'Predadores' esquece a ação e exagera no suspense
Os primeiros minutos de "Os Predadores" vão passando e cria-se uma tensão no ar que não deveria ser aquela a nos preocupar: estaríamos em um filme de aventura como todos os "Predadores" que assistimos ou diante de mais um suspense abilolado de M Night Shyamalan? Ou seria mais um episódio de "Lost", com aquelas teorias conspiratórias de universo paralelo do universo paralelo? Complexo? Explica-se: Quando os protagonistas desta história caem, literalmente, de paraquedas sobre uma floresta tropical e passam a se questionar sobre por que eles foram parar ali do absoluto nada, você se dá conta de que exageraram no suspense e esqueceram da aventura de ficção marcada pela franquia "Predador". Mas coincidências ou homenagens à parte, a velha brincadeira de fazer a contagem regressiva dos coadjuvantes que vão morrer primeiro logo começa e se torna um tanto óbvia e sem graça a nova-velha trama de "Predadores".
Agora, o mocinho da trama é interpretado por Adrien Brody, uma escalação no gênero "chamem o Kaká bad boy" pra seleção. Vitaminado por uma dieta rica em proteínas e muita academia (digamos que ele é um Taylor Lautner para mulheres maduras e sabidas), ele surge em um contexto internacional bem menos bipolar e tudo tende a ficar mais complexo. O time que precisa sobreviver é formado por pessoas de várias nacionalidades que, como ponto de interseção, encontram um natural instinto de sobrevivência e índoles duvidosas. A selva que serve de cenário não mais se encontra na América Central de ditadores financiados pelo governo americano. A solução diplomática do filme é colocar todo mundo num planeta distante, uma Pandora sem os seres espirituais de James Cameron (e, para alívio de nossos olhos, sem 3D também). Entre todo mundo está uma bem segura Alice Braga, a atriz brasileira aqui no papel de uma militar israelense que não brinca em serviço e, ao contrário de todo o resto do grupo, assistiu ao filme de 1987 com Schwarzenegger. O que na narrativa do filme se traduz em: "sim, eu sou do exército e sei que lá dos anos 80 um cara musculoso se melou de lama para conseguir sobreviver a esses monstros."
Em se falando neles, os novos Predadores, eles surgem "reloaded" em cena, mais mortais, indestrutíveis e sedentos do que nunca. São também bem maiores que seus antecessores, o que gera uma rixa interna entre distintas versões dessa estranha espécime de monstros com dreadlocks na cabeça. Os efeitos especiais usados para mostrar a conhecida camuflagem transparente dos vilões são bons, mas há algo de propositalmente mal retocado neles, algo que prova a assinatura de Robert Rodriguez. Aliás, a lembrar que Rodriguez é apenas o produtor desta história, sendo a direção assinada por Nimród Antal. Essa distribuição de cargos, no entanto, não convence e em vários momentos vemos a câmera lenta vingativa de Rodriguez em cena.
Aliás, são nesses (raros) momentos de catarse violenta que o filme consegue mostrar algum valor. Se alguém é da época daquela propaganda do "viemos pra beber ou pra conversar" vai entender que o filme deveria ter mais ação e menos conversa. "Predadores" ainda conta com Laurence Fishburne no elenco, numa participação especial e rápida.
História real (e surpreendente) de amor gay
Baseado em fatos reais, filme com Jim Carrey e Rodrigo Santoro estreia no Multiplex UCI Ribeiro Iguatemi com cenas quase explícitas
Jim Carrey cobrou o valor mínimo da tabela do sindicato dos atores para fazer “O Golpista do Ano”, e garantir que a produção tivesse dinheiro para ser concluída. O filme que finalmente estreia hoje no Multiplex UCI Ribeiro Iguatemi, mas foi produzido há anos, teve enormes dificuldades para encontrar um distribuidor nos Estados Unidos e no Brasil, talvez por puro preconceito e pela ousadia da película.
Uma história de amor gay, com cenas quase explícitas, protagonizada por grandes astros. Uma obra que ousa em constantes mudanças de gênero (comédia, drama, romance, filme de prisão) e nas intermináveis reviravoltas na trama. Na verdade, é inacreditável que “O Golpista do Ano” é baseado em uma história real. O filme é a biografia de Steven Russell (Carrey), garoto adotado que se torna um homem religioso, um marido e pai dedicado, um policial de respeito. Até que um dia ele quase perde a vida em um acidente de carro e decide sair do armário e mudar de vida.
Logo ele descobre que ser gay pode custar caro – literalmente. Ele torra todo seu dinheiro para bancar uma vida glamorosa para si e para seu namorado (Rodrigo Santoro, com um papel mais consistente e uma atuação mais convincente do que em outras experiências internacionais).
Para manter o luxo, Russell vai para o outro lado da lei: vira um golpista. Mas ele logo é descoberto e preso. Na cadeia, se apaixona pelo delicado Phillip Morris (Ewan McGregor). Com mais outros golpes, ele consegue sair da prisão e, algum tempo depois, tirar também o namorado. Em vários momentos, “O Golpista do Ano” correrá o risco de ofender tanto pessoas politicamente corretas quanto homofóbicas.
Trio de cineastas faz filme-homenagem sobre Tóquio
Michel Gondry, Leos Carax e Bong Joon-Ho dirigem 'Tokyo!' Produção tem proposta semelhante a de 'Paris, te amo'.
Os cineastas Michel Gondry, Leos Carax e Bong Joon-Ho dirigem três histórias sobre a cidade de Tóquio em filme que estreia esta semana no Multiplex UCI Ribeiro Iguatemi. A proposta do filme “Tokio!” é semelhante a da produção “Paris, te amo” (2006), que reuniu diversos diretores como Gus Van Sant, Walter Salles e os irmãos Coen em curtas-metragens tendo a capital francesa como pano de fundo.
Cada uma das três histórias terá 40 minutos. Entre os nomes mais conhecidos, estão o dos franceses Julie Dreyfus e Denis Lavant. A maioria do elenco é composta por atores japoneses.
Gondry, diretor de “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”, é autor de “Interior design”, que fala sobre um casal de artistas que se muda para a capital japonesa e tenta se acostumar com seu ritmo frenético.
O francês Leos Carax dirige “Merde”. Inspirada no Godzilla, a história fala sobre o pânico causado quando uma criatura monstruosa invade Tóquio. Já “Shaking Tokyo” um jovem amante da literatura, que vive isolado em seu apartamento, vê sua vida mudar quando ele se apaixona pela garota entregadora de pizza.
“Tokyo!” teve sua primeira exibição no Festival de Cannes, em 14 de maio. Em 16 de agosto estreou no Japão e em setembro nos Estados Unidos.
‘O bem amado’ no cinema
Uma das produções mais marcantes da história da TV chega à telona
Filme tem direção de Guel Arraes. Matheus Nachtergaele e Marco Nanini, os novos Dirceu Borboleta e Odorico Paraguaçu
O escritor, dramaturgo e autor de novelas Dias Gomes escreveu a peça “O bem amado” no início dos anos 1960, inspirado na figura do político corrupto Odorico Paraguaçu. Eleito prefeito de Sucupira, para chamar a atenção dos eleitores ele fez de tudo, até conseguir construir aquela que seria a grande obra do seu governo: um cemitério. Para inaugurá-lo ainda dentro do mandato, precisava que algum conterrâneo passasse desta para melhor e, entrava ano e saía ano, ninguém morria por perto. Na tentativa de reverter a situação, o governante tramou golpes sujos com o objetivo de dar fim num dos habitantes de Sucupira. Com roteiro original, o autor fez sucesso no teatro, em livro e depois em novela e seriado de televisão. O público ria da politicagem que parecia caricatural, um tanto distante da realidade daqueles tempos. Quarenta anos depois, a narrativa saltou da ficção para a realidade, com contornos bem mais mirabolantes. Hoje, não é difícil encontrar personagens da vida real bem próximos aos da trama de Dias Gomes. Os mesmos tipos voltam agora em adaptação para o cinema.
> Irmãs Cajazeiras modernizadas. Dorotéia (Zezé Polessa), Judicéia (Drica Moraes) e Dulcinéia (Andréa Beltrão)
Dirigido por Guel Arraes, o mesmo de “O auto da Compadecida” e “TV Pirata”, o novo “O bem amado”, que estreia no próximo fim de semana, chega em momento oportuno – perto das eleições. Marco Nanini vive Odorico Paraguaçu, papel que já foi de Procópio Ferreira no teatro e de Paulo Gracindo na TV. Matheus Nachtergaele é o inesquecível Dirceu Borboleta, defendido no passado por Emiliano Queiroz. A escalação conta com outros astros: José Wilker é o cangaceiro Zeca Diabo e as atrizes Andréa Beltrão, Zezé Polessa e Drica Moraes são as solteironas irmãs Cajazeiras, que fazem de tudo para conquistar o prefeito. Antes da fase carioca, os artistas alteraram a rotina da pacata Marechal Deodoro, em Alagoas, onde foram realizadas as externas, com a ajuda de 2 mil figurantes.
Produzido por Paula Lavigne em parceria com a Globo Filmes e a Buena Vista Internacional, “O bem amado”, com roteiro de Claudio Paiva (Radical Chic) e do próprio Guel Arraes, é uma das principais apostas do ano.
Orçado em R$ 10 milhões, o projeto tem temática mais atual do que nunca. “Está cheio de Sucupira por aí! O Dias Gomes teve uma inspiração premonitória”, sugere Guel. A atriz Zezé Polessa pensa de maneira semelhante: “Parece uma coisa profética. ‘Evoluímos’ para trás”, lamenta. A opção desta vez é por um filme de época, mas com abordagem atual. O diretor explica que não havia por que recuperar tipos como coronéis ou beatas, bem distantes da atualidade. Em vez deles, o prefeito Odorico agora é um sujeito mais próximo dos políticos espertalhões de hoje e as irmãs Cajazeiras são como as socialites. “Estamos contando a mesma história 40 anos depois. A corrupção deu uma evoluída.
> Paulo Gracindo com as "irmãs Cajazeiras" da versão da TV de "O bem amado"
O bem amado é uma sátira da elite brasileira, que é provinciana”, diz.
O exagero na interpretação é ponto em comum entre os projetos. Antigamente, Emiliano Queiroz lançou mão de trejeitos e da gagueira excessiva para compor o seu Dirceu Borboleta, auxiliar do prefeito Odorico, assim como as atrizes Ida Gomes, Dorinha Duval e Dirce Migliaccio foram intensas ao imprimir o comportamento falsamente moralista nos seus tipos. A orientação na adaptação cinematográfica é seguir a mesma direção. “O tom é exagerado. Talvez até mais. Todos os atores que estão no filme têm uma característica comum: fazem o exagero com verdade. São atores de comédia, que conseguem transitar bem no drama”, avalia Guel. A atriz Zezé Polessa, que vive Dorotéia, a mais velha das Cajazeiras, papel que foi de Ida Gomes, está tentando seguir à risca as orientações. “Ela é uma virgem que considera este o maior trunfo para conquistar o coração e o posto de primeira-dama.” O figurino é um aliado. “Trará características de época, ao mesmo tempo que é fashion”, descreve Zezé. Há outras nuances no projeto.
O bem amado foi escrito na democracia e encenado no teatro e adaptado para a televisão em plena ditadura. Em meio à censura, o projeto conseguia tratar de temas como a corrupção por vias enviesadas, por meio da sátira. Hoje, o contexto é bem mais promissor para debochar dos meandros dos jogos de poder. “Podemos rir abertamente e falar, inclusive, da esquerda que está no poder. É possível achar graça nas situações, o momento é bom para a sátira política e não conheço outra obra no Brasil neste gênero.
Odorico não é uma paródia de um político específico. É como a síntese do que acontece. Tem a qualidade de ser um microcosmo do Brasil”, avalia o diretor. A presença dos outros personagens na memória coletiva é, ao mesmo tempo, mérito e desafio do filme. Para o diretor, o elenco atual deverá surpreender: “Será meio místico também”. Zezé Polessa vê outros trunfos. “O público vai rir porque este corrupto bem-amado vai ser punido ao final.” Pelo menos na ficção, a história terá um final feliz.
Um filme estranho
Primeiro longa metragem do cineasta cearense Petrus Cariry, "O grão" está sendo exibido no Espaço Unibanco Dragão do Mar
A produção cearense "O grão", chegou ao Espaço Unibanco Dragão do Mar: um filme singular, ou seja, a experiência de assisti-lo não pode facilmente ser compensada. Nascido em 1977, em Fortaleza, o cineasta Petrus Cariry, formado em webdesing pela Faculdade Integrada do Ceará, dirigiu vários curtas como “A Ordem dos Penitentes” - 35 mm (2002), “Uma jangada chamada Bruna” - HDTV (2003), “A velha e o mar” - 35 mm (2005), “Dos restos e das Solidões” - 35 mm (2006)”. O filme “A Velha e o Mar” e o curta “Dos Restos e das Solidões” foram premiados em importantes festivais nacionais com mais de 30 prêmios. “A velha e o Mar” participou de festivais internacionais de cinema como Havana e Tókio.
Petrus Cariry acumula mais 40 prêmios com seus curtas. “O Grão” é seu primeiro longa-metragem, obra cinematográfica contemplada em concurso do Minc. O filme participou de 50 festivais e recebeu mais 25 prêmios internacionais e nacionais. No momento, Petrus prepara o seu novo projeto de longa metragem o filme “Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois”.
Assistindo "O Grão" estamos quase diante de um filme de ficção sem enredo. É na história que a velha Perpétua conta a seu neto Zeca, sobre um rei e uma rainha que perderam seu único filho que percebemos uma narrativa-dentro-da-narrativa: Perpétua, percebendo a morte que se aproxima; Zeca, mergulhando cada vez mais tanto na solidão quanto na descoberta do mundo; seus pais, repetindo ao infinito as mesmas ações, essenciais para a sobrevivência da família, como provavelmente já faziam anos antes de invadirmos um momento de suas vidas com nosso olhar.
Alguém pode se perguntar se não há ação dramática - a impressão é de um circularidade dos grandes mitos. No filme do filho do cineasta Rosemberg Cariry, vida e morte se entrelaçam, são parte uma da outra, aspectos da mesma realidade, e esta não se transforma. Os pequenos e cotidianos atos de sobrevivência num mundo arcaico como o apresentado pelo filme, por sua vez, produzem a nítida impressão de que se realizam desde sempre, e que se realizarão para sempre se não houver algum elemento, externo àquele mundo, que os transforme.
A eficiência do conjunto é facilmente comprovada pela variedade de leituras que permite. É possível imaginar "O grão" como retrato de um Brasil rural e arcaico – e o caráter documental de boa parte de suas imagens, apreendendo modos de fazer, reforça este olhar. É possível pensá-lo, também, como obra de completa universalidade, sobre vida e morte, perda e crescimento, objeto e símbolo. Podemos até mesmo vê-lo como drama de iniciação, obra sobre um jovem indivíduo que precisa passar por alguma provação antes de se alcançar um estágio mais elevado de sua existência. Qualquer que seja a leitura, é bom que o espectador esteja preparado. Nos ritmos lentos ou na lógica incomum, "O grão" é filme estranho, daqueles que fazem a gente sair do cinema sentindo algum desconforto em relação tanto a nós mesmos quanto ao mundo que nos cerca.
O último desenho de Shrek
Personagem vive crise de meia-idade em filme 3D que põe fim à série
Consertar privada, cuidar de três filhos pequenos e não ter um único momento de sossego deixa qualquer pessoa enlouquecida. Qualquer ogro também. Em "Shrek para Sempre", que estreia no Brasil na sexta-feira (9), o grandalhão verde vive uma crise de meia-idade e começa a se irritar com a rotina de fraldas, tumultos e reclamações. O que piora ainda mais a situação é que ninguém mais tem medo dele, e Shrek quer se sentir ogro novamente. "Eu me tornei uma piada esverdeada", diz em um trecho. Em "Shrek para Sempre", o ogro assina pacto com o persuasivo Rumpel e vive uma realidade alternativa
No quarto e último filme da série, que chega pela primeira vez em 3D, o vilão Rumpelstiltskin aparece para mexer com a vida de todos --o personagem foi retirado de um conto de fadas dos irmãos Grimm, publicado em 1812. Persuasivo, convence Shrek a assinar um pacto para conseguir o que deseja: ele ganha "um dia de ogro", mas precisa dar, em troca, um dia de sua vida. E é aí que uma realidade paralela surge na história.
Fiona, o Burro e o Gato de Botas agora são meros desconhecidos, e o reino de Tão Tão Distante está dominado por Rumpel e seu exército de bruxas. Shrek terá que ser forte se quiser reconquistar a confiança dos amigos e ganhar, mais uma vez, o amor de Fiona. Destaque para as danças supercoreografadas do filme, que ocorrem quando um flautista mágico "comanda" os movimentos dos ogros e das bruxas. Aliás, Shrek aparece voando em uma das cenas. O Burro e o Gato também protagonizam momentos engraçados, mas nada como a frase "Faz o urro! Faz o urro!", que um pequeno e emburrado fã repete insistentemente ao ogro.
Astros do cinema no Brasil
Tom Cruise e Cameron Diaz estiveram no país lançando o filme de ação “Encontro Explosivo”
Tom Cruise fez embaixadinhas e diz que é fã do cinema brasileiro
No Rio, Cameron Diaz diz que não vive sem "depilação brasileira"
Os astros de Hollywood Tom Cruise, 48, e Cameron Diaz, 37, estiveram na terça-feira (6) no Brasil para lançamento do filme "Encontro Explosivo". O filme terá pré-estreia em Fortaleza hoje e amanhã, no Multiplex UCI Ribeiro Iguatemi, às 21h45 e 00h05.
Em sua visita ao Rio de Janeiro Tom Cruise disse considerar "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, "maravilhoso".
Cruise recebeu uma bola de futebol da equipe do programa "CQC", da Band, e até arriscou fazer algumas embaixadas. Ele também foi presenteado com uma camisa da seleção brasileira com o nome "Tomzinho" nas costas. Sabrina Sato chegou cedo e conseguiu entregar uma vuvuzela amarela para o astro e fotografar ao lado dele. Cruise veio ao Brasil no ano passado com sua esposa, a atriz norte-americana Katie Holmes, e a filha Suri para promover o filme "Operação Valquíria" sobre a Segunda Guerra Mundial. O ator, que já esteve no país em outras ocasiões, disse gostar muito do Brasil e dos brasileiros.
Ele também não demonstrou preocupação com a bilheteria do filme, considerada fraca para um título com duas grandes estrelas. “Encontro explosivo” arrecadou em duas semanas cerca de US$ 50 milhões (R$ 88 milhões), menos que "Toy Story 3" em um fim de semana.
A atriz Cameron Diaz surgiu num vestido verde escuro com uma fenda que deixava suas pernas à mostra no Vivo Rio, local da pré-estreia. Por cerca de uma hora e meia, eles tiraram fotos e distribuíram autógrafos aos fãs que aguardavam no local, além de conversar com a imprensa. Perguntada pela repórter do "Pânico na TV", da RedeTV!, se ela era adepta da depilação com cera --nos Estados Unidos, conhecida como "depilação brasileira", Cameron Diaz foi rápida: "Sim!", respondeu. "As americanas não vivem sem a depilação brasileira." A atriz disse ainda que adorou o Rio de Janeiro. "Quero voltar no verão", afirmou. Segundo ela, um dos pontos altos de sua estada na cidade foi o passeio de helicóptero. "Tenho medo de altura, mas mesmo assim foi incrível."
"Encontro Explosivo" conta a história de June (Diaz), uma mulher que descobre um segredo que não deveria saber, quando se torna parceira de Roy (Cruise), um agente secreto em uma missão. Enquanto a aventura da dupla pelo mundo se transforma em um labirinto de traições, fugas e identidades falsas, eles descobrem que só podem contar um com o outro.
O filme é dirigido por James Mangold, conhecido por "Johnny e June" e "Os Indomáveis", e uniu novamente dois dos maiores astros de Hollywood, depois de "Vanilla Sky" em 2001. Diaz disse ter sido divertido trabalhar novamente com Cruise: "Todos os dias íamos trabalhar e dávamos risadas, e você sabe, fizemos um filme do qual tivemos orgulho e queríamos muito alcançar todos."
"Patrick 1.5" é comédia sobre adoção homossexual
Filme é uma das estreias no Espaço Unibanco Dragão do Mar
Um casal homossexual --Goran e Sven-- acaba de se mudar para uma nova casa, situada em algum aprazível subúrbio da Suécia. Os dois não perdem o bom humor diante do estranhamento inicial que provocam nos vizinhos, ocultado por uma falsa descontração, que se transforma em hipocrisia quando o casal adota um filho. A adoção por casais homossexuais é permitida no país desde 2002.
Apesar de desejarem uma criança de um ano e meio, quem bate à porta é Patrik, um órfão de 15 anos, com pequenos delitos no currículo. As peripécias que fazem com que essa mudança aconteça são um tanto inverossímeis, mas isto é apenas um detalhe.
Pouco disposto a aceitar pais do mesmo sexo Patrik, reage com hostilidade, tratando Goran e Sven de pedófilos. O turbulento adolescente acaba tumultuando a vida do casal, que se separa. Sven o julga um criminoso, se sente ameaçado e deixa a casa. Goran passa a cuidar do garoto, consegue criar laços com ele e é aceito como pai. Enquanto isso, os vizinhos mostram sua verdadeira face lançando uma avalanche de insultos homofóbicos sobre o casal, o que abala a imagem tolerante da sociedade sueca.
Mas a diretora Ella Lemhagen, que também é coautora do roteiro, não quis insistir neste confronto. O casal não reage às agressões, não se indigna diante da abjeção, o que denota uma vontade de se 'integrar' na 'normalidade' a qualquer preço, um medo enorme de ser rejeitado.
Lemhagen escamoteia a complexidade da questão da adoção por casais homossexuais e faz um filme frouxo, conformista. A dupla de personagens centrais é estereotipada: o homossexual é um cara meio agressivo, irresponsável, egoísta, que bebe e tem uma vida sexual dissoluta (Sven), ou então é o bonzinho, com cara de anjo, contido e carinhoso, que sonha com uma criança e um cachorrinho (Goran) --modelo que o filme referenda.
Ao não construir personagens sólidos e mais complexos, o filme se compraz em divertir ou emocionar o espectador dentro do velho esquema maniqueísta. É uma pena, pois o tema é muito atual e o debate sobre questões que o filme apenas suscita é imprescindível.
Mais ação em “Crepúsculo”
Terceiro filme da saga, “Eclipse”, estreia hoje nos cinemas brasileiros
Não dá para falar de fenômenos da literatura mundial sem pensar em Stephenie Meyer. A escritora norte-americana, que em menos de cinco anos se tornou uma das autoras mais importantes da década, foi responsável por dar vida a alguns dos personagens mais comentados dos últimos tempos – Bella Swan (Kristen Stewart), Edward Cullen (Robert Pattinson) e Jacob Black (Taylor Lautner), que retornam às telas de cinema com o terceiro episódio da saga Crepúsculo, Eclipse.
Agora, estes personagens dispensam maiores comentários. Essas figuras complexas ganharam popularidade com Crepúsculo, lançado no mercado literário em 2005, mas que ganhou repercussão mundial com a chegada da adaptação à telona em novembro de 2008. Através do longa-metragem, entramos no mundo de Stephenie Meyer – adorada pelos adolescentes e fãs da Saga, mas nem por isso tão respeitada pelos críticos. Quem é fã, com certeza já leu o livro. Então, agora é a hora de conferir de perto se a adaptação para a tela grande vai atender às expectativas dos exigentes admiradores da Saga Crepúsculo. Eclipse, terceiro filme da série, tem a missão de garantir o mesmo estrondoso sucesso dos filmes anteriores.
Em Lua Nova, Edward, o vampiro que alçou o ator Robert Pattinson ao status de estrela mundial, ficou em segundo plano. É por isso que agora, com Eclipse, chegamos a uma das melhores obras de Stephenie até então – o livro tem ritmo, e apesar de manter o tom sombrio, não é exagerado em melancolia e decepção.
Chega-se ao ápice do romance – hora em que Bella percebe seu sentimento por Jacob, e tem que decidir por ele ou pelo vampiro Edward. Mas não fica só nisso – há ação, muita ação, por conta da chegada de um grupo de vampiros recém-criados (foto), que aterrorizam Bella e sua comunidade.
Eclipse é considerado por muitos o romance favorito entre os quatro da Saga Crepúsculo – composta, além de Crepúsculo e Lua Nova, também por Amanhecer, o último livro. Ele mantém vivo aquilo que fez com que os episódios anteriores fossem tão bem-sucedidos – e não embarca em uma grande e criticada viagem como no último livro da série. Ou seja, tem tudo para render um ótimo filme.
Em Eclipse, é hora de Bella tomar decisões. “Para mim, o maior tema sempre foi o de encarar as consequências de suas escolhas, e que mesmo a escolha certa tem consequências”, explica Stephenie Meyer, em entrevista cedida pelas distribuidoras Summit Entertainment e Paris Filmes. “Bella tem que se tornar uma adulta e começar a lidar com as suas ações”, completa.
Além disso, muitas passagens, algumas relatadas no mais recente título lançado pela escritora, A Breve Segunda Vida de Bree Tanner: Uma História de Eclipse, devem entrar na adaptação cinematográfica. “Tem tantas histórias com Victoria (Bryce Dallas Howard), Riley (Xavier Samuel) e Bree (Jodelle Ferland) que não estavam no livro. Estou feliz que um pouco disso está no filme, e as pessoas podem ter uma ideia do que estava acontecendo e que Bella não sabia”, finaliza.
“Menino maluquinho” da França
“O Pequeno Nicolau”, fenômeno do cinema francês, estreou no Espaço Unibanco Dragão do Mar
O personagem Pequeno Nicolau está para as crianças francesas como o Menino Maluquinho está para as brasileiras. Ou seja, foi, e ainda é, o companheiro de infância de muita gente. Por isso, é de se estranhar que tenha levado tanto tempo para chegar ao cinema - isso aconteceu porque a pessoa que detém os direitos do personagem não gostava de nenhuma das sugestões de adaptação.
