terça-feira, 1 de março de 2011

NOVELAS

Cauã Reymond será filho de Cláudia Ohana em "Cordel Encantado"

O ator Cauã Reymond será filho de Cláudia Ohana na ficção.

Os dois estarão no elenco de "Cordel Encantado", próxima novela das 18h da Globo. Na trama, ela vai esconder a identidade do pai dele.










Autor nega inspiração em Dilma Rousseff para novela do SBT, "Amor e Revolução"


Com ótimo elenco e cenas de tortura e violência em trama que acontece no período da ditadura militar, novo folhetim de Tiago Santiago entrará no ar no lugar da reprise de "Ana Raio e Zé Trovão"

VEJA ABAIXO CENAS INÉDITAS DA NOVELA QUE ESTREIA EM ABRIL

O período da ditadura militar será, pela primeira vez, o pano de fundo de uma novela no Brasil. "Amor e Revolução" estreia no dia 4 de abril no SBT com a responsabilidade de tentar conquistar o público sem desagradar quem viveu a época.

Escrita por Tiago Santiago, 47, a trama conta uma história "à la Romeu e Julieta", só que nos anos de chumbo. A mocinha, estudante e engajada, vai se apaixonar por um militar, filho de um general. Para dar veracidade à trama, pessoas que viveram "histórias fortes" no período, incluindo a presidente Dilma Rousseff, foram convidadas a falar de suas experiências em depoimentos que irão ao ar no final de cada capítulo. Consultada, a assessoria de imprensa da Presidência afirmou que a participação "não está nos planos dela".

Veja a entrevista com o autor.

Uma das pessoas que você gostaria que participasse da novela é a presidente Dilma Rousseff. Já recebeu algum retorno?
Tiago Santiago - Nós convidamos. A notícia que eu tive é que ela vê com simpatia o convite. Eu tenho a impressão de que ela tem uma responsabilidade muito grande como presidente e quer ver o produto antes de se comprometer definitivamente. Agora, o José Dirceu vai dar o depoimento dele e várias companheiras da Dilma que ficaram presas com ela. Espero que ela grave um depoimento até o fim da trama.

Comenta-se que há uma personagem que é inspirada na Dilma...
Isso não é verdade. Não existe nenhum personagem inspirado especificamente em uma pessoa real. Tem gente que diz que a Maria [personagem de Graziella Schmitt] é a Dilma. Não é. A Dilma não se apaixonou por um militar. Então, a Dilma é a Jandira [personagem de Lúcia Veríssimo], que gostava de um outro guerrilheiro? Sim, tem mais semelhanças com a Jandira. Agora, assim como a Dilma, várias outras mulheres seguiram esse caminho. Qualquer pessoa que tenha ido para a luta armada vai se identificar com um trecho ou com outro. Nem estudei a vida da Dilma a esse ponto. Qualquer semelhança será mera coincidência.

Muitas das pessoas que viveram no período, tanto repressores quanto reprimidos, ainda estão vivas. Você sofreu pressão de algum dos lados?
Eu tenho conhecido muitas pessoas que na época foram para a luta armada. Sinto que existe uma vontade muito grande de quem lutou de ver a coisa bem retratada. Essas pessoas não têm medo de falar. Às vezes, é difícil, quando é uma lembrança muito sofrida. Por exemplo, relembrar uma tortura. Já do outro lado, eu encontro silêncio. Existe a vontade de entrevistar essas pessoas também, mas ainda não conseguimos. De qualquer forma, o discurso dos torturadores, de quem achava que estava salvando o Brasil de uma ditadura do proletariado, também vai estar presente, como estava na época.

Você ou alguém da sua família chegou a militar contra a ditadura?
Eu sou de uma família de classe média que não gostava de viver numa ditadura. Nasci um ano antes do golpe, então eu vivi a minha infância na época dos generais. Ninguém da minha família chegou a ir para a guerrilha. Eu tenho um tio que é militar, mas que eu acredito que não teve nenhum envolvimento com a repressão. Meu irmão Gerardo, muito novo ainda, chegou a ir para a Libelu [Liberdade e Luta], que foi criada depois da queda de várias organizações que pregavam a luta armada. Eu lembro que, com 13 ou 14 anos, ele me levou para uma ou duas reuniões.

