domingo, 11 de agosto de 2013

MÚSICA

As influências brasileiras no novo CD de Matthew White 
Músico americano de Virginia Beach é fã de Gal Costa e lança disco no país pelo selo Vigilante
 

Em "Big Inner", trabalho de estreia do músico americano Matthew E. White, sessões de estúdio que chegaram a ter 30 pessoas em parceria foram a espinha dorsal da criação. "(O álbum) tem o poder de muitas pessoas tocando juntas em uma sala", diz o compositor em entrevista. A voz forte, porém sussurrada, de Matthew é costurada por arranjos de coloração moderna e vintage, com referências que vão de música eletrônica a jazz. As combinações, acredita o músico, podem ser validadas pelo movimento tropicalista de alguns artistas brasileiros dos quais Matthew se declara fã.
"(Na música brasileira), para mim, há uma combinação da tradição, bem nacional, com elementos experimentais. Esse modernismo é um tipo de validação da minha música, que é bem tradicional e também almeja ser experimental", compara.
 

Nomes como Jorge Ben e Gal Costa, de quem cita a discografia, estão entre as escolhas de Matthew E. White. "Acho que a música brasileira dos anos 1960 e 1970 é uma das melhores músicas que já feitas", diz. "Muito do que eu faço foi influeciado por isso e devo muito a Jorge Ben (Jor)". Na música que encerra o disco, “Brazos”, há trechos de “Brother”, de Jorge Ben.
Sobre fundar o próprio selo, Spacebomb, o músico conta que seria melhor do que ter outra pessoa fazendo a produção por ele. "Queria criar meu emprego dos sonhos, o que para mim seria trabalhar todo dia com música, produção musical, fazer arte. Eu mesmo poderia fazer isso funcionar e ser uma coisa especial e divertida."
Ainda sem convites para tocar no Brasil, mas com o álbum de estreia em distribuição por aqui pelo selo Vigilante, Matthew se diz "disponível". "Eu e a banda estávamos conversando sobre lugares para onde gostaríamos de ir e o Brasil é o número um de todos nós."








Banda Forfun lança novos CD e DVD


O que há num nome? “Forfun”, à primeira vista, parece adolescente e efêmero, “para diversão”, uma tagline redundante para rotular uma banda carioca que passeava pelas praias do hardcore californiano. O termo também poderia ser entendido quase como uma paródia de bandas que fazem sucesso graças à web, um nome genérico em inglês que poderia ter sido inventado pelo South Park ou pelo Alan Sieber, com ironia escorrendo pelos cantos da boca. A banda Forfun esteve em Fortaleza lançando seu novo DVD, na barraca Fortal Beach, na Praia do Futuro.
Há uma transformação constante que vem acontecendo na carreira da banda que não é só fruto de uma única mudança, a brusca guinada que foi o segundo disco -, Polisenso, que já tinha sido um salto desde os tempos em que ser descoberta e produzida pelo produtor Liminha era um dos grandes diferenciais da banda dentro de uma nova cena que apareceu no início dos anos 00, os emos. Foi a partir de Polisenso que o grupo passou a mexer-se para longe da pura diversão que parecia ser seu lema desde o início. “Éramos moleques com 18 anos cantando as aventuras adolescentes, cotidiano praiano e outros temas hoje superficiais, mas que na época eram extremamente sinceros”, lembra Vítor Isensee, guitarrista e tecladista da banda, lembrando da época em que lançaram seu primeiro disco, Teoria Dinâmica Gastativa, em 2004.
Com o tempo, fomos abrindo a porta para outras influências e no segundo disco começamos a misturar quatro estilos – reggae, funk, rock e rap -, enquanto as letras abordavam um lado mais espiritual”, continua o guitarrista e vocalista Danilo Cutrim. “O primeiro disco tinha muito punk rock, mas no segundo começamos a misturar mais coisas diferentes”, completa o baixista e também vocalista Rodrigo Costa. O timbre vocal dos três instrumentistas, muito parecidos, talvez seja a principal assinatura musical do grupo.


Polisenso foi uma guinada radical para a sonoridade e estética do grupo. Para o terceiro disco, o desafio seria levar essa evolução para outro patamar. Mas em vez de partir para a esquizofrenia sonora de vez, resolveram lapidá-la. E para isso chamaram um dos nomes mais importantes na atual produção brasileira, o paulistano Daniel Ganjaman. Integrante do coletivo Instituto, ele é o responsável por ter lançado as carreiras dos rappers Sabotage e Criolo para um público maior, além de ter produzido trabalhos de nomes tão diferentes como Mano Brown, Forgotten Boys, Curumin e tocado ao lado do Planet Hemp e na banda de Otto. E, como se não bastasse, é um tecladista e vocalista de primeira. Com trânsito em todas as alas da atual música pop nacional, Ganjaman era o nome ideal para expandir ainda mais o horizonte da banda, mas sem que ela se perdesse em divagações vazias ou maluquices sem rumo.

