quarta-feira, 3 de setembro de 2008

CIÊNCIA - COMPORTAMENTO

Algas podem gerar nova droga anti-HIV

Grupo do Rio isola desses organismos marinhos substâncias eficazes contra o vírus; testes em humanos devem começar em 2010

Três compostos de baixa toxicidade poderão ser usados para evitar contágio em mulheres e para deter replicação em infectados


Pesquisadores brasileiros anunciaram ontem a descoberta de três substâncias oriundas de algas marinhas que poderão ser utilizadas na fabricação de medicamentos para a prevenção e o controle da infecção pelo vírus da Aids. O imunologista Luiz Roberto Castello Branco, da Fiocruz, disse que os resultados dos testes preliminares foram "muito promissores".
Os compostos, cujos nomes são mantidos em segredo pela equipe, já foram testados em tecidos humanos e em camundongos. A previsão é que os testes em pacientes comecem em 2010. Se tudo der certo, os primeiros produtos chegarão ao mercado a partir de 2014. A idéia é criar um microbicida e um anti-retroviral.
Os estudos são feitos pelo Instituto Oswaldo Cruz - onde Castello Branco dirige o Laboratório de Imunologia Clínica- e contam com o apoio da FAP (Fundação Ataulpho de Paiva) e da UFF (Universidade Federal Fluminense). Seus primeiros resultados foram revelados pela Folha em janeiro de 2007.
No total, foram analisados 22 compostos naturais obtidos a partir de algas encontradas no litoral brasileiro. As três substâncias selecionadas apresentaram eficácia contra o vírus e baixa toxicidade. "Ainda não conseguimos encontrar a dose letal", disse a pesquisadora Izabel Paixão, da UFF. "Algumas das algas são até comestíveis."
O objetivo inicial dos cientistas era criar um microbicida, droga de uso vaginal para prevenir a contaminação pelo HIV. Os bons resultados obtidos nos testes pré-clínicos, porém, motivaram a equipe a trabalhar também no desenvolvimento de um novo anti-retroviral, para tratamento de pacientes já infectados.

Prevenção
Ainda inexistente no mundo, o microbicida ajudará a conter o crescimento da Aids entre as mulheres. Ao contrário do que ocorre com o preservativo, elas não precisarão da anuência do parceiro para se proteger, pois o produto poderá ser aplicado antes da relação sexual e terá eficácia por 12 horas.
"Muitas são contaminadas por maridos promíscuos que não aceitam o uso do preservativo. Com o microbicida, elas terão autonomia para se proteger", disse o imunologista.
Ele ressalta, porém, que o ideal seria combinar as duas formas de proteção.
Já o anti-retroviral será útil para pacientes que sofrerem com efeitos colaterais ou que desenvolverem resistência às drogas atuais.
O medicamento não erradica o vírus do organismo, mas contém sua replicação. Os estudos preliminares mostraram que uma das substâncias pesquisadas conseguiu inibir a replicação do HIV em 98%.
A equipe estima que, se confirmado, o desenvolvimento do produto no Brasil resultará em uma economia anual de R$ 50 milhões a R$ 100 milhões. Em 2008, o governo federal deve gastar R$ 1 bilhão com a compra de anti-retrovirais.
Os testes clínicos serão realizados no Brasil e, principalmente, na África, em países com alto índice de infecção. Para que os estudos sejam concluídos, porém, os pesquisadores dizem necessitar de cerca de R$ 10 milhões.
Além dos testes clínicos, eles precisam desenvolver meios de sintetizar em laboratório as substâncias estudadas, para diminuir o impacto ambiental. Algumas algas utilizadas vieram do Atol das Rocas, com autorização do Ibama (órgão ambiental federal), e outras são do litoral do Rio de Janeiro.



Estudo sobre vacina para HIV é tema de congressos em Fortaleza


Prof. Jorge Kalil apresenta seus trabalhos sobre influência de células no desenvolvimento de vacinas

Fortaleza, 28 de setembro a 02 de outubro – Jorge Kalil, professor titular de Imunologia Clínica da FMUSP e diretor do Laboratório de Imunologia do Incor, está entre os palestrantes que irão se apresentar no 20° Congresso Internacional de Química Clínica e Medicina Laboratorial (IFCC- Worldlab), 35° Congresso Brasileiro de Análises Clínicas (CBAC-SBAC) e 8° Congresso Brasileiro de Citologia Clínica (CBCC – SBCC). O evento acontece de 28 de setembro a 02 de outubro em Fortaleza (CE) e visa capacitar e atualizar os profissionais ligados à área laboratorial, biomédicos, médicos patologistas e outros correlatos.

A palestra do Dr. Jorge Kalil tem como tema “Compreendendo a resposta da célula T para obtenção de vacinas contra o HIV. A célula T auxiliadora, também conhecida como CD4+,é um tipo de linfócito (célula branca do sangue) e possui um papel importantíssimo no sistema imunológico. Isso porque é uma célula de defesa, uma vez que lidera os ataques contra as infecções. Dessa forma, o palestrants irá apresentar estudos que mostram a influência dessa célula no desenvolvimento das vacinas contra o vírus do HIV.

“Nós acreditamos que uma vacina pode evitar problemas como o escape imune, podendo ter um papel na imunização profilática, ou seja, da pré-exposição”, afirma o Dr. Jorge Kalil. De acordo com ele, as falhas nas vacinas do HIV-1 testadas até agora para induzir a proteção mostraram que as novas aproximações de vacinas são cada vez mais necessárias e urgentes.

Os temas do 20° IFCC e do 35° CBAC estão divididos em seis sub-áreas: Hematologia,Imunologia, Bioquímica,Microbiologia, Gestão Estratégica e da Qualidade, Biologia Molecular, Parasitologia e Especialidades Diversas. As palestras sobre vacinas HIV serão apresentadas a partir do segundo dia do Congresso, 29 de setembro, com início às 10hs e previsão de término às 17h30.

Serviço:
20º IFCC, 35º CBAC e 8º CBCC
Data: 28 de setembro a 02 de outubro de 2008
Horário: 09h às 19h
Local: Centro de Convenções Ceará
Tel: (62) 3214-1005
e-mail: comercial@qeeventos.com.br
site: www.fortaleza2008.org

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