Baseado nas histórias criadas no final dos anos de 1950, pelo escritor René Goscinny (um dos autores de Astérix) e ilustrado por Jean-Jacques Sempé, o filme O Pequeno Nicolau estreou na França no ano passado e foi a maior bilheteria nacional do país. No Brasil, o longa chega em circuito nacional, em cópias dubladas e legendadas.
Dirigido por Laurent Tirard (As Aventuras de Molière) - que assina o roteiro com o comediante Alain Chabat e Grégoire Vigneron -, o filme não é bem uma adaptação de nenhum dos livros da série, mas uma história original. O que o longa mantém, além de todos os personagens, é o espírito e a personalidade do menino Nicolau e daqueles que o cercam, seus pais e amigos de escola. O Pequeno Nicolau é um filme que capta a nostalgia de uma infância delicada e um tanto ingênua, mas muito divertida, com este Nicolau de imaginação fértil e amigos atrapalhados. O longa usa dessa inocência diante das atribulações do mundo como a força que o impulsiona.
Como nos livros, a visão simples - mas não simplista, nem simplória - que as crianças têm do mundo dos adultos expõe as complicações desnecessárias que pais e professores são capazes de criar para suas próprias vidas. O filme segue a mesma linha ao observar a realidade do ponto de vista de uma criança, com sua ingenuidade e sinceridade, que pode ser assustadora.
"Toy Story 3" é o mais emocionante da série
Brincar. Colecionar brinquedos, raros ou não. Acreditar no faz de conta. Habitualmente, tais conceitos são aplicados a crianças ou, na pior das hipóteses, nas inúmeras teses jornalísticas ou comportamentais dedicadas a tentar compreender os adultos e seus action figures. Toy Story mudou essa história ao transformar essa brincadeira em experiência formativa mundial; seja pela humanização dos brinquedos ou pela recíproca relação de amor, respeito e carinho entre o então garotinho Andy e sua vasta coleção liderada pelo caubói Woody.
Quinze anos se passaram, Woody, Buzz, Jessie e Cia transcenderam a tela para ganhar lugar no imaginário de toda criança, jovem ou adulto que tenha contato com o cinema. Seus personagens e arquétipos ocupam o mesmo espaço de princesas em perigo, príncipes encantados e bruxas más da literatura, mas com um diferencial: Toy Story nasceu para ser visual e visto, instantaneamente, por centenas de milhares de adoradores.
E nem mesmo a ida de Andy para a faculdade e o destino incerto de seus companheiros de plástico e pano são capazes de ameaçar esse laço, afinal Toy Story 3 chegou! E o melhor filme da trilogia estreia com emoção, drama e um primor técnico inigualável.
É noite de sexta-feira. Faz frio na Bay Area. Terra é o único portal brasileiro convidado a assistir Toy Story 3 dentro da sala de projeção da Pixar, em Emeryville. Momentos de expectativa antecedem o início da projeção, afinal, o que esperar desse terceiro filme da trilogia dos brinquedos? E a resposta vem com um clichê: a Pixar fez de novo. Se continuações de sucesso qualitativo já são raras, o que dizer de célebres terceiras partes?
Toy Story 3 entra para esse seleto grupo instantaneamente ao ultrapassar limites narrativos e encerrar o ciclo. Pelo menos temporariamente.
Com uma abertura memorável, precedida por mais um inesquecível curta (Day & Night, um dos mais arrojados e criativos da história da companhia), Toy Story 3 busca alguns elementos de suas origens e faz uso da nova tecnologia disponível para dar vida ao sonho, ou melhor, à imaginação de toda criança. Independente da idade.
O diretor Lee Unkrich e sua equipe foram meticulosos e seguiram à risca o maior mandamento de John Lasseter: faça um filme do qual sinta orgulho e cause emoção; o público vai seguir. Isso valeu tanto para roteiro quanto para o aspecto técnico, já que todos os personagens foram redesenhados e animados. Duas razões: incompatibilidade com os modelos iniciais com o sistema atual de animação e zelo excessivo. Cada costura, cada tonalidade de tecido, cada textura fora recriada à perfeição.
Mas esse é o detalhe, um elemento que fará diferença apenas no DVD e Blu-Ray e ao fã mais dedicado. No cinema, tamanha dedicação ajuda, mas perde importância perante uma narrativa digna da lista de Melhor Filme no Oscar do ano que vem. O público conhece os personagens, se importa com eles, entretanto, não faz ideia dos limites a serem testados pela ida de Andy à faculdade.
E é aí que Toy Story 3 surpreende, ao seguir o caminho do drama pesado em vez de se prender à comédia leve e previsível. É bom sinal compreender que um grupo de brinquedos pode causar tantas emoções sem exageros. Há momentos divertidos, claro, mas são as seqüências dramáticas que fazem a diferença. As animações de Walt Disney sempre assustam um pouco, mas algumas barreiras foram ultrapassadas com esse filme - uma espécie de campo de concentração para brinquedos. Não é à toa que a prisão de Alcatraz foi uma das locações estudadas para inspirar boa parte dos cenários do longa-metragem.
Ao mesmo tempo em que Toy Story 3 reforça a necessidade pela fé nas pessoas, também reafirma uma das constantes de Dickens: as pessoas são o que são, e dificilmente mudam. Seja pela crença inabalável de Woody em sua missão ao lado de Andy, seja pela eterna desconfiança e negatividade do Sr. Cabeça de Batata. As circunstâncias podem provocar reações diferentes, mas, essencialmente, os brinquedos sofrem com os mesmos medos e ansiedades. Especialmente Jessie, que teme ser abandonada novamente e, pelo aspecto cômico, Buzz com a eterna sombra do patrulheiro obstinado. Aliás, é Buzz quem rouba a cena ao dar uma palha em espanhol.
Se já era impossível olhar para um brinquedo com o mesmo distanciamento e impessoalidade depois dos dois primeiros filmes, fica mais difícil olhar para a pessoa ao seu lado e não pensar em suas reações nos momentos mais definitivos e aterrorizantes da vida. Os protagonistas de Toy Story 3 são brinquedos de plástico e pano, seu mundo tridimensional é gerado por computador, mas suas emoções são totalmente humanas.
É a maior metáfora do cinema comercial moderno, que, desta vez, foi muito além do infinito. Conter as lágrimas é tão improvável quanto um grupo de brinquedos que ganha vida longe dos olhos dos humanos.
Dos games para a telona
Se fosse para resumir tudo que acontece em "Príncipe da Pérsia" em breves linhas, poderíamos condensar os 116 minutos de projeção em corre, salta, pula, cresce, aumenta, briga, sorri, gira o cabelo, sorri com charme, volta a brigar, correr, saltar, pular, dar um triplo carpado para, no fim de tudo, bem... não vamos contar o desfecho da história, não é?
Voltemos então alguns minutos no tempo para recomeçar do zero: Príncipe da Pérsia – As Areias do Tempo é um filme sobre um poderoso reino que invade outro alegando uma possível ameaça de armas de destruição em massa. Armas estas que, claro, não existem. Até aí parece que você já conhece o enredo, mas eis que essa trama se passa na Pérsia Antiga.
Em meio a esse cenário familiar, ainda que tão distante no tempo, existe um príncipe, filho adotivo de um Rei que parece ser mais democrata que republicano. O príncipe se apaixona pela princesa do reino invadido. Porém, entre eles, existe uma adaga e esta arma irá revelar que o passado, presente e futuro podem sim ser controlados com as chamadas Areias do Tempo.
Adaptado do popular e clássico game lançado originalmente em 1989, o primeiro filme Príncipe da Pérsia (sim, porque pode haver outros) tenta colocar em tela grande a essência do jogo que fez o personagem tão popular: suas habilidades acrobáticas. Acreditem, os saltos deste filme podem fazer Diego Hypólito repensar sua carreira.
E se nas várias versões do game Príncipe da Pérsia o sujeito de todos os verbos acima não tem nome, no filme que chega agora aos cinemas ele é registrado em cartório sob a graça de Jake Gyllenhaal, ou melhor, Dastan, um jovem cabeludo com o vigor de uma criança, a elasticidade de um artista do Cirque Du Soleil e o charme de um Gyllenhaal que deixou seu corpo se expandir para músculos nunca dantes vistos nele.
Em busca de um velho amor
Cartas para Julieta representa um paradoxo: é um filme quase perfeito, sem que seja especialmente bom. Dirigido por Gary Winick com base em roteiro de Jose Rivera e Tim Sullivan, o trabalho realiza cada uma de suas ambições com a mesma brusca eficiência que a protagonista emprega em seu trabalho como revisora e editora de revista. Mas os objetivos do filme são tão modestos, minúsculos, tímidos, que realização é exatamente a sensação que ele não desperta. Nenhum sentimento áspero é arriscado, a sensibilidade da audiência não é agredida e, como resultado, não há diálogos memoráveis, cenas surpreendentes e não surge um personagem sobre o qual sintamos mais que uma boa vontade tépida.
De acordo com Aristóteles, os personagens de tragédias são melhores que nós, e os de comédias piores. Em certa espécie de romance cômico moderno, porém, as duas estipulações básicas são a de que os personagens principais sejam tanto mais bonitos quanto mais tediosos que o público, e isso produz emoções contraditórias que cancelam uma à outra. Nossa, como a Itália é linda! Nossa, como Amanda Seyfried é linda! O vinho parece bom. Olha que cara bonitão. Aquela velha está triste? Que bacana, um casamento.
Na verdade, a velha em questão -Claire, interpretada maravilhosamente e sem esforço aparente por Vanessa Redgrave- parece intrigada, atônita, ocasionalmente chocada mas, no geral, basicamente indulgente com relação à história artificial que ocorre em torno dela. Claire chega a Verona em busca de um antigo amor e pouco tem a dizer, mas Redgrave suspira e troca olhares significativos com Seyfried de uma maneira que confere graça, autenticidade e certa gravidade emocional a um filme que precisa desesperadamente de tudo isso e não sabe bem como fazê-lo.
O personagem de Seyfried, Sophie, revisora editorial para uma revista parecida com a New Yorker, editada por Oliver Platt de uma redação com vista para a ponte de Brooklyn, chega a Verona para uma espécie de lua de mel pré-nupcial com seu noivo Victor (Gael Garcia Bernal).
Os dois são jovens e apaixonados, mas não um pelo outro. Ela quer ser escritora, ele vai abrir um restaurante, e a breve estadia na Itália se torna uma amostra do desgastante casamento metropolitano que teriam. (Não que haja risco de casamento.) Eles conversam por mensagens de texto, mas se divertem separadamente -ele com restaurantes, ela tentando deslindar uma história que é a da vida de Claire.
Mas primeiro Sophie encontra por acaso um grupo de mulheres italianas conhecidas como "as secretárias de Julieta", que recolhem as cartas que mulheres românticas de todo o mundo depositam entre as pedras do muro que fica sob a mais famosa sacada de Verona, contando suas histórias à maior das mártires do amor. Todas as cartas são respondidas, e Sophie decide responder a um melancólico bilhete colocado na muralha meio século atrás. A autora era Claire, então uma estudante britânica de intercâmbio que deveria ter encontrado um paquera local chamado Lorenzo mas teve medo e retornou à Inglaterra.
Agora, Claire volta a Verona por conta da resposta de Sophie, acompanhada por um neto loiro e charmoso chamado Charlie (Christopher Egan, que mistura a figura de Ryan Phillippe a alguns dos maneirismos de Hugh Grant). O desagrado instantâneo que ele sente ao ver Sophie sinaliza o amor iminente. Claire está determinada a encontrar Lorenzo, e sai em viagem na qual se encontra com diversos velhinhos chamados Lorenzo, todos os quais adorariam ter sido seu grande amor.
Boa parte do filme aproveita a viagem de Claire, Charlie e Sophie para oferecer provas turísticas de que a Itália existe: colinas banhadas pelo sol, cidadezinhas com casas de pedra nas encostas de montanhas, vinhedos, telhados de ardósia. O cenário humano sugere que o tempo parou depois de Shakespeare mas muito antes de Berlusconi, e que o autêntico papel cultural da Itália é o de cenário para romances anglófonos.
Isso funcionou bem para Henry James e E. M. Forster, cuja influência ocasionalmente se faz sentir nesse filme brando. Seyfried exibe ao menos um traço do charme e disposição das heroínas expatriadas dos dois escritores, e é difícil não torcer por sua felicidade, mesmo que o filme cuide para poupá-la do risco de decepção amorosa.
Cartas para Julieta é o quarto filme com Seyfried lançado este ano e, com o choroso Querido John, deve consolidá-la como estrela de cinema. Embora seu trabalho no cinema por enquanto não seja tão bom quanto na série Big Love, da HBO, a combinação de teimosia, vulnerabilidade e bom senso prático que exibe a torna atraente para quase todas as audiências. Seyfried está para o quase choro como Kristen Stewart está para morder o lábio preocupadamente: uma mestra na arte de exibir emoções mal contidas e deliciosamente ambíguas.
