terça-feira, 5 de maio de 2009

LIVROS - FICÇÃO


Histórias de um fugitivo

Hosmany Ramos foge da prisão para a Europa e lança livro polêmico sobre morte, pedofilia e corrupção no futebol brasileiro

Mais uma vez, o cirurgião plástico e escritor Hosmany Ramos mostra que sua literatura – e sua vida – não são para quem procura rotina, conformismo e leitura passageira. Na prisão desde 1981, com algumas fugas e vários livros publicados – dois deles na França – e foragido desde o Natal, o escritor ressurgiu agora em um país da Europa, depois de deixar o Brasil pela Guiana Francesa, onde visitou a Ilha do Diabo, numa homenagem ao também fugitivo Henri Charriére, autor de Papillon. Fez uma reunião com seu editor francês – da Gallimard – em Paris e de lá seguiu de ônibus para um país nórdico, de onde pretende sair, daqui a alguns dias, para a Austrália, lá deseja escrever sua mais do que polêmica autobiografia. Antes de viajar para a Austrália, porém, Hosmany quer dar uma entrevista – pelo Skype, num telão a ser colocado em sua editora, a Geração Editorial – sobre seu novo livro, “O Goleador – Morte e Corrupção no Futebol”.
Trata-se de um vertiginoso thriller policial que começa com o assassinato de um cartola do futebol brasileiro, Heleno Miranda, sócio de um jornal e presidente de um clube de futebol. Os principais suspeitos do crime são uma bela mulher e um jogador famoso, Rony Lee, que acaba surpreendido num automóvel fazendo sexo com um garoto do sexo masculino. Termina – depois de passar por cenas de sexo e drogas na alta sociedade carioca – com a elucidação do crime e das manipulações de jogos – até da Copa do Mundo – por uma poderosa organização internacional.
O livro envolve também em sua trama personagens que parecem inspirados em figuras da sociedade brasileira atual: políticos de todo tipo, empresários, artistas, socialites. Mas o autor garante, claro, que isso é mera coincidência. Hosmany transita como ninguém pelos subterrâneos do mundo do crime. Há quase 30 anos na cadeia, surpreende como ele parece conhecer a fundo seu novo tema: o universo corrupto da máfia dos campos de futebol, personificada numa organização conhecida como International Soccer Marketing, formada por figurões da mídia, magnatas do petróleo e gente movida a dinheiro e ganância.
Esta associação espalha seus tentáculos ao redor do planeta e não mede esforços para manipular os resultados dos grandes campeonatos, inclusive o da Copa do Mundo da França, em 1988, no qual o Brasil foi acusado de entregar a final para os anfitriões. Tudo vai na mais perfeita paz, até que seu caminho é atravessado pelo jovem jornalista Ray Becker, um garotão recém-chegado de um estágio na Alemanha que, de um dia para o outro, se vê envolvido nesta sórdida trama envolvendo sexo, drogas, assassinato e pedofilia, ingredientes mais do que bem temperados para prender o leitor da primeira à última página.
Fluida, a narrativa caminha com tranquilidade por um universo estampado diariamente nos jornais e revistas de celebridades. Chocantes e avassaladores, os acontecimentos vão se sucedendo de maneira rápida e vertiginosa. Como numa montanha-russa, é preciso se segurar bem para chegar até o final da trama. A história ganha contornos ainda mais reais graças às habilidades narrativas do autor que, longe de ser alguém que escreve de um mundo imaginário, conhece bem o universo que está destrinchando. No final dos anos 70, já rico e famoso, Hosmany Ramos trabalhava no Rio de Janeiro como cirurgião plástico na equipe de Ivo Pitanguy, o mais importante cirurgião plástico brasileiro e um dos maiores, senão o maior do mundo. Vivia rodeado de belas mulheres e frequentava o jet set internacional até sua prisão em 1981, acusado de vários crimes.
Ao invés de se transformar num empecilho, o confinamento foi a força motora para que o autor desenvolvesse seu talento literário. Como disse Hosmany em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo: “Transformei o sofrimento da prisão em aprendizado. A grande riqueza do homem é o tempo, não é dinheiro, carros importados, mansões maravilhosas e sucesso, é o conhecimento”. Hosmany tem mais de cinco livros publicados e durante muitos anos seu trabalho foi pouco valorizado no Brasil. Foi preciso que a França o descobrisse como autor – dois livros seus já foram publicados pela renomada Gallimard – para que ele encontrasse seu espaço por aqui.







O conquistador de nações

Em “Os Senhores do Arco”, o jovem Gêngis Khan firma-se como o grande guerreiro

Co-autor do best-seller infanto-juvenil “O livro perigoso para garotos”, Conn Iggulden tornou-se mundialmente conhecido com a série O Imperador, na qual recria a vida do grande líder Júlio César, com mais de 50 mil exemplares vendidos no Brasil. Grande revelação da ficção histórica britânica, Iggulden está de volta com “Os Senhores do Arco” (Editora Record), segundo volume da série O Conquistador, que reconstrói a saga do imperador mongol Gêngis Khan e de seus descendentes.

