A poesia dos sertões
Obra de Frederico Régis remete ao clássico de Euclides da Cunha
O sertão como forma principal de falar, definir e delimitar a nação, está entre as diversas narrativas do livro “OS PAÍSES (CAMPANHA ULTRAMUNDOS)”, que o poeta cearense Frederico Régis lança dia 3 de Março de 2010 (Quarta-Feira), às 19 horas, na Livraria Saraiva Mega-Store, no Shopping Iguatemi.
A nova obra, além de propor uma tradução do cotidiano e da vida pela linguagem poética, faz uma reflexão em torno da obra “Os Sertões (Campanha de Canudos)” de Euclides da Cunha nestes 100 anos da sua morte. O livro remete a este clássico da literatura brasileira em sua estrutura de capítulos (A Terra, O Homem e A Luta), transpondo a problemática do homem urbano e moderno para o cenário de luta da Guerra de Canudos.
Segundo o Poeta de Meia-Tigela, que posfaceia o livro, trata-se, não de ancorar (escorar-se) em Euclides da Cunha, porém de, uma vez tomado este como porto inicial, partir em busca de outras explorações, de outros países... Ainda pelo entendimento do Poeta, se no autor fluminense o caráter jornalístico e etnográfico tem como finalidade o retrato de uma parcela do Brasil e de um tipo de brasileiro — o do sertão e do sertanejo —, o intento de Frederico Régis é universalizar a abordagem.
Ainda, de acordo com o poeta de Meia-Tigela, já não temos um espaço geográfico circunscrito; “A Terra” não é a terra e o sertão nordestino ou baiano, mas o mundo, marcadamente o urbano; “O Homem” não é o homem que vive naquele espaço restrito e limítrofe, porém o indivíduo humano, sobretudo se cercado pela cidade; e “A Luta” não é a campanha contra Canudos, mas a batalha desse elemento urbanóide contra aquilo que também significaria seu aniquilamento, a saber: seu sucumbimento à capatazia, ao “fim da poesia”.
Os Países também apresentam uma faceta linguística curiosa: o palíndromo - palavra ou frase que pode ser lida da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda. Diversos poemas contêm sentenças que se lidas de trás para frente resultam no mesmo significado. Para o palíndromo o que importa não é tanto a semântica, mas a sintaxe. Um exemplo é a frase: A trufa sem a levedura, à rude vela, mesa furta. O livro é permeado por palíndromos, que lhe enriquecem de imagens pitorescas.
“OS PAÍSES (CAMPANHA ULTRAMUNDOS)” é uma publicação patrocinada e editada pelo Banco do Nordeste. As ilustrações são do ilustrador de Meia-Tigela e do artista plástico Lúcio Cleto. Outro detalhe que desperta curiosidade é a capa, com forte apelo afetivo, relembrando os antigos cadernos RECREIO, cuja foto de um pássaro é de autoria do ornitólogo e fotógrafo Ciro Albano.
O Autor
Frederico Régis, 36 anos, é engenheiro de formação, bancário por sobrevivência e poeta por necessidade. Seus primeiros poemas remontam ao final da década de 1980. Em sua trajetória, motivou-se por diversas tentativas em colocar suas produções à luz, das quais resultaram publicações avulsas de caráter artesanal em pequena tiragem. Foram livros editados e diagramados pelo próprio autor, como: APARIÇÕES (2004), AVE E DOR RETA OU: O ATERRO DE EVA (2002), ALÉM DE QUEDA, COICE! (2001), PASSAGEIRO DE CÚMULOS (1998) E DESABAMENTO (1996). Por sete anos foi membro do grupo Ceia Literária, onde participou das coletâneas: CEIA MAIOR, O LAGO DAS VOZES, CAIS DE NÓS E CEIA LITERÁRIA Nº 5. Tem atuado no cenário literário cearense, participando de recitais de poesia, encontros literários e de antologias diversas. Em 2007 publicou MINUTAS DO CAOS, obra com repercussão junto aos leitores e que introduziu a estética do autor no cenário da poesia cearense.
Serviço:
Livro: OS PAÍSES (CAMPANHA ULTRAMUNDOS)
Dia: 03 de Março de 2010 (Quarta-Feira)
Horário: 19h
Local: Livraria Saraiva Mega-Store (Shopping Iguatemi)
Preço: R$ 15,00
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