Mas mesmo com a presença inconfundível de Ganjaman, o novo trabalho só poderia ser da banda carioca – e é mais que uma continuação de Polisenso, mas uma depuração. Alegria Compartilhada, portanto, abre com a faixa que o batiza e que já começa a misturar as referências básicas do grupo, novidade no disco anterior, umas com as outras – num reggae metal com arranjo com toques de soul. “Quem Vai, Vai” segue pela mesma trilha e começa a realçar as referências brasileiras com o riff de samba rock e o naipe de metais ainda na introdução. As duas primeiras faixas explicitam os pilares que seguram o álbum – um reggae pesado e a música brasileira, ambos envoltos por arranjos com timbres de black music e texturas eletrônicas. “A Garça” reúne essas duas colunas centrais ao descrever um Rio de Janeiro sem juízo de valores, usando os olhos do pássaro para apenas registrar o comportamento humano.

A partir de “Cosmic Jesus” essas referências começam a se misturar cada vez mais, e não apenas em uma música ou outra, mas também dentro da mesma música. As letras também perdem o aspecto contemplativo e espiritual e partem para uma psicodelia de ficção científica parente das letras de Chico Science, que usa termos científicos ou técnicos para descrever paisagens naturais: “O reino vegetal já coloria a ciclovia / Inspirando e exalando a pulsação da massa / E lúcido diante da rica topografia / Sentiu a teia viva entrelaçada pela graça”, canta a letra antes do rapper Black Alien entrar e expandir ainda mais os limites do disco.

“Descendo o Rio” baixa a bola e põe os pés no chão numa balada que faz a ponte entre Lulu Santos e Skank, mas “Tropicália Digital” retoma a expansão de “Cosmic Jesus” enfileirando rótulos de um novo tropocalismo, que entra de chinelos no século XXI.

É nessa onda de energia que o Forfun hoje surfa. Com fãs empolgados o suficiente para dar-lhes o aval para mostrar o rumo, os quatro cariocas abandonam a diversão pura e simples, rápida e passageira para incluí-la dentro de uma sensação que harmoniza paz e, claro, alegria. E assim o nome do grupo ganha um sentido ainda mais amplo. E duradouro.












Sesc realiza mostra cultural sobre vida e obra de Raul Seixas

Lembrando os 24 anos sem um dos pioneiros do rock nacional, a Unidade Centro do Sesc realiza a “Mostra Raul Seixas”, de 21 a 23 de agosto. A programação inclui encontros filosóficos, com exibição de vídeos e intervenção musical, sobre a filosofia, poesia e música do universo de Raul Seixas. O acesso é gratuito.
O cantor e compositor, consagrado nas décadas de 1970 e 1980, ficou conhecido pela sua postura contestadora e mística. Raul Seixas interessava-se por Filosofia, sendo a Metafísica e a Ontologia seus maiores focos de pesquisa. Além disso, Psicologia, História, Literatura e Latim eram conhecimentos que o músico trazia em suas composições.

Programação:

21/8
Encontro filosófico, com exibição de vídeos
Tema: Os pressupostos filosóficos de Raul Seixas
Palestrante: Leonardo de Araújo Neves  (Pesquisador em Filosofia)
Local: Sala Cine Vídeo
Horário: 17h30 às 20h30
22/8
Encontro filosófico, com intervenção musical
Tema: A Filosofia na Música de Raul Seixas
Palestrante: Eika Bataglia (Filósofa, Psicopedagoga, Mestre em Filosofia, Gestora em Educação e Professora Universitária
Intervenção: "Raul Seixas: Entre Deus e o Diabo" com Costa Senna (cantor e poeta)
Local: Sala Cine Vídeo
Horário: 18h às 21h
23/8
Show "Toca Raul" com a Banda SALT
Local: Espaço Multicultural
Horário: 19h30

SERVIÇO
Mostra Raul Seixas
Local: Espaços Culturais da Unidade Centro do Sesc (R. 24 de maio, 692 - Centro)
Período: 21 a 23/8
Entrada: Gratuita
Informações: (85) 3455.2118

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