domingo, 1 de fevereiro de 2009

FESTAS & BOATES







Diploma para DJs?

Em trâmite no Senado, um projeto de lei gera certa polêmica ao propor a regulamentação da profissão do DJ. Se “regulamentação” de certa profissão fosse auxiliar no cumprimento de leis e benefícios ao trabalho desempenhado, seria ótimo. Mas isso, aqui no Brasil, significa apoiar uma “indústria” de faculdades, que a cada dia cresce mais, recebendo para seus lucrativos cursos apenas alguns privilegiados. E nessas faculdades, dependendo do curso, a maioria dos alunos fingem que aprendem e os professores fingem que ensinam – tudo por aquele canudinho “simbólico”... De autoria do senador Romeu Tuma (PTB-SP), o projeto dos Djs é composto por dezenas de artigos. Entre os pontos que têm motivado controvérsia entre profissionais do setor estão o que condiciona o exercício da atividade de DJ a um registro prévio na Delegacia Regional do Trabalho e o que determina ao profissional a apresentação de diploma. No jornalismo, estamos vivendo a mesma discussão: temos diversas pessoas formadas, pós graduadas até em faculdades estrangeiras, mas que não sabem escrever qualquer texto com um mínimo de sentido. "Um DJ não precisa ter diploma para tocar. Conheço muita gente que nunca fez escola de DJ e que sabe tocar muito bem. A esta altura, não preciso fazer aula para aprender a discotecar", afirma o paulista Magal, 43 anos, que discoteca há 25 anos. Residente do clube Vegas, Magal é professor de discotecagem no curso de Produção Musical da Faculdade Anhembi Morumbi. Ele já se apresentou em países como Escócia, Inglaterra, Espanha, Alemanha, França, Portugal, Argentina e Chile. Nunca fez curso para aprender a profissão. E para quem trabalha em jornal há mais de dez anos, quem trabalha com comunicação há mais de 20? E para quem só estudou jornalismo, teve uma vida acadêmica intensa, e nunca trabalhou em um meio de comunicação? Aqueles que sempre tentam ser isentos, mas ao trabalharem para qualquer veículo de comunicação descobrem que “você não pode falar mal dessa empresa, porque são nossos anunciantes”. Ou, “só pode falar daquela revista porque é do mesmo grupo”. Ou até mesmo: “Vamos omitir isso aqui, afinal os caras são nossos parceiros!”. Que tanto os meios de comunicação, quanto os Djs, como os artistas, tudo é comércio nesse mundo mercantilista, século XXI. A discussão é ampla – da mesma forma que penso, os médicos nunca deveriam deixar de ter uma avaliação, uma prova, nunca deveriam sair da faculdade, uma faculdade eterna. Mas será que essa indústria de universidades vai exigir junto a uma classe política (que não garante o mínimo de educação básica a maioria de seus habitantes), que sejam regulamentados cursos de camelô, poeta, artista plástico, escritor, cantor, jogador de futebol... A pessoa só pode recitar um poema, com registro do DRT. O fulano só pode cantar aqui, com diploma de cantor. Publicar um livro? Só com autorização da faculdade. No mundo, só poderão desempenhar algum “papel”, fazer alguma coisa, quem passar pela universidade. Ou melhor, pagar a universidade. Isso é certo, na desigualdade social brasileira em que vivemos? O Brasil está preparado para esse tipo de regulamentação?



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