segunda-feira, 4 de maio de 2009

MÚSICA

PARAÍSO - NACIONAL

Trilha reúne Victor & Leo, Zezé Di Camargo & Luciano, Yassir Chediak, Zé Geraldo, Monique Kessous e Paula Fernandes, entre muitos outros

Novela de tom rural que gira em torno da paixão entre uma menina santa e o “filho do diabo”, Paraíso ganha esse mês sua primeira trilha sonora. Lançado pela Som Livre, o CD Paraíso - Nacional traz artistas sertanejos – nomes conhecidos do público, grandes revelações e promessas -, românticos, folk, peões/violeiros, e traz ainda a dupla Fioravante & Guimarães, que é formada por ninguém menos que Ivan Lins e o compositor Rafael Altério.

Uma das maiores revelações da música sertaneja nos últimos anos, Victor & Leo emplacam duas faixas, ambas compostas por Victor. Além do tema de abertura, Deus e Eu No Sertão, os irmãos mineiros cantam a romântica Nada Normal. Outra dupla que vem conquistando cada vez mais fãs, César Menotti e Fabiano participam com Paraíso (Marcelo Barbosa / Fábio Caetano / Bozzo Barretti / Elias), enquanto João Bosco & Vinicius – promessas da nova safra de artistas sertanejos – entram na trilha com Coração Só Vê Você (Rick / Cezar / Renner), regravação da música da dupla Cezar e Paulinho.

Paraíso – Nacional também traz duplas que há muito tempo estão nas graças do público. Zezé Di Camargo & Luciano participam com a balada Faça Alguma Coisa e Leonardo interpreta Longe (Arnaldo Antunes / Betão Aguiar/ Marcelo Jeneci). Chitãozinho & Xororó participaram tanto da novela quanto da trilha: chegam à cidade como violeiros desconhecidos para um concurso promovido pela rádio “Voz do Paraíso” e, no disco, cantam a modinha Chuá, Chuá, composta por Pedro de Sá Pereira e Ary Pavão, em 1926.

A trilha também apresenta artistas ligados ao melhor da música folk brasileira. Filho do cantor e compositor Renato Teixeira, Chico Teixeira recebe o pai na canção O Contador de Causo (Marcelo Barbosa / Fábio Caetano / Bozzo Barretti / Elias / Zé Rodrix) e o cantor Zé Geraldo, que esteve na trilha da versão de 82 com a canção São Sebastião do Rodeiro, contribui agora com A Fé, de sua autoria.

Paraíso – Nacional contém músicas dos peões Juvenal e Tiago, ou melhor, dos violeiros e cantores Yassir Chediak e Rodrigo Sater, que dão vida aos personagens da trama. Definido pelo ator e cantor mineiro Jackson Antunes como “o violeiro surfista de botina gomeira”, Chediak - o peão Juvenal – participa da trilha com Anunciação, clássico de Alceu Valença. Já Rodrigo Sater – Tiago, na novela - entra no álbum com Ordem Natural das Coisas (Paulo Simões / Guilherme Rondon). O sobrenome de Rodrigo não é mera coincidência. Ele é irmão de Almir Sater, que esteve na trilha da primeira versão de Paraíso, em 1982, com Varandas. Almir também entra na seleção musical do remake fazendo uma participação especial em Jeito de Mato (Paula Fernandes / Maurício Santini) – tema romântico do casal Maria Rita (Nathália Dill) e Zeca (Eriberto Leão), interpretado pela cantora mineira Paula Fernandes.

Além de Paula, as cantoras Monique Kessous, Tânia Mara e Janaina Kais marcam a presença feminina no disco. Cantora, compositora, arranjadora e multi-instrumentista, Monique Kessous emplaca a romântica Pitangueira, do CD de estréia, Com Essa Cor (2008). Tânia Mara conta com a participação de Roberta Miranda na animada Meu Dengo (Roberta Miranda) – regravação da canção do primeiro álbum lançado pela Rainha da Música Sertaneja, Roberta Miranda (1986) – enquanto Janaína Kais entra na trilha com sua composição Mulher Pra Namorar.

SERVIÇO

CD PARAÍSO – NACIONAL

Caixa de texto: Assessoria de Imprensa Som Livre Approach Maria Fernanda Macedo –mfernanda@approach.com.br Claudia Montenegro - claudia.montenegro@approach.com.br Tel: (21) 3461 4616 ramal 121, 136 Faixas: 20

Preço: R$ 24,90



PHOLHAS SEMPRE

Criações e regravações da banda paulista são reunidas em compilação da Som Livre

Há 40 anos, a banda paulista Pholhas está na estrada fazendo shows e se apresentando pelo Brasil com um repértório que mescla composições próprias e recriações de baladas do rock inglês e norte-americano dos anos 70. Através da série “Sempre” a Som Livre resgata 14 faixas da trajetória do grupo, que gravou 13 discos entre 1972 e 1988.

PHOLHAS SEMPRE inclui a regravação do hit de maior sucesso dos Bee Gees, “How deep is your love” (B Gibb / R Gibb / M Gibb), lançado em 77 e que incluiu a trilha do filme que inaugurou a era disco, “Os Embalos de sábado à noite”. A canção “Easy”, dos Commodors, outro grupo que reinou nos anos 70, está na compilação, que também traz Pholhas e o vocalista Bitão cantando o romantismo de Elton John em “Your song” (Bernie Taupin / Elton John).

O álbum traz quatro canções próprias da banda, três delas parcerias do tecladista Hélio Santisteban e do baixista Oswaldo Malagutti – ambos da primeira formação do grupo - “My mistake”, “She made me cry” e “Forever”, as mais conhecidas do público, e ainda, “Sunshine”, de Malagutti (com Benatti). “She made me cry” é sucesso do primeiro LP da banda lançado em 1972 pela RCA e também lançada em compacto, que teve venda superior a 300 mil cópias.

