terça-feira, 7 de janeiro de 2014

FORTALEZA ALTERNATIVA

Isaac Cândido celebra 25 anos de carreira com Amelinha no projeto Duetos 

Os dois fizeram apresentação no Anfiteatro do Centro Dragão do Mar, na sexta, dia 17 de janeiro


Os fãs da cantora Amelinha e Isaac Cândido puderam matar a saudade de seus cantos em Fortaleza, fechando a primeira etapa do projeto Duetos, criação e direção de Ulisses Gaspar, comunicador do Programa História da Música, apresentado na TVC nas noites de sábado, teve como local o palco do anfiteatro do Centro Cultural Dragão do Mar com entrada gratuita. Para ajudar a uma entidade filantrópica, a produção do evento pede apenas que cada pessoa leve uma lata de leite em pó.
De volta ao Ceará para uma temporada de shows, Amelinha apresentou o repertório do disco e DVD “Janelas do Brasil – ao vivo”, lançados este ano pelo selo Lua Music. Embalada pela boa repercussão, a cantora circula o Brasil, relembrando sucessos de Fagner, Belchior, Ednardo e entoando canções de novos parceiros como Zeca Baleiro, Marcelo Jeneci, Almir Sater e Chico César. A jandaia – como a apelidou, certa vez, o encantado Vinicius de Moraes - de voz forte, marcante, vem acompanhada pelo maestro e violonista Julinho Brown, parceiro antigo, com quem divide palco já há alguns anos, e o guitarrista argentino César Rebechi.
Amelinha dá sequência a trajetória de mais de 35 anos, 16 discos lançados, celebrando em disco os grandes momentos da carreira, seus parceiros, sua terra, e apontando novos caminhos. “Ainda guardo em mim noites de cetim, lua de marfim, dias de sol cheio”, cantarola a artista, sobre a fase, aludindo aos versos de “Noites de Cetim”. O repertório do show traz sucessos como “Foi Deus Quem Fez Você”, “Mulher Nova, Bonita e Carinhosa”, “Frevo Mulher”, passando pela bela valsa "Ai quem me dera", feita para ela por Vinicius de Moraes na década de 1960 e só gravada em 2011, e ainda clássicos do Pessoal do Ceará, como “Terral” (Ednardo), “Galos, Noites e Quintais” (Belchior) e “Asa Partida” (Abel Silva e Fagner). “Nenhuma das canções foram escolhidas de forma aleatória. Elas contam a minha história”, reforça.
Isaac Cândido, cantor, compositor, instrumentista e produtor cultural, nascido em Orós, município do Ceará, completou 25 anos de carreira e conversou com DIVIRTA-CE sobre o show com Amelinha no Dragão do Mar. Seus trabalhos foram caracterizados pela ousadia, diversidade e determinação, através de ricas melodias, sofisticadas harmonias e textos de forte influência concretistas. O repertório deste cearense tem mais de 350 composições, numa fusão de choro, baião, tango, salsa, instrumental brasileiro, baladas e rock.

DIVIRTA-CE - Você se divide entre produção e um trabalho autoral consistente, de qualidade, elogiado por medalhões da MPB. São quantos anos de carreira e quais os momentos memoráveis?
ISAAC CÂNDIDO -
São 25 anos de careira. Quando me pego relembrando os grandes momentos de minha carreira, vejo os shows que fiz com Leny Andrade - foi um dos mais importantes da minha música -, isso inclui o respeito e cuidado que ela tinha comigo e os grandes lugares que toquei pela primeira vez (Teatro Rival, Bar do Tom, Teatro Municipal, Teatro da UFF...). Outro grande momento, o mais importante, foi ser interpretado pela Simone Guimarães no CD “Cândidos”. Fazer abertura de shows para grandes nomes da nossa música foi uma escola inesquecível: Fagner, Ednardo, Tom Zé, Zélia Ducan, Claudio Zoli, Tunai... me deram muita maturidade. Fazer a produção pela primeira vez de Vander Lee, Rita Ribeiro, Celmar, Claudio Nucci, Zoli. Dá uma satisfação ver que a semente foi bem plantada.

DIVIRTA-CE -- Por ter parentesco com Fagner, e conviver com artistas desde criança, você deve ter passado por diversas gerações e estilos. Como você vê a produção musical dos artistas da nossa terra na atualidade, como Sam Alves e Daniel Peixoto?
ISAAC CÂNDIDO -
Durante esses 25 anos de carreira vi muita coisa acontecer, muita gente boa surgir, muita gente boa desistir. Espero que o Sam Alves encontre o caminho certo, que ele mostre ao Brasil, que aqui no Ceará existe uma geração de compositores que precisam dele. Isso fortaleceria toda uma geração que precisa de sua linda voz.
 
DIVIRTA-CE - Como é a interação entre artistas e o público no projeto Duetos? Você fará show esta semana com Amelinha, uma lenda da música nordestina. Como é para você dividir o palco com ela e quais serão as próximas atrações do projeto?
ISAAC CÂNDIDO -
A interação dos artistas com o público é emocionante, alguns desses artistas tinha algum tempo que não faziam shows aqui, e eles ficam emocionados mais que o público. Fazer o show com Amelinha é um sonho que irei realizá-lo nesta sexta. Passei parte de minha vida ouvindo seus CDs e sonhando um dia ouvir uma música minha na sua voz. As próximas atrações do projeto ainda não foram definidas, quem manda é o Ulysses Gaspar eu só ajudo dando opções.

DIVIRTA-CE - Por ser produtor e artista atuante em todo o Ceará (e fora dele), você conhece as dificuldades de apoio para cantores e grupos de nosso estado. Como você analisa a questão dos cachês minúsculos dados para os artistas cearenses, enquanto os chamados "nacionais" levam milhares de reais dos nossos cofres públicos?
ISAAC CÂNDIDO -
Isso é o retrato da falta de articulação de nossa classe. O Poder Público não tem o menor respeito com o trabalho dos artistas cearenses, além de pagar muito mal. Quando inclui alguém daqui, os pagamentos saem com três, quatro meses depois. No dia que a nossa classe artística cearense for às ruas exigindo respeito, assim como acontece em Recife,  cobrando atitudes do governo, talvez aconteça alguma pequena mudança.

DIVIRTA-CE - Sua canção mais conhecida e adorada pelo público, "Os Bêbados", é a mais pedida nos seus shows... É a que você mais gosta do seu repertório autoral? Como foi sua concepção? O que o Isaac Cândido escuta atualmente?
ISAAC CÂNDIDO -
Essa música do parceiro Marcus Dias tem uns 25 anos, é um referencial no meu trabalho, por ando passo tem sempre alguém falando dela. Tenho escudo muito Rádio Senado, ela consegue mostrar um pouco mais de nossa diversidade sonora. 

DIVIRTA-CE - Me fale um pouco dos seus próximos projetos de produção e quando sairá um CD com músicas inéditas de Isaac Cândido (ou, quem sabe um DVD!)? 
ISAAC CÂNDIDO -
Esse ano vai sair o documentário-DVD-CD e catálogo de 25 anos de carreira. Só tenho que terminar de captar os recursos e parar de produzir os outros (risos).

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