'Chega de Saudade' destaca nostalgia de bailes antigos
Novo longa-metragem de Laís Bodanzky, diretora de “Bicho de 7 Cabeças”, traz Leonardo Vilar, Tônia Carrero, Cássia Kiss, Betty Faria, Stepan Nercessian, Maria Flor e Paulo Vilhena no elenco
A diretora paulista Laís Bodanzky (Bicho de Sete Cabeças) aposta no charme nostálgico dos bailes à moda antiga em seu segundo filme, Chega de Saudade".
Vencedor de três prêmios no Festival de Brasília 2007, Chega de Saudade usa uma locação real, o clube União Fraterna, no bairro paulistano da Lapa, como cenário de sua história.
Ali, Laís Bodanzky monta o espaço vital em que se movem diversos personagens, como o velho casal cheio de mágoas, mas também de ternura (Tônia Carrero e Leonardo Villar), e a jovem (Maria Flor) que se entusiasma com a lábia do malandro de salão (Stepan Nercessian), para desespero do namorado ciumento dela (Paulo Vilhena).
Há também a madura sensual que ama um homem casado (Conceição Senna), a solitária aflita para quem tudo dá errado naquela noite (Betty Faria), e o garçom que tudo vê e acode (Marcos Cesana), como um anjo da guarda sempre em missão.
Todas essas histórias desenrolam-se ao longo de uma única noite, na qual se tocam todos os ritmos dançáveis, do samba ao tango.
Em cena, estão os cantores Elza Soares e Marku Ribas. Para o sucesso do projeto, recorreu-se ao produtor musical BiD, pesquisador de música brasileira antiga e nova. Os atores tiveram preparação com Sérgio Penna. A coreografia ficou a cargo do bailarino J.C.Violla.
Raras vezes se vê tamanha e tão sincera exibição das rugas e marcas de expressão de atores maduros, revertendo o padrão dominante na publicidade, sempre voltada à perfeição de jovens modelos.
A câmera do filme (mais um belo trabalho de fotografia de Walter Carvalho) procura, ao contrário, a verdade das pessoas comuns, para quem o tempo passa sem apelação e quase sempre sem a possibilidade do recurso às plásticas.
Pelo menos no Festival de Brasília, a receita deu muito certo. Ao final da sessão inaugural do filme, no Cine Brasília, em novembro, vários espectadores dançavam animadamente no final da sessão.
O cineasta Marcelo Galvão apresenta pela primeira vez seu aguardado longa “Rinha”, em Cannes
A Gatacine confirmou a data do screening de “La Riña” (Rinha) no Marché du Film que acontece durante o Festival de Cannes neste mês. A exibição acontecerá em 17 de maio às 22h no Palais K. Esta será a primeira vez que o novo longa-metragem do cineasta Marcelo Galvão será oficialmente apresentado ao mercado cinematográfico.
O foco da missão comercial é apresentar “La Riña” e avaliar oportunidades e propostas de distribuição do filme. A Gatacine estará representada em Cannes pelo próprio diretor Marcelo Galvão, o diretor de fotografia/Rodrigo Tavares (ambos sócios da produtora) e o atendimento Carlos Cardinalli. Além disto, a Gatacine aproveitará o evento em Cannes para posicionar-se estrategicamente no mercado de co-produções internacionais.
Roteiro
"La Riña" é um filme baseado em fatos reais que traz à tona a polêmica sobre as lutas clandestinas em um contexto de festa regada a álcool, drogas, luxúria e muitos dólares. É um filme de ação com um denso drama e um bom humor negro. Diferente de outras produções brasileiras que exploram a pobreza do país, "La Riña" mostra o avesso da miséria ao acender os holofotes sobre a podridão de uma burguesia suntuosa e doente. A trama - que reúne nomes como Leonardo Miggiorin, Maytê Piragibe, Paola Oliveira e Christiano Cochrane - acontece em torno de uma festa secreta de playboys do colégio americano em São Paulo que apostam altas quantias em jovens da periferia que se enfrentam dentro de uma piscina vazia por míseros dólares.
Por ser faixa preta de jiu-jitsu, Galvão está familiarizado com o tema. Ele aproveitou sua rede de contatos e trouxe lutadores profissionais para o set, registrando as "rinhas" com extremo realismo já que as lutas foram verdadeiras.
Cinema Sustentável
Defensor do cinema independente, Galvão aposta no mercado externo como base para a criação da indústria de cinema no país. Por isto, "La Riña" foi rodado em inglês para expandir suas oportunidades comerciais e seu potencial de gerar receita para financiar "Colegas" - road movie com três atores com síndrome de Down.
Outro destaque da produção de "La Riña" foi a primeira turma de alunos da Gatacinescola, escola de cinema criada por Galvão dentro da produtora. Durante 3 meses, 12 alunos aprenderam cinema na prática, participando de todas as etapas necessárias para se fazer um longa-metragem. Tiveram aulas teóricas com profissionais renomados no meio e aprenderam a prática assinando os créditos como segundo-assistentes do filme “La Riña. A experiência destes aprendizes na sala de aula e no set foi filmada em formato de reality show, já que existe a possibilidade desse material virar conteúdo para a TV. Enquanto isto, o processo de aprendizado pode ser conferido através do blog do filme (www.rinhaofilme.com/news) que vem cobrindo os bastidores da escola e da produção desde o início da pré-produção.
Ao longo de sua trajetória, Galvão tem sido visionário e empreendedor para não deixar um sonho deixar de acontecer simplesmente por falta de incentivo de terceiros. Em vez de depender de leis de incentivo, editais ou patrocínio de empresas, ele prova com seu próprio roteiro de vida que tem desbravado uma trilha de mata fechada para transformar cinema em negócio sustentável no Brasil. Com isto, a Gatacine pretende levantar a bandeira para fomentar a criação da indústria de cinema, demonstrando a importância da criatividade alinhada a uma estratégia de negócios focada em resultados, afinal o longa-metragem precisa gerar lucro para financiar o filme seguinte também de forma independente. Trata-se de uma fórmula simples, aplicada em todo tipo de setor econômico, traduzida simplesmente para o universo do cinema.
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