Nos anos 70 e 80, Pholhas mudou de rumo algumas vezes. Lançaram de um álbum com covers de sucessos das discotecas (O som das Discotheques – 1977) a um disco de rock progressivo, único da banda em português (Pholhas-1977), que destoava da carreira e vendeu pouco, mas que virou raridade para colecionadores. Desde 1980, com a banda mantém a formação atual com Bitão (guitarra), Paulo Fernandes (bateria), Hélio Santisteban (teclados) e João Alberto (baixo).




Sonatas para piano de Mozart

Pianista Clara Sverner reproduz a criatividade e maturidade musical do célebre maestro


A obra de Wolfgang Amadeus Mozart é a expressão pura da genialidade de um dos maiores compositores da história da música clássica. No lançamento da Azul Music, a pianista Clara Sverner reproduz a criatividade e maturidade musical do célebre maestro. Tais composições expõem a reapresentação dos temas consagrados de Mozart de maneira geniosamente modificada, e com visão pessoal característica da pianista.

Com seu quinto – e último – CD dedicado às Sonatas para Piano de Mozart, Clara Sverner encerra um projeto corajoso e musicalmente fascinante: o de percorrer na íntegra o universo sonoro inesgotavelmente belo que essas obras-primas representam.
A identificação da artista com o compositor é incontestável: suas interpre¬tações se revestem de cores vivas e contornos bem definidos, sem nunca perder de vista o equilíbrio, o estilo e o senso da justa medida. Com uma carreira sempre voltada para a procura do que é novo e original, tendo gravado pioneiramente Chiquinha Gonzaga e Glauco Velasquez, Clara permitiu-se abordar em sua maturidade pianística um dos principais momentos do classicismo vienense e de toda a História da Música, com a autoridade dos grandes artistas.
O reconhecimento desse empreendimento arrojado e extremamente bem cuidado - do ponto de vista da interpretação, qualidade sonora e apuro das gravações - tem sido amplo e efusivo, tanto por parte da crítica quanto por parte do público. O segundo CD-Mozart foi contemplado com o Prêmio Tim, assim como terceiro dessa série foi indicado para o Grammy Latino.
Enquanto sua carreira nos palcos continua intensa e profícua, no Brasil e no exterior, Clara Sverner chega ao seu quinto CD mozartiano com a traquilidade e a satisfação que nos trazem a sensação da missão cumprida e do trabalho bem realizado. Em sua discografia extensa e fascinante, a coleção das Sonatas para Piano de Mozart são sem dúvida um ponto luminar.
Gravado em 2008, no Potton Hall, na Inglaterra, Clara interpretou com propriedade, segurança e releitura própria, um repertório precioso para este álbum.





Vozes de Chico

CD comemorativo reúne nata da MPB nos 40 anos da Som Livre
Ele estreou como compositor em 1965, ano em que completou 21 anos, e críticos, intérpretes, colegas e público foram unânimes nos elogios, saudando a qualidade de suas canções. Afinal, o jovem Chico Buarque de Hollanda, como então assinava, já parecia um autor maduro, daqueles com muita estrada nas costas. Através das últimas quatro décadas, as canções de Chico Buarque foram regravadas por muitos de seus colegas de ofício. A começar por cantores e compositores da mesma geração, e do mesmo primeiro time da música brasileira, quatro deles aqui presentes: Caetano Veloso (numa bossa-novista versão de "Samba e amor"), Milton Nascimento (na primeira e até hoje mais marcante versão do clássico "Beatriz"), Paulinho da Viola (em "Sonho de um carnaval") e João Nogueira (em "Samba do grande amor"). Essas e outras gravações estão em dois CDs lançados agora pela Som Livre, parte das comemorações dos 40 anos da gravadora. “Chico Buarque – Por Eles e Por Elas” será vendido separadamente e em um estojo com dois CDs, reunindo a mas fina nata da MPB, separadas em vozes masculinas e femininas.

As gerações seguintes não ficaram imunes ao encanto da música de Chico, como provam Djavan (em "Tatuagem"); Ivan Lins, este ao lado do grupo Nó em Pingo d'Água (em "Roda viva"); Lenine (em "Baticum") e Ed Motta, este com o piano do mestre João Donato (em "Bye, bye Brasil). E mesmo artistas a princípio mais ligados à cena pop têm sabido reverenciar e acrescentar contribuições a essa obra, de Renato Russo, acompanhado pelo violonista Hélio Delmiro (em "Gente humilde"), passando por Marcelinho da Lua ("Cotidiano") e Zeca Baleiro ("Até o fim"). Para grandes intérpretes masculinos, a obra de Chico é um manancial obrigatório, como, já nos anos 1960, Wilson Simonal provou, recriando "A banda", o primeiro sucesso do então jovem compositor. Mais recentemente, Zeca Pagodinho retomou outro dos clássicos iniciais, "A Rita", enquanto Ney Matogrosso imprimiu sua marca ao clássico "Construção".
Já virou um lugar-comum dizer que Chico Buarque é o compositor brasileiro que melhor traduz a alma feminina. Verdade que se confirma em muitas de suas canções, algumas escritas para obras teatrais, para dar voz a personagens definidas. Mas, independentemente do alvo, desde cedo, as cantoras de diferentes tendências da música brasileira adotaram sua obra. Nos anos 1960, 70 e 80, Chico caiu na boca de, entre outras, Nara Leão (aqui ouvida em "Olhos nos olhos", Elis Regina (que fez a versão definitiva de "Atrás da porta"), Clara Nunes (no hino contra o regime militar que se transformou "Apesar de você"), Maria Bethânia e Alcione (juntas nessa bela gravação de "O meu amor"), Beth Carvalho (no samba "O meu guri") e Miúcha (em "Anos dourados", uma das grandes parcerias com Tom Jobim). Mais recentemente, suas músicas também têm abastecido novas vozes, da saudosa roqueira Cássia Eller ("Partido alto") à rainha do axé Ivete Sangalo (que voa muito além do gênero que a consagrou em "Deixa a menina"), passando por novíssimos talentos como Maria Gadú (em "A história de Lilly Braun") e Monique Kessous (em "Valsinha") ou artistas já consagradas como Mônica Salmoso ("Quem te viu, quem te vê"), Fernanda Takai ("Com açúcar, com afeto"), Maria Rita ("Sobre todas as coisas") e Adriana Calcanhotto ("Ciranda da bailarina"). Belos exemplos do casamento perfeito entre a obra de Chico e as mulheres.