E isso torna Seyfried (e Redgrave) mais interessantes que o filme. Não é que Cartas para Julieta seja ruim; se você está em busca de uma má comédia romântica, posso oferecer uma longa lista. Mas gostar de um filme como esse já é uma forma de decepção, porque aquilo que o espectador queria, e que lhe foi prometido, é amor.
Novo filme de Woody Allen
Há quem ame Woody Allen, há quem odeie. Não estou em nenhum dos dois grupos, mas particularmente acho que Allen se reinventa a cada década. Nos chamados anos 00, Allen se mostrou bem diferente de seus filmes inesquecíveis dos anos 80 e, em especial com os admiráveis “Match Point” (2005) e “Vicky Cristina Barcelona” () — com os não tão bons assim “Scoop – O Grande Furo” (2006) e “O Sonho de Cassandra” (2007) no meio — o diretor parecia estar engrenando para uma linha bastante interessante e que com a qual certamente conquistou novos (e diferentes) fãs.
Com o ótimo “Tudo Pode Dar Certo”, tudo mudou, de novo. Allen volta um pouco no tempo para uma linha que gerou outros ótimos filmes mais “particulares”, na falta de uma expressão melhor, com as neuroses novaiorquinas em alta de novo.
As interpretações são sempre uma delícia. O que dizer de Patricia Clarkson (na minha opinião, uma grande atriz que não tem a popularidade que deveria), dando show mesmo em um personagem tão óbvio quanto confuso ? Larry David (co-criador da série Seinfeld) faz com correção o papel de Boris, o “Woody Allen da vez”: ainda que tenha conseguido ser um dos melhores atores escolhidos pelo diretor para “vivê-lo” na telona, sobra precisão, sobra vigor (muito mais do que Allen poderia conseguir interpretando o papel) mas… falta carisma. Talvez seja o melhor papel de Evan Rachel Wood, e ela está ótima desde o incensado “Aos Treze” (que não vi), mas é o máximo a se dizer dela. Ed Begley Jr. está ótimo como seu pai, e Henry Cavill não compromete.
Vale a pena o ingresso, ainda que seja um filme irregular: algumas piadas se repitam, mas em se tratando do mundo-Allen, há boas surpresas no desfecho. Recomendo.
Comédia 'Cadê os Morgan?' depende do carisma de Hugh Grant
Ricos, bonitos e bem-sucedidos, o advogado Paul Morgan (Hugh Grant) e a corretora de imóveis de luxo Meryl Morgan (Sarah Jessica Parker, Sex and the City) estão vivendo uma crise no casamento, porque Paul deu uma escapada. Assim começa a comédia Cadê os Morgan?, estreando em circuito nacional.
Arrependido, Paul faz de tudo para reconquistá-la. E, numa noite em que ela, finalmente, concordou em jantar com ele, os dois presenciam um crime, que tem relação com um dos clientes de Meryl. Por conta disso, são incluídos no programa de proteção de testemunhas do FBI e, bem contra a vontade, têm que mudar-se de Nova York para a remota cidadezinha de Ray, no rural estado do Wyoming.
Urbanoides radicais, eles - especialmente ela - se ressentem da falta dos confortos da cidade grande. Aqui em Ray, o celular quase não pega. Seu novo endereço, a residência de um casal de agentes do FBI, Emma (Mary Steenburgen, A Proposta) e Clay Wheeler (Sam Elliott, Amor sem Escalas), sequer tem TV a cabo.
O evento mais divertido da cidade é um rodeio. E, pior, eles são obrigados a conviver sob o mesmo teto bem na hora em que Meryl cogitava o divórcio.
Como toda comédia, esta aqui alimenta-se dos opostos. E não há casal mais diferente dos Morgan do que os Wheeler. Talvez a melhor sacada do roteiro, de autoria do diretor Marc Lawrence, seja mesmo projetar nesta boa dupla de atores, Elliott e Steenburgen, pelo menos uma parte da América profunda, conservadora, republicana, armamentista, amante da caça (há cabeças de animais decorando a sala da casa, para horror da vegetariana Meryl), mas não desprovida de senso de humor. Um humor que, neste momento particular, está faltando muito a Meryl.
Encarnando seu habitual personagem atrapalhado, Hugh Grant garante algumas risadas. É a terceira vez que trabalha com o diretor Lawrence, repetindo a parceria de Amor à Segunda Vista (2002) e Letra e Música (2007). Talvez por isso esteja mais à vontade, embora num papel não particularmente brilhante.
Sarah Jessica Parker, por sua vez, é mais irritante do que engraçada - um problema que parece vir mais do roteiro do que dela mesma.
Comédia parece um gênero fácil só para quem não sabe do que está falando. É a mais difícil das artes fazer rir, encontrar o tempo da piada, a química entre uma dupla. Nada disso aconteceu direito entre Sarah e Hugh aqui.
Por isso, os poucos bons momentos da história pertencem mesmo à dupla de veteranos Elliott e Steenburgen, ainda assim, num universo cheio de clichês surrados.
A nova versão de "Esquadrão Classe A"
Numa época em que qualquer coisa minimamente pop é passível de ser refeita, até que demorou muito para a equipe do programa de TV Esquadrão Classe A chegar aos cinemas.
Protagonistas de uma das séries de ação mais populares da década de 1980, os quatro mercenários parecem não ter envelhecido um dia sequer - até porque, desta vez, são interpretados por Liam Neeson (O Preço da Traição), Bradley Cooper (Se Beber, não Case), o lutador de artes marciais Quinton 'Rampage' Jackson e Sharlto Copley (o protagonista de Distrito 9).
>Atores da antiga versão da série que passava no SBT
Os atores são novos, os aparatos também, mas o espírito da série parece não ter mudado nesse longa, que estreia em circuito nacional, em cópias dubladas e legendadas. O filme é dirigido por Joe Carnahan (A Última Cartada), a partir do roteiro escrito por ele e Brian Bloom, que também atua. O perfil dos personagens é o mesmo da série: Hannibal (Neeson) é o chefe; Cara-de-pau (Cooper), o galã; BA (Jackson), apesar de todo o tamanho e a cara de mau é o mais doce; e Murdock (Copley) é louco - literalmente.
O filme conta como se formou o esquadrão, que dessa vez, ao contrário do original, em que eram veteranos do Vietnã, e agora são do Iraque. Como no original, acabam caindo numa armadilha, presos e julgados numa corte marcial. Sentenciados, passam a viver escondidos, quando conseguem fugir da prisão.
Essa é só a metade do filme que, depois de apresentar os personagens e seus perfis, engata uma história que tem a ver com o motivo da prisão do grupo. Tentar entender ou levar a sério o que está realmente acontecendo é pura bobagem. A diversão em Esquadrão Classe A nunca está no porque as coisas acontecem, mas sim no como elas acontecem.
A desculpa para as perseguições, pancadas e tiros é uma maleta com matrizes para a produção de notas de dólares. Esse, como diria o diretor Alfred Hitchcock, é o MacGuffin do filme, ou seja, um elemento sem qualquer valor narrativo, mas que serve como causa para boa parte da ação. E, no quesito ação, Esquadrão Classe A não deve decepcionar.
Os vilões, por sua vez, custam a se revelar mas, quando o fazem, pancadas, perseguições e tiroteios acontecem sem parar - até porque, realmente, esses são os únicos elementos que contam no filme. Patrick Wilson (Watchmen) é Lynch, um agente da CIA sobre quem se sabe muito pouco. Brian Bloom é Pike, um sujeito que trabalha para o Exército, e cujo caráter não parece ser dos mais confiáveis.
A única presença feminina que conta no filme é Jessica Biel (de Idas e Vindas do Amor), uma oficial do Exército cuja patente é rebaixada depois da armadilha na qual caem os membros do esquadrão. Ela é ex-namorada de Cara-de-Pau - e como as coisas não acabaram muito bem, existe sempre uma tensão no ar.
Esquadrão Classe A parece reunir todos os elementos necessários para a série ganhar um fôlego cinematográfico, ação, humor, mulher bonita, lutas, perseguições e tiros. Se o filme fizer sucesso de bilheteria, pode abrir as portas para outras adaptações, como Miami Vice ensaiou em 2006, mas não conseguiu.
A volta de Jennifer Lopez
É difícil determinar quando a comédia romântica norte-americana começou a fazer terapia, ainda que seja fácil presumir que isso aconteceu no mesmo momento em que os cineastas começaram a se deitar no divã, ou a ler livros de autoajuda.
No passado, as comédias românticas envolviam um homem e uma mulher envolvidos em delicadas (ou rudes) negociações de poder. A megera precisava ser domada, ou o menino tinha de amadurecer para enfrentá-la, ou qualquer outra variação da ideia. Esse modelo continua em uso, ainda que o diálogo cômico que acompanhava esses momentos tenha sido substituído por discursos sobre sentimentos.
Freud talvez tenha chegado a Hollywood décadas mais cedo, mas Woody Allen e as gerações de humoristas que ele inspirou têm muito a responder quanto a essa tendência.
Alguns dos envolvidos na produção de Plano B, uma maneira não muito divertida mas ainda assim indolor de perder tempo, certamente refletiu sobre questões de vida e amor. Com roteiro de Kate Angelo e direção de Alan Poul, o filme serve essencialmente como veículo para Jennifer Lopez, uma presença forte na tela mas infelizmente dotada de currículo cinematográfico pouco interessante.
A culpa, provavelmente, não cabe à atriz; os papéis românticos para mulheres muitas vezes ficam para as lerdas ou as loiras (Jennifer Aniston e Katherine Heigl), ou para as raras humoristas estabelecidas (Tina Fey). Angelina Jolie domina os papéis mais combativos, ainda que Lopez tenha provado que se sai bem nesse gênero em Irresistível Paixão (1998), thriller de Steven Soderbergh e seu melhor filme.
Plano B é o primeiro filme estrelado por Lopez desde El Cantante (2007), uma cinebiografia sobre o cantor de salsa Hector Lavoe no qual ela trabalhou com o marido, Marc Anthony. Em consequência, o novo filme não é só sobre uma mulher, Zoe, que decide ter um filho sozinha.
Também gira em torno da beleza que Lopez exibe depois de alguns anos fora das telas, período no qual teve gêmeos e, a julgar pelas tomadas de sua barriga musculosa, coxas firmes e traseiro torneado, não demorou a recuperar a forma. Se você acha que estou exagerando, considere que uma cena inteira envolve Zoe lamentando as glórias de suas nádegas, e brandindo uma foto como prova.
Mas estou me adiantando. O filme começa com Zoe recebendo uma inseminação artificial em uma clínica presidida por um médico brincalhão interpretado por Robert Klein. Terminalmente solteira se não solitária em sua Nova York, Zoe é dona de uma loja de produtos para animais, tem um cachorrinho paralítico e conta com dois funcionários muito leais (Eric Christian Olsen e Noureen DeWulf), que em geral se limitam a sorrir e a servir como escada para estrela, mais ou menos ao modo de Eve Arden nos filmes sobre uma mulher forte em busca de homem ainda mais forte estrelados por Joan Crawford.
Zoe também tem uma sábia avó (Linda Lavin), o que vale momentos bonitinhos e sentimentais em uma casa de repouso (velhinhos dizem cada coisa!). Mas, porque seu pai e sua mãe a abandonaram, Zoe sofre de problemas de autoestima. A complicação surge na forma de um intruso sensível, Stan (Alex O'Loughlin), perfeito para a protagonista. Ele faz queijo artesanal de leite de cabra para vender na cidade grande, e leva Zoe para jantar em um paradisíaco jardim na Avenida B (ele tem algo de rural, algo de gentil, algo de rock melódico).
Stan chega a até a dirigir um trator sem camisa (e sem a nuca vermelha de um agricultor), e fala sensatamente sobre a agricultura sustentável durante a corte. A situação é complicada, e se complica ainda mais à medida que a gravidez de Zoe avança e suas emoções e hormônios entram em conflito com seus medos.
Plano B é inócuo e facilmente esquecível, e parece basicamente um seriado de humor estendido para a forma de filme. Funcionará bem na TV, a mídia mais adequada para closes de personagens exibindo emoções ternas. Com seu rosto anguloso e hipnótico, Lopez nasceu para closes ¿ainda que mais bonitos e suntuosos que os oferecidos nesse filme.
É difícil não lamentar que uma estrela como ela não tenha encontrado uma produção mais luxuosa para marcar sua volta ao cinema, um filme que aproveitasse ao máximo seu charme e talento e lhe desse como tarefa algo mais que fazer os espectadores sorrirem (pode ser que consiga) ou se comoverem (idem) diante dos atrativos de uma história sobre pessoas apaixonadas - e, claro, também diante da visão daquele magnífico traseiro.