Por que você resolveu falar sobre esse período?
É um período em que houve muitas injustiças e muitas perseguições. Esse é um material de muita riqueza para a teledramaturgia. Ao mesmo tempo, a televisão tinha feito pouca coisa com o tema. Essa história já vem de quando eu era colaborador na Globo. Eu tinha apresentado o tema, não exatamente com a mesma sinopse [a Globo confirmou ter recebido a história]. Na época eu não conseguia emplacar novela. Eu sempre competia com gente que tinha feito 30 novelas, e eu não tinha feito nenhuma.



E como o tema vai aparecer na novela?
Vai ser um pano de fundo para todos os personagens. Todos os personagens são simbolicamente, de alguma forma, relacionados a essa questão. Temos desde a mocinha, que é uma estudante, líder do movimento estudantil, de uma família de comunistas, que se apaixona por um militar, um major, que é na verdade um democrata que fica contra o golpe militar, mas é também um cara que trabalha na inteligência do Exército, filho de um general da linha dura. Na trama central, a gente tem esse "Romeu e Julieta" que se passa na ditadura militar. São pessoas de famílias completamente antagônicas. Tem também o núcleo dos militares, onde vamos ter tanto os militares que ficam contra o golpe como os que ficam a favor. Tem militar até que morre defendendo a legalidade. Tem gente como o José Guerra que vai desertar para se juntar à guerrilha. Tem o núcleo dos artistas do teatro, que foi prejudicado pela ditadura no sentido de que havia muita censura. Houve espancamentos, bombas, houve confrontos com as pessoas da plateia para espantar os artistas durante o espetáculo. A gente vai ter também o núcleo dos estudantes na faculdade. Logo em 1964, foi proibida a atividade política estudantil. É simbólico que no primeiro dia do golpe houve o incêndio da União Nacional dos Estudantes. É nesse incêndio que eu situo o momento em que a Maria Paixão e o José Guerra se conhecem. Tem os guerrilheiros, as pessoas que vão para a luta armada, alguns são estudantes, outros não. Vai haver também uma advogada que vai soltar presos políticos. Tem o núcleo do jornal, da imprensa, que também foi muito censurada e teve muitos problemas na época da ditadura. Tem o pessoal do Dops [Departamento de Ordem Política e Social], com torturadores, com pessoas que atuaram brutalmente na repressão ao pessoal da esquerda principalmente no Brasil. Todos os personagens de certa forma estão ligados a esse tema. Vai ser a primeira novela que vai fundo nesse tema da ditadura, contando esse período da história do Brasil através desses personagens simbólicos. São todos ficcionais os personagens, mas são simbólicos. Assim como a Maria, houve muitos estudantes que foram para a guerrilha. O torturador é um torturador ficcional que eu estou criando, o delegado Aranha, mas ele corresponde a diversos torturadores reais que houve no Brasil.

A sua última novela original era de ação e tratava de mutantes. Como ocorreu essa mudança tão radical de temática?
Como eu tenho feito uma novela por ano desde 2004, o que eu tenho feito é diversificar o gênero para não correr o risco de me repetir. Depois de "A Escrava Isaura", que era de época, eu fiz "Prova de Amor", que era contemporânea. A seguinte foi uma novela de realismo fantástico, que foi "Mutantes". Seguindo esse raciocínio, agora era a vez de uma novela de época de novo para não correr o risco de falarem que lá vem outra novela cheia de fantasia e efeitos especiais. Estamos com quase 24 capítulos gravados e escrevendo o capítulo 33.



Por que você escolheu fazer uma adaptação na sua primeira novela no SBT?
Eu vinha exausto de 600 capítulos seguidos, corridos, de "Mutantes", divididos em três fases, mas numa estirada só, sem interrupção nenhuma entre elas. Eu estava bem no bagaço e o Silvio Santos me contratou para escrever uma novela por ano. Eu tinha que estrear uma novela em março de 2010. Eu sabia que ele tinha comprado os direitos do Vicente Sesso de "Uma Rosa com Amor", o Vicente Sesso autorizou a minha adaptação, e nós fizemos. Foi um período bom porque foi um mergulho na dramaturgia dele. Era uma comédia romântica deliciosa, leve, despretensiosa, teve uma audiência sempre crescente que alcançou os dois dígitos, então cumpriu o seu papel de ser uma primeira novela no SBT. Neste segundo momento, já tive tempo para me refazer, para pensar, para pesquisar, para poder propor essa novela original, para vir com gás, com fôlego de novo.

É mais gostoso quando a trama foi criada por você?
Foi delicioso trabalhar com o universo do Vicente Sesso, mas são realmente emoções diferentes. Ali, eu estava a serviço da dramaturgia dele, para contar a história nos dias de hoje. Agora, quando é uma história original sua você, sempre tem a responsabilidade de conduzir a história sozinho com as suas próprias pernas. Dá mais trabalho, mas tem também um prazer adicional.




Tem diferença entre fazer essa novela no SBT ou nas outras emissoras pelas quais você passou?
Sinceramente, com o Reynaldo Boury, eu me sinto como se estivesse na Globo. Temos estúdios ótimos, estou com um diretor que fez um monte de sucessos na TV Globo, um campeão de audiência, grandes atores, há muito tempo eu não tinha um elenco tão bom e eu tive uma facilidade muito grande de escalar. Estou muito afinado com o Boury. Eu sinto que eu tenho condições excelentes agora de fazer uma grande novela, como faria se estivesse em uma outra emissora. Não vejo diferença nesse sentido. Tenho condições tão boas de produzir a novela quanto se estivesse na concorrência. Talvez até melhor porque em outras emissoras talvez haja até mais interferência sobre a arte do que eu tenho sentido no SBT.

Foi noticiado que o orçamento da novela foi cortado por causa da crise no grupo Silvio Santos e que, por isso, foram cortadas gravações que ocorreriam em Cuba...
Não havia o plano de ir a Cuba. Não teve nada a ver com o [banco] Panamericano. O orçamento da novela é o mesmo, independente do que aconteceu com o banco. As pessoas criam muitas lendas. Não houve nenhum decréscimo de orçamento. Nós estamos fazendo uma novela que não precisa ir a Cuba. Alguns personagens da novela vão fazer treinamento de guerrilha lá, mas as cenas são grandes caminhadas pela mata. Eu não preciso ir a Cuba para produzir isso, eu posso fazer em um sítio no Brasil. Já era previsto dessa forma.

A novela não vai estrear pronta, como é costume no SBT, e houve uma mudança de direção na emissora. Foi um pedido seu?
É uma mudança no modo de fazer da emissora. Houve, sim, um diálogo com o Silvio Santos sobre esse assunto. Sobre a importância de a novela ser gravada ao mesmo tempo em que é exibida para poder reagir e interagir com a opinião do público, porque a gente tem a oportunidade de, se o público achar muito violenta, diminuir isso ao longo da exibição. Um casal deu muito certo, vamos aumentar. Esse tipo de coisa é muito positivo para o resultado e vamos ter essa oportunidade agora no SBT. A direção geral dessa novela é do Boury, o Del Rangel não tem nenhuma interferência sobre ela. Eles estão no mesmo nível, como diretores gerais de teledramaturgia. Hierarquicamente estão no mesmo nível. O Del cuida da novela da Íris, que não foi exibida ainda. Houve uma mudança de direção. É uma grande novidade. Estou muito feliz com os rumos que as coisas estão tomando. É muito importante ter essa fábrica de novelas em São Paulo.

A Record afirmou ter interesse em ter você de volta na emissora. Você aceitaria um convite para mudar de emissora?
A Record é um lugar aonde eu fiz a minha primeira novela como titular, fiz grandes sucessos, ajudei a montar o núcleo de teledramaturgia, ajudei a levar diretores, muitos autores, ajudei a intermediar e a propiciar essa ida deles, encontrei e garimpei talentos. Fiz todo um trabalho lá durante quase seis anos. Deixei muitos amigos. Mas eu tenho um compromisso para cumprir até 2013. Eu tenho três novelas para fazer. Além de "Amor e Revolução", tem uma novela em 2012 e outra em 2013. Esse compromisso eu vou cumprir o melhor que eu puder. Quero fazer o máximo de sucesso possível e imaginável porque é isso que vai me credenciar para qualquer discussão futura, seja com o SBT, que tem prioridade na minha renovação, é uma clausula do contrato. Se eu fizer muito sucesso, aí o Silvio Santos não vai querer me deixar sair. Vamos ver o que vai acontecer. Tem muito tempo até 2013. Vou estar fazendo 50 anos e até lá tenho tempo para analisar propostas. No momento, isso não está em discussão e eu nem poderia conversar sobre uma troca de emissora agora que eu vou estrear uma novela. Não está no momento em pauta para mim.

Já tem ideias para essas novelas que vão suceder "Amor e Revolução"?
Eu penso, mas muito à distância. Não tenho nada formatado ainda. Quando eu fizer isso, ainda tenho que ter uma aprovação do SBT. Isso também ainda nem entrou em pauta. Ainda não é o momento.











Graziella Schmitt será protagonista de "Amor e Revolução"


A atriz Graziella Schmitt será a protagonista de "Amor & Revolução", próxima novela de Tiago Santiago no SBT. Ela venceu a disputa pela vaga, que envolvia também as atrizes Vitoria Frate, Nina Moreno, Tatiane Goulart, Viviane Victorette, Dayane Mesquita e Suyane Moreira.

Na trama, que começa a ser gravada em janeiro, Graziella será Maria, uma líder estudantil que entrará na luta armada contra a ditadura.

O ator Claudio Lins será o mocinho da novela, que ainda conta no elenco como nomes como Luciana Vendramini, Cacá Rosset, Fábio Villa Verde, Lúcia Veríssimo, Jayme Periard e Nico Puig.

"Amor & Revolução" tem estreia prevista para abril no SBT.









Atriz Lúcia Veríssimo terá o maior salário da próxima novela do SBT

Lúcia Veríssimo vai ser a estrela de primeiro time da próxima novela do SBT. A atriz vai ter o salário mais alto do elenco de "Amor & Revolução", de Tiago Santiago. Ela também vai ter camarim exclusivo.






Autor José Louzeiro prepara livro sobre a proibição da novela "O Marajá" por Collor na TV Manchete


O autor José Louzeiro prepara um livro sobre os bastidores da proibição de sua novela “O marajá”, que seria exibida pela Manchete em 1993. A trama contava com humor a trajetória de Fernando Collor e foi impedida de ir ao ar poucas horas antes da estreia. Mesmo sem ter visto nenhum capítulo do folhetim, o ex-presidente conseguiu impedir na Justiça a exibição, num caso claro de censura prévia. Ele teria se sentido ofendido pelo que nunca viu. Depois disso, as fitas sumiram. “A novela se perdeu em trambiques, com muito dinheiro envolvido. Acho que nunca veremos essa história”, diz Louzeiro.

Um dos detalhes revelados no livro é que o próprio departamento comercial da emissora, segundo Louzeiro, ajudou a boicotar a novela. Sem que os autores nem o diretor da história (Marcos Schetman, que dirige hoje “Caminho das Índias”) fossem consultados, foi posta no ar uma chamada de “O marajá” , considerada, mesmo nos dias de hoje, muito forte. Nela, uma enfermeira levava numa bandeja de prata supositórios com cocaína para o ex-presidente. A chamada foi o que alertou Collor, que logo depois entraria com uma ação para impedir a exibição da novela.



A novela "O Marajá" estrearia em 26 de julho de 1993. A história era baseada na vida do recém deposto presidente Fernando Collor de Mello. Seria uma estratégia para chamar a atenção do público, tendo como foco um fato ainda "fresco" na memória do telespectador. Segundo a direção da trama, seria uma espécie de novela-reportagem, que contaria todo o escândalo da presidência em forma de sátira. A autoria estava a cargo de Regina Braga e José Louzeiro, e o elenco trazia nomes como Julia Lemmertz, Alexandre Borges, Antônio Pitanga, José Dummont e Angela Leal. A direção seria de de Marcos Schechtman.

Os protagonistas da história seriam interpretados por Hélcio Magalhães e Vânia Bellas, vivendo respectivamente "Elle" e "Ella", em alusão ao casal Collor.

Antes da novea estrear, Fernando Collor de Mello conseguiu liminar na justiça que impedia a veiculação da história. A Manchete, visando não ter ainda maior prejuízo com o episódio, começou às pressas a produção de "Guerra Sem Fim", com a mesma equipe e o mesmo elenco que produzia "O Marajá".

ESCÂNDALO TRÊS ANOS DEPOIS

Após a morte de Pedro Collor, as fitas da novela desapareceram dos arquivos da Manchete. O escândalo foi denunciado pelo jornal "A Folha de São Paulo". Pedro Jack Kapeller, então presidente da Manchete, afirmou, na época, que Adolpho Bloch teria guardado as fitas em local seguro no momento que a novela foi censurada, em 1993.

Atualmente Hélcio Magalhães trabalha como fotógrafo, pois diz que sua carreira de ator fora muito prejudicada com as comparações ao ex-presidente.










Após baixas, Globo dá troco e contrata atores da Record

Lavínia Vlasak (dir.) em cena de "Insensato Coração", contracenando com Paola Oliveira, Lázaro Ramos (centro) e Petrônio Gontijo
A Globo anunciou, recentemente, a contratação dos atores Rômulo Arantes Neto e Maria Cristina Ribeiro que, até 2010, pertenciam ao elenco da Record.

O grupo veio somar-se a Petrônio Gontijo, Lavínia Vlasak, Tuca Andrada e Gabriel Braga Nunes, outros nomes que, no ano passado, migraram da emissora paulistana para a carioca.

Nos últimos cinco anos, a Globo se acostumou a perder parte de seu elenco para a Record, que, investindo em dramaturgia, contratou figuras de relativa importância, como Leonardo Vieira, Patrícia Travassos e Marcelo Serrado (que deve anunciar seu retorno à emissora dos Marinho na próxima semana).

Em 2011, a Record ainda contratou Betty Lago, Paulo César Grande, Beth Goulart e Mel Lisboa, todos oriundos da Globo.

O movimento inverso, no entanto, é novo. Para Mari Lobo, agente de Gabriel Braga Nunes --que voltou à Globo como protagonista de "Insensato Coração"--, isso ocorre em função do amadurecimento do mercado: "Antes apenas a Globo tinha banco de atores. Agora, a Record tem o seu. Uma hora os contratos acabam e as pessoas mudam de emissora".

Mari conta que Braga Nunes assinou com a Globo em menos de 24 horas: "O contrato com a Record estava aberto, porque ele pretendia morar alguns meses no exterior". Ela admite que, em termos de exposição, a troca foi positiva: "A Globo tem mais projeção no mercado publicitário, mas a Record cuida bem do seu 'casting'".

A tese é endossada por Marcus Montenegro, sócio da agência Montenegro e Raman, que empresaria 60 atores da Globo e 40 da Record: "Antigamente a Globo dominava o mercado. Hoje, a disputa é mais agressiva. A Record tem um banco de atores que não pode ser ignorado". Montenegro acredita que o movimento de retorno é positivo para os atores. "Eles saíram da Globo, tiveram papéis importantes, ganharam visibilidade e voltaram em uma situação melhor."

Hiran Silveira, diretor de teledramaturgia da Record, vê apenas uma coincidência. "Cada contrato acontece por uma razão específica, e o conjunto dá ideia de um movimento estruturado." Ele explica: "O Gabriel Braga Nunes, por exemplo, não tinha contrato de longo prazo conosco, porque não era do interesse dele. Estava livre e calhou de a Globo precisar de alguém para substituir o Fábio Assunção". Quanto a Tuca Andrada, ele diz que o ator pedia "um salário que não podíamos oferecer. Também estava disponível no mercado". Silveira aponta que em nenhum dos casos houve quebra de cláusulas contratuais. Procurado pela reportagem, Érico Magalhães, diretor da Central Globo de Pesquisa e RH, não deu resposta até o fechamento desta edição. A emissora declarou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que "o Brasil está repleto de talentos e a Rede Globo está atenta a todos eles".






Gabriel Braga Nunes fica entre a vida e a morte em “Insensato Coração”


Cenas do seqüestro dele e do pai, interpretado por Antônio Fagundes, vão ao ar a partir de quinta


O vilão Léo, vivido por Gabriel Braga Nunes, vai parar no hospital na trama de "Insensato Coração" (Globo). Ele vai tentar recuperar o dinheiro que roubou de Norma (Glória Pires), mas será seguido pelo pai, Raul (Antônio Fagundes). Surpresos com a chegada dos dois, o bando comandado por Afrânio (Nelson Diniz) vai render e ameaçar ambos.
Tanto pai quanto filho ficarão machucados, mas Léo é que vai ficar mais ferido, chegando inclusive a perder os sentidos. Eles serão abandonados em uma rua deserta e Raul vai chamar ajuda para levar o filho ao hospital.
Ao chegar lá, os médicos informam que o estado dele é grave. As cenas vão ao ar a partir de quinta-feira, 17.






Núcleo gay da novela esquenta debate sobre o preconceito

Seis personagens homossexuais movimentam a trama de "Insensato coração", a nova novela da TV Globo. Para o jornalista Irineu Ramos Ribeiro, autor do livro A TV no armário, a emissora assumiu explicitamente a defesa contra a homofobia e a intolerância, embora ainda cometa alguns equívocos.

A nova novela da TV Globo, "Insensato coração", promete incendiar ainda mais os debates em relação ao preconceito contra homossexuais. A participação de seis personagens gays vai movimentar a trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, que pretendem abordar o assunto de forma crítica, tratando também da homofobia por meio do personagem Kleber - interpretado por Cássio Gabus Mendes -, um jornalista que tem conflitos com seu editor, um jovem gay. "A mídia tem um papel determinante na formação da identidade", afirma o jornalista Irineu Ramos Ribeiro, autor do livro A TV no armário - A identidade gay nos programas e telejornais brasileiros (134 p., R$ 34,90), das Edições GLS. Para ele, a emissora assumiu explicitamente a defesa contra a homofobia e a intolerância, embora ainda exagere nos clichês e aborde de maneira equivocada algumas questões relacionadas às diferenças sexuais.

Baseando-se no pensamento de Michel Foucault e noções da teoria queer, ou teoria do estranhamento, o autor comprova que a televisão brasileira acaba transmitindo valores negativos, depreciativos e caricatos quando o assunto são os gays. No capítulo do livro "No entretenimento, no humor e na telenovela", ele analisa diversos aspectos do tratamento dado aos gays nos programas e nas telenovelas, demonstrando as diversas formas pelas quais o preconceito é estimulado. Fala sobre o programa Beija Sapo apresentado, em 2006, por Daniella Cicarelli, na MTV Brasil, sobre capítulos da série Sob Nova Direção e o humorístico Zorra Total, da TV Globo, avaliando a atuação de personagens gays, e destaca o último capítulo da novela "América", também da TV Globo, em que o ator Bruno Gagliasso viveu o personagem Júnior, com orientação homossexual.

Fruto de ampla pesquisa, desenvolvida durante dois anos, incluindo também a observação de toda a programação de TV, a obra abre caminhos para problematizar a maneira pejorativa como a comunidade LGBT é retratada na telinha. Ribeiro mostra, em quatro capítulos, que os meios de comunicação ainda precisam percorrer um longo caminho para retratar as diferenças de gênero, ajudando a reafirmar a identidade gay e a construir um mundo onde a diversidade seja respeitada. "A TV tem dificuldade de se pautar por abordagens que informam sobre a amplitude que o tema sexualidade implica. A consequência disso é que acabam se restringindo à reprodução de enfoques que estimulam o preconceito", complementa o autor.

Ao longo da obra, o autor discorre sobre o limiar dos gêneros, abordando questões como ambiguidade, identidade, sexualidade e formas de pensar. Fala sobre o desenvolvimento das identidades sexuais "proscritas" no decorrer do século XX e as relações de poder na mídia televisiva. Faz um breve histórico do movimento homossexual no mundo e de algumas de suas lutas até chegar à década de 1970, quando o gênero passa a ter uma conotação social ampla. "O conceito de gênero se refere à construção social e cultural que se organiza a partir da diferença sexual", revela o autor.

O livro traz ainda um breve relato histórico do surgimento da TV no Brasil e o levantamento da cobertura jornalística televisiva da Parada do Orgulho Gay de São Paulo. Em seguida, o autor examina alguns programas humorísticos que tratam o gay com escracho, um game show que perde a oportunidade de esclarecer que a diferença é saudável e uma novela que acaba apelando para o sentimentalismo na hora de retratar o amor homossexual. "Procuro demonstrar as sutis abordagens em que o preconceito é estimulado e impede a existência de um mundo onde a diferença seja respeitada", explica o autor.

"Ribeiro tem a rara capacidade de expor as inclinações preconceituosas e reforçadoras de preconceitos que as emissões de TV disseminam em relação aos homossexuais sem cair na tentação de enxergar nisso uma conspiração dos setores dominantes da sociedade. Ele entende a dinâmica da indústria cultural e não a acusa de intenções diabólicas", afirma Carlos Eduardo Lins da Silva, ex-ombudsman da Folha de S.Paulo, que assina o prefácio da obra.

O autor

Irineu Ramos Ribeiro é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), pós-graduado em História pela mesma instituição e mestre em Comunicação pela Universidade Paulista (Unip). É membro do Centro de Estudos e Pesquisa em Comportamento e Sexualidade (CEPCoS), organização não governamental ligada às questões de gênero e sexo. Integra ainda o Grupo de Estudos "Estética, Mídia e Homocultura" da Universidade de São Paulo (USP). Apresenta trabalhos acadêmicos em diversos congressos e simpósios nacionais e é palestrante da Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (Cads), órgão vinculado à Secretaria de Participação e Parceria da Prefeitura de São Paulo, no qual desenvolve trabalhos de capacitação nas questões de gênero, sexualidade, mídia e educação com professores da rede pública.

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