segunda-feira, 2 de agosto de 2010

CINEMA NACIONAL

CINEMA ESPÍRITA

DEPOIS DO SUCESSO DE "CHICO XAVIER" E BEZERRA DE MENEZES", CHEGA AOS CINEMAS NA SEXTA QUE VEM O FILME "NOSSO LAR"

Chega aos cinemas dia 3 de setembro o longa Nosso Lar, baseado no best seller de Chico Xavier. O filme conta a trajetória do médico André Luiz que após a sua morte acorda no mundo espiritual. Desde os primeiros dias numa dimensão de dor e sofrimento, até ser resgatado para uma cidade espiritual cujo nome intitula o filme. Com direção e roteiro de Wagner de Assis, o elenco conta com Renato Prieto como André Luiz, Fernando Alves Pinto, Rosanne Mulholland, Inez Viana, Rodrigo dos Santos, Clemente Viscaíno, Werner Schünemann e ainda com participações especiais de Ana Rosa, Othon Bastos e Paulo Goular.



Nosso Lar foi finalizado no Canadá, onde os efeitos visuais foram desenvolvidos pela empresa Intelligent Creatures (mesma responsável por filmes como Watchmen, Fonte da Vida e Babel). “Mais de 300 imagens têm algum tipo de inserção gerada nos computadores. Nunca fizemos tantos efeitos num filme só”, comenta a produtora Iafa Britz.

A frente da equipe de 90 profissionais/artistas, o supervisor de efeitos visuais do filme, Geoff D. E. Scott, também se anima: “mesmo para nós, que estamos acostumados a recriar tantas realidades, essa história tem um diferencial – estamos todos apaixonados pelo trabalho”.

Desde seu nascimento, o projeto do filme apresenta características próprias – o diretor de fotografia é o suiço radicado nos Estados Unidos, Ueli Steiger, que assina também trabalhos como os mega-sucessos de bilheteria (O Dia Depois de Amanhã, 10.000 AC e Godzilla).

Ueli desembarcou no Brasil com câmera, equipe e tudo o que uma super-produção pedia. Foram 8 semanas de filmagens intensas, algumas com mais de 1.500 pessoas no set.

As diferenças de Nosso Lar não param por aí. O trabalho minucioso na área musical também chamou a atenção da produção. “Ninguém menos do que o Philip Glass, um dos maiores compositores de cinema atualmente, se interessou pelo filme e compôs uma trilha completa para ele, além de ter sido gravada pela Orquestra Sinfônica Brasileira”, adianta o produtor executivo Luiz Augusto de Queiroz.








"A SUPREMA FELICIDADE", FILME DE ARNALDO JABOR, ESTREIA DIA 29 DE OUTUBRO


Último filme do cineasta foi "Eu sei que vou te amar", de 1986

O retorno de Arnaldo Jabor aos cinemas brasileiros já tem data marcada: A Suprema Felicidade estreia nas salas do país no dia 29 de outubro. Seu último trabalho para as telas foi Eu Sei Que Vou te Amar (1986), filme que alcançou cerca de 4 milhões de espectadores. As primeiras cenas de seu mais recente trabalho no cinema nacional já podem ser conferidas no trailer oficial, que a TV Divirta-CE colocou nessa matéria.

Produzido pela Ramalho Filmes e coproduzido e distribuído pela Paramount Pictures, o longa-metragem traz no elenco nomes como Marco Nanini, Dan Stulbach, Mariana Lima, Jayme Matarrazzo – em sua estreia no cinema -, Elke Maravilha, Tammy di Calafiori, Michel Joelsas, Caio Manhente, entre outros. O filme conta a história de Paulo, dos seus oito aos 18 anos. Ele descobre a amizade, o amor e o sexo, tendo como cenário o Rio de Janeiro dos anos 50 e 60.



“A Suprema Felicidade não tem gênero. Ele tem drama, comédia, amor etc. O filme se passa na transição dos anos 50 para 60, uma época forte, em especial no Rio de Janeiro. Era a mistura da depressão da década de 50 em contraponto à liberdade que aparecia fora de casa, no mesmo período que nasce a Bossa Nova”, conta Jabor.

O filme é poético, divertido, dramático, trágico, verdadeiro, mágico, musical, intenso e, acima de tudo, extremamente pessoal, como foram Eu Te Amo e Eu Sei Que Vou te Amar. Assim é A Suprema Felicidade. Um filme de Arnaldo Jabor. Um Jabor como você nunca viu. Um Jabor como você nunca leu. Um filme para deixar você mais feliz.