Os primeiros minutos de "Os Predadores" vão passando e cria-se uma tensão no ar que não deveria ser aquela a nos preocupar: estaríamos em um filme de aventura como todos os "Predadores" que assistimos ou diante de mais um suspense abilolado de M Night Shyamalan? Ou seria mais um episódio de "Lost", com aquelas teorias conspiratórias de universo paralelo do universo paralelo? Complexo? Explica-se: Quando os protagonistas desta história caem, literalmente, de paraquedas sobre uma floresta tropical e passam a se questionar sobre por que eles foram parar ali do absoluto nada, você se dá conta de que exageraram no suspense e esqueceram da aventura de ficção marcada pela franquia "Predador". Mas coincidências ou homenagens à parte, a velha brincadeira de fazer a contagem regressiva dos coadjuvantes que vão morrer primeiro logo começa e se torna um tanto óbvia e sem graça a nova-velha trama de "Predadores".
Agora, o mocinho da trama é interpretado por Adrien Brody, uma escalação no gênero "chamem o Kaká bad boy" pra seleção. Vitaminado por uma dieta rica em proteínas e muita academia (digamos que ele é um Taylor Lautner para mulheres maduras e sabidas), ele surge em um contexto internacional bem menos bipolar e tudo tende a ficar mais complexo. O time que precisa sobreviver é formado por pessoas de várias nacionalidades que, como ponto de interseção, encontram um natural instinto de sobrevivência e índoles duvidosas. A selva que serve de cenário não mais se encontra na América Central de ditadores financiados pelo governo americano. A solução diplomática do filme é colocar todo mundo num planeta distante, uma Pandora sem os seres espirituais de James Cameron (e, para alívio de nossos olhos, sem 3D também). Entre todo mundo está uma bem segura Alice Braga, a atriz brasileira aqui no papel de uma militar israelense que não brinca em serviço e, ao contrário de todo o resto do grupo, assistiu ao filme de 1987 com Schwarzenegger. O que na narrativa do filme se traduz em: "sim, eu sou do exército e sei que lá dos anos 80 um cara musculoso se melou de lama para conseguir sobreviver a esses monstros."
Em se falando neles, os novos Predadores, eles surgem "reloaded" em cena, mais mortais, indestrutíveis e sedentos do que nunca. São também bem maiores que seus antecessores, o que gera uma rixa interna entre distintas versões dessa estranha espécime de monstros com dreadlocks na cabeça. Os efeitos especiais usados para mostrar a conhecida camuflagem transparente dos vilões são bons, mas há algo de propositalmente mal retocado neles, algo que prova a assinatura de Robert Rodriguez. Aliás, a lembrar que Rodriguez é apenas o produtor desta história, sendo a direção assinada por Nimród Antal. Essa distribuição de cargos, no entanto, não convence e em vários momentos vemos a câmera lenta vingativa de Rodriguez em cena.
Aliás, são nesses (raros) momentos de catarse violenta que o filme consegue mostrar algum valor. Se alguém é da época daquela propaganda do "viemos pra beber ou pra conversar" vai entender que o filme deveria ter mais ação e menos conversa. "Predadores" ainda conta com Laurence Fishburne no elenco, numa participação especial e rápida.
História real (e surpreendente) de amor gay
Baseado em fatos reais, filme com Jim Carrey e Rodrigo Santoro estreia no Multiplex UCI Ribeiro Iguatemi com cenas quase explícitas
Jim Carrey cobrou o valor mínimo da tabela do sindicato dos atores para fazer “O Golpista do Ano”, e garantir que a produção tivesse dinheiro para ser concluída. O filme que finalmente estreia hoje no Multiplex UCI Ribeiro Iguatemi, mas foi produzido há anos, teve enormes dificuldades para encontrar um distribuidor nos Estados Unidos e no Brasil, talvez por puro preconceito e pela ousadia da película.
Uma história de amor gay, com cenas quase explícitas, protagonizada por grandes astros. Uma obra que ousa em constantes mudanças de gênero (comédia, drama, romance, filme de prisão) e nas intermináveis reviravoltas na trama. Na verdade, é inacreditável que “O Golpista do Ano” é baseado em uma história real. O filme é a biografia de Steven Russell (Carrey), garoto adotado que se torna um homem religioso, um marido e pai dedicado, um policial de respeito. Até que um dia ele quase perde a vida em um acidente de carro e decide sair do armário e mudar de vida.
Logo ele descobre que ser gay pode custar caro – literalmente. Ele torra todo seu dinheiro para bancar uma vida glamorosa para si e para seu namorado (Rodrigo Santoro, com um papel mais consistente e uma atuação mais convincente do que em outras experiências internacionais).
Para manter o luxo, Russell vai para o outro lado da lei: vira um golpista. Mas ele logo é descoberto e preso. Na cadeia, se apaixona pelo delicado Phillip Morris (Ewan McGregor). Com mais outros golpes, ele consegue sair da prisão e, algum tempo depois, tirar também o namorado. Em vários momentos, “O Golpista do Ano” correrá o risco de ofender tanto pessoas politicamente corretas quanto homofóbicas.
Clique aqui e confira horários e salas de exibição
CINEMA DE ARTE
Trio de cineastas faz filme-homenagem sobre Tóquio
Michel Gondry, Leos Carax e Bong Joon-Ho dirigem 'Tokyo!' Produção tem proposta semelhante a de 'Paris, te amo'.
Os cineastas Michel Gondry, Leos Carax e Bong Joon-Ho dirigem três histórias sobre a cidade de Tóquio em filme que estreia esta semana no Multiplex UCI Ribeiro Iguatemi. A proposta do filme “Tokio!” é semelhante a da produção “Paris, te amo” (2006), que reuniu diversos diretores como Gus Van Sant, Walter Salles e os irmãos Coen em curtas-metragens tendo a capital francesa como pano de fundo.
Cada uma das três histórias terá 40 minutos. Entre os nomes mais conhecidos, estão o dos franceses Julie Dreyfus e Denis Lavant. A maioria do elenco é composta por atores japoneses.
Gondry, diretor de “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”, é autor de “Interior design”, que fala sobre um casal de artistas que se muda para a capital japonesa e tenta se acostumar com seu ritmo frenético.
O francês Leos Carax dirige “Merde”. Inspirada no Godzilla, a história fala sobre o pânico causado quando uma criatura monstruosa invade Tóquio. Já “Shaking Tokyo” um jovem amante da literatura, que vive isolado em seu apartamento, vê sua vida mudar quando ele se apaixona pela garota entregadora de pizza.
“Tokyo!” teve sua primeira exibição no Festival de Cannes, em 14 de maio. Em 16 de agosto estreou no Japão e em setembro nos Estados Unidos.
Clique aqui e confira outros filmes na seção CINEMA DE ARTE
CINEMA NACIONAL
‘O bem amado’ no cinema
Uma das produções mais marcantes da história da TV chega à telona
Filme tem direção de Guel Arraes. Matheus Nachtergaele e Marco Nanini, os novos Dirceu Borboleta e Odorico Paraguaçu
O escritor, dramaturgo e autor de novelas Dias Gomes escreveu a peça “O bem amado” no início dos anos 1960, inspirado na figura do político corrupto Odorico Paraguaçu. Eleito prefeito de Sucupira, para chamar a atenção dos eleitores ele fez de tudo, até conseguir construir aquela que seria a grande obra do seu governo: um cemitério. Para inaugurá-lo ainda dentro do mandato, precisava que algum conterrâneo passasse desta para melhor e, entrava ano e saía ano, ninguém morria por perto. Na tentativa de reverter a situação, o governante tramou golpes sujos com o objetivo de dar fim num dos habitantes de Sucupira. Com roteiro original, o autor fez sucesso no teatro, em livro e depois em novela e seriado de televisão. O público ria da politicagem que parecia caricatural, um tanto distante da realidade daqueles tempos. Quarenta anos depois, a narrativa saltou da ficção para a realidade, com contornos bem mais mirabolantes. Hoje, não é difícil encontrar personagens da vida real bem próximos aos da trama de Dias Gomes. Os mesmos tipos voltam agora em adaptação para o cinema.
> Irmãs Cajazeiras modernizadas. Dorotéia (Zezé Polessa), Judicéia (Drica Moraes) e Dulcinéia (Andréa Beltrão)
Dirigido por Guel Arraes, o mesmo de “O auto da Compadecida” e “TV Pirata”, o novo “O bem amado”, que estreia no próximo fim de semana, chega em momento oportuno – perto das eleições. Marco Nanini vive Odorico Paraguaçu, papel que já foi de Procópio Ferreira no teatro e de Paulo Gracindo na TV. Matheus Nachtergaele é o inesquecível Dirceu Borboleta, defendido no passado por Emiliano Queiroz. A escalação conta com outros astros: José Wilker é o cangaceiro Zeca Diabo e as atrizes Andréa Beltrão, Zezé Polessa e Drica Moraes são as solteironas irmãs Cajazeiras, que fazem de tudo para conquistar o prefeito. Antes da fase carioca, os artistas alteraram a rotina da pacata Marechal Deodoro, em Alagoas, onde foram realizadas as externas, com a ajuda de 2 mil figurantes.
Produzido por Paula Lavigne em parceria com a Globo Filmes e a Buena Vista Internacional, “O bem amado”, com roteiro de Claudio Paiva (Radical Chic) e do próprio Guel Arraes, é uma das principais apostas do ano.
Orçado em R$ 10 milhões, o projeto tem temática mais atual do que nunca. “Está cheio de Sucupira por aí! O Dias Gomes teve uma inspiração premonitória”, sugere Guel. A atriz Zezé Polessa pensa de maneira semelhante: “Parece uma coisa profética. ‘Evoluímos’ para trás”, lamenta. A opção desta vez é por um filme de época, mas com abordagem atual. O diretor explica que não havia por que recuperar tipos como coronéis ou beatas, bem distantes da atualidade. Em vez deles, o prefeito Odorico agora é um sujeito mais próximo dos políticos espertalhões de hoje e as irmãs Cajazeiras são como as socialites. “Estamos contando a mesma história 40 anos depois. A corrupção deu uma evoluída.
> Paulo Gracindo com as "irmãs Cajazeiras" da versão da TV de "O bem amado"
O bem amado é uma sátira da elite brasileira, que é provinciana”, diz.
O exagero na interpretação é ponto em comum entre os projetos. Antigamente, Emiliano Queiroz lançou mão de trejeitos e da gagueira excessiva para compor o seu Dirceu Borboleta, auxiliar do prefeito Odorico, assim como as atrizes Ida Gomes, Dorinha Duval e Dirce Migliaccio foram intensas ao imprimir o comportamento falsamente moralista nos seus tipos. A orientação na adaptação cinematográfica é seguir a mesma direção. “O tom é exagerado. Talvez até mais. Todos os atores que estão no filme têm uma característica comum: fazem o exagero com verdade. São atores de comédia, que conseguem transitar bem no drama”, avalia Guel. A atriz Zezé Polessa, que vive Dorotéia, a mais velha das Cajazeiras, papel que foi de Ida Gomes, está tentando seguir à risca as orientações. “Ela é uma virgem que considera este o maior trunfo para conquistar o coração e o posto de primeira-dama.” O figurino é um aliado. “Trará características de época, ao mesmo tempo que é fashion”, descreve Zezé. Há outras nuances no projeto.
O bem amado foi escrito na democracia e encenado no teatro e adaptado para a televisão em plena ditadura. Em meio à censura, o projeto conseguia tratar de temas como a corrupção por vias enviesadas, por meio da sátira. Hoje, o contexto é bem mais promissor para debochar dos meandros dos jogos de poder. “Podemos rir abertamente e falar, inclusive, da esquerda que está no poder. É possível achar graça nas situações, o momento é bom para a sátira política e não conheço outra obra no Brasil neste gênero.
Odorico não é uma paródia de um político específico. É como a síntese do que acontece. Tem a qualidade de ser um microcosmo do Brasil”, avalia o diretor. A presença dos outros personagens na memória coletiva é, ao mesmo tempo, mérito e desafio do filme. Para o diretor, o elenco atual deverá surpreender: “Será meio místico também”. Zezé Polessa vê outros trunfos. “O público vai rir porque este corrupto bem-amado vai ser punido ao final.” Pelo menos na ficção, a história terá um final feliz.
Clique aqui e confira horários e salas de exibição
CINEMA CEARÁ
Um filme estranho
Primeiro longa metragem do cineasta cearense Petrus Cariry, "O grão" está sendo exibido no Espaço Unibanco Dragão do Mar
A produção cearense "O grão", chegou ao Espaço Unibanco Dragão do Mar: um filme singular, ou seja, a experiência de assisti-lo não pode facilmente ser compensada. Nascido em 1977, em Fortaleza, o cineasta Petrus Cariry, formado em webdesing pela Faculdade Integrada do Ceará, dirigiu vários curtas como “A Ordem dos Penitentes” - 35 mm (2002), “Uma jangada chamada Bruna” - HDTV (2003), “A velha e o mar” - 35 mm (2005), “Dos restos e das Solidões” - 35 mm (2006)”. O filme “A Velha e o Mar” e o curta “Dos Restos e das Solidões” foram premiados em importantes festivais nacionais com mais de 30 prêmios. “A velha e o Mar” participou de festivais internacionais de cinema como Havana e Tókio.