Temujin dos lobos, o menino que nasceu das planícies da Ásia Central, apresentado ao público em O lobo das planícies, tornou-se Gêngis Khan, um homem que deve unir as tribos mais divididas pela guerra no Oriente. Seu objetivo é criar uma nova nação nas planícies e montanhas ermas da Mongólia. Um nascimento sangrento que deixará de joelhos um continente.

Durante milhares de anos seu povo foi mantido isolado pelo império Jin, uma terra de enorme riqueza e numerosos exércitos. Seus guerreiros têm apenas o arco, o cavalo e a disciplina férrea, nascida de uma terra de gelo, fome e morte. Muralhas de pedra se erguem acima dos cavaleiros mongóis, e Gêngis deve derrotar o antigo inimigo ou ver seu povo ser disperso e seus sonhos despedaçados. Além do inimigo ancestral, ele deve reconciliar os grupos descontentes com seus generais, mediar entre seus irmãos ambiciosos e lidar com as próprias emoções ao ver os filhos crescendo. O jovem guerreiro se tornou um comandante militar vitorioso: agora deve elevar seu povo à grandeza.

“Os Senhores do Arco” é um épico fascinante, a narrativa de uma história extraordinária. Mesclando ficção e acurada pesquisa histórica, Iggulden recria a saga lendário conquistador numa escala mais humana, em uma trama repleta de reviravoltas e emoção.





Da TV a cabo para as livrarias

Erotismo, sedução e morte em romance policial lançado pela Geração Editorial


Inspirado pela vitoriosa série exibida pelo canal FOX, o jornalista paulistano Ricardo Tiezzi estreia na literatura com “Sorriso da Morte: 9mm”, uma trama de investigação policial que sonda os abismos das paixões humanas. Baseada na série de 9 MM: SP, exibida pelo Canal Fox, este primeiro romance de Ricardo Tiezzi conta a história sórdida e surpreendente de um assassinato. Na trama, uma ex-estrela mirim que agora atua no palco de uma boate erótica na poluída e violenta São Paulo, um empresário da noite que se empenha em passar um verniz filosófico na pornografia e um adolescente apaixonado, disposto a trazer emoção para sua vida. Nos bastidores, o DHPP, Departamento Homicídios da Polícia Civil, com dois homens à frente do caso, que são como luz e sombra. O pragmático delegado Eduardo acredita na ordem e na razão. O investigador Horácio acredita que a lei pode ser um impedimento à Justiça.
No meio de tantos sentimentos, suspiros, vestígios, podem nascer os melhores gestos. Das boas intenções, as maiores barbáries. A chave para este mistério pode estar jogada em algum lugar, perto de mais para imaginar ou longe do que se possa acreditar. “Quem matou?” Este é a pergunta que acompanha toda a intensa narrativa da obra escrita por Tiezzi na melhor tradição dos policiais noir, mas com um toque atraente de modernidade. Ler o Sorriso da Morte é entrar para a história e se envolver, questionar, vibrar com estes personagens magnânimos na sua pequenez e frágeis na sua demasiada humanidade. A vida se resume a sexo e violência, define um dos policiais. Ao fim e ao cabo, quem matou pode ser não mais que um pretexto para se compreender a angústia da vida. Em O Sorriso da Morte um lance de humor pode aparecer durante a mais repugnante violência. Um diálogo irônico pode nos fazer rir diante de corpos retalhados. E quando tudo parece caminhar com leveza é apenas o sinal de que mais uma queda está para acontecer.
O sorriso na hora da morte, o prazer na violência, a beleza na sujeira, a justiça na delinquência. Neste livro os opostos não estão em lados contrários, mas compartilham a beira do mesmo precipício. Ao fim o leitor terá uma certeza, “está diante de um novo autor brasileiro de romances policiais cujo talento é indiscutível”, garante o Editor da Geração Editorial, Luiz Fernando Emediato. *** 3 ESTRELAS / Bom



Novas doses temáticas de Machado de Assis

Editora Record lança três últimos volumes da coleção de Contos, organizada por João Cezar de Castro Rocha

A coleção Contos de Machado de Assis é indispensável para a compreensão da obra do Bruxo do Cosme Velho. Pela primeira vez, seus contos são apresentados de forma sistemática, agrupados cronológica e tematicamente. Especialista em Machado, o crítico literário João Cezar de Castro Rocha organizou, aqui, os textos que tratavam de temas recorrentes nos contos do escritor. Destacamos os três últimos livros da coleção - Dissimulação e vaidade, Política e escravidão, e Desrazão .
Esta coleção de contos revela um lado pouco explorado do gênio da literatura brasileira Machado de Assis. Pela primeira vez, seus textos são apresentados de forma sistemática, agrupados cronológica e tematicamente. Em lugar da reedição de coletâneas publicadas pelo autor, ou da organização de antologias dos “melhores”, foram reunidos os que lidam com o mesmo tema. Assim, surge um novo Machado de Assis, fotografado no desenvolvimento tanto do estilo que o imortalizou, quanto da visão do mundo que o tornou célebre.
Ao todo, são seis livros, cada um deles explorando os sentimentos mais comuns ao ser humano, assim como costumes e políticas do Rio de Janeiro do Segundo Reinado. Depois de Música e literatura, Adultério e ciúme e Filosofia, o quarto volume, Dissimulação e Vaidade, o leitor poderá acompanhar a longa exploração machadiana das sutilezas e das conseqüências ambíguas do ato de dissimular. Em Luís Soares, por exemplo, a busca do personagem homônimo por uma saída fácil às custas de um tio rico ou de um casamento salvador termina em ruína. Já em O segredo de Augusta, a vaidosa protagonista é condenada por rejeitar ao casamento da filha pelo medo de ser avó. O mesmo tema é tratado mais tarde de forma diferente em Uma senhora. Também em Fulano, a vaidade não é simplesmente condenada, mas sim compreendida como um dos elementos incontornáveis da complexidade do nosso comportamento.
Os contos reunidos em Política e Escravidão, quinto livro da série, formam um amplo painel do exercício do poder no Brasil no Segundo Reinado e revelam a agudeza do irreverente olhar machadiano, sempre atento aos paradoxos da sociedade brasileira. O volume inclui um de seus contos mais duros, Mariana, jamais reunido em livro pelo autor. Nesse texto, o difícil tema do amor de uma escrava por seu senhor é abordado com uma crueldade em aparência quase natural. Machado cutuca ainda o sistema eleitoral, cheio de ironia e franco deboche na caracterização das picuinhas típicas do universo provinciano. E, se num primeiro momento, Machado lidou com as peripécias da política brasileira recorrendo à sátira, em textos posteriores, como A teoria do medalhão e A sereníssima República, o avesso do riso vem à superfície na imagem desalentada do país que ainda não foi o que já poderia ter sido. Além dos contos, esta coletânea inclui duas crônicas, Canção de piratas e O velho Senado.
Em Desrazão, sexto e último volume, delineia-se o cruzamento de insanidade com lucidez, uma das chaves do olhar machadiano, cujo ponto máximo de inflexão se encontra no célebre O alienista - mais precisamente na figura do Dr. Simão Bacamarte, que, obcecado por suas teorias, terminou por alienar-se completamente do tema a que deveria dedicar-se: a pesquisa de manifestações concretas de loucura. Em suma, os contos machadianos deste volume (que incluem o primeiro publicado pelo autor, Três tesouros perdidos, aos 19 anos) semeiam contradições, expondo com sutileza os desencontros do comportamento humano; seja o sadismo de A causa secreta ou as monomanias de A idéia do Ezequiel Maia, seja o delírio presente em Sales, A segunda vida ou a irrupção repentina da loucura em Uma noite. **** 4 ESTRELAS / Ótimo




A história de um artista em busca de inspiração

A Ediouro traz para o Brasil “O Pintor de Emoções”, do espanhol Raimon Samsó


Depois da repentina morte de sua esposa, o pintor espanhol Victor Bruguera perdeu a alegria de viver. Por mais que o tempo passe, ele não consegue esquecê-la. Sua inspiração para pintar desapareceu e seus quadros estão cada vez mais distantes das belas obras que um dia conseguiu produzir. Ao ver a dificuldade de Victor em recuperar as rédeas da própria vida, Javier, seu amigo de profissão, decide persuadi-lo a sair de Barcelona e ir para sua casa em Los Angeles, acreditando que uma temporada nos EUA o ajudaria a recomeçar, encontrando novas pessoas, novas paisagens e novos objetivos. Victor aceita o convite e parte para esta viagem, sem saber que não mudaria apenas sua localização geográfica, mas sim sua forma de ver o mundo. Embarcar no avião foi apenas o primeiro passo em direção de sua alma gêmea.

Em Los Angeles, sempre guiado por sábios e misteriosos e-mails que parecem traduzir o que está vivendo, o pintor percebe que sua passagem pela Califórnia não apenas o ajudará a reencontrar sua arte, mas também será um caminho de conhecimento, que o guiará até seu grande amor. Victor aprende e compartilha com o leitor o poder que cada um tem de mudar a própria vida para melhor, e como a consciência desta força interna nos leva à felicidade.
Raimon Samsó é escritor espanhol e está na lista dos mais vendidos da Espanha. Taller de Amor, Escuela de Almas (1995), Volver a la Alegría (1997), Manual de Prosperidad (2000) e El Maestro de las Cometas (2003) são alguns de seus títulos de sucesso.
O autor é licenciado em ciências empresariais. Apaixonado pela escrita, durante anos dividiu a atividade profissional em empresas multinacionais com a publicação de seus livros. Atualmente se dedica à criação literária, à formação de grupos e ao coaching pessoal e profissional. Dirige seminários de motivação, inspirando as pessoas na otimização de seus rendimentos e também na conquista dos desejos pessoais.
Tanto os seminários quanto os livros de Raimon Samsó têm grande poder transformador. Sua empresa, Área Interior, está voltada à gestão do conhecimento, com enfoque nos resultados e nas soluções para conseguir satisfação, bem-estar e paz interior.
SERVIÇO
Livro: O Pintor de Emoções
Autor: Raimon Samsó
Nº de páginas: 160
Preço sugerido: R$ 29,90

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