MIMO amplia sua combinação de música e cinema

A mostra de cinema da MIMO ganha independência e se transforma no Festival MIMO de Cinema. Este ano, 28 filmes ocuparão o Mercado da Ribeira e os pátios externos da Igreja da Sé e do Seminário de Olinda. A programação é gratuita.

O cinema sempre fez parte da programação na Mostra Internacional de Música em Olinda (MIMO). Desde 2004, a mostra de cinema da MIMO dá um charme especial ao festival, exibindo ao público, gratuitamente, filmes com temática musical – em sua maioria inéditos no circuito comercial. Em 2010, o espaço para o cinema na MIMO cresce e se transforma em festival, com perfil independente. Sob direção da produtora e cineasta Rejane Zilles, o Festival MIMO de Cinema ocorre de 3 a 7 de setembro, com projeção de curtas, médias e longa metragens, nas categorias de ficção e documentário. As sessões serão no Mercado da Ribeira e em frente à Igreja da Sé e Seminário, em Olinda. O festival não tem caráter competitivo e contempla ainda um ciclo de cinema mudo, mostras paralelas, palestras, debates e workshops.

Vinte e oito filmes serão exibidos no Festival MIMO de Cinema, um dos poucos no Brasil dedicados à combinação de cinema e música. A programação ocorre simultaneamente à de concertos da MIMO, promovendo um encontro inédito para a classe cinematográfica e musical. Para esta 7ª edição da MIMO, foram escolhidos filmes, que em sua grande maioria, não chegaram ao circuito comercial de Pernambuco. Assim, encontram no Festival MIMO de Cinema uma excelente janela de exibição e uma plateia interessada. O festival também representa uma plataforma de lançamento para filmes inéditos, promovendo estreias ancoradas pela mídia, que mira no início de setembro olhos e ouvidos para MIMO.

Espaços de exibição
Para esta edição, será montada uma estrutura de exibição dentro do Mercado da Ribeira - antigo local de comércio de escravos, datado do século 16. Lá, serão projetados os filmes de longa metragem da Mostra Panorama Brasil e toda a programação da mostra paralela Zona Subterrânea da Música. O espaço também abrigará as palestras e debates nos horários da tarde.

Em telão de grandes dimensões, instalado em frete à Igreja da Sé, serão projetados os filmes do Ciclo de CINEMA MUDO. Uma mostra composta por clássicos do período, com acompanhamento do músico Cadu Pereira, pianista de filmes mudos da Cinemateca do MAM (RJ) desde 1987 e o único em atividade constante no Brasil.

No belo pátio da Igreja do Seminário, ao ar livre, será exibida a Mostra de Curtas Metragens.


PROGRAMAÇÃO

Mostra de LONGAS METRAGENS BRASILEIROS
A programação será definida pela safra recente da produção nacional, com filmes preferencialmente inéditos em Pernambuco e com temáticas voltadas à música. Sempre levando em conta a qualidade artística da obra, a curadoria do festival selecionará cinco longas e dez curtas metragens para exibições diárias.

Ciclo de CINEMA MUDO
Uma pequena mostra de filmes mudos com acompanhamento de piano ao vivo. As sessões recriam um espetáculo cinematográfico do início da história do cinema, onde todas as exibições tinham trilha sonora executada por um músico solista, bandas e formações instrumentais. No Brasil, grandes artistas exerceram essa função, como Villa-Lobos, Francisco Mignone, Radamés Gnatalli, Pixinguinha e Chiquinha Gonzaga. Serão três dias consecutivos com exibições de clássicos dos anos 20, como:

- Os Sete Amores (Seven Chances) de Buster Keaton. EUA, 1925.
- O Filho do Sheik (The son of the Sheik) de George Fitzmaurice. EUA, 1926. com Rudolph Valentino, Vilma Banky, George Fawcett.
- O Aitaré da Praia de Gentil Roiz. Brasil, 1925. Clássico do "Ciclo do Recife", que foi responsável pela produção de mais de 10 longas-metragens, na década de 1920.