Petrus Cariry acumula mais 40 prêmios com seus curtas. “O Grão” é seu primeiro longa-metragem, obra cinematográfica contemplada em concurso do Minc. O filme participou de 50 festivais e recebeu mais 25 prêmios internacionais e nacionais. No momento, Petrus prepara o seu novo projeto de longa metragem o filme “Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois”.
Assistindo "O Grão" estamos quase diante de um filme de ficção sem enredo. É na história que a velha Perpétua conta a seu neto Zeca, sobre um rei e uma rainha que perderam seu único filho que percebemos uma narrativa-dentro-da-narrativa: Perpétua, percebendo a morte que se aproxima; Zeca, mergulhando cada vez mais tanto na solidão quanto na descoberta do mundo; seus pais, repetindo ao infinito as mesmas ações, essenciais para a sobrevivência da família, como provavelmente já faziam anos antes de invadirmos um momento de suas vidas com nosso olhar.
Alguém pode se perguntar se não há ação dramática - a impressão é de um circularidade dos grandes mitos. No filme do filho do cineasta Rosemberg Cariry, vida e morte se entrelaçam, são parte uma da outra, aspectos da mesma realidade, e esta não se transforma. Os pequenos e cotidianos atos de sobrevivência num mundo arcaico como o apresentado pelo filme, por sua vez, produzem a nítida impressão de que se realizam desde sempre, e que se realizarão para sempre se não houver algum elemento, externo àquele mundo, que os transforme.
A eficiência do conjunto é facilmente comprovada pela variedade de leituras que permite. É possível imaginar "O grão" como retrato de um Brasil rural e arcaico – e o caráter documental de boa parte de suas imagens, apreendendo modos de fazer, reforça este olhar. É possível pensá-lo, também, como obra de completa universalidade, sobre vida e morte, perda e crescimento, objeto e símbolo. Podemos até mesmo vê-lo como drama de iniciação, obra sobre um jovem indivíduo que precisa passar por alguma provação antes de se alcançar um estágio mais elevado de sua existência. Qualquer que seja a leitura, é bom que o espectador esteja preparado. Nos ritmos lentos ou na lógica incomum, "O grão" é filme estranho, daqueles que fazem a gente sair do cinema sentindo algum desconforto em relação tanto a nós mesmos quanto ao mundo que nos cerca.
Clique aqui e confira mais notícias do CINEMA feito no CEARÁ
O último desenho de Shrek
Personagem vive crise de meia-idade em filme 3D que põe fim à série
Consertar privada, cuidar de três filhos pequenos e não ter um único momento de sossego deixa qualquer pessoa enlouquecida. Qualquer ogro também. Em "Shrek para Sempre", que estreia no Brasil na sexta-feira (9), o grandalhão verde vive uma crise de meia-idade e começa a se irritar com a rotina de fraldas, tumultos e reclamações. O que piora ainda mais a situação é que ninguém mais tem medo dele, e Shrek quer se sentir ogro novamente. "Eu me tornei uma piada esverdeada", diz em um trecho. Em "Shrek para Sempre", o ogro assina pacto com o persuasivo Rumpel e vive uma realidade alternativa
No quarto e último filme da série, que chega pela primeira vez em 3D, o vilão Rumpelstiltskin aparece para mexer com a vida de todos --o personagem foi retirado de um conto de fadas dos irmãos Grimm, publicado em 1812. Persuasivo, convence Shrek a assinar um pacto para conseguir o que deseja: ele ganha "um dia de ogro", mas precisa dar, em troca, um dia de sua vida. E é aí que uma realidade paralela surge na história.
Fiona, o Burro e o Gato de Botas agora são meros desconhecidos, e o reino de Tão Tão Distante está dominado por Rumpel e seu exército de bruxas. Shrek terá que ser forte se quiser reconquistar a confiança dos amigos e ganhar, mais uma vez, o amor de Fiona. Destaque para as danças supercoreografadas do filme, que ocorrem quando um flautista mágico "comanda" os movimentos dos ogros e das bruxas. Aliás, Shrek aparece voando em uma das cenas. O Burro e o Gato também protagonizam momentos engraçados, mas nada como a frase "Faz o urro! Faz o urro!", que um pequeno e emburrado fã repete insistentemente ao ogro.
Clique aqui e confira horários e salas de exibição
Astros do cinema no Brasil
Tom Cruise e Cameron Diaz estiveram no país lançando o filme de ação “Encontro Explosivo”
Tom Cruise fez embaixadinhas e diz que é fã do cinema brasileiro
No Rio, Cameron Diaz diz que não vive sem "depilação brasileira"
Os astros de Hollywood Tom Cruise, 48, e Cameron Diaz, 37, estiveram na terça-feira (6) no Brasil para lançamento do filme "Encontro Explosivo". O filme terá pré-estreia em Fortaleza hoje e amanhã, no Multiplex UCI Ribeiro Iguatemi, às 21h45 e 00h05.
Em sua visita ao Rio de Janeiro Tom Cruise disse considerar "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, "maravilhoso".
Cruise recebeu uma bola de futebol da equipe do programa "CQC", da Band, e até arriscou fazer algumas embaixadas. Ele também foi presenteado com uma camisa da seleção brasileira com o nome "Tomzinho" nas costas. Sabrina Sato chegou cedo e conseguiu entregar uma vuvuzela amarela para o astro e fotografar ao lado dele. Cruise veio ao Brasil no ano passado com sua esposa, a atriz norte-americana Katie Holmes, e a filha Suri para promover o filme "Operação Valquíria" sobre a Segunda Guerra Mundial. O ator, que já esteve no país em outras ocasiões, disse gostar muito do Brasil e dos brasileiros.
Ele também não demonstrou preocupação com a bilheteria do filme, considerada fraca para um título com duas grandes estrelas. “Encontro explosivo” arrecadou em duas semanas cerca de US$ 50 milhões (R$ 88 milhões), menos que "Toy Story 3" em um fim de semana.
A atriz Cameron Diaz surgiu num vestido verde escuro com uma fenda que deixava suas pernas à mostra no Vivo Rio, local da pré-estreia. Por cerca de uma hora e meia, eles tiraram fotos e distribuíram autógrafos aos fãs que aguardavam no local, além de conversar com a imprensa. Perguntada pela repórter do "Pânico na TV", da RedeTV!, se ela era adepta da depilação com cera --nos Estados Unidos, conhecida como "depilação brasileira", Cameron Diaz foi rápida: "Sim!", respondeu. "As americanas não vivem sem a depilação brasileira." A atriz disse ainda que adorou o Rio de Janeiro. "Quero voltar no verão", afirmou. Segundo ela, um dos pontos altos de sua estada na cidade foi o passeio de helicóptero. "Tenho medo de altura, mas mesmo assim foi incrível."
"Encontro Explosivo" conta a história de June (Diaz), uma mulher que descobre um segredo que não deveria saber, quando se torna parceira de Roy (Cruise), um agente secreto em uma missão. Enquanto a aventura da dupla pelo mundo se transforma em um labirinto de traições, fugas e identidades falsas, eles descobrem que só podem contar um com o outro.
O filme é dirigido por James Mangold, conhecido por "Johnny e June" e "Os Indomáveis", e uniu novamente dois dos maiores astros de Hollywood, depois de "Vanilla Sky" em 2001. Diaz disse ter sido divertido trabalhar novamente com Cruise: "Todos os dias íamos trabalhar e dávamos risadas, e você sabe, fizemos um filme do qual tivemos orgulho e queríamos muito alcançar todos."
"Patrick 1.5" é comédia sobre adoção homossexual
Filme é uma das estreias no Espaço Unibanco Dragão do Mar
Um casal homossexual --Goran e Sven-- acaba de se mudar para uma nova casa, situada em algum aprazível subúrbio da Suécia. Os dois não perdem o bom humor diante do estranhamento inicial que provocam nos vizinhos, ocultado por uma falsa descontração, que se transforma em hipocrisia quando o casal adota um filho. A adoção por casais homossexuais é permitida no país desde 2002.
Apesar de desejarem uma criança de um ano e meio, quem bate à porta é Patrik, um órfão de 15 anos, com pequenos delitos no currículo. As peripécias que fazem com que essa mudança aconteça são um tanto inverossímeis, mas isto é apenas um detalhe.
Pouco disposto a aceitar pais do mesmo sexo Patrik, reage com hostilidade, tratando Goran e Sven de pedófilos. O turbulento adolescente acaba tumultuando a vida do casal, que se separa. Sven o julga um criminoso, se sente ameaçado e deixa a casa. Goran passa a cuidar do garoto, consegue criar laços com ele e é aceito como pai. Enquanto isso, os vizinhos mostram sua verdadeira face lançando uma avalanche de insultos homofóbicos sobre o casal, o que abala a imagem tolerante da sociedade sueca.
Mas a diretora Ella Lemhagen, que também é coautora do roteiro, não quis insistir neste confronto. O casal não reage às agressões, não se indigna diante da abjeção, o que denota uma vontade de se 'integrar' na 'normalidade' a qualquer preço, um medo enorme de ser rejeitado.
Lemhagen escamoteia a complexidade da questão da adoção por casais homossexuais e faz um filme frouxo, conformista. A dupla de personagens centrais é estereotipada: o homossexual é um cara meio agressivo, irresponsável, egoísta, que bebe e tem uma vida sexual dissoluta (Sven), ou então é o bonzinho, com cara de anjo, contido e carinhoso, que sonha com uma criança e um cachorrinho (Goran) --modelo que o filme referenda.
Ao não construir personagens sólidos e mais complexos, o filme se compraz em divertir ou emocionar o espectador dentro do velho esquema maniqueísta. É uma pena, pois o tema é muito atual e o debate sobre questões que o filme apenas suscita é imprescindível.
Mais ação em “Crepúsculo”
Terceiro filme da saga, “Eclipse”, estreia hoje nos cinemas brasileiros
Não dá para falar de fenômenos da literatura mundial sem pensar em Stephenie Meyer. A escritora norte-americana, que em menos de cinco anos se tornou uma das autoras mais importantes da década, foi responsável por dar vida a alguns dos personagens mais comentados dos últimos tempos – Bella Swan (Kristen Stewart), Edward Cullen (Robert Pattinson) e Jacob Black (Taylor Lautner), que retornam às telas de cinema com o terceiro episódio da saga Crepúsculo, Eclipse.
Agora, estes personagens dispensam maiores comentários. Essas figuras complexas ganharam popularidade com Crepúsculo, lançado no mercado literário em 2005, mas que ganhou repercussão mundial com a chegada da adaptação à telona em novembro de 2008. Através do longa-metragem, entramos no mundo de Stephenie Meyer – adorada pelos adolescentes e fãs da Saga, mas nem por isso tão respeitada pelos críticos. Quem é fã, com certeza já leu o livro. Então, agora é a hora de conferir de perto se a adaptação para a tela grande vai atender às expectativas dos exigentes admiradores da Saga Crepúsculo. Eclipse, terceiro filme da série, tem a missão de garantir o mesmo estrondoso sucesso dos filmes anteriores.
Em Lua Nova, Edward, o vampiro que alçou o ator Robert Pattinson ao status de estrela mundial, ficou em segundo plano. É por isso que agora, com Eclipse, chegamos a uma das melhores obras de Stephenie até então – o livro tem ritmo, e apesar de manter o tom sombrio, não é exagerado em melancolia e decepção.
Chega-se ao ápice do romance – hora em que Bella percebe seu sentimento por Jacob, e tem que decidir por ele ou pelo vampiro Edward. Mas não fica só nisso – há ação, muita ação, por conta da chegada de um grupo de vampiros recém-criados (foto), que aterrorizam Bella e sua comunidade.
Eclipse é considerado por muitos o romance favorito entre os quatro da Saga Crepúsculo – composta, além de Crepúsculo e Lua Nova, também por Amanhecer, o último livro. Ele mantém vivo aquilo que fez com que os episódios anteriores fossem tão bem-sucedidos – e não embarca em uma grande e criticada viagem como no último livro da série. Ou seja, tem tudo para render um ótimo filme.
Em Eclipse, é hora de Bella tomar decisões. “Para mim, o maior tema sempre foi o de encarar as consequências de suas escolhas, e que mesmo a escolha certa tem consequências”, explica Stephenie Meyer, em entrevista cedida pelas distribuidoras Summit Entertainment e Paris Filmes. “Bella tem que se tornar uma adulta e começar a lidar com as suas ações”, completa.
Além disso, muitas passagens, algumas relatadas no mais recente título lançado pela escritora, A Breve Segunda Vida de Bree Tanner: Uma História de Eclipse, devem entrar na adaptação cinematográfica. “Tem tantas histórias com Victoria (Bryce Dallas Howard), Riley (Xavier Samuel) e Bree (Jodelle Ferland) que não estavam no livro. Estou feliz que um pouco disso está no filme, e as pessoas podem ter uma ideia do que estava acontecendo e que Bella não sabia”, finaliza.
Clique aqui e confira horários e salas de exibição
“Menino maluquinho” da França
“O Pequeno Nicolau”, fenômeno do cinema francês, estreou no Espaço Unibanco Dragão do Mar
O personagem Pequeno Nicolau está para as crianças francesas como o Menino Maluquinho está para as brasileiras. Ou seja, foi, e ainda é, o companheiro de infância de muita gente. Por isso, é de se estranhar que tenha levado tanto tempo para chegar ao cinema - isso aconteceu porque a pessoa que detém os direitos do personagem não gostava de nenhuma das sugestões de adaptação.
Baseado nas histórias criadas no final dos anos de 1950, pelo escritor René Goscinny (um dos autores de Astérix) e ilustrado por Jean-Jacques Sempé, o filme O Pequeno Nicolau estreou na França no ano passado e foi a maior bilheteria nacional do país. No Brasil, o longa chega em circuito nacional, em cópias dubladas e legendadas.
Dirigido por Laurent Tirard (As Aventuras de Molière) - que assina o roteiro com o comediante Alain Chabat e Grégoire Vigneron -, o filme não é bem uma adaptação de nenhum dos livros da série, mas uma história original. O que o longa mantém, além de todos os personagens, é o espírito e a personalidade do menino Nicolau e daqueles que o cercam, seus pais e amigos de escola. O Pequeno Nicolau é um filme que capta a nostalgia de uma infância delicada e um tanto ingênua, mas muito divertida, com este Nicolau de imaginação fértil e amigos atrapalhados. O longa usa dessa inocência diante das atribulações do mundo como a força que o impulsiona.
Como nos livros, a visão simples - mas não simplista, nem simplória - que as crianças têm do mundo dos adultos expõe as complicações desnecessárias que pais e professores são capazes de criar para suas próprias vidas. O filme segue a mesma linha ao observar a realidade do ponto de vista de uma criança, com sua ingenuidade e sinceridade, que pode ser assustadora.
Clique aqui e confira horários e salas de exibição
"Toy Story 3" é o mais emocionante da série
Brincar. Colecionar brinquedos, raros ou não. Acreditar no faz de conta. Habitualmente, tais conceitos são aplicados a crianças ou, na pior das hipóteses, nas inúmeras teses jornalísticas ou comportamentais dedicadas a tentar compreender os adultos e seus action figures. Toy Story mudou essa história ao transformar essa brincadeira em experiência formativa mundial; seja pela humanização dos brinquedos ou pela recíproca relação de amor, respeito e carinho entre o então garotinho Andy e sua vasta coleção liderada pelo caubói Woody.
Quinze anos se passaram, Woody, Buzz, Jessie e Cia transcenderam a tela para ganhar lugar no imaginário de toda criança, jovem ou adulto que tenha contato com o cinema. Seus personagens e arquétipos ocupam o mesmo espaço de princesas em perigo, príncipes encantados e bruxas más da literatura, mas com um diferencial: Toy Story nasceu para ser visual e visto, instantaneamente, por centenas de milhares de adoradores.
E nem mesmo a ida de Andy para a faculdade e o destino incerto de seus companheiros de plástico e pano são capazes de ameaçar esse laço, afinal Toy Story 3 chegou! E o melhor filme da trilogia estreia com emoção, drama e um primor técnico inigualável.
É noite de sexta-feira. Faz frio na Bay Area. Terra é o único portal brasileiro convidado a assistir Toy Story 3 dentro da sala de projeção da Pixar, em Emeryville. Momentos de expectativa antecedem o início da projeção, afinal, o que esperar desse terceiro filme da trilogia dos brinquedos? E a resposta vem com um clichê: a Pixar fez de novo. Se continuações de sucesso qualitativo já são raras, o que dizer de célebres terceiras partes?
Toy Story 3 entra para esse seleto grupo instantaneamente ao ultrapassar limites narrativos e encerrar o ciclo. Pelo menos temporariamente.
Com uma abertura memorável, precedida por mais um inesquecível curta (Day & Night, um dos mais arrojados e criativos da história da companhia), Toy Story 3 busca alguns elementos de suas origens e faz uso da nova tecnologia disponível para dar vida ao sonho, ou melhor, à imaginação de toda criança. Independente da idade.
O diretor Lee Unkrich e sua equipe foram meticulosos e seguiram à risca o maior mandamento de John Lasseter: faça um filme do qual sinta orgulho e cause emoção; o público vai seguir. Isso valeu tanto para roteiro quanto para o aspecto técnico, já que todos os personagens foram redesenhados e animados. Duas razões: incompatibilidade com os modelos iniciais com o sistema atual de animação e zelo excessivo. Cada costura, cada tonalidade de tecido, cada textura fora recriada à perfeição.
Mas esse é o detalhe, um elemento que fará diferença apenas no DVD e Blu-Ray e ao fã mais dedicado. No cinema, tamanha dedicação ajuda, mas perde importância perante uma narrativa digna da lista de Melhor Filme no Oscar do ano que vem. O público conhece os personagens, se importa com eles, entretanto, não faz ideia dos limites a serem testados pela ida de Andy à faculdade.
E é aí que Toy Story 3 surpreende, ao seguir o caminho do drama pesado em vez de se prender à comédia leve e previsível. É bom sinal compreender que um grupo de brinquedos pode causar tantas emoções sem exageros. Há momentos divertidos, claro, mas são as seqüências dramáticas que fazem a diferença. As animações de Walt Disney sempre assustam um pouco, mas algumas barreiras foram ultrapassadas com esse filme - uma espécie de campo de concentração para brinquedos. Não é à toa que a prisão de Alcatraz foi uma das locações estudadas para inspirar boa parte dos cenários do longa-metragem.
Ao mesmo tempo em que Toy Story 3 reforça a necessidade pela fé nas pessoas, também reafirma uma das constantes de Dickens: as pessoas são o que são, e dificilmente mudam. Seja pela crença inabalável de Woody em sua missão ao lado de Andy, seja pela eterna desconfiança e negatividade do Sr. Cabeça de Batata. As circunstâncias podem provocar reações diferentes, mas, essencialmente, os brinquedos sofrem com os mesmos medos e ansiedades. Especialmente Jessie, que teme ser abandonada novamente e, pelo aspecto cômico, Buzz com a eterna sombra do patrulheiro obstinado. Aliás, é Buzz quem rouba a cena ao dar uma palha em espanhol.
Se já era impossível olhar para um brinquedo com o mesmo distanciamento e impessoalidade depois dos dois primeiros filmes, fica mais difícil olhar para a pessoa ao seu lado e não pensar em suas reações nos momentos mais definitivos e aterrorizantes da vida. Os protagonistas de Toy Story 3 são brinquedos de plástico e pano, seu mundo tridimensional é gerado por computador, mas suas emoções são totalmente humanas.
É a maior metáfora do cinema comercial moderno, que, desta vez, foi muito além do infinito. Conter as lágrimas é tão improvável quanto um grupo de brinquedos que ganha vida longe dos olhos dos humanos.
Clique aqui e confira horários e salas de exibição
Dos games para a telona
Se fosse para resumir tudo que acontece em "Príncipe da Pérsia" em breves linhas, poderíamos condensar os 116 minutos de projeção em corre, salta, pula, cresce, aumenta, briga, sorri, gira o cabelo, sorri com charme, volta a brigar, correr, saltar, pular, dar um triplo carpado para, no fim de tudo, bem... não vamos contar o desfecho da história, não é?
Voltemos então alguns minutos no tempo para recomeçar do zero: Príncipe da Pérsia – As Areias do Tempo é um filme sobre um poderoso reino que invade outro alegando uma possível ameaça de armas de destruição em massa. Armas estas que, claro, não existem. Até aí parece que você já conhece o enredo, mas eis que essa trama se passa na Pérsia Antiga.
Em meio a esse cenário familiar, ainda que tão distante no tempo, existe um príncipe, filho adotivo de um Rei que parece ser mais democrata que republicano. O príncipe se apaixona pela princesa do reino invadido. Porém, entre eles, existe uma adaga e esta arma irá revelar que o passado, presente e futuro podem sim ser controlados com as chamadas Areias do Tempo.
Adaptado do popular e clássico game lançado originalmente em 1989, o primeiro filme Príncipe da Pérsia (sim, porque pode haver outros) tenta colocar em tela grande a essência do jogo que fez o personagem tão popular: suas habilidades acrobáticas. Acreditem, os saltos deste filme podem fazer Diego Hypólito repensar sua carreira.
E se nas várias versões do game Príncipe da Pérsia o sujeito de todos os verbos acima não tem nome, no filme que chega agora aos cinemas ele é registrado em cartório sob a graça de Jake Gyllenhaal, ou melhor, Dastan, um jovem cabeludo com o vigor de uma criança, a elasticidade de um artista do Cirque Du Soleil e o charme de um Gyllenhaal que deixou seu corpo se expandir para músculos nunca dantes vistos nele.
Clique aqui e confira horários e salas de exibição
Em busca de um velho amor
Cartas para Julieta representa um paradoxo: é um filme quase perfeito, sem que seja especialmente bom. Dirigido por Gary Winick com base em roteiro de Jose Rivera e Tim Sullivan, o trabalho realiza cada uma de suas ambições com a mesma brusca eficiência que a protagonista emprega em seu trabalho como revisora e editora de revista. Mas os objetivos do filme são tão modestos, minúsculos, tímidos, que realização é exatamente a sensação que ele não desperta. Nenhum sentimento áspero é arriscado, a sensibilidade da audiência não é agredida e, como resultado, não há diálogos memoráveis, cenas surpreendentes e não surge um personagem sobre o qual sintamos mais que uma boa vontade tépida.
De acordo com Aristóteles, os personagens de tragédias são melhores que nós, e os de comédias piores. Em certa espécie de romance cômico moderno, porém, as duas estipulações básicas são a de que os personagens principais sejam tanto mais bonitos quanto mais tediosos que o público, e isso produz emoções contraditórias que cancelam uma à outra. Nossa, como a Itália é linda! Nossa, como Amanda Seyfried é linda! O vinho parece bom. Olha que cara bonitão. Aquela velha está triste? Que bacana, um casamento.
Na verdade, a velha em questão -Claire, interpretada maravilhosamente e sem esforço aparente por Vanessa Redgrave- parece intrigada, atônita, ocasionalmente chocada mas, no geral, basicamente indulgente com relação à história artificial que ocorre em torno dela. Claire chega a Verona em busca de um antigo amor e pouco tem a dizer, mas Redgrave suspira e troca olhares significativos com Seyfried de uma maneira que confere graça, autenticidade e certa gravidade emocional a um filme que precisa desesperadamente de tudo isso e não sabe bem como fazê-lo.
O personagem de Seyfried, Sophie, revisora editorial para uma revista parecida com a New Yorker, editada por Oliver Platt de uma redação com vista para a ponte de Brooklyn, chega a Verona para uma espécie de lua de mel pré-nupcial com seu noivo Victor (Gael Garcia Bernal).
Os dois são jovens e apaixonados, mas não um pelo outro. Ela quer ser escritora, ele vai abrir um restaurante, e a breve estadia na Itália se torna uma amostra do desgastante casamento metropolitano que teriam. (Não que haja risco de casamento.) Eles conversam por mensagens de texto, mas se divertem separadamente -ele com restaurantes, ela tentando deslindar uma história que é a da vida de Claire.
Mas primeiro Sophie encontra por acaso um grupo de mulheres italianas conhecidas como "as secretárias de Julieta", que recolhem as cartas que mulheres românticas de todo o mundo depositam entre as pedras do muro que fica sob a mais famosa sacada de Verona, contando suas histórias à maior das mártires do amor. Todas as cartas são respondidas, e Sophie decide responder a um melancólico bilhete colocado na muralha meio século atrás. A autora era Claire, então uma estudante britânica de intercâmbio que deveria ter encontrado um paquera local chamado Lorenzo mas teve medo e retornou à Inglaterra.
Agora, Claire volta a Verona por conta da resposta de Sophie, acompanhada por um neto loiro e charmoso chamado Charlie (Christopher Egan, que mistura a figura de Ryan Phillippe a alguns dos maneirismos de Hugh Grant). O desagrado instantâneo que ele sente ao ver Sophie sinaliza o amor iminente. Claire está determinada a encontrar Lorenzo, e sai em viagem na qual se encontra com diversos velhinhos chamados Lorenzo, todos os quais adorariam ter sido seu grande amor.
Boa parte do filme aproveita a viagem de Claire, Charlie e Sophie para oferecer provas turísticas de que a Itália existe: colinas banhadas pelo sol, cidadezinhas com casas de pedra nas encostas de montanhas, vinhedos, telhados de ardósia. O cenário humano sugere que o tempo parou depois de Shakespeare mas muito antes de Berlusconi, e que o autêntico papel cultural da Itália é o de cenário para romances anglófonos.
Isso funcionou bem para Henry James e E. M. Forster, cuja influência ocasionalmente se faz sentir nesse filme brando. Seyfried exibe ao menos um traço do charme e disposição das heroínas expatriadas dos dois escritores, e é difícil não torcer por sua felicidade, mesmo que o filme cuide para poupá-la do risco de decepção amorosa.
Cartas para Julieta é o quarto filme com Seyfried lançado este ano e, com o choroso Querido John, deve consolidá-la como estrela de cinema. Embora seu trabalho no cinema por enquanto não seja tão bom quanto na série Big Love, da HBO, a combinação de teimosia, vulnerabilidade e bom senso prático que exibe a torna atraente para quase todas as audiências. Seyfried está para o quase choro como Kristen Stewart está para morder o lábio preocupadamente: uma mestra na arte de exibir emoções mal contidas e deliciosamente ambíguas.
E isso torna Seyfried (e Redgrave) mais interessantes que o filme. Não é que Cartas para Julieta seja ruim; se você está em busca de uma má comédia romântica, posso oferecer uma longa lista. Mas gostar de um filme como esse já é uma forma de decepção, porque aquilo que o espectador queria, e que lhe foi prometido, é amor.
Clique aqui e confira horários e salas de exibição
Novo filme de Woody Allen
Há quem ame Woody Allen, há quem odeie. Não estou em nenhum dos dois grupos, mas particularmente acho que Allen se reinventa a cada década. Nos chamados anos 00, Allen se mostrou bem diferente de seus filmes inesquecíveis dos anos 80 e, em especial com os admiráveis “Match Point” (2005) e “Vicky Cristina Barcelona” () — com os não tão bons assim “Scoop – O Grande Furo” (2006) e “O Sonho de Cassandra” (2007) no meio — o diretor parecia estar engrenando para uma linha bastante interessante e que com a qual certamente conquistou novos (e diferentes) fãs.
Com o ótimo “Tudo Pode Dar Certo”, tudo mudou, de novo. Allen volta um pouco no tempo para uma linha que gerou outros ótimos filmes mais “particulares”, na falta de uma expressão melhor, com as neuroses novaiorquinas em alta de novo.
As interpretações são sempre uma delícia. O que dizer de Patricia Clarkson (na minha opinião, uma grande atriz que não tem a popularidade que deveria), dando show mesmo em um personagem tão óbvio quanto confuso ? Larry David (co-criador da série Seinfeld) faz com correção o papel de Boris, o “Woody Allen da vez”: ainda que tenha conseguido ser um dos melhores atores escolhidos pelo diretor para “vivê-lo” na telona, sobra precisão, sobra vigor (muito mais do que Allen poderia conseguir interpretando o papel) mas… falta carisma. Talvez seja o melhor papel de Evan Rachel Wood, e ela está ótima desde o incensado “Aos Treze” (que não vi), mas é o máximo a se dizer dela. Ed Begley Jr. está ótimo como seu pai, e Henry Cavill não compromete.
Vale a pena o ingresso, ainda que seja um filme irregular: algumas piadas se repitam, mas em se tratando do mundo-Allen, há boas surpresas no desfecho. Recomendo.
Clique aqui e confira horários e salas de exibição
Comédia 'Cadê os Morgan?' depende do carisma de Hugh Grant
Ricos, bonitos e bem-sucedidos, o advogado Paul Morgan (Hugh Grant) e a corretora de imóveis de luxo Meryl Morgan (Sarah Jessica Parker, Sex and the City) estão vivendo uma crise no casamento, porque Paul deu uma escapada. Assim começa a comédia Cadê os Morgan?, estreando em circuito nacional.
Arrependido, Paul faz de tudo para reconquistá-la. E, numa noite em que ela, finalmente, concordou em jantar com ele, os dois presenciam um crime, que tem relação com um dos clientes de Meryl. Por conta disso, são incluídos no programa de proteção de testemunhas do FBI e, bem contra a vontade, têm que mudar-se de Nova York para a remota cidadezinha de Ray, no rural estado do Wyoming.
Urbanoides radicais, eles - especialmente ela - se ressentem da falta dos confortos da cidade grande. Aqui em Ray, o celular quase não pega. Seu novo endereço, a residência de um casal de agentes do FBI, Emma (Mary Steenburgen, A Proposta) e Clay Wheeler (Sam Elliott, Amor sem Escalas), sequer tem TV a cabo.
O evento mais divertido da cidade é um rodeio. E, pior, eles são obrigados a conviver sob o mesmo teto bem na hora em que Meryl cogitava o divórcio.
Como toda comédia, esta aqui alimenta-se dos opostos. E não há casal mais diferente dos Morgan do que os Wheeler. Talvez a melhor sacada do roteiro, de autoria do diretor Marc Lawrence, seja mesmo projetar nesta boa dupla de atores, Elliott e Steenburgen, pelo menos uma parte da América profunda, conservadora, republicana, armamentista, amante da caça (há cabeças de animais decorando a sala da casa, para horror da vegetariana Meryl), mas não desprovida de senso de humor. Um humor que, neste momento particular, está faltando muito a Meryl.
Encarnando seu habitual personagem atrapalhado, Hugh Grant garante algumas risadas. É a terceira vez que trabalha com o diretor Lawrence, repetindo a parceria de Amor à Segunda Vista (2002) e Letra e Música (2007). Talvez por isso esteja mais à vontade, embora num papel não particularmente brilhante.
Sarah Jessica Parker, por sua vez, é mais irritante do que engraçada - um problema que parece vir mais do roteiro do que dela mesma.
Comédia parece um gênero fácil só para quem não sabe do que está falando. É a mais difícil das artes fazer rir, encontrar o tempo da piada, a química entre uma dupla. Nada disso aconteceu direito entre Sarah e Hugh aqui.
Por isso, os poucos bons momentos da história pertencem mesmo à dupla de veteranos Elliott e Steenburgen, ainda assim, num universo cheio de clichês surrados.
Clique aqui e confira horários e salas de exibição
A nova versão de "Esquadrão Classe A"
Numa época em que qualquer coisa minimamente pop é passível de ser refeita, até que demorou muito para a equipe do programa de TV Esquadrão Classe A chegar aos cinemas.
Protagonistas de uma das séries de ação mais populares da década de 1980, os quatro mercenários parecem não ter envelhecido um dia sequer - até porque, desta vez, são interpretados por Liam Neeson (O Preço da Traição), Bradley Cooper (Se Beber, não Case), o lutador de artes marciais Quinton 'Rampage' Jackson e Sharlto Copley (o protagonista de Distrito 9).
>Atores da antiga versão da série que passava no SBT
Os atores são novos, os aparatos também, mas o espírito da série parece não ter mudado nesse longa, que estreia em circuito nacional, em cópias dubladas e legendadas. O filme é dirigido por Joe Carnahan (A Última Cartada), a partir do roteiro escrito por ele e Brian Bloom, que também atua. O perfil dos personagens é o mesmo da série: Hannibal (Neeson) é o chefe; Cara-de-pau (Cooper), o galã; BA (Jackson), apesar de todo o tamanho e a cara de mau é o mais doce; e Murdock (Copley) é louco - literalmente.
O filme conta como se formou o esquadrão, que dessa vez, ao contrário do original, em que eram veteranos do Vietnã, e agora são do Iraque. Como no original, acabam caindo numa armadilha, presos e julgados numa corte marcial. Sentenciados, passam a viver escondidos, quando conseguem fugir da prisão.
Essa é só a metade do filme que, depois de apresentar os personagens e seus perfis, engata uma história que tem a ver com o motivo da prisão do grupo. Tentar entender ou levar a sério o que está realmente acontecendo é pura bobagem. A diversão em Esquadrão Classe A nunca está no porque as coisas acontecem, mas sim no como elas acontecem.
A desculpa para as perseguições, pancadas e tiros é uma maleta com matrizes para a produção de notas de dólares. Esse, como diria o diretor Alfred Hitchcock, é o MacGuffin do filme, ou seja, um elemento sem qualquer valor narrativo, mas que serve como causa para boa parte da ação. E, no quesito ação, Esquadrão Classe A não deve decepcionar.
Os vilões, por sua vez, custam a se revelar mas, quando o fazem, pancadas, perseguições e tiroteios acontecem sem parar - até porque, realmente, esses são os únicos elementos que contam no filme. Patrick Wilson (Watchmen) é Lynch, um agente da CIA sobre quem se sabe muito pouco. Brian Bloom é Pike, um sujeito que trabalha para o Exército, e cujo caráter não parece ser dos mais confiáveis.
A única presença feminina que conta no filme é Jessica Biel (de Idas e Vindas do Amor), uma oficial do Exército cuja patente é rebaixada depois da armadilha na qual caem os membros do esquadrão. Ela é ex-namorada de Cara-de-Pau - e como as coisas não acabaram muito bem, existe sempre uma tensão no ar.
Esquadrão Classe A parece reunir todos os elementos necessários para a série ganhar um fôlego cinematográfico, ação, humor, mulher bonita, lutas, perseguições e tiros. Se o filme fizer sucesso de bilheteria, pode abrir as portas para outras adaptações, como Miami Vice ensaiou em 2006, mas não conseguiu.
Clique aqui e confira horários e salas de exibição
A volta de Jennifer Lopez
É difícil determinar quando a comédia romântica norte-americana começou a fazer terapia, ainda que seja fácil presumir que isso aconteceu no mesmo momento em que os cineastas começaram a se deitar no divã, ou a ler livros de autoajuda.
No passado, as comédias românticas envolviam um homem e uma mulher envolvidos em delicadas (ou rudes) negociações de poder. A megera precisava ser domada, ou o menino tinha de amadurecer para enfrentá-la, ou qualquer outra variação da ideia. Esse modelo continua em uso, ainda que o diálogo cômico que acompanhava esses momentos tenha sido substituído por discursos sobre sentimentos.
Freud talvez tenha chegado a Hollywood décadas mais cedo, mas Woody Allen e as gerações de humoristas que ele inspirou têm muito a responder quanto a essa tendência.
Alguns dos envolvidos na produção de Plano B, uma maneira não muito divertida mas ainda assim indolor de perder tempo, certamente refletiu sobre questões de vida e amor. Com roteiro de Kate Angelo e direção de Alan Poul, o filme serve essencialmente como veículo para Jennifer Lopez, uma presença forte na tela mas infelizmente dotada de currículo cinematográfico pouco interessante.
A culpa, provavelmente, não cabe à atriz; os papéis românticos para mulheres muitas vezes ficam para as lerdas ou as loiras (Jennifer Aniston e Katherine Heigl), ou para as raras humoristas estabelecidas (Tina Fey). Angelina Jolie domina os papéis mais combativos, ainda que Lopez tenha provado que se sai bem nesse gênero em Irresistível Paixão (1998), thriller de Steven Soderbergh e seu melhor filme.
Plano B é o primeiro filme estrelado por Lopez desde El Cantante (2007), uma cinebiografia sobre o cantor de salsa Hector Lavoe no qual ela trabalhou com o marido, Marc Anthony. Em consequência, o novo filme não é só sobre uma mulher, Zoe, que decide ter um filho sozinha.
Também gira em torno da beleza que Lopez exibe depois de alguns anos fora das telas, período no qual teve gêmeos e, a julgar pelas tomadas de sua barriga musculosa, coxas firmes e traseiro torneado, não demorou a recuperar a forma. Se você acha que estou exagerando, considere que uma cena inteira envolve Zoe lamentando as glórias de suas nádegas, e brandindo uma foto como prova.
Mas estou me adiantando. O filme começa com Zoe recebendo uma inseminação artificial em uma clínica presidida por um médico brincalhão interpretado por Robert Klein. Terminalmente solteira se não solitária em sua Nova York, Zoe é dona de uma loja de produtos para animais, tem um cachorrinho paralítico e conta com dois funcionários muito leais (Eric Christian Olsen e Noureen DeWulf), que em geral se limitam a sorrir e a servir como escada para estrela, mais ou menos ao modo de Eve Arden nos filmes sobre uma mulher forte em busca de homem ainda mais forte estrelados por Joan Crawford.
Zoe também tem uma sábia avó (Linda Lavin), o que vale momentos bonitinhos e sentimentais em uma casa de repouso (velhinhos dizem cada coisa!). Mas, porque seu pai e sua mãe a abandonaram, Zoe sofre de problemas de autoestima. A complicação surge na forma de um intruso sensível, Stan (Alex O'Loughlin), perfeito para a protagonista. Ele faz queijo artesanal de leite de cabra para vender na cidade grande, e leva Zoe para jantar em um paradisíaco jardim na Avenida B (ele tem algo de rural, algo de gentil, algo de rock melódico).
Stan chega a até a dirigir um trator sem camisa (e sem a nuca vermelha de um agricultor), e fala sensatamente sobre a agricultura sustentável durante a corte. A situação é complicada, e se complica ainda mais à medida que a gravidez de Zoe avança e suas emoções e hormônios entram em conflito com seus medos.
Plano B é inócuo e facilmente esquecível, e parece basicamente um seriado de humor estendido para a forma de filme. Funcionará bem na TV, a mídia mais adequada para closes de personagens exibindo emoções ternas. Com seu rosto anguloso e hipnótico, Lopez nasceu para closes ¿ainda que mais bonitos e suntuosos que os oferecidos nesse filme.
É difícil não lamentar que uma estrela como ela não tenha encontrado uma produção mais luxuosa para marcar sua volta ao cinema, um filme que aproveitasse ao máximo seu charme e talento e lhe desse como tarefa algo mais que fazer os espectadores sorrirem (pode ser que consiga) ou se comoverem (idem) diante dos atrativos de uma história sobre pessoas apaixonadas - e, claro, também diante da visão daquele magnífico traseiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário