domingo, 6 de dezembro de 2009

CINEMA NACIONAL

Lula na telona

Filme sobre a vida do presidente estreia em 2010

Gloria Pires. Atriz faz a mãe de Lula, Dona Lindu, e a filha Cléo Pires faz uma das esposas


Nunca na história deste país a vida de um retirante nordestino eleito duas vezes presidente da República havia sido retratada em filme. Isso começou a mudar, no Agreste de Pernambuco, com o início das filmagens de "Lula, o Filho do Brasil", longa de Fábio Barreto com estreia comercial prevista para janeiro de 2010, ano de sucessão presidencial. Classificado pelo diretor como "um drama épico sobre uma certa família Silva", o filme retrata a vida do presidente e de seus familiares, do nascimento de Lula, em 1945, até a morte da mãe, Eurídice Ferreira de Melo, a dona Lindu, em 1980.
Baseado no livro homônimo da historiadora Denise Paraná, publicado em 1996, "Lula, o Filho do Brasil" tem como protagonista o pouco conhecido ator de teatro Rui Ricardo Diaz.Diaz será um dos cinco "Lulas" que aparecerão no filme. Além dele, interpretarão o mesmo papel um bebê de três meses, um menino de dois anos, outro de sete e um adolescente de 13. Precavida, a produção providenciou ainda mais dois reservas, para o bebê e para o menino de dois anos. As primeiras gravações foram feitas em Caetés (a 250 km de Recife, PE), ex-distrito de Garanhuns, terra natal do presidente.

As cenas iniciais mostram dona Lindu, interpretada pela global Glória Pires, dando à luz o futuro presidente. Luiz Inácio cresce em meio à seca, e a saga dos Silva no Agreste só termina quando Lula, 7, embarca com a mãe e seis irmãos em um pau-de-arara, com destino a São Paulo. A cena da saída, gravada sob o sol forte do meio-dia, foi repetida 12 vezes ontem até ser aprovada.O filme vai mostrar ainda a trajetória operária de Lula e também seus dois casamentos, com Lurdes e Marisa Letícia. Para o papel da primeira mulher foi escolhida a filha de Glória, Cléo Pires. Já a atual primeira-dama do país será interpretada pela atriz Juliana Baroni, ex-paquita Catuxa Jujuba.
De setembro a dezembro, a obra participará de festivais internacionais e, em janeiro, entrará no circuito comercial. Segundo Fábio Barreto, há possibilidade de lançamento simultâneo na América do Sul. Para ele, a coincidência entre a estreia e o ano eleitoral não passa mesmo disso: uma coincidência. "Vamos mostrar uma história humana, não um filme chapa-branca, feito para puxar o saco do presidente", disse. Eleitora de adversários do presidente nos dois últimos pleitos, Glória Pires confessa que não sabia "nada" sobre a vida de Lula antes do seu engajamento político e que, com o filme, aprendeu a admirá-lo. Para ela, a obra pode, sim, ajudar a consolidar a popularidade do presidente. "Mas não vejo nenhum problema nisso, porque ele já é um fenômeno de popularidade", declarou. Segundo Barreto, a ideia de rodar um filme sobre Lula surgiu desde o início do primeiro mandato do presidente, em 2003.
"Meu pai [Luiz Carlos Barreto, o produtor do longa] é um nordestino também, uma pessoa que veio do Nordeste e venceu no Sul, e viu identificações da vida dele [com a de Lula]", conta o diretor de "O Quatrilho", que ainda acrescentou que a trajetória do presidente é "um manancial de dramaturgia muito forte, muito profundo e denso". Barreto também afirmou que já conhecia Lula e que sua família é muito próxima da do político. "Depois que a gente resolveu fazer o filme, falamos com o Lula, lemos alguns trechos do roteiro para ele, que gostou, aprovou. Ele até preferiu não tomar muito conhecimento, disse que vai 'botar confiança, vou me preparar para me emocionar'", revela. Orçado em R$ 11 milhões (soma alta para os padrões brasileiros), o diretor afirmou que os recursos captados para a produção vieram totalmente de empresas privadas.












'Do começo ao fim' coloca incesto e homossexualismo no mesmo pacote

Homossexualismo é um assunto que desperta polêmica. Imagine, então, acrescentar ao tema o elemento incesto (união sexual entre parentes), um dos maiores tabus da humanidade?


Escrito e dirigido pelo talentoso Aluizio Abranches (Um copo de cólera), Do começo ao fim aborda um relacionamento amoroso entre dois irmãos: Francisco e Thomás.


Eles são fruto de dois casamentos da médica Julieta (Julia Lemmertz).



Filme mostra relação amorosa entre dois meio-irmãos

Com o primeiro marido, o empresário Pedro (o argentino Jean-Pierre Noher), ela teve Francisco (interpretado por Lucas Cotrim, quando criança, e por João Gabriel, na fase adulta).


Com o atual marido, o arquiteto Alexandre (Fábio Assunção), Julieta temThomás (Gabriel Kaufman e Rafael Cardoso). Desde cedo, a mãe percebe que os irmãos (que têm uma diferença de idade de seis anos) possuem uma relação mais íntima do que o normal, mas diz: “Que posso fazer?”.

Adultos, Francisco e Thomás enfrentam uma separação, já que o segundo vai morar na Rússia, treinando para os Jogos Olímpicos.

Na opinião de Abranches, um diretor realmente inquieto, Do começo ao fim “conta a história de um amor incondicional como uma possibilidade, como um contraponto para um mundo cheio de violência, medo e intolerância”.

Com fotografia do suíço Ueli Steiger (Godzila,O patriota), o filme enfrentrou problemas na captação de patrocínio.


Conseguiu apenas dois, num total de R$200 mil, mas os empresários exigiram ficar no anonimato.





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O restauro da obra de Leon Hirszman

“A Falecida”, baseado na obra homônima de Nelson Rodrigues, ganha versão em DVD


Em dezembro, chegou às lojas terceira caixa de DVD da obra de Leon Hirszman, com o longa-metragem “A Falecida” (1965) e os curtas Nelson Cavaquinho (1971) e Partido Alto (1976). Outras lojas receberão o DVD no inicio de janeiro de 2010.
Baseado em peça de Nelson Rodrigues, “A Falecida” narra a história de Zulmira, mulher pobre do subúrbio que sonha com um funeral de luxo. Com interpretação notável de Fernanda Montenegro, em seu primeiro papel no cinema, o filme expõe a alienação da mulher que idealiza a própria morte como redenção para o vazio existencial. Este primeiro longa-metragem de Leon Hirszman já deixa antever a grande qualidade do realizador: a humanização dos personagens em luta contra o ambiente social hostil.
“A Falecida”recebeu, no ano de seu lançamento, a Gaivota de Prata no I Festival Internacional do Filme, no Rio de Janeiro; o filme participou da Semana Cinematográfica, organizada em Paris pela revista Cahiers du Cinema e representou o cinema brasileiro na Semana da Crítica do Festival de Cannes. Também em 1965 Fernanda Montenegro foi agraciada com o prêmio de Melhor Atriz na I Semana do Cinema Brasileiro (hoje Festival de Brasília do Cinema Brasileiro), em Brasília.
Filmado por Leon Hirszman em 1969, Nelson Cavaquinho foi realizado como contraponto a seu trabalho anterior, Garota de Ipanema. Ao invés da Bossa Nova e da Zona Sul carioca, o interesse do cineasta volta-se para as raízes da música popular brasileira. O resultado é um belo e pungente registro do sambista em seu ambiente, conversando e tocando com amigos e vizinhos, em casa, no bar, no terreiro. Cenas da vida no subúrbio mesclam-se às memórias e improvisos, compondo um sensível panorama, ao mesmo tempo melancólico e alegre, do compositor e da vida à margem da sociedade.
A primeira caixa de DVD, lançada em 2007 , incluiu os filmes Eles Não Usam Black-Tie, ABC da Greve, Ecologia, Megalópolis, Pedreira de São Diogo e o documentário inédito Deixa Que Eu Falo, de Eduardo Escorel. A segunda caixa, lançada no ano passado, trazia S.Bernardo , Maioria Absoluta e a série Cantos de trabalho . Até 2010 deverá ser lançada a última caixa , reunindo os três filmes que constituem o projeto Imagens do Inconsciente.








'É Proibido Fumar' exalta amor e cumplicidade de casais

Glória Pires interpreta uma mulher que terá de deixar de fumar para conquistar o homem que ama


Baby (Gloria Pires) é uma professora de violão solteirona. Praticamente sem amigos e sempre brigando com as irmãs, ela encontra conforto apenas no seu velho companheiro: o cigarro. No apartamento ao lado, Max (Paulo Miklos) é um músico que ganha a vida como cantor de churrascaria. Recém-saído de um relacionamento obsessivo, ele tenta refazer a vida.
Essas duas figuras solitárias estão ao centro de É Proibido Fumar, segundo longa da roteirista e diretora Anna Muylaert, que estreia em circuito nacional, depois de levar oito troféus no Festival de Brasília - entre eles filme e roteiro, além do prêmio da crítica.
O filme é uma espécie de primo de "Durval Discos" (2002), que marcou a estreia da cineasta em longas. Nos dois filmes, os protagonistas são personagens confinados aos seus mundinhos (a casa/loja de discos, para Durval; o apartamento herdado da mãe, no caso de Baby), e a entrada de uma nova pessoa representando uma mudança radical na vida deles.
Max e Baby se dão muito bem desde o começo - mas ele tem uma ressalva a fazer a sua nova namorada: ela poderia parar de fumar? Esse é um grande impasse da protagonista: como abandonar seu velho companheiro para ficar com o novo amado? Grupo de ajuda é a resposta. "O cigarro parece meu amigo, mas é meu inimigo" é o novo lema da professora de violão.

Depois de um incidente, no entanto, Baby é obrigada a sair do seu casulo, a enfrentar a vida. Aí É Proibido Fumar sofre uma grande reviravolta. Se até então o tom é praticamente de comédia romântica, agora a atmosfera é muito mais de um drama carregado nas tintas do humor negro. Mas, ao contrário de "Durval Discos", o incidente não é uma tragédia. Embora não premeditado, ele é muito bem-vindo.
A cidade é o pano de fundo para essa crônica de amor e humor protagonizada por Baby e Max. Mais do que mostrar São Paulo, em É Proibido Fumar há uma atmosfera paulistana, seja nas ruas congestionadas, nos apartamentos pequenos do centro. Assim, é o cenário ideal para essa crônica sobre a solidão e amadurecimento.
Ao longo de É Proibido Fumar, Anna povoa o filme com tipos estranhos, mas muito verossímeis. Um dos melhores momentos é a visita dos amigos músicos de Max para um jantar no apartamento de Baby. As participações incluem Thogun, o DJ e músico Theo Werneck e a roqueira Pitty, que estreia em cinema. Há também as irmãs de Baby: Teca (Dani Nefussi, que levou prêmio de coadjuvante em Brasília) e Pop (Marisa Orth) - que vivem disputando um sofá, herança de uma tia.
Apesar de tantos personagens interessantes, não há dúvida de que o filme é de Gloria e Miklos. Os dois, premiados em Brasília, compõem um casal inesquecível. O que há de mais interessante nessas figuras é que elas soam extremamente reais, como gente de verdade, dessas que a gente conhece, que moram no apartamento do lado e não duas criações que existem apenas nos noventa minutos de filme.
Gloria, com um talento mais que reconhecido, especialmente na televisão, aqui se despe de qualquer vaidade, ao fazer uma mulher comum, sem aquele glamour das novelas da Globo ou mesmo das comédias Se Eu Fosse Você. Mas essa credibilidade não está apenas na aparência, está na forma como Baby encara o mundo, a vida que parece encerrada precocemente no seu comodismo melancólico.
O roteiro, também assinado por Anna Muylaert, funciona muito bem em todas as suas transições e reviravoltas. Quando a história parece que caminha para algum clichê, a diretora/roteirista impede que caia no óbvio e encontra uma saída tão criativa quanto plausível - até chegar ao desfecho bastante aberto e que possibilita inúmeras interpretações. Algo muito bem sacado e raro no cinema de hoje, em que todas as histórias tentam se fechar com uma conclusão definitiva. Ponto para a coragem do filme.











Funcionário modelo

Em São Paulo para seu oitavo longa, no qual vive um personagem gay, Cauã Reymond diz que os bailes de debutante o livraram de peças caça-níqueis e que o dinheiro dos comerciais o permite fazer cinema com cachês simbólicos



"Bem-vindo ao nosso filme e a São Paulo", diz o diretor Toni Venturi a Cauã Reymond, no segundo andar de um antigo depósito de equipamentos eletrônicos na Barra Funda, alugado como base de produção pela equipe de "Estamos Juntos", próximo trabalho do cineasta. O ator espera sua vez para ganhar o figurino e a maquiagem de seu personagem, Murilo, um DJ e produtor gay que é uma das figuras centrais do longa.



Revelado em 2002, quando estreou em "Malhação", na Globo, Cauã já contabiliza, aos 29 anos, mais filmes do que novelas no currículo: oito contra seis. Em 2009, apareceu na tela grande como coadjuvante em "Divã", de José Alvarenga Jr., e "À Deriva", de Heitor Dhalia, e como o protagonista de "Se Nada Mais Der Certo", de José Eduardo Belmonte, no qual interpretou um jornalista em crise em meio a vários problemas financeiros. "O desejo de fazer cinema sempre existiu. O que não tinha eram convites", diz. Sem citar nomes, afirma que os diretores, "com certeza, torciam o nariz" para o jovem galã da televisão.



"Quando você faz TV e não começou no teatro nem no cinema, é mais difícil virem os convites para os bons projetos." No auge do sucesso em "Malhação", ele foi campeão de cartas da Globo e "teve que segurar a onda" para rejeitar convites que não tinham "nada a ver": peças que reuniam os atores do seriado no palco, buscando fisgar o público juvenil. "A galera quer se juntar para ganhar um dinheiro e eu não tenho preconceito, não. Eu mesmo fiz muito baile de debutante, jabá. Se não tivesse feito, também iria querer um pé de meia e poderia entrar em uma peça dessas para juntar um pouco mais de dinheiro. Mas teria deixado de fazer projetos que me permitiram amadurecer". Cauã conta que chegou a fazer presença VIP, ou seja, aparecer em uma festa em troca de cachê, em três cidades diferentes em uma mesma noite. "Várias vezes, o motorista pegava no sono e eu tinha que assumir a direção", lembra. Atualmente, ele chega a ganhar R$ 30 mil para ir a um camarote no Carnaval.



Um segurança acompanha o ator pela quadra que separa o QG do filme do clube Berlin, onde ele filmaria cenas em que se apresenta como DJ. "Não quero a casa inteira brincando nem paquerando o Cauã. Senão eu tiro do set", diz Toni Venturi às figurantes, na pista de dança. "Aqui não é o Cauã, é um cara chamado Murilo, uma biba que gosta de bibas." "É uma menina!", completa o ator.



Para viver o DJ gay, Cauã visitou points GLS de SP, como a boate The Week. Na balada, foi abordado por um homem, acompanhado do namorado. "Ele me disse: "Sou homossexual e trabalho no mercado financeiro. Retrata a gente legal, não vai fazer uma bichinha quá, quá, hein?". O cara me deu a maior enquadrada!". Diante da câmera, teve que fazer uma cena sensual com o ator argentino Nazareno Casero, de quem ficou amigo nas filmagens. "Isso facilitou. Eu falava "vou te tocar" e ele respondia: "Pode tocar, Cauá [imitando o sotaque portenho]". Foi homofobia zero. Quem é muito bem resolvido sexualmente não sofre com isso. Quando a pessoa está na dúvida é que fica com medo de despertar algum sentimento." As cenas no Berlin atravessam a madrugada.



Na tarde seguinte, Cauã recebe a coluna no L'Hotel, na região da avenida Paulista, um dos lugares onde gosta de se hospedar em SP. Na van a caminho do set, para no hotel Emiliano, na rua Oscar Freire, para buscar as alianças, que esqueceu durante um trabalho. Ele usa duas. A primeira, de prata, simboliza o irmão, que tem 21 anos e estuda veterinária. "Ele morou comigo nos últimos três anos. Agora que foi fazer faculdade em Teresópolis, a aliança é uma forma de mostrar que, apesar de separados, estamos cada vez mais juntos." A segunda, de ouro, representa "meu relacionamento": o namoro de quase três anos com a atriz Grazi Massafera. "Eu raramente falo sobre isso, hein, cara? A gente tenta manter a relação o mais longe possível [da mídia]."



Embora sempre apareçam juntos nos lançamentos dos trabalhos de ambos, eles evitam, por exemplo, fazer par na publicidade -experiência que Cauã teve com a ex-namorada, a também atriz Alinne Moraes, e prefere não repetir. "Não vou te dizer que, daqui a pouco, se a gente tiver vários filhos e estiver há dez anos casados, que não vamos fazer. Mas trabalhamos muito bem por conta própria", diz.



"Já que você mencionou a Grazi, uma das coisas que prefiro falar sobre a minha mulher é que ela me trouxe calma e mais religiosidade." Católico, Cauã acha que a Igreja deveria "aprovar o uso de preservativos". "É difícil falar contra, porque a Igreja Católica ainda tem uma força muito grande. Meu comercial foi tirado do ar pela associação das avós", diz ele, se referindo aos protestos de telespectadoras contra o anúncio das sandálias Havaianas em que uma idosa sugeria que a neta ficasse com Cauã, mas não para casar -"Estou falando de sexo", dizia ela no filme. "Achei meio hipócrita."



Cauã conta que já se recusou -"agradeci, o que é diferente. Você tem que ser mais educado, não pode fechar a porta"- a fazer um comercial de telefonia em que teria que fingir estar traindo uma namorada. "E olha que estava louco para ganhar aquele dinheiro, porque eu não tinha tanto na época."



Contratado da Globo há sete anos e com o compromisso renovado no início de 2009, depois de "A Favorita", Cauã diz que não ouviria uma proposta da Record porque "ando muito bem" com a rede da família Marinho. "Mas é aquele caso: respeito quem foi. Acho que tem bons atores na Record. Gosto muito do trabalho do Marcelo Serrado." No intervalo da filmagem, na calçada em frente ao set, Cauã questiona o repórter sobre o motivo das perguntas envolvendo seu trabalho em comerciais. "Uma frase bacana que resumiria a questão é que isso [a publicidade] te dá uma base, que proporciona fazer melhores escolhas artísticas. Acho que é por isso que hoje eu consigo fazer tanto cinema."



O primeiro filme, "Ódiquê" (2006), Cauã fez de graça. O inédito "Reis e Ratos", de Mauro Lima, também. "Com cachê simbólico, foram praticamente todos", incluindo "Se Nada Mais Der Certo", rodado em 2007 e que considera um "divisor de águas". "Eu me lembro de um momento, na preparação com o Zé [o diretor José Eduardo Belmonte], em que comecei a ter medo de fumar [para o papel], encarar um personagem brocha e entrar no fracasso que ele vivia. O Zé me disse: "Vem comigo que você vai voltar melhor"."







Documentário brasileiro “Zugzwang” será exibido durante a Conferência de Copenhague

Dirigido por Duto Sperry, o filme será exibido em 11/12 e defende a substituição dos combustíveis fósseis por biomassa, fruto de subprodutos de vegetais e animais.

“Zugzwang”, documentário longa metragem brasileiro sobre sustentabilidade e produção de energia, será exibido durante 15ª Conferência das Partes (COP-15), que acontece em dezembro de 2009, em Copenhague, capital da Dinamarca. Este encontro é considerado o mais importante da história recente dos acordos multilaterais ambientais, porque terá como objetivo estabelecer o tratado que substituirá o Protocolo de Kioto.

Dirigido e roteirizado por Duto Sperry, o documentário será exibido em 11 de dezembro, na programação da “Survival Academy” (Academia da sobrevivência). Tal exibição será seguida por importantes debates com convidados internacionais, a exemplo de Tomas Lovejoy (biólogo americano, diretor do Heinz Institute), Vandana Shiva (filósofa e ambientalista indiana), Rajendra Pachauri (IPCC - premio Nobel da Paz), Gilberto Camara (diretor geral do INPE), Carlos Nobre (cientista - INPE), Warwick Manfrinato (consultor internacional de economia de baixo carbono), Ignacy Sachs (sócio economista - Sorbonne) e outros. Na ocasião, serão abordados temas correlatos, como os impactos das mudanças climáticas na vida das pessoas comuns e o cenário das varias contradições que aparecem no palco da produção de energia: a fome e a produção de alimentos, a saúde, o biocombustível.

O documentário será o único documentário de longa metragem brasileiro a participar deste evento, voltado aos participantes do COP-15 e ao público em geral com objetivo de desenvolver competências para se adaptar às mudanças climáticas e exercer influência. Neste evento, estarão presentes ONGs ligadas à sustentabilidade e também serão realizadas oficinas e exibição de obras especiais voltadas ao tema.

Sperry estará presente em Copenhague ainda como ‘comunication advisor’ da Abemc (Associação das Empresas Brasileiras do Mercado de Carbono), na delegação brasileira credenciada pelo Itamaraty. O cineasta ainda aproveitará a visita para iniciar a produção de seu novo documentário, com lançamento previsto para 2010, que abordará a distância entre as políticas públicas e a vida das pessoas comuns. As filmagens justamente em Copenhague e percorrerão mais de 20 países, incluindo o Brasil, a exemplo de Argentina, Peru, Venezuela, Costa Rica, Cuba, Estados Unidos, México, Groenlândia, Dinamarca, Canadá, Rússia, Turquia, Emirados Árabes, China, Índia, Japão, Vietnã, Cambodja e Austrália.

“O COP15 é o palco das decisões que vão dar o ritmo da relação dos países com suas realidades internas e com o cenário internacional. Estamos falando do futuro do planeta e o momento de conscientização é agora.”, explica Sperry.

Durante o COP15, Duto Sperry terá uma agenda internacional concorridíssima, que começa pelo fórum oficial, passa por reuniões setoriais e grupos de discussões de desmatamento e geração de energia, e avança para a realização de planos de comunicação e agendas de capacitação e inclusão. Sperry também se reunirá com autoridades e cientistas de vários continentes, muitos interessados em projetos brasileiros, além de representantes de instituições com as quais estão sendo estudados parcerias estratégicas para os próximos 3 anos, investidores e empresas de comunicação.

“Durante a exibição de “Zugzwang”, que em alemão significa “compulsão ao movimento”, espero dar a minha contribuição à causa do planeta. Filmado em quatro continentes, o filme fala com muita freqüência na "milionária contribuição das pequenas coisas". Penso que é hora de operarmos uma mudança significativa no jeito de viver neste planeta, enquanto ainda dá tempo. Como diz Vandana Shiva em nosso filme, "life is about something higher". Ao participar da COP-15, espero identificar maneiras viáveis de diminuir a enorme distância entre as políticas publicas de meio ambiente e a vida cotidiana das pessoas comuns”, reforça Duto Sperry.

Sobre o filme

Termo germânico que significa “compulsão ao movimento”, “Zugzwang” ilustra o potencial do fornecimento de energia a partir da biomassa, com ênfase na substituição dos combustíveis fósseis derivados do petróleo. Biomassa compreende todos os seres vivos de origem vegetal, animal e os subprodutos derivados de seu metabolismo.



A palavra Zugzwang também significa um momento no jogo de xadrez no qual, embora não existam condições favoráveis, o jogador precisa se movimentar. “É hora de se mexer”, hora de tomar atitudes. Com tema abrangente, o filme percorre várias partes do Brasil e do mundo, ilustrando as possibilidades que oferecem os diversos ecossistemas e as atividades produtivas relacionadas.



Com produção da Matel.Doc, “Zungzwang” tem ideia original de Eduardo Ribeiro dos Santos e Fábio Tinoco. Lançado em junho de 2009 no País, o documentário traz entre os entrevistados diversos especialistas das áreas agrícola, de produção e de bioenergia.


Duto Sperry

Atuou como diretor no mercado publicitário por mais de 15 anos. Sua estréia em documentários foi em 1999 na série Retrato do Brasil, composta por 16 filmes e média metragem sobre a história do Brasil. Esses programas educacionais foram distribuídos na rede escolar brasileira e em alguns países da Europa. Outros documentários dirigidos por Duto Sperry: o Sistema Prisional do Estado de São Paulo, uma visão sobre as utopias infantis, chamado “O Brasil de Meus Olhos” e um longa metragem sobre o trabalho irregular na indústria têxtil: “PRECISA-SE”.



Serviço

“Zugzwang” na “Survival Academy”

Data: 11 de dezembro de 2009.

Horário de exibição: 17 h 30 min.

Endereço: LiteraturHaus, Møllegade, 7, 2200 Copenhagen N. Tlf. 33 32 98 18.

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