Bruno e Marrone de volta aos bares

A dupla retoma os sons do começo da carreira e prepara um novo trabalho

Os fãs assíduos de Bruno e Marrone terão novidades em breve. A dupla sertaneja está lançando o CD “De volta aos bares”, um CD acústico que trará composições da dupla e regravações de sucessos. “Neste trabalho, queremos marcar um momento importante de nossa carreira. Queremos reviver os bares, com poucos músicos, pouca sofisticação e muita música”, afirmou Bruno. Nos shows estarão apenas cinco. A idéia de levar ao CD o ambiente dos bares, além de uma volta às origens, representa a valorização de uma fase que os cantores consideram fundamental na trajetória artística. “Cantar em bares é uma verdadeira escola. Não passar por essa etapa é como pular uma fase na carreira que fará falta mais tarde”, afirmou Bruno. Segundo o cantor, foram nos bares que eles sentiram de quais canções o público mais gostava, o que ajudou e ainda ajuda na composição do repertório.
Este CD não terá convidados especiais, mas a dupla não esconde o desejo de em uma oportunidade gravar com Roberto Carlos. “É o nosso grande ídolo. Temos vontade de cantar ao lado dele”, disse Bruno. A dupla que sonha dividir o palco com o rei da MPB afirma que tem, em seus iPods, músicas de todos os estilos, com exceção do rock pesado.
Bruno e Marrone se dizem extremamente gratos à carreira que têm e, questionados sobre um desejo de vida, resumiram: “nunca se perder ou se deixar levar pela armadilha do sucesso. Este novo CD é para relembrar de onde viemos e eternizar isso, para nunca esquecermos nossas verdadeiras origens”. Bruno e Marrone estouraram na mídia após uma gravação pirata da música “Dormi na praça”, que foi feita durante uma apresentação em uma rádio. A canção se espalhou rapidamente.
Apesar de terem sido beneficiados pela pirataria, a dupla não apóia o ato ilícito. “A pirataria não é só a pessoa ter um CD copiado em casa, mas sim uma rede que prejudica milhares de pessoas. Vários impostos deixam de ser arrecadados, funcionários que têm seus cargos perdem-nos para uma pessoa que vende os mesmos produtos sem cumprir com nenhuma das responsabilidades legais”, afirmou Bruno.




Duetos inusitados de Zeca

Coletânea reúne parcerias do cantor Zeca Pagodinho com Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, O Rappa, Pedro Luis e a Parede, entre outros


Cantor querido nos mais diversos redutos da música brasileira, Zeca Pagodinho garantiu um considerável número de duetos ao longo da carreira. Agora, a Som Livre reúne essas parcerias num mesmo álbum e dedica o novo volume da série Duetos ao carioca. No repertório, a presença de grandes damas do samba. Responsável pelo “empurrãozinho” inicial na carreira do cantor, Beth Carvalho participa na faixa Camarão que Dorme a Onda Leva. Dona Ivone Lara e Jovelina Pérola Negra também abençoaram Zeca e dividiram com ele as faixas Mas quem Disse que te Esqueço e Bagaço da Laranja, respectivamente. Parceiros desde os tempos do bloco Cacique de Ramos, Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz cantaram Moro na Roça no novo CD. Almir Guineto – fundador do grupo Fundo de Quintal – dividiu com Zeca os vocais de Feijoada Completa, de Chico Buarque, enquanto Martinho da Vila convidou o cantor de Xerém para interpretar ao seu lado o sucesso Mulheres.
Duetos inusitados, como os que fez com o grupo O Rappa e Sandra de Sá, também garantem espaço na coletânea. Com O Rappa, Zeca dividiu o samba de Sylvio da Silva, Maneiras, que ganhou toques de reggae para a versão do álbum do grupo carioca, O Silêncio Que Precede O Esporro (2003). Já com Sandra, o cantor reinterpretou um dos seus primeiros sucessos, Judia de Mim (Wilson Moreira e Zeca Pagodinho), do primeiro disco solo, Zeca Pagodinho (1986). Conhecida pela mistura de ritmos apresentada em suas músicas, a banda Pedro Luis e a Parede convidou Zeca Pagodinho para participar de Ela Tem a Beleza que Nunca Sonhei, composta por Pedro Luis. A música, lançada no ano passado, faz parte da coletânea, que também inclui Samba do Approach (Zeca Baleiro), dueto gravado por Zeca ao lado do xará, Baleiro. Zeca Pagodinho – Duetos traz ainda canções ao lado de Chico Buarque, Elza Soares, Luiz Melodia e Dudu Nobre. **** 4 ESTRELAS / Ótimo



Busca da melodia perfeita

Flávio Venturini lança CD e DVD “Não se apague esta noite”


“Não se apague esta noite”, novo CD/DVD de Flávio Venturini, reforça a velha máxima de que o palco é a extensão da casa do artista. Gravado entre o Museu das Artes da Pampulha – a casa de todos os mineiros – e a própria sala de estar de Venturini, o álbum percorre uma trajetória devotada à busca da melodia perfeita. Seja qual for o ambiente, o compositor se encontra ativo, em permanente reconstrução, alinhando novos temas aos sucessos que há gerações transbordam de sua nascente musical. Há cinco anos, Venturini trocou o Rio de Janeiro – depois de quase três décadas – por um regresso feliz a Belo Horizonte. É lá que a imensidão das montanhas emoldura a inspiração sonora de sua nova Casa Encantada. Em casa ou no palco, Flávio recebe novos amigos com a mesma hospitalidade devotada aos antigos companheiros de estrada. A começar por sua banda, formada por jovens músicos mineiros, onde perfilam a guitarra e as cristalinas cordas vocais de Kadu Vianna; o baixo de Aloísio Horta; os teclados de Ricardo Fiúza e a bateria de Arthur Resende.
Para que nossas noites nunca se apaguem, Mantra da criação, parceria com Ronaldo Bastos, legitima a crença em um mundo melhor, sob a bandeira fincada na esquina mais musical do planeta.

Uma balada-rock com ecos do Terço e do 14 Bis – duas de suas escolas sonoras - em registro mais grave que o habitual, sem perder a ternura. Se o “futuro está na criação”, Venturini jamais desiste da beleza. Outras e novas parcerias luminosas: Minha estrela (com Ronaldo), O melhor do amor (com Ronaldo e Torcuato Mariano), Romance (com Juca Filho) – esta com a presença do irmão camarada Claudio Venturini, na guitarra -, Verão nos Andes (com Aggeu Marques); além de Morro branco e Alegria, com participação do violonista Nando Lauria.
Flávio joga limpo com quem vem depois. Compartilha a intimidade dos hits com três novas vozes femininas: Mart´nália ambienta o Pierrot – parceria com Murilo Antunes – na ginga carioca. Luiza Possi flutua estilosa em Beija-Flor, enquanto Marina Machado expressa prazer e privilégio em Noites com sol, ambas feitas com Ronaldo Bastos. Dos estertores setentistas estão Não se apague esta noite, de Lô Borges, lançada no chamado disco do tênis, e a versão em voz e piano de Criaturas da noite, parceria com Luiz Carlos Sá nos tempos de contracultura e lançada pelo Terço. Alma de balada, feita com Murilo Antunes para o álbum “Porque não tínhamos bicicleta”, de 2004, homenageia o baterista Luiz Moreno, companheiros dos tempos dos cabelos compridos, calças boca-de-sino e música lisérgica. Das estações pop do anos 80, Flavio embarca no Trem do Amor, com letra de Ronaldo, para o álbum “Andarilho de luz”.
A direção do show é de Ronaldo Bastos e Leonel Pereda, com roteiro de Hudson Vianna, produção de Fabiane Costa e direção musical de Chico Neves e Flavio Venturini. “Não se apague esta noite” é uma co-produção da Caramelo Produções com o Canal Brasil.



Sony Music reedita Ten, álbum de estréia do Pearl Jam

Lançado originalmente em 27 de agosto de 1991, Ten foi o disco que apresentou o Pearl Jam de Eddie Vedder (vocais), Stone Gossard (guitarra), Dave Krusen (bateria), Mike Mc Cready (guitarra) e Jeff Ament (baixo) ao mundo. Recheado de sucessos como “Alive”, “Black”, “Even Flow” e “Jeremy”, músicas que se tornaram clássicos do rock, o álbum vendeu mais de 12 milhões de cópias.

Para iniciar a campanha do 20º aniversário da banda, que será comemorado em 2011, Ten sairá no Brasil em dois formatos: um box com CD duplo (o álbum original remasterizado com seis faixas bônus e uma seleção de remixes feitos pelo produtor da banda Brendan O’Brien) e um box com CD duplo e um DVD, que traz a apresentação do Pearl Jam no MTV Unplugged em 1992. O material gráfico tem a assinatura do baixista Jeff Ament e apresenta diversas fotos e anotações do grupo.

Este é apenas o primeiro presente para os fãs de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos.



Edição epecial comemora 50 anos de Kind Of Blue

Miles Davis já era um músico consagrado quando gravou e editou há 50 anos atrás Kind Of Blue. Ao lado dos mestres John Coltrane, Cannobal Adderley, Bill Evans & Wynton Kelly, Paul Chembers e Jimmy Cobb, o jazz atingiu perfeição quase absoluta neste álbum indispensável.

A fórmula para o sucesso não está apenas na qualidade dos músicos e do repertório. Kind Of Blue surgiu de uma brincadeira musical que despretensiosamente se tornou um dos melhores álbuns de todos os tempos em qualquer gênero. Para o baterista Jimmy Cobb, a idéia era só fazer mais uma boa sessão de gravação com Davis. Talvez essa informalidade e a paixão do sexteto pela música sejam os grandes precursores do sucesso que fez Kind Of Blue entrar para a história e conquistar fãs de todos os estilos.

Para celebrar o cinqüentenário do álbum mais vendido da história do jazz, Kind Of Blue está sendo relançado em edição especial. O kit traz uma apresentação incomparável de música, imagens e histórias. São dois CDs e um DVD com um mini-documentário e entrevistas.




Nuances de Dylan

Detalhes e curiosidades sobre o novo CD de Bob Dylan

"Together through life". 33º álbum da carreira de Bob Dylan colocou o americano novamente no topo


Intitulado "Together through life", o novo álbum de Dylan tem um som que se aproxima ao dos estúdios dos anos 50. Segundo o músico, a idéia do novo trabalho surgiu da música "Life is hard", composta para o filme “My own love song", do diretor francês Olivier Dahan.

"No ano passado, Dahan me propôs compor algumas canções para um filme que estava escrevendo e dirigindo sobre uma viagem de autodescoberta que acontece no sul da América. Após começar com ‘Life is hard’, o resto do álbum tomou sua própria direção".
O fã mais atento de Dylan vai lembrar que pelas memórias do bardo em seu livro “Crônicas”, o seu gosto musical varia do folk mais radical ao romantismo mais deslavado. Em mais um capítulo da reconstrução da história dos EUA no século XX que vem fazendo, de certa forma, desde “Time out of mind” de 1997, Dylan chega ao seu momento mais popular com “Together through life”.
O problema é que o resultado pode não ser satisfatório para a maioria: há um quê de “churrascaria” nos arranjos e até nas composições, apesar de momentos interessantes como “If you ever go to Houston”.

A música certamente é boa, mas a capa… É linda! Uma das melhores da discografia de Dylan. Em formato grande de LP, ela deve ficar uma beleza.
Pois a capa de Together through life é uma referência ao americano Larry Brown, um dos escritores preferidos de Bob Dylan. Big bad love, livro de contos de Brown lançado em 1990, traz exatamente a mesma foto na capa. Os contos são protagonizados por machões solitários e sem horizonte, de vida amorosa vazia, vida sexual errante e afundados no cigarro e na bebedeira. E a foto que o livro de Brown e o CD de Dylan têm em comum foi feita pelo fotógrafo americano Bruce Davidson em 1959. Na época, Davidson ficara intrigado com uma reportagem sobre as gangues de Nova York e resolveu pesquisá-las de perto. Isso lhe rendeu um ensaio soberbo, mostrando a intimidade e o dia-a-dia dos integrantes da gangue The Jokers. E o ensaio virou livro, chamado Brooklyn Gang.
Together trought life, 33º álbum da carreira de Bob Dylan, colocou o americano novamente no topo da parada britânica. O lançamento superou Music for the people, do The Enemy, que ficou na segunda posição. O último disco de Dylan a liderar o ranking no Reino Unido foi New morning, lançado no ano de 1970.




Veterano Leonard Cohen ao vivo

Sony lança CD do músico que, aos 75 anos, volta aos palcos depois de 15 anos
A Sony/BMG acaba de lançar “Live in London”, álbum duplo, com a íntegra de um concerto que Leonard Cohen apresentou na O2 Arena, no dia 17 de julho do ano passado. O show integrou uma longa turnê pela Europa, a primeira em 15 anos. Para os fãs, que acompanham a carreira desse grande músico, é um disco emocionante.
São duas horas e meia de música, nas quais o poeta canadense, generoso, desfia 26 canções de seu repertório – incluindo, obviamente, “I´m Your Man”, “So Long Marianne”, “Suzanne”, “Hallelujah”, “Bird on the Wire”, “Anthem” e “Dance Me To The End of Love”, entre muitas outras.

Leonard Cohen é um desses artistas cuja importância não se mede em números de vendagem, mas pela influência que exerce em seu meio. Uma pequena amostra da sua influência pode ser vista no documentário “Leonard Cohen: I´m Your Man”, exibido na Mostra de Cinema de São Paulo em 2007, no qual músicos como Bono Vox e The Edge (U2), Nick Cave, Beth Orton e Rufus Wainwright interpretam canções e reverenciam o mestre.
Com sua voz forte, mas arranhada, de cantor de boate esfumaçada, Leonard Cohen se diz um judeu budista. Na década de 90, morou alguns anos num mosteiro. Está com 75 anos, plenamente na ativa. “Live in London”, aliás, emociona também por esse aspecto: não é todo dia que se vê e ouve um tiozinho nesta idade, mandando ver, em cima de um palco!
Há coisa de cinco anos, Cohen tornou público que foi enganado por seu empresário e contador, tendo perdido alguns milhões de dólares. Não sei se devemos a esta infeliz circunstância o fato de manter-se na ativa, encarando os palcos como um garoto.




Buddha Lounge

Caracterizada por uma combinação contemporânea de beats e texturas eletrônicas com sonoridades acústicas orientais, fórmula que tem encantado ouvintes no mundo todo, a série Buddha Lounge já alcançou a marca de 100.000 cópias comercializadas. Explorando ritmos eletrônicos e sons orientais, o CD dá continuidade à ótima qualidade da série. Entre as faixas que merecem destaque estão: “Magical Chants”, “Ubud – The Heart of Bali”, do músico e produtor brasileiro Marcelo Gallo, e “Satori”, do músico e compositor Marsicano. A combinação de vocais suaves com ritmos modernos cria um clima íntimo e misterioso; as diferentes sonoridades e a reunião de músicos de diversas partes do mundo mostram a diversidade cultural. É assim, com requinte e qualidade, que o álbum Buddha Lounge 7 irá conquistar seus antigos admiradores e ganhar novos ouvintes.




A festa de Gonzagão

Coletânea reúne grandes sucessos do Rei do Baião, como Asa Branca, Vem Morena e O Xote das Meninas


Um dos maiores artistas brasileiros, o cantor, compositor e sanfoneiro nordestino Luiz Gonzaga – o Gonzagão – revolucionou a música popular nacional com o baião, nos anos 40. A Som Livre lança este mês o novo volume da série Sempre: o CD Luiz Gonzaga – Gonzagão. No repertório, grandes sucessos da carreira do Rei do Baião, como Asa Branca e O Xote das Meninas, entre muitos outros.
A toada Asa Branca, de 1947, abre a coletânea. Um dos maiores sucessos de Gonzagão, a música é uma das muitas parcerias do sanfoneiro com Humberto Teixeira. Juntos, compuseram, em 1946, o Baião, manifesto do gênero lançado pelo grupo Quatro Azes e Um Coringa, com Gonzaga na sanfona. O álbum traz a gravação de 1949, na voz de Gonzagão, e, ainda do mesmo ano, Juazeiro. Também da dupla, entram a toada Assum Preto, de 1950, os baiões Qui Nem Jiló e Respeita Januário, do mesmo ano, e Paraíba, de 52.
O CD Luiz Gonzaga – Gonzagão Sempre também destaca a parceria do Rei do Baião com José de Souza Dantas Filho, mais conhecido como ZéDantas. Os xotes Cintura Fina (1950), Xote das Meninas, (1953) e Riacho do Navio (1955) garantem seu espaço, assim como os baiões Vem Morena (1949) e Sabiá (1951).
Vale destacar ainda a faixa A Vida do Viajante, feita em parceria com Hervê Cordovil, em 1953. A música aparece na versão gravada com o filho Gonzaguinha durante turnê no início dos anos 80 – a mesma excursão em que Luiz Gonzaga ganhou o apelido de Gonzagão. A letra resume a vida do músico que saiu do sertão do Araripe, em Pernambuco, para conquistar o Brasil inteiro: “Minha vida é andar por esse país”.



SOM LIVRE 40 ANOS

Tudo começou graças à novela. À TV que crescia exponencialmente no final dos anos 60 e confirmava ao Brasil o sentido de unidade através da amplitude do seu telejornal: Nacional - feito que o samba (olha a música aí) conseguiu inaugurar. Pois a TV Globo, do jornalismo de alcance continental, experimentou desbravar o território musical e fundar a primeira gravadora brasileira. As suas características, tão distintas das multinacionais, iriam realmente confirmar o perfil exclusivo da gravadora, que atua e atuou como major no nosso cenário fonográfico e ainda mais por isso, se orgulha de ser a única “do Brasil”.



A gravadora da TV que reuniu as classes de A a D no sofá da audiência mágica da novela ofereceu ao Brasil do seu próprio cardápio, canções de nossos artistas, especialmente encomendadas ou não para as trilhas de novela; e um sabor de fora, músicas internacionais que o Brasil provou e gostou. Sem medo do popular, do pop, “da massa, mãe, da massa”, a Som Livre estimulou a produção artística nacional e o mercado, que alcançou cifras recordistas. Potencializou a voz de cantores e cantoras que chegavam à casa do brasileiro pela TV, em uma era em que ela se tornava o principal meio, suplantando o rádio como veículo de apresentação de novos talentos do meio musical.



O jornalista e critico musical Hugo Sukman reuniu algumas das melhores histórias da trajetória da Som Livre nesses 40 anos. Segue abaixo o texto.


________________________________________________________


Aos 40 anos de idade, a Som Livre está tão ligada à história da música brasileira que foi em seus estúdios que o próprio Rei, Roberto Carlos, ensaiou e gravou a maior parte de seus discos. Ele gostava tanto dos estúdios, no bairro de Botafogo, no Rio, que os alugava todos os anos, por pelo menos três meses. Isso até alguém ter a infeliz idéia de reformar o banheiro e adorná-lo com ladrilhos... marrons. Maníaco do azul, Roberto nunca mais pôs os pés no estúdio. Em compensação...

_ O Roberto comprou a mesa, aliás, a maravilhosa mesa de gravação, que está no estúdio da casa dele até hoje _ ri Guto Graça Melo, diretor de produção da Som Livre na época, ainda inconformado com os ladrilhos marrons do banheiro. _ Ele levou a Som Livre para dentro de casa.

Nesses 40 anos, a vocação de fazer parte da história da música brasileira era tanta que até o mais improvável aconteceu: num caso totalmente involuntário de nepotismo, o filho do presidente da gravadora virou artista da casa. O artista era Cazuza, líder do Barão Vermelho, e o primeiro disco do grupo só saiu pela Som Livre porque Guto Graça Melo não parou de encher a paciência de João Araújo.

_ Eu cheguei a proibir a entrada do Guto na minha sala, porque quando ele entrava me convencia de qualquer coisa _ lembra João Araújo. _ Lançar o Cazuza foi inevitável. O Guto e o Ezequiel Neves me convenceram. Mas eu queria preservá-lo da acusação de ter gravado só porque era filho do presidente.

Nesses 40 anos, a ânsia por descobrir a nova música brasileira era tanta que certo dia Caetano Veloso ligou da Bahia para João Araújo: “Escuta, o melhor que ouvi da minha temporada aqui é um grupo chamado Novos Baianos, você os recebe aí no Rio?”. Se o Caetano falou...

_ No outro dia, estavam na porta da minha casa Moraes Moreira, Pepeu, Baby... Tudo bem, vocês são maravilhosos, mas vocês têm onde ficar? Eles ficaram dias acampados na sala da minha casa, e Cazuza, criança, enchia do saco do Moraes para tocar “Preta pretinha”... _ lembra João do início da carreira de um dos mais importantes grupos da história da música brasileira.

São muitas as histórias desde quando, nos últimos dias de 1969, João Araújo recebeu um telefonema do Ministério da Fazenda, com alguém informando uma seqüência de números que ele anotaria a lápis num pedaço rasgado de papel. Era o CGC provisório da gravadora Som Livre, que a TV Globo chamara João, já então um experimentado executivo do disco, para criar.

Esse papel rasgado é a certidão de nascimento de uma gravadora que produziria e lançaria todas as centenas de trilhas sonoras de novelas, séries, festivais, shows infantis e demais programas produzidos pela TV Globo a partir de 1971. É uma trajetória singular: uma gravadora que nasceu para lança trilhas, ou seja, ultra-especializada, que aos poucos vai se abrindo, talvez por força da música brasileira, a trabalhar com artistas de diferentes matizes.

Seria uma gravadora que lançaria novos artistas, como Djavan, Alceu Valença ou Os Novos Baianos, ou trabalharia momentos fecundos da carreira de artistas consagrados como Jorge Ben e Rita Lee. Que lançaria discos de vanguarda de artistas de prestígio como Sidney Miller, Tuca, Osmar Milito, ou venderia milhões de discos com ídolos populares como Xuxa. Que faria discos com artistas extremamente sofisticados como Francis Hime ou populares como Elymar Santos. Que seria ela própria uma gravadora de sucesso, mas que basicamente trabalhasse em parceria com as outras gravadoras, ajudando a popularizar seus artistas através do poder de sedução das novelas.



O ANO 40

Em 2009, a Som Livre comemora 40 anos fazendo o que sempre fez em seus 40 anos: lançando discos. E totalmente coerentes com sua história. Artista consagrado? Em abril saiu o novo CD de Nana Caymmi, “Sem poupar coração”, boleros, sambas-canções, sofisticadas canções de amor com a marca da cantora. Artista novo? Em maio sai o primeiro CD de Maria Gadú, surpreendente cantora, compositora, violonista que incorpora influências da música clássica de sua infância, da música brasileira de sempre e da música pop de hoje.

Para comemorar, a Som Livre lançou um CD duplo com a obra de Djavan, talvez o primeiro grande artista lançado pela gravadora. Descoberto por João Araújo apresentando-se numa boate, Djavan começou cantando em trilhas de novelas a partir de 1973, até lançar seu primeiro LP autoral em 1976 e seus primeiros mega-sucessos, “Flor-de-lis” e “Fato consumado”. No novo CD duplo, meia MPB masculina canta a obra de Djavan em “Por eles”, e meia MPB feminina faz o mesmo em “Por elas”. Em maio sai o “Por eles e por elas” de Chico Buarque.

Ainda em abril saiu outro carro-chefe da história da gravadora, uma caixa com oito CDs de uma das mais bem sucedidas séries da história do disco no Brasil, “Xuxa só para baixinhos”, oito discos com esse título lançados pela apresentadora.



AS NOVELAS

Os três primeiros discos lançados pela Som Livre consagravam não apenas uma nova gravadora, mas principalmente uma nova forma de produzir e lançar as trilhas das novelas da Rede Globo, que naquela época começavam a conquistar de vez o coração do público brasileiro.

Lançada em março de 1971, a trilha de “O Cafona” foi o primeiro disco da Som Livre. Na capa, o rico e brega empresário vivido por Francisco Cuoco na novela que misturava aristocratas decadentes, novos ricos, hippies e artistas de vanguarda. O segundo disco seria lançado um mês depois: a trilha da romântica “Minha doce namorada”, com o galã Claudio Marzo e a “namoradinha do Brasil”, Regina Duarte, estampando a capa. Um Tarcísio Meira de perfil, olhando para o céu, aparecia na capa de “O homem que deve morrer”, o terceiro álbum.

Os três álbuns traziam canções compostas por mestres da música brasileira (Carlos Lyra, Roberto Menescal), por jovens já com fama de gênios (Dori Caymmi, Marcos Valle, Edu Lobo, Aldir Blanc, Ivan Lins, Antonio Adolfo, Torquato Neto, Gonzaguinha, é mole?) e revelações (Sá, Zé Rodrix e Guarabira, Antonio Carlos e Jocafi, Octavio Bonfá, Reginaldo Bessa).

A partir daí, a Som Livre não parou mais de produzir e lançar trilhas sonoras. No início, eram coletivas: vários compositores tinham a incumbência de transformar personagens e situações em música. Depois, muitos dos maiores compositores brasileiros trabalharam trilhas inteiras. Gente como Roberto Carlos e Erasmo (“O bofe”), Raul Seixas e Paulo Coelho (“O rebu”), Tom Jobim (“O tempo e o vento”), Baden Powell e Paulo César Pinheiro (“O semi Deus”), Marcos e Paulo Sérgio Valle (“Os ossos do barão”, “Vila Sésamo”), Antonio Carlos e Jocafi (“O primeiro amor”, “Supermanoela”), Toquinho e Vinicius de Moraes (“O bem amado”), entre outros.

Convocado em cima da hora para produzir a trilha de “Pecado Capital” (1976), Guto Graça Mello mudaria para sempre o mecanismo de produção das trilhas. Com menos de uma semana de prazo, o produtor impôs uma condição: poder garimpar nos catálogos de outras gravadoras canções que fossem adequadas ao enredo da novela, contrariando a norma que exigia trilhas feitas sob encomenda. A exceção seria a canção-título composta e gravada por Paulinho da Viola, em cerca de 24 horas, para a abertura. Botar música nas novelas e programas da TV tornou-se uma das formas mais eficientes de se popularizar música no país e a Som Livre virou parceira das majors.

Veterano da indústria fonográfica, que trabalhou como técnico e produtor por 14 anos na Som Livre, e depois em outras companhias de discos, Max Pierre testemunhou a mudança de mercado que a gravadora provocou. Segundo ele, antes da Som Livre, e sobretudo das trilhas de novelas, a música brasileira ocupava apenas 30% do mercado, contra 70% de música estrangeira.

“Como sucesso das trilhas sonoras nacionais, isso se inverteu. Depois de 14 anos na Som Livre, pude constatar que a música brasileira tinha 70% do mercado. Não tenho dúvida que a qualidade da música de novela, aliada à grande janela que as novelas representam são responsáveis por isso”.



A PRÉ-HISTÓRIA

Os três primeiros discos lançados pela Som Livre consagravam não apenas uma nova gravadora, mas principalmente uma nova forma de produzir e lançar as trilhas das novelas da Rede Globo, que naquela época começavam a conquistar de vez o coração do público brasileiro.

É impossível precisar o que veio primeiro. Na TV Globo, Daniel Filho assumia o cargo de diretor geral das novelas e buscava modernizá-las, assim como suas trilhas, que até então eram colocadas pelos próprios sonoplastas, em geral música clássica, sem critérios de seleção. Na gravadora Philips, André Midani, que já tinha trabalhado como diretor da Capitol no México, onde as trilhas feitas especialmente para os folhetins faziam enorme sucesso, intuiu: se lá é assim, imagina aqui no Brasil, com toda a força da música brasileira e das novelas da TV Globo. Midani e o jovem letrista e produtor Nelson Motta ofereceram à emissora a produção das trilhas com artistas do cast da Philips, que venderia os discos enquanto a emissora usava seu canhão de divulgação. Assim foram produzidas: “Véu de noiva”, “Verão vermelho”, “Pigmalião 70”, “Irmãos coragem”, “Assim na terra como no céu” e “A próxima atração”.

O sucesso nas vendas, que passavam ou beiravam as cem mil cópias, uma enormidade para a época, levaram a Globo a abrir sua própria gravadora. A inspiração para o nome veio de um programa da TV Globo na época, Som Livre Exportação, que reunia jovens cantores, compositores e instrumentistas brasileiros. Assim, nascia a Som Livre, gravadora que celebra em 2009 quatro décadas de uma trajetória repleta de trilhas sonoras e artistas que marcaram, marcam e continuarão marcando a história da música no Brasil.




Há 50 anos surgia o Grammy

Pouca gente hoje consegue conceber viver sem o velho e bom rock and roll, mas há 50 anos, o ritmo ainda era motivo de preocupação na indústria fonográfica e dividia opiniões, geralmente apaixonadas, dos amantes de música. Isso porque por um lado era um belo gerador de receita com discos e mais discos sendo vendidos diariamente, mas por outro era considerada música de segunda linha. Assim, em 1958, um grupo de produtores de música resolveu criar o Gramophone Awards, cujo intuito era premiar estilos de música de primeira qualidade e obviamente o rock não se encaixava.

Em 04 de maio de 1959, no salão de bailes do luxuosíssimo Beverly Hills hotel, ocorreu a primeira premiação do que hoje é conhecido como Grammy, com 28 categorias e nenhum cantor de rock (os Everly Brothers de Bye bye love, Wake up little Suzie e Crying in the rain levaram uma estatueta de melhor country music como exceção). Nessa noite histórica, Domenico Modugno bateu Frank Sinatra e Peggy Lee (de Fever) com sua terrível Volare e levou os prêmios de gravação e canção do ano. Os prêmios de melhor performance vocal, masculina e feminina, foram para Perry Como e Ella Fitzgerald, respectivamente.

O primeiro artista de rock a levar um Grammy foi Chubby Checker em 1961, especialmente pelo sucesso de Let's twist again, mas foi somente em 1967 que os críticos incluíram um disco de rock na categoria de melhor do ano (foi Sargent Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, obra inquestionável).

Assim como o Oscar, o Grammy cometeu grandes injustiças, como por exemplo, nunca premiar grandes nomes como Creedence Clearwater Revival, Jimmy Hendrix, Led Zeppelin, The Who, Queen, Neil Young, Janis Joplin, Grateful Dead, Diana Ross, Sam Cooke, Fats Domino, entre outros, e ter desprezado artistas revolucionários como Bob Dylan quando ele estava no auge de sua carreira e fazia mudanças radicais na folk music americana (ele só foi ganhar um em 1972).

Já ouviu falar em Georg Solti? Pois bem, o maestro húngaro radicado nos Estados Unidos é o maior ganhador do Grammy com 31 prêmios, seguido de Quincy Jones, o decano da música americana, com 27 estatuetas, apesar dele também deter o maior número de indicações, 79. A cantora e violinista country americana, Alison Kraus, é a mulher com mais prêmios (26), o U2 é o grupo mais laureado (22) - mesmo que Bono tenha atacado a premiação no começo de sua carreira, chamando-a de Granny Awards (Prêmios das Vovós, pelo conservadorismo dos jurados).

Já nos recordes bizarros, o Toto levou estatuetas em todas as seis categorias que concorreu em 1983, enquanto Michael Jackson e Carlos Santana são os artistas solo masculinos que mais levaram prêmios numa mesma noite (oito cada um), o primeiro em 1984 e o segundo em 2000. Já, entre as mulheres, o recorde de seis estatuetas na mesma premiação é detido por Lauryn Hill em 1999, Alicia Keys em 2002, Norah Jones em 2003, Beyoncé em 2004, Amy Winehouse em 2008 e Alison Kraus em 2009.

Christopher Cross é o único artista a receber os quatro grandes prêmios em uma mesma noite, em 1981: Gravação do Ano (Sailing), Álbum do Ano (Christopher Cross), Canção do Ano (Sailing) e Revelação. Depois disso, sumiu. Já Brian McKnight detém a pior marca para um artista, pois concorreu dezesseis vezes e nunca levou nenhum prêmio.

O último Grammy aconteceu em 08 de fevereiro no Staples Center em Los Angeles e possuía 110 categorias divididas em estilos de música diversos, de rock a polka, de clássicos a música infantil, passando por reggae, rap, jazz, blues, R&B, latino e muito mais.

Nenhum comentário: