tempos, de M. Night Shyamalan. Com toques dosados de humor, tragédia e muitos diálogos costurados, Meirelles construiu um drama que dificilmente ganhará expressão popular. Assim, o legado de Saramago continua imune, para a alegria de seus leitores.

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