domingo, 11 de agosto de 2013

ENTREVISTA

Angra comemora 20 anos de lançamento do primeiro álbum
 

DIVIRTA-CE entrevistou o guitarrista Kiko Loureiro, que comentou sobre a cena heavy metal, a trajetória da banda e o sucesso internacional

Pedro Henrique Loureiro, mais conhecido como Kiko Loureiro é músico multi-instrumentista, compositor e guitarrista da banda Angra. Além de sua discografia com o Angra, lançou em 2005 seu primeiro álbum solo, intitulado No Gravity, o segundo (Universo Inverso) em 2006 e o terceiro (Fullblast) em 2009. Adolescente roqueiro, ganhou sua primeira guitarra aos doze anos de idade, uma Tonante modelo 1974 preta, e um amplificador cubo. Foi então aprender os solos e riffs que ele desejava, de guitarristas como Eddie Van Halen, Jimmy Page, Jimi Hendrix, Randy Rhoads, entre outros.
Aos dezesseis anos, já levando bem a sério o estudo da guitarra, foi estudar no antigo IG&T e lá teve a oportunidade de conhecer o guitarrista Mozart Mello, com o qual estudou durante cinco anos. Foi neste período que começou a tocar profissionalmente nas casas noturnas de São Paulo. Sua primeira banda nesta época foi o Legalize (com Edu Mello nos vocais, Dennis Belik no baixo e Alja na bateria). Posteriormente tocou com a banda A Chave, participando também no projeto do tecladista Fábio Ribeiro, o Blesqui Zátsaz. Também nesta fase, ele conheceu Seizi Tagima, quando levou sua Ibanez, guitarra posterior à Giannini, para regular, e assim visitou o atelier deste famoso luthier. Depois deste encontro, Kiko e Seizi desenvolveram uma guitarra que veio a ser o protótipo da Tagima Zero e substituiu sua Ibanez. Aos dezenove anos foi convidado para entrar no recém-formado Angra. A partir daí sua história se confunde com a história desta banda.
O guitarrista Kiko Loureiro, do Angra, falou com o DIVIRTA-CE sobre suas experiências com a banda, a cena heavy metal internacional e como será o show de sábado na barraca Biruta, com a banda Soulfly, de Max Cavalera.


DIVIRTA-CE - São 20 anos de Angra. Quais as dificuldades e em se manter uma banda de heavy metal no Brasil com o (ótimo) nível de vocês e quais foram os maiores méritos do grupo nessas duas décadas? Quais as grandes conquistas e maiores orgulhos?
KIKO LOUREIRO –
Acho que a maior dificuldade é manter o grupo coeso nesses 20 anos, independente do sucesso. Nós temos tantos exemplos de bandas estrangeiras que mudaram de formação, outras que poderiam ter uma longa vida e não tiveram. Você conta nos dedos bandas que mantém a mesma formação durante muitos anos... Claro que nosso estilo, cantando em inglês, no Brasil, tem algumas dificuldades, mas temos muito orgulho de ter criado essa cena, fazer com que fãs se tornassem produtores, contratantes. As grandes conquistas são os nossos discos, a legião de fãs que nós temos, no Brasil, no Chile, México, Argentina. Somos orgulhosos de sermos uma referência do gênero na América Latina. Na Europa, alguns discos nossos fizeram grande sucesso, e no Japão, nosso primeiro CD foi disco de ouro.

DIVIRTA-CE - Como vocês observam a cena de heavy metal do Brasil em relação ao resto do mundo? Existe uma falta de renovação de público e artistas ou justamente o contrário?
KIKO LOUREIRO –
A cena heavy metal brasileira é menor em relação a outros países, ela não gera muito fluxo. Você vai a países escandinavos, até menores, e você vê uma cena maior de rock, até de indie, de outras vertentes que geram bandas muito fortes. Você vai a Finlândia, um país de cinco milhões de habitantes e encontramos umas 20 bandas conhecidas internacionalmente de heavy metal. No Brasil temos umas quatro ou cinco bandas internacionais, o Angra, Sepultura... e fica por aí. Tem aparecido bandas novas, mas é difícil... não entendo muito isso, acho que nós não pensamos para fora, enquanto países menores, eles já começam sabendo que ali não vão conquistar nada, e já pensam em conquistar a Europa inteira, fazem todo material em inglês, coisa que não acontece no Brasil. As bandas se formam com interesse em tocar nos seus próprios estados, nas suas cidades, e não pensam no mercado global.   

DIVIRTA-CE - Vocês fizeram uma extensa turnê com Sepultura, depois entraram de férias e voltaram com um vocalista italiano. Como vocês analisam a versatilidade da banda Angra, como foi essa turnê com o Sepultura?
 KIKO LOUREIRO –
Já faz um tempo, foi legal, selou uma amizade, um respeito que já existia. Nós adoramos o Sepultura, temos um respeito muito grande pela música deles, por mostrarem que é possível sair do Brasil uma grande banda. A versatilidade do Angra é nosso ponto forte. Nós buscamos isso mesmo. E tem países que também queremos conquistar, então tentamos entender, entrar na cena, para tentar se encaixar.

DIVIRTA-CE - Como será a noite em Fortaleza com Max Cavalera e a Soulfly? O repertório terá todas as músicas do primeiro disco? Vocês dividirão o palco em algum momento?
KIKO LOUREIRO –
Vai ser muito legal tocar com o Max, a Soulfly, mas não temos nada combinado, cada um vai fazer seu show. Se tiver uma oportunidade de tocarmos juntos será muito bom.

DIVIRTA-CE - Conhecem ou gostam de alguma banda de heavy metal do Ceará? Como é a relação do Angra com os fãs cearenses?
KIKO LOUREIRO –
Fortaleza foi uma das primeiras cidades que o Angra tocou, no começo da carreira. A banda começando mesmo, já tínhamos fãs, respondíamos cartas... me lembro bem que ficamos na casa de uma pessoa ali perto do Beach Park. Acho que foi a primeira vez que estivemos no Nordeste, muito bacana aumentar a cena daqui. Eu guardo isso muito na memória, esse que foi um dos primeiros shows do Angra. A relação com Ceará sempre foi muito boa, então nós buscamos sempre voltar a Fortaleza. Eu adoro vir ao Ceará quando tenho tempo, pois minha irmã mora em Jericoacoara, gosto de fazer o show e dar uma esticada lá para Jeri. Infelizmente temos um show importantíssimo em São Paulo, logo após esse de Fortaleza.

DIVIRTA-CE - Vocês se preparam para uma turnê pela America Latina celebrando os 20 anos do primeiro disco. Quando sairá o novo CD? Já tem algum tema ou música pronta?
KIKO LOUREIRO –
Serão 11 shows, o que é bastante para apenas um mês, uma duração coesa, como deve ser, onde fazemos ensaio e divulgação entre os shows. Terminando isso voltaremos para casa, gravamos um DVD e cuidaremos da edição, da mixagem do som, capa, divulgar. Como está sendo um sucesso essa turnê, poderemos esticá-la ou iremos compor novas músicas. Agora estamos totalmente focados nesse DVD.


CONFIRA AS RESPOSTAS DE KIKO LOUREIRO EM ÁUDIO NO PODCAST DIVIRTA-CE

DIVIRTA-CE PODCAST Entrevista com Kiko Loureiro.mp3

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