MOSTRA PARALELA Zona Subterrânea da Música
Fazem parte da programação filmes sobre artistas independentes, personagens polêmicos, personalidades musicais que caminharam no revés da engrenagem comercial, poetas e loucos geniais com biografias que renderam filmes instigantes. Um olhar sobre o clandestino, o secreto ou quase desconhecido, onde a tônica será destinada a talentos musicais que não estão nas faixas mais tocadas nas rádios. Serão exibidos longas, curtas e médias metragens, em programação diária, de aproximadamente 2 horas, durante quatro dias consecutivos.

CINEMA FALADO: Ciclo de Palestras, Debates e Workshops

Otimizando o rico ambiente promovido pelos dois festivais voltados para a música, será promovido o intercâmbio entre os músicos e os realizadores dos filmes, no Festival MIMO de Cinema. Um circuito de palestras, debates e workshops vai traçar um paralelo entre nossa produção musical e cinematográfica e dividir essas questões com o público. As discussões serão norteadas por temas como:

- A relação entre música e cinema

- A música como ponto de partida para o cinema

- A instigante produção musical x produção de cinema no Nordeste

- Trilhas sonoras brasileiras que marcaram época

- Os caminhos da composição para cinema na era do cinema digital

- Métodos de composição musical para o cinema

- Formas de criação de trilhas sonoras. Obra aberta ou fechada?

- Edição de Som e Mixagem para documentários sobre música


O QUE FOI EXIBIDO NAS EDIÇÕES ANTERIORES

Mais de 30 filmes de longa e curta metragem foram exibidos ao longo das edições passadas. Segue uma amostra de alguns destes filmes:

Edição 2004 e 2005: Nelson Freire, de João Moreira Salles / Tônica Dominante – de Lina Chamie, Villa-Lobos – uma vida de paixão, de Zelito Viana
Edição 2006: Vinicius – de Miguel Faria Jr / Diário de Naná – de Paschoal Samora
Edição 2007: Fabricando Tom Zé, de Décio Mattos Jr. / Brasileirinho, de Mika Kaurismäki / Cartola, de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda
Edição 2008: - Herbert de Perto, de Roberto Berliner e Pedro Bronz / Onde a Coruja Dorme, de Marcia Derraik e Simplicio Neto / Dona Helena, de Tainara Toffoli
Edição 2009: Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei, de Claudio Manoel, Micael Langer e Cavito Leal / Palavra (Em) Cantada, de Helena Solberg / - Orquestra dos Meninos, de Paulo Tiago/ Quebrando Tudo - Hermeto Paschoal, de Rodrigo Hinrichsen

E ainda os curtas metragens:

- Booker Pitmann, de Rodrigo Grota
- Vira Volta, de Heloísa Passos
- No Tempo de Miltinho, de André Weller
- Batuque na Cozinha, de Anna Azevedo
- Raphael Rabello, de Lara Velho e Mônica Ramalho
- Nós Somos um Poema , de Sergio Sbragia e Beth Formaggini
- Rua da Escadinha 162, de Márcio Câmara










BRASILEIROS VOLTAM DO HOLLYSHORTS FILM FESTIVAL PREMIADOS

O curta brasileiro Djinn, inspirado no livro do mesmo nome do autor Alain Robbe-Grillet, ganhou o prêmio de Melhor Curta Metragem na categoria Studant Short Films na 6° edição do HollyShorts Film Festival (5 a 12 de agosto). Estrelado por Érika Sanches, ex-modelo da L’Oreal e hoje dona de um dos refúgios hoteleiros mais cobiçados no sul da Bahia – Hotel Maitei, e dirigido por Eliane Lima, cineasta conhecida por trabalhar com experimentação de imagens, o filme surpreendeu a platéia com as suas cenas todas feitas com montagens de fotografias.

Érika Sanches recebeu o convite para prestigiar a festa de premiação e foi conferir de perto com o marido Luciano Soares a performance do curta estrelado por ela, a ex- modelo é pé quente e voltou de Los Angeles feliz com o resultado.








CINECLUBE VILA DAS ARTES

Filmes do cinema nacional entram em cartaz no Cineclube Vila das Artes todas as quartas,às 18h30.

Com sessões gratuitas a Mostra Cinema Nacional entra em cartaz a partir desta quarta (11) no Cineclube Vila das Artes e vai até o fim de setembro. Na programação filmes do cinema mudo como “Braza Dormida” de Humberto Mauro, exibido dia 11, e “Limite” (18) do cineasta Mário Peixoto, o qual se tornou um cult lendário e foi escolhido por David Bowie como o único filme brasileiro entre seus dez favoritos da América Latina. Na sequência, (dia25) “O Pagador de Promessa” roteirizado e dirigido por Anselmo Duarte que ganhou a única Palma de Ouro dada a um filme brasileiro no Festival de Cannes. Em setembro tem filmes consagrados como: “Vidas Secas”, de Nelson Pereira dos Santos, “Terra em Transe”, de Glauber Rocha, “O Bandido da Luz Vermelha”, de Rogério Sganzerla, “Matou a Família e Foi ao Cinema”, de Júlio Bressane e “Mar de Rosas”, com direção de Ana Carolina. O Cineclube acontece sempre às quartas-feiras às 18h30 e após a exibição tem bate papo com convidados. O que também pode ser conferido ao vivo pelo canal www.ustream.tv/channel/cineclube-da-vila.

Programação

Agosto
Dia 11 - Braza Dormida (1929), de Humberto Mauro
Dia 18 -Limite (1931), de Mário Peixoto - foto
Dia 25 - O Pagador de Promessas (1962) de Anselmo Duarte

Setembro
Dia 01 - Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos
Dia 08 - Terra em Transe (1967), de Glauber Rocha
Dia 15 - O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla
Dia 22 - Matou a Família e Foi ao Cinema (1969) de Júlio Bressane
Dia 29 - Mar de Rosas (1977) de Ana Carolina








Mais do gênero “violência”


'400 Contra 1' mostra a criação do Comando Vermelho com Daniel de Oliveira e Daniela Escobar



Os filmes sobre violência, criminalidade e pobreza são quase um gênero no cinema brasileiro contemporâneo. Gênero que rendeu ao menos dois títulos marcantes: Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007). “400 Contra 1 - Uma História do Crime Organizado”, do diretor Caco Souza, que estreou na sexta-feira (6), poderia facilmente se inserir entre estes "clássicos". Afinal, conta o surgimento da organização criminosa Comando Vermelho, nos anos 70, em plena ditadura militar, no presídio da Ilha Grande, no Rio de Janeiro, e mostra como a convivência entre presos políticos e comuns deu no que vemos hoje em dia: bandidos treinados e bem aparelhados a desafiar o poder público.
O mentor da trupe é William da Silva Lima (Daniel de Oliveira, no ar atualmente como o Agnello da novela Passione), assaltante de bancos que numa temporada na Ilha Grande passa a reinvindicar, para ele e para seus companheiros, por regalias iguais às dos presos políticos. O filme se baseia no relato autobiográfico homônimo escrito pelo próprio William.



História semelhante foi contada pela diretora Lúcia Murat no sensível e pouco visto Quase Dois Irmãos (2004). O ponto de vista, no entanto, era o dos militantes de esquerda, que compartilhavam seus ensinamentos de guerrilha com os outros detentos, e a abordagem oscilava entre o drama político e o social. 400 Contra 1 enfoca o lado dos bandidos, que envergando estilosos ternos e óculos escuros assaltavam bancos para garantir o próprio sustento e dos companheiros, além de deixarem uma quantia para a "caixinha" da organização.


Tal enredo é narrado com uma linguagem pop que não dispensa a trilha sonora sacolejante de soul e funk, montagem acelerada e inúmeros flashbacks em meio a alguns banhos de sangue. Tudo para tornar o produto atraente aos olhos do público que hoje em dia lota os multiplexes. Mas os vaivéns no tempo também dificultam o entendimento da trama pelo espectador, que lá pelas tantas já não sabe em que ano está correndo determinada ação.



Os atores (Daniela Escobar, Fabrício Boliveira, Branca Messina e até a cantora Negra Li, numa pequena participação) defendem seus personagens com empenho, mas o mesmo cuidado dedicado à parte visual não se aplica ao roteiro. Os tipos são unidimensionais, sem qualquer motivação para agirem daquela forma, e os diálogos não melhoram em nada a situação.
O esforço em se fazer um policial à brasileira é louvável e compreensível num mercado que ainda produz escassos sucessos de bilheteria e tenta se firmar como indústria, mas parece um desperdício resumir uma trama tão complexa e necessária em apenas alguns tiroteios e mortes em ritmo de videoclipe.







''É preciso se pensar numa alternativa para lançar filmes no Brasil'', diz André Klotzel


> Atriz Ana Lúcia Torre aparece em cena de ''Reflexões de um Liquidificador''

Para enfrentar a fria lógica comercial que marginaliza os filmes que, à primeira vista, não possam ser classificados como potenciais blockbusters, o cineasta André Klotzel decidiu adotar uma estratégia de guerrilha para lançar seu novo filme, a comédia de humor negro “Reflexões de um liquidificador”, marcando sua estreia em plena segunda-feira (9).

‘É preciso procurar outros caminhos. Não se pode considerar a falta de alternativas. Não sei se essa estratégia é a melhor, mas é a que estamos fazendo”, disse em entrevista ao UOL Cinema o diretor, que tem em seu currículo filmes como “Marvada Carne” (1985) e “Capitalismo Selvagem” (1993). A estratégia que ele cita consiste em colocar o longa, estrelado por Ana Lúcia Torre e com a voz de Selton Mello, em cartaz apenas em uma sala de São Paulo (o Espaço Unibanco) a preços mais baixos do que os ingressos convencionais – variando entre R$2 e R$16. Além disso, todas as sessões são acompanhadas de um curta e as duas últimas de cada dia também de um show de comédia de stand up.

Klotzel defende que os filmes precisam de um tempo em circuito para fazer um boca-a-boca e serem descobertos pelo público. “Fiquei espantado quando ‘É Proibido Fumar’ [lançado no final do ano passado] ficou tão pouco tempo em cartaz. Um filme ótimo, ganhador de diversos prêmios, com atores bastante famosos, ótimo potencial de público e que teve uma passagem meteórica pelas salas de cinema”, lamenta.

“Reflexões de um Liquificador” ficará oito semanas em cartaz na mesma sala. Segundo o diretor, tempo suficiente para ser descoberto e recomendado pelo público. Ainda não há datas definidas para lançamentos em outras cidades, mas Klotzel pensa em recorrer a esse mesmo esquema, ou algum parecido. “É uma experiência, uma aposta. Vamos ver o que acontece para que possamos aperfeiçoar esse tipo de lançamento diferenciado”. Ele também não descarta a possibilidade de outros chegarem às salas de uma forma diferente.
Humor negro dá o tom ao filme

“Reflexões de um Liquidificador” é uma comédia com tons bem negros, mas nada hermético. Pelo contrário, é um filme de apelo popular sem ser popularesco, ou seja, com inteligência. Klotzel conta que foi difícil achar o tom certo, um humor negro que não beirasse o terror. “Acho que foi uma conjunção de fatores: o elenco, a música [de Mario Manga], a fotografia [de Ulrich Burtin]. O filme foi muito pensado, muito planejado. Não podíamos pesar a mão”.

O roteiro assinado pelo dramaturgo Jose Antonio de Souza tem como protagonista Elvira (Ana Lúcia Torres), uma mulher de meia idade, classe média baixa, cuja vida muda radicalmente depois do sumiço do marido. Seu confidente é um liquidificador antigo – dublado por Selton Mello –, que funciona como uma espécie de cúmplice e voz da consciência. “A ideia do filme é procurar o lado belo das pessoas, especialmente naquelas que não são jovens ou ricas”, comenta.

Klotzel confessa que só foi pensar na escolha da atriz que faria a protagonista perto das filmagens, que aconteceram em 2008. “Para falar a verdade, quando mencionaram a Ana Lúcia, eu não conhecia muito o trabalho dela. Ela nunca tinha sido protagonista em cinema. Quando comecei a pesquisar, descobri que ela é uma grande atriz respeitadíssima, uma grande dama do teatro”. A escolha de Selton, por sua vez, foi por conta das habilidades vocais do ator, que também já trabalhou como dublador em desenhos animados, além de um curta (“Sete vidas”), no qual ele empresta a voz a um gato.

Durante as filmagens, como Selton não estava presente, Klotzel ou alguém de sua equipe lia as "falas" do liquidificador para que Ana Lúcia tivesse com quem contracenar. “Pensamos em outras alternativas, como ponto eletrônico, ou mesmo outro ator, mas nenhuma funcionaria bem. Então nós líamos a fala sem qualquer entonação, de forma neutra. Mais tarde, quando as cenas estavam rodadas, Selton gravou a sua parte. Ele interagia com a interpretação da Ana Lúcia”.







