terça-feira, 1 de julho de 2014

ENTREVISTAS

RPM e a transformação do rock nacional
 
O DIVIRTA-CE entrevistou Paulo Ricardo, líder da banda que fará show no próximo dia 9 em Fortaleza; cantor falou sobre os 30 anos de carreira e a nova geração do rock brasileiro

O grupo RPM comemora 30 anos de carreira com a turnê Elektra e se apresenta em Fortaleza  no próximo dia 9 de agosto. O show acontece na Musique (Avenida Washington Soares, 6300 - Messejana) e faz parte da turnê do álbum "Elektra". Lançado em 2011, o disco foi o primeiro trabalho de inéditas que o quarteto gravou em 18 anos.
Formado em 1983, por Paulo Ricardo (vocal e baixo), Luiz Schiavon (teclados e programações) Fernando Deluqui (guitarra) e Paulo P.A. Pagni (bateria), o RPM foi um dos maiores vendedores d e discos da história do rock nacional, com os platinados "Revoluções por Minuto (1985) e "Rádio Pirata ao Vivo" (1986).
Em entrevista para o editor adjunto de cultura do Jornal O Estado, Felipe Palhano, o cantor Paulo Ricardo falou sobre momentos inesquecíveis da carreira, a evolução do rock brasileiro desde o tempo da criação do RPM até hoje e adiantou os novos projetos da banda.

 
DIVIRTA-CE- Com algumas interrupções, a banda RPM continua a existir depois de mais de 30 anos. O que a turnê Elektra apresenta para os fãs cearenses da banda?
PAULO RICARDO -
Na turnê MTV RPM 2002, fizemos um show inesquecível no Ceará Music. Agora é a vez da turnê Elektra, com todos os grandes sucessos e canções do ultimo cd, além de uma superprodução que inclui telão de led, lasers e outros elementos que marcam nossas apresentações. É um espetáculo multimídia.

DIVIRTA-CE - Para você, quais os três momentos mais inesquecíveis da história do grupo?
PAULO RICARDO -
Nosso primeiro ensaio, o big bang, onde sentimos que havia uma química muito forte entre nós. O cd, dvd e turnê MTV RPM 2002, que provou que apesar de tudo ainda tínhamos aquela química, e nossa última apresentação no BBB 14, fechando um ciclo.

DIVIRTA-CE- Você foi um dos pioneiros do rock nacional, líder de uma das maiores bandas do país, vendeu milhões de LP’s, Cd’s, milhares de shows... Você acha que o rock brasileiro evoluiu desde o surgimento do RPM até hoje? Quais as referências atuais da sua banda, que ajudam a continuar mantendo a “juventude” do som feito por vocês? Quais bandas da nova geração que você escuta, admira?
PAULO RICARDO
- Sim, o rock evoluiu em alguns pontos e involuiu em outros. Mas isso também aconteceu com o rock internacional. Ele não é mais tão relevante, neste momento, quanto já foi. Quanto às referências, elas continuam fundamentalmente as mesmas, apenas demos um "update". O grande desafio é se renovar mantendo-se fiel ao seu estilo. Quanto à nova geração, citaria o Vanguart, bem interessante. Gosto também do Mombojó.

 

DIVIRTA-CE- O Paulo Ricardo também teve vários anos de experimentações, com a carreira solo, e também vendeu muitos discos cantando músicas românticas. Pensa em lançar um novo CD desse gênero, ou um novo álbum de inéditas da banda RPM?
PAULO RICARDO -
Estamos totalmente dedicados ao RPM, e vem aį um novo DVD, Elektra Dokumenta, mostrando de uma forma contemporânea estes quase três anos da turnê, e um EP com quatro canções inéditas, além de "Primavera Tropical", que já está na internet.

DIVIRTA-CE- Desde os anos 80 você é eleito pelo público feminino como um dos cantores mais bonitos da música brasileira. Como é encarar esse título de sex-symbol? Ainda sofre assédio de fãs mais “exaltadas”? Qual a maior loucura que você já passou com uma fã?
PAULO RICARDO -
O elemento sexual está na performance, nas canções, no rock em si. O assédio é consequência de um trabalho bem feito, com paixão, verdade e intensidade. E hoje, a grande loucura é estarmos cultivando toda uma nova geração de fãs, filhas daquelas fãs dos anos 80. Muito louco...

DIVIRTA-CE- Ter estudado jornalismo ajudou você a enfrentar as críticas? Já enfrentou alguma “perseguição” de revistas de fofoca, papparazzi ou invasão de privacidade na sua vida pessoal? Como você analisa o jornalismo eletrônico feito hoje e o da época em que você era colunista de uma revista?
PAULO RICARDO -
Hoje há toda uma cultura de celebridades que não havia, não nessa dimensão, quando começamos. Até o final dos anos 90, quando ainda morava no Rio (hoje moro em São Paulo), podia-se caminhar tranquilo pelas ruas do Leblon. Mas essa exposição também depende da postura do artista. Sem dúvida, hoje temos que  ter mais cuidado. Com câmeras nos celulares, todo mundo é um potencial paparazzo.

DIVIRTA-CE - Nesse mundo em guerra, e com o Brasil nessa euforia de futebol e eleições, qual você acha a “revolução” necessária na atualidade?
PAULO RICARDO -
Eu gosto muito do conceito de revolução do I Ching, o livro das mutações. Toda revolução deve vir de dentro pra fora. E ela é um estado excepcional de coisas, quando uma grande mudança se faz realmente necessária. Não se deve viver num estado permanente de revolução. Do ponto de vista político, o que nós precisamos é justamente o contrário, um fortalecimento das instituições. Saúde, educação etc. Transparência. O exercício da cidadania. Na letra da música "Muito Tudo", do cd Elektra, digo que eu não tenho paciência pra política. Mas não há outro caminho. Temos que nos envolver ou conviver com as consequências do descaso. Há muita gente sedenta por dinheiro e poder na política. E só a ação e a informação podem nos proteger.

SERVIÇO
RPM em Fortaleza
Quando: 9 de agosto
Onde: Musique (Avenida Washington Soares, 6300 – Messejana)
Horário: 22 horas
Vendas iniciais: www.ingressando.com.br
Valores:
Arena: R$42
Frontstage: R$72
Camarote: R$92

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