Morre Mestre da Cultura José Pereira de Oliveira, miniaturista de jangadas em Aquiraz
Artesão das miniaturas de jangadas, escolhido em 2006 como Mestre da Cultura pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Ceará, José Pereira de Oliveira, Seu Oliveira, faleceu nessa quarta-feira (11), aos 88 anos, após duas paradas cardíacas e insuficiência respiratória - ele já havia sofrido seis acidentes vasculares cerebrais. O corpo está sendo velado na residência do artesão (Av. Damião Tavares de Souza, Prainha), em Aquiraz, a mesma cidade onde nasceu em 25 de setembro de 1925, numa casinha simples, a poucos metros do mar. Haverá missa às 15h desta quinta-feira (12), na Capela Nossa Senhora dos Navegantes, em Aquiraz, seguida do sepultamento às 16h20min, no Cemitério Municipal.
José Pereira de Oliveira tornou-se pescador numa época em que nem se usava fio de nylon – eram três fios de linha 10, grudados por um preparo à base de resina de cajueiro. Navegando em jangadas, fez grandes pescarias e conheceu boa parte da costa brasileira. Da lida, tornou-se artista. De tanto construir as embarcações, desenvolveu a inspiração e a arte para reproduzi-las em miniaturas, com um detalhamento que se destacava no artesanato da Prainha.
Para as grandes e minúsculas jangadas, Zé Oliveira tinha predileção pela vela de cor branca. A pedidos, para chamar mais a atenção dos turistas, passou a incluir nas miniaturas as velas amarela e vermelha, feitas com “cipó de imbé, que vem do olho da árvore, na mata fechada, onde as cobras cantam”, como dizia, ou com madeira imburana, raiz de cajueiro, tranca e matamatá, entre outros materiais.
Zé Oliveira casou-se com Auristela, com quem concebeu 15 filhos, embora dois tenham morrido na barriga da mãe e cinco tenham falecido ainda pequenos. A mulher com quem viveu por 59 anos também desenvolveu a habilidade artística, trabalhando como rendeira ao longo de toda a vida. Dona Auristela faleceu em 2011.
Seu Oliveira foi escolhido Mestre da Cultura por uma comissão formada por um representante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-CE), André Luiz Costa; da Secretaria do Turismo do Estado (Setur), Francisco José Leite Barros, e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Olga Paiva, além dos representantes da Secretaria da Cultura do Estado, o teatrólogo Oswald Barroso, a socióloga Fátima Façanha e o coordenador do Patrimônio Artístico, Histórico e Cultural, Otávio Menezes. O resultado da seleção foi publicado no Diário Oficial de 30 de maio de 2006.
Mestres da Cultura
Indicado para receber o título de Mestre da Cultura em 2006, Seu Oliveira foi agraciado ao lado de outros 11 tesouros vivos, os mestres Antônio (Antônio Pinto Fernandes-Aurora), construtor de rabecas; Gilberto Calungueiro (Gilberto Ferreira de Araújo-Icapuí), que desenvolve teatro de bonecos; João Mocó (João Evangelista dos Santos-Granja), pela preservação da tradição do bumba-meu-boi; Joaquim de Cota (Joaquim Pereira Lima-Assaré), também já falecido e que se destacava pelo artesanato em couro; Seu Zé Matias (José Matias da Silva-Caririaçu), pela tradição do reisado; Mestre Joviniano (Joviniano Alves Feitosa-Crateús), mestre santeiro também já falecido; Mestre Graciano (Manoel Graciano Cardoso dos Santos-Juazeiro do Norte), que se destaca pelo artesanato em madeira; Dona Tatai (Maria Pereira da Silva-Juazeiro), também falecida e que tinha como tradição cultural a lapinha; Mestre Zé Pedro (Pedro Alves da Silva-Guaramiranga), pelo artesanato com trançado em cipó de Imbé; Sebastião Chicute (Sebastião Alves Lourenço-Capistrano), cordelista; e Mestra Zulene (Zulene Galdino Sousa-Crato), pela preservação do pastoril, dança do coco, maneiro pau.
Desde 2004, o título de Mestre da Cultura já foi entregue a 68 pessoas e cinco grupos. Outros dois mestres e mais três grupos serão agraciados em 2013. Com a morte do Mestre Zé Oliveira, a lista passa a ter 14 mestres falecidos.
Artesão das miniaturas de jangadas, escolhido em 2006 como Mestre da Cultura pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Ceará, José Pereira de Oliveira, Seu Oliveira, faleceu nessa quarta-feira (11), aos 88 anos, após duas paradas cardíacas e insuficiência respiratória - ele já havia sofrido seis acidentes vasculares cerebrais. O corpo está sendo velado na residência do artesão (Av. Damião Tavares de Souza, Prainha), em Aquiraz, a mesma cidade onde nasceu em 25 de setembro de 1925, numa casinha simples, a poucos metros do mar. Haverá missa às 15h desta quinta-feira (12), na Capela Nossa Senhora dos Navegantes, em Aquiraz, seguida do sepultamento às 16h20min, no Cemitério Municipal.
José Pereira de Oliveira tornou-se pescador numa época em que nem se usava fio de nylon – eram três fios de linha 10, grudados por um preparo à base de resina de cajueiro. Navegando em jangadas, fez grandes pescarias e conheceu boa parte da costa brasileira. Da lida, tornou-se artista. De tanto construir as embarcações, desenvolveu a inspiração e a arte para reproduzi-las em miniaturas, com um detalhamento que se destacava no artesanato da Prainha.
Para as grandes e minúsculas jangadas, Zé Oliveira tinha predileção pela vela de cor branca. A pedidos, para chamar mais a atenção dos turistas, passou a incluir nas miniaturas as velas amarela e vermelha, feitas com “cipó de imbé, que vem do olho da árvore, na mata fechada, onde as cobras cantam”, como dizia, ou com madeira imburana, raiz de cajueiro, tranca e matamatá, entre outros materiais.
Zé Oliveira casou-se com Auristela, com quem concebeu 15 filhos, embora dois tenham morrido na barriga da mãe e cinco tenham falecido ainda pequenos. A mulher com quem viveu por 59 anos também desenvolveu a habilidade artística, trabalhando como rendeira ao longo de toda a vida. Dona Auristela faleceu em 2011.
Seu Oliveira foi escolhido Mestre da Cultura por uma comissão formada por um representante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-CE), André Luiz Costa; da Secretaria do Turismo do Estado (Setur), Francisco José Leite Barros, e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Olga Paiva, além dos representantes da Secretaria da Cultura do Estado, o teatrólogo Oswald Barroso, a socióloga Fátima Façanha e o coordenador do Patrimônio Artístico, Histórico e Cultural, Otávio Menezes. O resultado da seleção foi publicado no Diário Oficial de 30 de maio de 2006.
Mestres da Cultura
Indicado para receber o título de Mestre da Cultura em 2006, Seu Oliveira foi agraciado ao lado de outros 11 tesouros vivos, os mestres Antônio (Antônio Pinto Fernandes-Aurora), construtor de rabecas; Gilberto Calungueiro (Gilberto Ferreira de Araújo-Icapuí), que desenvolve teatro de bonecos; João Mocó (João Evangelista dos Santos-Granja), pela preservação da tradição do bumba-meu-boi; Joaquim de Cota (Joaquim Pereira Lima-Assaré), também já falecido e que se destacava pelo artesanato em couro; Seu Zé Matias (José Matias da Silva-Caririaçu), pela tradição do reisado; Mestre Joviniano (Joviniano Alves Feitosa-Crateús), mestre santeiro também já falecido; Mestre Graciano (Manoel Graciano Cardoso dos Santos-Juazeiro do Norte), que se destaca pelo artesanato em madeira; Dona Tatai (Maria Pereira da Silva-Juazeiro), também falecida e que tinha como tradição cultural a lapinha; Mestre Zé Pedro (Pedro Alves da Silva-Guaramiranga), pelo artesanato com trançado em cipó de Imbé; Sebastião Chicute (Sebastião Alves Lourenço-Capistrano), cordelista; e Mestra Zulene (Zulene Galdino Sousa-Crato), pela preservação do pastoril, dança do coco, maneiro pau.
Desde 2004, o título de Mestre da Cultura já foi entregue a 68 pessoas e cinco grupos. Outros dois mestres e mais três grupos serão agraciados em 2013. Com a morte do Mestre Zé Oliveira, a lista passa a ter 14 mestres falecidos.
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