Uma noite na MPB

Documentário em cartaz no Espaço Unibanco Dragão do Mar refaz história da música brasileira a partir da grande final do festival de 1967


É impossível esquecer aquela noite. Ao mesmo tempo, como é difícil recordá-la. A final do 3º Festival da Música Popular Brasileira, exibida pela Record em 21 de outubro de 1967, ficou congelada na memória do público como um momento único. "Não temos nada para ensinar aos jovens de hoje", diz Sérgio Ricardo. Para seus protagonistas, porém, se foi alegria, foi também perturbação. É isso que revela, quatro décadas mais tarde, "Uma Noite em 67", documentário de Renato Terra e Ricardo Calil.
Por meio dos arquivos da TV Record e de depoimentos de quem estava lá, o filme revê um momento que iria se provar fundamental para a forma que assumiria, a partir dali, a música brasileira. Há Chico Buarque ("Roda Viva"), Caetano Veloso ("Alegria, Alegria"), Gilberto Gil ("Domingo no Parque") e Roberto Carlos ("Maria, Carnaval e Cinzas") a defender suas canções. E há todos eles a rememorar aquela noite. "Eu era um fantasma no palco", diz Gil, que caiu de cama, em pânico, horas antes da apresentação.



É desses reencontros profundos com o passado que se constitui o filme. Fica claro que os diretores sabiam que muitos, como Caetano e Gil, tiveram suas falas sobre aquela noite banalizadas, tamanha a quantidade de entrevistas dadas a respeito. Tinham também em mente que outros, como Chico e Roberto, dificilmente baixariam a guarda. "Era fundamental criar uma cumplicidade. Nós nos preparamos muitos e tentamos ser delicados, respeitosos", diz Calil.
Com isso, arrancaram de cada um momentos de graça, emoção e intimidade, como raras vezes se veem na tela. "Ao ver o filme, assustei-me mais com suas revelações do que em me ver naquela agonia de não poder mostrar uma música", diz Sergio Ricardo que, impedido pelo público de cantar "Beto Bom de Bola", atirou a viola à plateia. O filme traz à luz a cena inteira, e não apenas a explosão. "Me sinto de alma lavada." Há também um quê de acerto de contas no que sente Marília Medalha, que cantou, com Edu Lobo, "Ponteio", a grande vencedora da disputa de jovens gigantes. "Fui espoliada após o festival, não só por pessoas da música, mas também por artistas do universo teatral", diz. "Com o AI-5 [1968], o negócio piorou muito. Num show com Vinicius [de Moraes], fui proibida de cantar 'Ponteio'. Não descobri se era por causa da música ou por saberem que tinha vínculos com presos políticos", diz.
A entrevista com Medalha, como dezenas de outras --entre elas as de Ferreira Gullar, Chico Anysio, Arnaldo Batista, Martinho da Vila--, ficou fora do corte final do filme. Estarão todos no DVD. A opção de concentrar-se nas cinco primeiras classificadas faz com que cada canção seja vista de ponta a ponta. Por meio dessas imagens, o espectador não só conhece os maiores artistas da MPB quando jovens, como também visita os primórdios da TV. Ali, o cigarro em cena era tão natural quanto o jovem Chico, com 23 anos, apresentar-se de smoking.








‘O bem amado’ no cinema

Uma das produções mais marcantes da história da TV chega à telona


Filme tem direção de Guel Arraes. Matheus Nachtergaele e Marco Nanini, os novos Dirceu Borboleta e Odorico Paraguaçu

O escritor, dramaturgo e autor de novelas Dias Gomes escreveu a peça “O bem amado” no início dos anos 1960, inspirado na figura do político corrupto Odorico Paraguaçu. Eleito prefeito de Sucupira, para chamar a atenção dos eleitores ele fez de tudo, até conseguir construir aquela que seria a grande obra do seu governo: um cemitério. Para inaugurá-lo ainda dentro do mandato, precisava que algum conterrâneo passasse desta para melhor e, entrava ano e saía ano, ninguém morria por perto. Na tentativa de reverter a situação, o governante tramou golpes sujos com o objetivo de dar fim num dos habitantes de Sucupira. Com roteiro original, o autor fez sucesso no teatro, em livro e depois em novela e seriado de televisão. O público ria da politicagem que parecia caricatural, um tanto distante da realidade daqueles tempos. Quarenta anos depois, a narrativa saltou da ficção para a realidade, com contornos bem mais mirabolantes. Hoje, não é difícil encontrar personagens da vida real bem próximos aos da trama de Dias Gomes. Os mesmos tipos voltam agora em adaptação para o cinema.

