terça-feira, 4 de novembro de 2008

CINEMA NACIONAL

Filme de Guel Arraes ironiza TV e faz referência à Globo

Em seu novo filme, "Romance", o diretor Guel Arraes ("O Auto da Compadecida", "Lisbela e o Prisioneiro") faz um ensaio sobre a representação dramatúrgica do amor, recheado de ironias aos cacoetes da TV e do cinema brasileiros.
Na primeira exibição pública do longa, anteontem, no Festival do Rio, a platéia riu mais do que o diretor gostaria. Antes da sessão, Arraes apresentara o filme como um romance com pitadas de comédia, distinguindo-o de seus trabalhos anteriores, que são comédias com pitadas de romance. "Se vocês rirem muito, vou ficar bastante preocupado", disse ele.João Wainer/Folha ImagemLetícia Sabatella durante filmagem do longa "Romance", do diretor Guel Arraes, no restaurante Spot, em São PauloLetícia Sabatella durante filmagem de "Romance", de Guel Arraes, em São Paulo
Recente pesquisa Datafolha encomendada pelo Sindicato dos Distribuidores para mapear os hábitos de consumo de cinema no país identificou que comédia é o gênero preferido do espectador quando se trata de filmes nacionais.
Não-atores
A platéia que lotou o Cine Palácio, no centro do Rio, para ver "Romance", riu ruidosamente de personagens como Orlando (Vladimir Brichta). Ele é um ator que ambiciona um papel num especial de TV a ser rodado no Nordeste, mas descobre que os testes serão restritos a não-atores da região --expediente que é voga no cinema nacional recente.
"Passei anos da minha vida me formando como ator e vou perder a melhor chance que tive até agora porque sou ator", conclui Orlando, que decide, então, fingir-se de sertanejo, para se submeter ao teste.
A escalação de Orlando para o papel termina acrescentando mais um vértice à relação do casal de protagonistas, formado pela atriz Ana (Letícia Sabatella) e pelo ator e diretor Pedro (Wagner Moura). Os dois se apaixonam durante uma montagem teatral de "Tristão e Isolda", matriz das narrativas do amor romântico.
O desempenho de Ana na peça chama a atenção de Danilo, diretor geral de uma emissora de TV cuja logomarca é prateada e esférica. Danilo é interpretado por José Wilker, com entonação, gestual e tiradas sarcásticas que remetem ao diretor Daniel Filho.
Alçada ao estrelato na novela, Ana vê sua relação com Pedro entrar em crise. Ele despreza a audiência de TV. Prefere a atenção atenta do restrito público de teatro a um espectador "que está me vendo por acaso, entre dois anúncios de detergente".
É uma escolha que a pragmática produtora Fernanda, vivida por uma Andréa Beltrão decalcada de Paula Lavigne, que produziu "Romance", é incapaz de compreender.
"Por que representar para 300 pessoas, se você pode representar para 30 milhões?" é uma das falas de Fernanda.
O roteiro de "Romance" foi escrito por Arraes, diretor de núcleo na Globo ao qual pertencem produções como "A Grande Família", e por Jorge Furtado ("O Homem que Copiava", "Saneamento Básico"), que também realiza trabalhos para a emissora. O título tem co-produção da Globo Filmes.
De Glauber a Manga
Resumindo sua trajetória profissional, anteontem, Arraes disse que, "em meados dos anos 70, queria fazer cinema como Glauber Rocha" e que, no início de sua "vida profissional na TV Globo", inspirado pelas chanchadas, "queria fazer comédia como Carlos Manga".
"Romance", segundo o diretor, filia-se "a uma terceira linha de cinema, que corresponde à nouvelle vague, na França, e, no Brasil, aos filmes de Domingos de Oliveira".
"Romance" estréia em 14/11, em aproximadamente 70 salas, segundo o distribuidor Rodrigo Saturnino Braga (Columbia).



'Orquestra dos Meninos' narra história real com sensibilidade

Dirigido por Paulo Thiago e com Murilo Rosa, Priscila Fantin e Othon Bastos no elenco, Orquestra dos Meninos conta a história real de Mozart Vieira, maestro que montou uma orquestra no agreste de Pernambuco e que por conta de sua popularidade causou a ira dos políticos da região.

No filme, Pernambuco é substituído pela cidade fictícia São Caetano, localizada a 150km do Recife. De acordo com o diretor, seria "tenso" filmar na cidade natal do verdadeiro Mozart Vieira. "E a idéia não era transformá-lo em algo regional", explica Paulo Thiago. A locação escolhida foi então Aracaju, Sergipe.
Orquestra dos Meninos tem um ritmo linear e cronológico. O espectador acompanha como Mozart tomou gosto pela música clássica, a amizade com Humberto (quem lhe ajuda a montar uma orquestra no agreste), a luta pela criação da sinfônica, passando pelo relacionamento com Creuza, sua aluna com quem ele é casado até hoje.
O ápice do longa se passa em janeiro de 1995, quando os jornais de todo o país noticiaram o seqüestro de um jovem músico de 13 anos da Orquestra Sinfônica do Agreste, então admirada em todo o país graças especialmente aos concertos realizados em Brasília, São Paulo e no Rio de Janeiro, à gravação de um CD e às apresentações na televisão.
Na época, Mozart foi acusado de ser o responsável pela ação e ainda de abusar sexualmente do menino.
Com a acusação ao maestro, o trabalho de educação musical e para a vida feito com as crianças e adolescentes pobres se vê ameaçado de desaparecer.
Ao fim da exibição, descobre-se o que aconteceu com cada integrante da sinfônica, o que dá certo alívio ao espectador. Afinal, após tanta luta, houve recompensa.
A ferida, porém, ficou em Mozart Vieira. Ele achava que teria essa mancha por toda a vida, mas o filme de Paulo Thiago lhe trouxe certo conforto. "Não tinha idéia do poder da sétima arte", diz.
O diretor espera causar a mesma comoção no público. "Me sinto realizado quando as pessoas choram no cinema. Esse é um filme sobre a emoção da arte de uma pessoa", descreve Paulo Thiago.




“A Guerra dos Rocha” traz Ary Fontoura como Dona Dina

A Guerra dos Rocha já está em exibição nos cinemas, mostrando cenas muito divertidas de Ary Fontoura, no papel de Dona Dina. Totalmente caracterizado, Ary Fountoura interpreta uma senhora com filhos adultos, que é vizinha de D. Nonô, vivida pela veterana Nicete Bruno. A comédia chega aos cinemas em 10 de outubro.

Em A Guerra dos Rocha, os três filhos adultos de D. Dina Rocha - Marcos Vinicius (Diogo Vilela), César (Marcelo Antony) e Marcelo (Lúcio Mauro Filho) vivem em pé de guerra sobre quem deve ficar com a mãe. Durante uma das muitas batalhas familiares, Dona Dina some. Quando os irmãos percebem e decidem procurá-la, recebem a trágica notícia do IML que uma velhinha com a descrição de D. Dina foi atropelada por um ônibus. O que eles não sabem é que enquanto preparam o velório, a mãe está na casa ao lado com sua amiga Nonô, seqüestrada por dois desastrados e divertidos ladrões...




ANCINE lança campanha nacional inédita em novembro

Promoção tem a parceria da Abraplex e da Abracine e terá ingressos de filmes brasileiros a R$ 4,00

Durante duas semanas de novembro, salas de exibição de todo o país vão participar de uma campanha nacional promovida pela Agência Nacional do Cinema (ANCINE) intitulada “Mês do Filme Nacional”. Entre 10 e 13 e 17 e 20 de novembro, os ingressos dos filmes nacionais, incluindo algumas estréias, vão custar R$ 4,00 (inteiro) nos cinemas que aderirem à promoção. A agência está investindo R$ 2 milhões na realização da campanha, que conta com a parceria na da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (ABRAPLEX) e da Associação e da Associação Brasileira de Exibidores de Cinema (ABRACINE).

Cada exibidor participante vai montar a sua programação, com produções nacionais que fizeram parte do calendário 2008. A grade completa estará disponível a partir de 5 de novembro no site www.ancine.gov.br. Ao todo, mais de 300 salas de cinema de todo país se cadastraram e vão participar da campanha. Em Fortaleza, a promoção estará no North Shopping e Multiplex UCI Ribeiro Iguatemi.

“O nosso objetivo é unir força com toda a cadeia cinematográfica brasileira e incentivar a ida ao cinema. Todos terão uma excelente oportunidade para assistir a filmes brasileiros lançados em 2008 e rever seus filmes preferidos”, afirma Manoel Rangel, Diretor-Presidente da ANCINE.





Seqüestrador do ônibus 174 tem sua história contada em filme

Concorrente brasileiro a uma das cinco vagas da disputa ao Oscar de filme estrangeiro, Última Parada 174, de Bruno Barreto, revisita a tragédia de 12 de junho de 2000, no Rio de Janeiro.
» Assista ao trailer» Veja as fotos do filme» Saiba onde assistir ao filme» Assista a trailers inéditos
Na ocasião, um sequestrador, Sandro do Nascimento, manteve reféns num ônibus durante várias horas. Ao final do dia, a última refém, Geisa Gonçalves, de 21 anos, acabou morta. O sequestrador foi assassinado na viatura, depois de rendido, pelos policiais que o prenderam, como apurou o inquérito.
Com a parceria do experiente roteirista Bráulio Mantovani, que participou da escrita de Cidade de Deus, Tropa de Elite e Linha de Passe, Barreto constrói uma história ficcional, transformando em dois os protagonistas do drama, usando jovens atores selecionados em testes junto a várias comunidades cariocas.
Uma série de acontecimentos trágicos define a vida de dois meninos, Sandro (Michel Gomes) e Alessandro (Marcello Melo Jr.). Filho de Marisa (Chris Viana), mãe viciada, ainda bebê Sandro é levado por traficantes, como "pagamento" de uma dívida de drogas da mãe.
Expulsa do morro, Marisa reconstrói sua vida, tornando-se evangélica. E nunca pára de procurar o filho perdido, que fugiu da casa da tia e cresceu nas ruas. Neste ambiente, ele conhece Alessandro, que teve uma vida parecida com a sua, mas, ao contrário de Sandro, tornou-se violento e conhecido pelo codinome de Alê Monstro.
Os garotos acabam dormindo nos degraus da Igreja da Candelária, de onde escapam de serem mortos num massacre - outro fato real, ocorrido em 1993 e tirado da biografia do verdadeiro Sandro do Nascimento, sobrevivente desta tragédia.
Uma passagem pelas unidades de internação de menores coloca os dois meninos ao alcance de Marisa, que ainda procura o filho. Pela idade e pelo nome, pode ser qualquer um dos dois. O encontro da mãe não evita, porém, o sequestro do ônibus e as mortes do sequestrador e da refém. O filme evita, porém, atribuir a morte de Sandro aos policiais, o que foi comprovado em inquérito na época.
Quanto às chances de o filme conseguir a vaga entre os cinco candidatos ao Oscar de filme estrangeiro - modalidade em que Bruno Barreto concorreu em 1998 com O Que É Isso, Companheiro? -, ainda são incertas. O anúncio só deverá ser feito no final de janeiro de 2009.
O crítico da prestigiada revista norte-americana Variety, Todd McCarthy, em comentário publicado em setembro passado, disse que o filme de Barreto "não traz nada de novo aos vários retratos de pobres e desesperados da sociedade brasileira levados às telas". ***

Nenhum comentário: