segunda-feira, 7 de setembro de 2009

PATRIMÔNIO HISTÓRICO


Salão de Abril ganha mostra histórica

O Salão Histórico é um recorte dos primeiros 30 anos da mostra mais tradicional de artes visuais de Fortaleza

A evolução da arte no tempo do Salão de Abril, um dos mais antigos da América Latina e o segundo do Brasil, estará em exposição na mostra “Salão Histórico”,foi inaugurada no dia 22, no Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (CCBNB). Realizado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), em parceria com o Banco do Nordeste do Brasil, o Salão Histórico traz um recorte especial na história do Salão de Abril, apresentando parte das obras selecionadas nos 30 primeiros anos da mostra.

Com o tema “Qual o lugar da Arte?”, o Salão de Abril chega em 2009 à sua 60ª edição, instigando a reflexão do público e dos artistas sobre o papel que a arte exerce na sociedade. Por esses motivos, a coordenação do Salão pensou em uma exposição à parte e de caráter documental e assim surgiu o Salão Histórico. Com curadoria de Kadma Marques, o Salão Histórico é aberto ao público e ficará em cartaz até 15 de outubro deste ano.

De caráter retrospectivo, a exposição compreenderá as 30 primeiras edições do Salão, enfatizando sua gênese, as transformações pelas quais passou ao longo do tempo e como estas se articulam com a história da cidade. A mostra obedecerá dois momentos: dos antecedentes da primeira edição do Salão de Abril, realizada em 1943 pela União Estadual dos Estudantes (UEE), passando por aquelas organizadas pela Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP), de 1946 a 1958, indo até às edições que, ficando sob os cuidados da Prefeitura Municipal de Fortaleza, assinalam a influência da chamada Geração Casa de Cultura Raimundo Cela; e um segundo momento, que compreenderá dos anos 1990 às últimas edições.

Para a professora e curadora Kadma Marques, a mostra histórica vai contar uma história das artes que tem por base sua história social. “Tal exposição assume o papel fundamental de fomentar a memória das artes plásticas no Ceará, bem como socializar, junto ao público em geral, uma visão acerca da trajetória percorrida por este Salão”.

Segundo a coordenadora geral do Salão de Abril, Maíra Ortins, o Salão Histórico é um momento de reflexão, de avaliação da trajetória do Salão e da evolução da arte ao longo do tempo. De acordo com ela, o Salão Histórico é resultado de uma pesquisa em torno do Salão de Abril, convertida em uma exposição documental à parte. “É o Salão falando do Salão, uma oportunidade de pensar sobre esse evento que já se tornou histórico e levarmos essa reflexão para a população”, explica.

Nesse sentido, não faltou a essa mostra o reconhecimento ao artista Nilo de Brito Firmeza, o Estrigas, homenageado da 60ª edição. Estrigas marcou presença em quase todas as edições do Salão de Abril, seja como artista selecionado ou como crítico. A primeira edição da mostra da qual participou foi a de 1954, quando foi premiado com uma medalha de prata. O caráter provocativo e catalisador da arte do Salão fez Estrigas se dedicar ao evento em diversas ocasiões, até a década de 1990.

Como disse o próprio Estrigas em entrevista concedida durante a abertura do 59º Salão de Abril, “sou irmão do Salão de Abril. Já participei de várias formas, desde aluno até curador”. Assim é Estrigas que, ao completar 90 anos, converte-se em anfitrião desta festa que nos possibilita um passeio pelo percurso feito pelo Salão de Abril. Foi essa vivência que lhe deu condições de escrever o livro “O Salão de Abril”, editado em 1994 pela Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza (Funcet).

Serviço
Salão Histórico
- Abertura dia 22/09, às 19h, no Centro Cultural Banco do Nordeste – CCBNB (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro).
- Exposição: de 22/09 a 15 de outubro, no CCBNB. Horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; aos domingos, de 10h às 18h. Mais informações: (85) 3464.3108.




Fortaleza elabora plano de ação para patrimônio histórico e cultural da Cidade

Projeto faz parte do Sistema Nacional de Patrimônio Cultural, realizado pelo Iphan e MinC. O Plano de Fortaleza será submetido a consulta pública no dia 7/10, dentro do ciclo de debates preparatórios para a III Conferência Municipal de Cultura

Um grupo intersetorial e multidisciplinar, formado por representantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Ceará (Uece), do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico-Cultural de Fortaleza (Comphic), de
entidades da sociedade civil organizada e de secretarias da Prefeitura Municipal de Fortaleza, começou a elaborar o Plano de Ação para Cidades Históricas para Fortaleza, uma demanda do Sistema Nacional de Patrimônio Cultural, realizado pelo Governo Federal, através do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico (Ipahn) e do Ministério da Cultura (MinC).