> Irmãs Cajazeiras modernizadas. Dorotéia (Zezé Polessa), Judicéia (Drica Moraes) e Dulcinéia (Andréa Beltrão)

Dirigido por Guel Arraes, o mesmo de “O auto da Compadecida” e “TV Pirata”, o novo “O bem amado”, que estreia no próximo fim de semana, chega em momento oportuno – perto das eleições. Marco Nanini vive Odorico Paraguaçu, papel que já foi de Procópio Ferreira no teatro e de Paulo Gracindo na TV. Matheus Nachtergaele é o inesquecível Dirceu Borboleta, defendido no passado por Emiliano Queiroz. A escalação conta com outros astros: José Wilker é o cangaceiro Zeca Diabo e as atrizes Andréa Beltrão, Zezé Polessa e Drica Moraes são as solteironas irmãs Cajazeiras, que fazem de tudo para conquistar o prefeito. Antes da fase carioca, os artistas alteraram a rotina da pacata Marechal Deodoro, em Alagoas, onde foram realizadas as externas, com a ajuda de 2 mil figurantes.
Produzido por Paula Lavigne em parceria com a Globo Filmes e a Buena Vista Internacional, “O bem amado”, com roteiro de Claudio Paiva (Radical Chic) e do próprio Guel Arraes, é uma das principais apostas do ano.



Orçado em R$ 10 milhões, o projeto tem temática mais atual do que nunca. “Está cheio de Sucupira por aí! O Dias Gomes teve uma inspiração premonitória”, sugere Guel. A atriz Zezé Polessa pensa de maneira semelhante: “Parece uma coisa profética. ‘Evoluímos’ para trás”, lamenta. A opção desta vez é por um filme de época, mas com abordagem atual. O diretor explica que não havia por que recuperar tipos como coronéis ou beatas, bem distantes da atualidade. Em vez deles, o prefeito Odorico agora é um sujeito mais próximo dos políticos espertalhões de hoje e as irmãs Cajazeiras são como as socialites. “Estamos contando a mesma história 40 anos depois. A corrupção deu uma evoluída.

> Paulo Gracindo com as "irmãs Cajazeiras" da versão da TV de "O bem amado"

O bem amado é uma sátira da elite brasileira, que é provinciana”, diz.
O exagero na interpretação é ponto em comum entre os projetos. Antigamente, Emiliano Queiroz lançou mão de trejeitos e da gagueira excessiva para compor o seu Dirceu Borboleta, auxiliar do prefeito Odorico, assim como as atrizes Ida Gomes, Dorinha Duval e Dirce Migliaccio foram intensas ao imprimir o comportamento falsamente moralista nos seus tipos. A orientação na adaptação cinematográfica é seguir a mesma direção. “O tom é exagerado. Talvez até mais. Todos os atores que estão no filme têm uma característica comum: fazem o exagero com verdade. São atores de comédia, que conseguem transitar bem no drama”, avalia Guel. A atriz Zezé Polessa, que vive Dorotéia, a mais velha das Cajazeiras, papel que foi de Ida Gomes, está tentando seguir à risca as orientações. “Ela é uma virgem que considera este o maior trunfo para conquistar o coração e o posto de primeira-dama.” O figurino é um aliado. “Trará características de época, ao mesmo tempo que é fashion”, descreve Zezé. Há outras nuances no projeto.
O bem amado foi escrito na democracia e encenado no teatro e adaptado para a televisão em plena ditadura. Em meio à censura, o projeto conseguia tratar de temas como a corrupção por vias enviesadas, por meio da sátira. Hoje, o contexto é bem mais promissor para debochar dos meandros dos jogos de poder. “Podemos rir abertamente e falar, inclusive, da esquerda que está no poder. É possível achar graça nas situações, o momento é bom para a sátira política e não conheço outra obra no Brasil neste gênero.



Odorico não é uma paródia de um político específico. É como a síntese do que acontece. Tem a qualidade de ser um microcosmo do Brasil”, avalia o diretor. A presença dos outros personagens na memória coletiva é, ao mesmo tempo, mérito e desafio do filme. Para o diretor, o elenco atual deverá surpreender: “Será meio místico também”. Zezé Polessa vê outros trunfos. “O público vai rir porque este corrupto bem-amado vai ser punido ao final.” Pelo menos na ficção, a história terá um final feliz.

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