quinta-feira, 4 de junho de 2009

CINEMA

Mundo corporativo é desculpa para 'Duplicidade'

Filme com Julia Roberts e Clive Owen estréia no Multiplex UCI Ribeiro Iguatemi


A julgar pela temática dos dois filmes que escreveu e dirigiu, Tony Gilroy anda bastante preocupado com o mundo das grandes corporações. Duplicidade é uma combinação entre espionagem, romance de alta voltagem, intriga e um pouco de comédia - vinda basicamente do absurdo de toda a situação - no mundo das grandes empresas. No fundo, uma história de amor e sensualidade entre duas pessoas repletas de motivos para não confiarem uma na outra, Duplicidade é uma espécie de Sr & Sra Smith sem violência e com inteligência no lugar das armas. Talvez o filme possa assustar quem busca um divertimento descompromissado estrelado por Julia Roberts. Divertimento há, mas este não vem de graça - na contra-mão dos produtos pasteurizados e auto-explicativos de Hollywood que desembarcam semanalmente nos multiplexes do mundo.
Ao contrário de sua estreia na direção com "Conduta de Risco" (2007), Gilroy aqui deixa de lado a seriedade, tentando (e conseguindo) se comunicar melhor por meio da comédia logo nos créditos iniciais, quando dois chefões sisudos da indústria de higiene - interpretados por Paul Giamatti e Tom Wilkinson - caminham um em direção ao outro e se atracam exageradamente em câmera lenta.

Num prólogo, Claire (Julia) conhece Ray (Clive Owen, de "Filhos da Esperança") numa festa da independência dos EUA, em Dubai. Eles dormem juntos, mas ela sai à francesa e leva consigo alguma informação importante. Anos depois eles se reencontram e, por mais que ele insista que a conhece e foi enganado, ela nega. Os dois são ex-espiões governamentais que agora trabalham para empresa privadas - o que é muito mais rentável. Durante o reencontro se dá um diálogo memorável, que será repetido outras vezes em diversas situações e para os mais variados efeitos.
Há um motivo óbvio mostrando como um foi feito para o outro: jamais encontrarão um par tão à sua altura, mas, ao mesmo tempo, nunca poderão confiar no outro. Ainda assim nenhum dos dois ex-espiões, embora juntos por motivos do coração e do bolso, quer confessar seu amor. Afinal, a outra parte iria acreditar?
Se no passado o que movia os filmes de espionagem era a Guerra Fria, com nações assimétricas e igualmente poderosas, agora o marketing global é responsável por movimentar esse gênero cinematográfico. Gilroy, que também roteirizou os filmes da trilogia "Bourne", sabe disso e coloca em cena duas empresas de grande porte, chamadas Burkett & Randle e Equikrom, numa guerra séria, pelo mercado de xampu, fraldas geriátricas, cremes e loções - a diferença entre esses dois produtos, aliás, como fica claro, é importante.
Num mundo onde segredos valem ouro, Claire e Ray fazem de tudo para esconder o seu relacionamento. Viajando de lado a lado - Roma, Londres, Dubai, Nova York - a dupla se encontra e se desencontra, seduz um ao outro e troca segredos e informações confidenciais. Indo e voltando no tempo, Gilroy pede de seu público concentração para montar o quebra-cabeça de intriga e enganos da trama de "Duplicidade".
Uma das duas empresas tem uma fórmula rentável - ninguém sabe qual é o produto, mas todos garantem que ele renderá lucros incalculáveis. Juntos, Claire e Ray deverão roubar a fórmula e enviá-la para a concorrente. A sequência do roubo, por exemplo, garante um dos momentos mais tensos do filme.
Gilroy brinca o tempo todo com o conceito de duplicidade: quem trabalha, na verdade, para quem; quem, realmente, seduz a quem? Por isso, o longa é um jogo de espelho, repleto de reflexos e leituras: uma comédia romântica no mundo da espionagem industrial, um suspense cômico cujo pano de fundo é o amor - ou um filme bastante inteligente, que brinca de se levar a sério; ou um filme sério, que parece estar zombando do estado das coisas. Qualquer que seja a opção, "Duplicidade" mostra que ainda há vida inteligente respirando em Hollywood.



Intrigas na imprensa

Suspense político com Russell Crowe e Ben Affleck resgata o valor do jornalismo impresso


Depois de várias decepções, Russell Crowe e Ben Affleck estão de volta com Intrigas de Estado (“State of play”), o thriller político de Kevin MacDonald que resgata o suspense conspiratório das fitas dos anos 70 (especialmente de Alan Pakula), que tantos diretores e roteiristas admiram e desejam emular. Todos sabemos que o jornalismo impresso e investigativo está incrivelmente defasado em relação à crescente importância da Internet e outras mídias eletrônicas. Como resultado, essa fita é um mergulho a nostalgia dos velhos tempos, quando os jornais se importavam realmente com repórteres fortes e empenhados, verdadeiros heróis e figuras públicas. Trata-se de um filme ideal para um público maduro e inteligente, uma seqüência de um diretor engajado, cuja reputação só tem a ganhar depois do documentário “One Day in september” e do filme “O último rei da Escócia” que rendeu o Oscar de Melhor Ator para Forrest Withaker. No entanto,”Intrigas de Estado” é tão (ou mais) estimulante que a biografia de Idi Amin, que enquanto thriller deixava a desejar.
“Intrigas de Estado” apresenta dois velhos amigos que são envolvidos em um grande (e típico) conflito entre suas respectivas profissões: um ambicioso político procura manter sua posição diante de uma investigação jornalística ou, mais especificamente, a divulgação de corrupção e abuso associados a esse poder. Entrelaçado nessa situação já complicada, perdura uma história pessoal de amizade e uma mulher (Robin Wright Penn) que se coloca entre os dois adversários que se encontram em posições comprometedoras, profissionalmente, moralmente, e pessoalmente. Trata de um congressista em ascensão e um jornalista investigativo que se envolvem em dois casos de homicídio, aparentemente independentes. Primeiro, um jovem é baleado nas ruas, em seguida , uma jovem aparece morta no metrô. A tarefa do roteiro é justamente decifrar a forma complexa em que esses assassinatos estão inter-relacionados. Russel Crowe interpreta Cal McAffrey, um repórter veterano, cuja determinação investigativa lhe conduz a relacionar um estranho homicídio a uma conspiração entre políticos e empresarios mais proeminentes do país. McAffrey é assessorado pela novata Della Frye (Rachel McAdams) em seus esforços para descobrir a identidade do assassino. No contraponto, Stephen Collins (Ben Affleck) é o futuro do seu partido político e provável candidato para a próxima corrida presidencial. Até que sua assistente é brutalmente assassinada.
'Intrigas de Estado' é baseado na minissérie BBC, que gira em torno de um político eleito e seu ex-administrador de campanha, que hoje é jornalista de um importante jornal nacional. Brad Pitt deixou o elenco de 'State of Play', após várias reuniões com o diretor Kevin Macdonald e brigas para alterar o roteiro - Russell Crowe o substituiu. Edward Norton abandonou o elenco. Para seu lugar, foi escalado Ben Affleck. **** 4 ESTRELAS / Ótimo





“Exterminador” sem Arnold Schwarzenegger

Passado no pós-apocalíptico ano de 2018, 'O Exterminador do Futuro - A Salvação' (Terminator Salvation), estréia da semana no Multiplex UCI Ribeiro Iguatemi, é estrelado por Christian Bale como John Connor, o homem destinado a liderar a resistência humana contra a Skynet e seu exército de Exterminadores.
Mas o futuro no qual Connor foi criado para acreditar é parcialmente alterado pela chegada de Marcus Wright (Sam Worthington), um estranho cuja última memória é a de estar no corredor da morte. Connor precisa determinar se Marcus foi enviado do futuro ou resgatado do passado. Enquanto a Skynet prepara seu massacre final, Connor e Marcus embarcam numa odisséia que os levará até o coração das operações da Skynet, onde eles descobrirão o terrível segredo por trás da possível aniquilação da raça humana.
Christian Bale não estará somente em 'O Exterminador do Futuro 4', mas em toda a nova trilogia de filmes. Tentando alcançar um público maior, os produtores anunciaram que o filme será classificado como PG-13, assim adolescentes podem ir ao cinema desacompanhados. Vale lembrar que os primeiros três filmes tiveram classificação R, proibindo que menores de 17 anos assistissem ao filme. Ou seja: nada de violência...
Arnold Schwarzenegger e seu T-800 podem aparecer no filme, mas de maneira digital. O filme conta com um novo robô: o T-600. Parecido com T-800 (vivido por Schwarzenegger), ele possuí menos tecnologia e 2,5 metros de altura. *** 3 ESTRELAS / Bom

Nenhum comentário: