quarta-feira, 9 de outubro de 2013

MÚSICA

Lou Reed, morto aos 71, mudou a cara do rock sem nunca ter cedido a apelos comerciais

O guitarrista Lou Reed, com David Bowie, na época da banda Velvet Underground

Foi anunciada domingo (27) a morte do cantor, compositor e músico norte-americano Lou Reed. Ele tinha 71 anos. Boatos sobre a morte circulavam desde a sexta-feira (25) em redes sociais. Seu agente literário disse que ele morreu de complicações hepáticas. Em abril, Reed foi submetido a um transplante de fígado.
Reed deixa um legado de mais de cinco décadas de carreira, construída sem que ele tivesse cedido a qualquer tentativa mais comercial ao produzir letra e música. Falou de temas desagradáveis, às vezes com guitarras ainda mais desagradáveis.

O músico entrou para a história do rock a partir da segunda metade dos anos 1960, quando criou o grupo Velvet Underground, inspiração para o surgimento de várias gerações de bandas do gênero. A banda foi apadrinhada pelo artista plástico Andy Warhol (1928-1987), que usava seu prestígio como mecenas de jovens artistas. As letras de Reed traziam os mesmos personagens dos filmes que Warhol produzia, gente da barra-pesada de Nova York:prostitutas, travestis, traficantes, ladrões e malucos.
Ele manteve carreira solo por mais 30 anos, marcada por discos importantes, radicalismos estéticos e muita rabugice com imprensa e fãs. Costumava desmarcar ou interromper entrevistas e era antipático a abordagens em locais públicos. Seu gênio difícil não impediu --ou talvez tenha até incentivado-- um grande culto.
Reed gravou quatro álbuns com o Velvet, entre 1967 e 1970. Depois, seriam lançados discos ao vivo e compilações. De 1972 a 2007, fez 20 discos solo. "Transformer" (1972) virou clássico, com as canções mais adoradas pelos fãs: "Perfect Day", "Vicious", "Satellite of Love" e o maior sucesso, "Walk on the Wild Side". Nunca se transformou em grande vendedor de discos. Com altos e baixos de popularidade, Reed lançou álbuns que passaram em branco para o grande público. Seu último solo foi "Hudson River Wind Meditations" (2007), com longas faixas para serem usadas como trilha sonora de meditação. Até chegar a essa fase zen --ultimamente se dedicava ao tai chi--, Reed passou anos no "lado selvagem" da vida, como canta em seu hit.
Lewis Allan Reed nasceu em 2 de março de 1942, em Nova York e, ainda adolescente, confessou aos pais que gostava de homens e mulheres. Foi tratado com choques elétricos, experiência citada em várias de suas canções. Em 1961, tocava em bandas e apresentava um programa de jazz em rádio. Três anos depois, conheceu John Cale, virtuoso de muitos instrumentos, e os dois criaram o Velvet Underground.
ÓDIO AOS HIPPIES - O disco de estreia, com a famosa banana desenhada por Warhol na capa, saiu em 1967 e era barulhento e depressivo, completamente diferente do rock psicodélico que tinha então seu auge --Reed odiou até o fim da vida os hippies e Jim Morrison (1943-1971), do Doors, que não era hippie, mas vinha da ensolarada São Francisco. Ao largar o Velvet, foi um dos criadores do andrógino glam rock, com David Bowie e Iggy Pop. Bowie produziu o bem-sucedido "Transformer", mas Reed pareceu ter medo de começar a agradar.



No disco seguinte, "Berlin", surpreendeu com orquestra e som agressivo. A busca pelo "desagradável" teve auge em "Metal Machine Music" (1975). Sua última e terceira passagem pelo Brasil, em 2010, foi com uma turnê que retomava esse disco. Tocou mais de uma hora de barulho ininterrupto no Sesc Pinheiros, em São Paulo. Antes, em 1996 e 2000, mostrou canções aos brasileiros em shows "normais".
Essas e quase todas as suas turnês nunca apresentavam repertórios constantes. Reed alternava noites em que dava ao público os hits dos álbuns "Velvet Underground & Nico" e "Transformer" com outras em que cantava apenas músicas mais obscuras.
E ele tinha muitas obscuridades. Lançou discos como "Mistrial" (1986) e "Set the Twilight Reeling" (1996), dos quais apenas aqueles fãs mais fervorosos conseguem se lembrar de alguma faixa.
Mas pouco sucesso não é sinal de baixa qualidade. A força inabalável de sua poesia está documentada em "Atravessar o Fogo", edição da Companhia das Letras lançada em 2010 com 310 letras de Reed, em versão bilíngue.
Na última década, se mostrou aberto a colaborações. Por exemplo, canta "Some Kind of Future" no CD "Plastic Beach", do Gorillaz, projeto de Damon Albarn (Blur). Sua parceria mais badalada foi com o Metallica. Fez letras e cantou em "Lulu", gravado com o grupo em 2011. Poucos gostaram, mas Reed, claro, não deu a mínima.


VIDA DE CASADO - Fora dos estúdios e dos palcos, Reed vivenciou o inferno de drogas e devassidão de seus versos. Seu grupo de amigos chegava a pagar químicos para a criação de novas drogas --as existentes não eram fortes o bastante. Foi casado com um travesti, Raquel, e pagou aluguel por anos para vários garotos de programa e prostitutas.
Reed teria parado de caminhar no lado selvagem nos anos 1990, quando se aproximou da cantora, violinista e artista multimídia americana Laurie Anderson, 66. Eles mantiveram durante três ou quatro anos um relacionamento aberto, e depois Reed teria parado de encontrar outros parceiros. Quando ele se submeteu ao transplante, Laurie declarou: "Ele estava morrendo. Não acho que ele vá se recuperar totalmente disso, mas certamente ele estará fazendo as coisas dele em breve".








A novela pode até não ser boa, mas o CD é ótimo!

 

Trilha internacional da novela “Sangue Bom” reúne jovens e consagrados artistas
 

Depois do sucesso dos dois primeiros álbuns nacionais, a Som Livre lança a trilha sonora internacional da novela Sangue Bom. As 14 faixas do repertório acompanham o espírito jovem e cheio de romance da trama, misturando artistas do momento e clássicos estrangeiros.
Abrindo o repertório está o sucesso “Ho Hey”, da jovem banda folk The Lumineers, que embala as cenas de Amora (Sophie Charlotte) e Bento (Marco Pigossi). Do gênero indie, o grupo Gossip entra no CD com a dançante “Move in the Right Direction” e Fun, conhecida principalmente por “We are Young”, apresenta “Some Nights”. Acrescenta-se ao time das bandas, as consagradas Muse e The Beach Boys, com “Madness”, tema de Malu (Fernanda Vasconcellos) e Maurício (Jayme Matarazzo), e “That’s Why God Made the Radio”, de Tina (Ingrid Guimarães) e Vitinho (Rodrigo Lopez), respectivamente.
Música de Malu (Fernanda Vasconcellos) e Bento (Marco Pigossi), “Because You Loved Me”, de Diane Warren e famosa na voz de Céline Dion, é interpretada por Jesuton, cantora inglesa radicada no Brasil. A também clássica “Theme from New York, New York” aparece na voz de Ronaldo Canto e Mello.
A canadense Alanis Morissette interpreta “Guardian”, primeiro single de seu oitavo álbum homônimo, que embala as passagens com Natan (Bruno Garcia).  Já o vencedor do American Idol de 2012, Phillp Phillips canta a country e romântica “Home”, que acompanha as cenas de Xande (Felipe Lima) e Luz da Silva (Aline Dias). Também premiada, Emeli Sandé, vencedora do prêmio de escolha da crítica no Brit Awards 2012 e nova sensação do soul, vem com “Next to Me”.
O hit eletrônico “Feel so Close”, de Calvin Harris, é tema da personagem Amora (Sophie Charlotte). Outro sucesso das baladas internacionais, a dançante “Dont you worry Child”, entra no disco com a interpretação do grupo de DJ’s Swedish House Mafia e pelo cantor John Martin.  O fenômeno teen do pop Justin Bieber se junta ao rapper Ludacris em “All round the World”. Para fechar a trilha, o contratenor brasileiro Edson Cordeiro canta “Mercedes Benz”. ****






Milton Nascimento celebra 50 anos de carreira com “Uma Travessia”

Novo CD duplo e DVD do cantor e compositor é um registro ao vivo da última turnê e traz pérolas do repertório deste grande mestre da MPB

Uma voz inconfundível da MPB está celebrando está completando 50 anos de carreira e 70 de vida em 2013: nosso Bituca, Milton Nascimento, nos presenteia desta data com o lançamento de “Uma Travessia”, registro da última turnê do artista em CD duplo e DVD. O show, que celebra as cinco décadas de Milton, passou por Fortaleza em abril, durante o aniversário da cidade, em apresentação promovida pela Prefeitura. O registro do DVD, que foi lançado nas principais lojas físicas e digitais de todo o Brasil, foi gravado no Rio de Janeiro.
Milton Nascimento gravou a primeira canção, Barulho de trem, em 1962. Em Três Pontas, integrava, ao lado de Wagner Tiso, o grupo W's Boys, que tocava em bailes. Mudou-se para Belo Horizonte para cursar Economia, onde, tocando em bares e clubes noturnos, começou a compor com mais frequência; datam dessa época as composições Novena e Gira Girou (1964), ambas com Márcio Borges. Na pensão onde foi morar na capital, no Edifício Levy, Milton conheceu os irmãos Borges, Marilton, Lô e Márcio. Dos encontros na esquina das Ruas Divinópolis com Paraisópolis surgiram os acordes e letras de canções como Cravo e Canela, Alunar, Para Lennon e McCartney, Trem azul, Nada será como antes, Estrelas, São Vicente e Cais. Aos meninos fãs do The Beatles e do The Platters vieram juntar-se Tavinho Moura, Flavio Venturini, Beto Guedes, Fernando Brant, Toninho Horta. Em 1972 a EMI gravou o primeiro LP, Clube da esquina,3 que era duplo e apresentava um grupo de jovens que chamou a atenção pelas composições engajadas, a miscelânea de sons e riqueza poética. O Clube da esquina escreveu um dos mais importantes capítulos da história da MPB. Chamou a atenção dos músicos brasileiros e estrangeiros, dada a sua ousadia artística e criatividade inovadora.
A crítica especializada não teve a capacidade de entender o que estava acontecendo e fez comentários severos a respeito da obra. Pouco tempo depois o disco teve reconhecimento internacional e ganhou o prestígio merecido aqui no Brasil também. O álbum virou disco de cabeceira de músicos no mundo inteiro, tornando-se referência estilística e estética da música contemporânea, e levou Milton Nascimento a ser convidado por Wayne Shorter a gravar um disco com ele, em 1975. O disco chamava-se Native Dancer e serviu para projetar Milton de uma vez por todas no mercado norte-americano.
Entre outros sucessos, destacam-se Maria, Maria (1978, com Fernando Brant), e a interpretação de Coração de Estudante (Wagner Tiso), que se tornou o hino das Diretas Já (movimento sócio-político de reivindicação por eleições diretas, 1984) e dos funerais de Tancredo Neves (1985). Posteriormente, a Canção da América, que versa sobre a Amizade, foi o tema de fundo dos funerais de Ayrton Senna (1994).
O estilo musical de Milton pode ser classificado como Música Popular Brasileira, surgido de um desdobramento do movimento da bossa nova, com fortes influências desta, do jazz, do jazz-rock e de grandes expoentes do rock, como os Beatles, Bob Dylan e com pitadas tanto da música hispano-americana de Mercedes Sosa, Violeta Parra e Victor Jara, quanto dos sons caribenhos de Pablo Milanes e Silvio Rodríguez. Ao mesmo tempo, o estilo de Milton Nascimento não deixa de beber nas fontes regionais brasileiras, nos cantos folclóricos de Minas Gerais e de outros estados.
O novo trabalho do cantor e compositor, Uma Travessia”, reúne 23 pérolas de sua abrangente obra, com canções que marcaram a história da música popular brasileira. que traz participações especiais do maestro Wagner Tiso - em “Vera Cruz” e “Coração de estudante” - e do cantor e compositor Lô Borges - em "Clube da esquina N°2”, “Nuvem cigana”, “Nada será como antes”, “Para Lennon e McCartney”, “O trem azul” e “Um girassol da cor do seu cabelo”.
“Uma Travessia – Milton Nascimento - 50 anos de Carreira Ao Vivo” é uma produção da Nascimento Música, MP,B Discos, Universal Music e Canal Brasil dirigida por João Mário Linhares e Amaury Linhares (áudio), Darcy Bürger (vídeo) e Regis Faria (show e vídeo). O novo CD e DVD fazem parte do projeto Natura Musical. *****



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