segunda-feira, 7 de setembro de 2009

CENA GLS

Assassinato, lesbianismo e amor em “As Camadas Mais Frias do Ar”

Romance de Antje Rávic Strubel , revelação da literatura alemã, vencedora dos prêmios Hermann Hesse e Rheingau, é editado no Brasil pela Geração Editorial

Numa floresta idílica à beira de um lago na Suécia, um grupo de alemães, na casa dos 30 anos, monitores de uma colônia de férias, procura escapar da civilização, esquecer o passado amargo e ignorar o futuro incerto. "A Natureza não faz perguntas”, diz o anúncio enigmático respondido pela desiludida Anja, contratada para trabalhar no acampamento de verão, onde conhece e fica fascinada pela etérea e misteriosa Siri. Ela é quem coloca a identidade sexual da personagem principal em jogo, enredando-a numa teia confusa e sedutora que faz as duas mulheres entrarem em conflito com o resto do acampamento.

Essa trama delicada, polêmica, envolvendo identidades, lesbianismo, a reunificação das duas Alemanhas e a busca de utopias envolve com vigor o leitor do romance As Camadas Mais Frias do Ar, da jovem revelação germânica Antje Rávic Strubel, que a Geração Editorial lança agora, com magistral tradução de William Lagos, direto do alemão.

A escritora também levanta outras questões no meio da história, ao expor as fissuras mal vedadas da reunificação das duas Alemanhas. Antje coloca o dedo na ferida aberta da sociedade alemã contemporânea e ainda questiona percepção dos homens, das mulheres, do amor e das convenções sociais que definem identidade e gênero, neste romance magistral, definido como “um tour de force lingüístico”, já classificado simultaneamente com história de amor, ficção criminal e romance social.

O livro de Antje Rávic Strubel pode ser comparado a um quadro impressionista. O objeto está próximo, mas ele ganha forma conforme a luz se impõe. Pode parecer num primeiro momento algo óbvio e depois, em poucos segundos, um movimento tão irreal quanto intocável. Para ler As Camadas Mais Frias do Ar é preciso fugir do comum e se aconchegar às sutilezas da escritora, que no ápice da história surpreende ou cala o leitor.

O livro caiu nas graças dos críticos literários da Europa e dos EUA por encarar uma narrativa profundamente inquietante

Opiniões

Para o jornal alemão Die Welt, o romance As camadas frias do ar é “uma obra-prima quase clássica de linguagem, tecida com frases cuja impecabilidade, precisão e profundidade bruxuleantemente tenebrosa são raramente encontradas, e não apenas na geração atual”.

Segundo a revista Literaturen, “é difícil imaginar outro autor contemporâneo capaz de conferir expressão literária à magia da Natureza, aos seus humores, vozes e luzes cambiantes, do modo que essa escritora faz, ou que consiga despertar dúvidas tão radicais natureza emocional humana em meio à exuberância da Natureza”.

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