O Plano de Ação para Cidades Históricas (PAC das cidades históricas), que deve ser consolidado pelo Iphan, é um instrumento de planejamento integrado para a gestão do patrimônio cultural com enfoque territorial. O documento visa elaborar uma política nacional para o patrimônio cultural, partindo do princípio que o patrimônio cultural é elemento estratégico para o desenvolvimento social, e nortear investimentos na área. Fortaleza irá elencar as prioridades do município para captar recursos municipais, estaduais e federais nos próximos quatro anos, com o objetivo de recuperar e requalificar os patrimônios históricos e culturais da Cidade.

O Plano será elaborado em conjunto pelo Iphan, Governo do Estado e Prefeitura Municipal de Fortaleza, por meio da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor). Serão copartícipes, ainda, as Secretarias Executivas Regionais, em particular a do Centro, as secretarias de Turismo, Meio Ambiente, Infraestrutura e Habitafor, o Comphic, a UFC e a Uece, além de representantes da sociedade civil organizada. Uma primeira parte do documento municipal deve ser entregue ao Governo Federal no próximo dia 8 de setembro.

A área sugerida para receber as intervenções deve ser o centro antigo da cidade, ou seja, o centro ampliado. O Plano de Fortaleza será submetido à consulta pública no dia 7 de outubro, dentro do ciclo de debates preparatórios para a III Conferência Municipal de Cultura, que será realizada de 27 a 29 de outubro. Em paralelo, integrantes desse grupo estão elaborando um catálogo com sugestões de reconhecimento de manifestações artísticas e populares e bens materiais e imateriais como patrimônios de Fortaleza.

Fortaleza está no rol de mais de 140 cidades brasileiras identificadas pelo Iphan como dotadas de reconhecido patrimônio ou em processo de reconhecimento e, portanto, aptas a realizarem seus Planos. A cidade saiu na frente na elaboração do Plano, pois já possui um diagnóstico local preliminar dos problemas e potencialidades das áreas urbanas de interesse patrimonial, especialmente do Centro de Fortaleza, onde se concentra a maior parte dos bens tombados no município. O diagnóstico foi feito pela Habitafor, em parceria com o Ministério das Cidades. Além disso, o Plano Diretor da cidade prevê zonas especiais de interesse patrimonial, o que também ajudará na elaboração de um diagnóstico específico para o Plano.

A secretária de Cultura de Fortaleza, Fátima Mesquita, e o Coordenador de Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), historiador André Aguiar Nogueira, explicam que o Plano de Ação para as Cidades Históricas é um instrumento de planejamento integrado para a gestão do patrimônio cultural, com enfoque territorial, que deve definir objetivos, ações e metas para orientar a atuação integrada do poder público, em suas diferentes instâncias, setor privado e sociedade civil organizada.

“A ideia é que o Plano não se restrinja ao perímetro protegido ou ao conjunto de bens tombados; deve considerar a dinâmica urbana no seu todo, tornando-se um documento abrangente”, diz. “Esse é um primeiro passo para a humanização da Cidade. A nossa prioridade é restaurar os bens porque eles têm significado para as pessoas; não se trata de recuperar cal e pedra, mas sentimentos que devolvem ao cidadão e à cidadã o amor pela cidade, o sentido de pertença, o desejo de fruir os espaços públicos”, complementa André.

Esta iniciativa também vai fortalecer as estruturas públicas e privadas que atuam no âmbito do patrimônio cultural, consolidando o Sistema Nacional de Patrimônio Cultural. De acordo com o calendário definido pelo Iphan, o último passo será a pactuação do Plano, prevista para 2 de novembro, quando todos os municípios vão apresentar sua proposta de Plano.

Serviço
Agenda do Plano de Ação para as Cidades Históricas.
>> 8 de setembro – entrega da 1ª parte do documento;
>> 7 de outubro – o plano de será submetido à consulta pública durante o ciclo de debates preparatórios para a III Conferência Municipal de Cultura, no Clube dos Diretores Lojistas (Rua 25 de março, 882 - Centro), das 9h às 12h.

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