Livro sobre o diálogo do Teatro com outras linguagens é lançado no IV Festival BNB das Artes Cênicas
O livro “O teatro em diálogo com outras linguagens”, com textos de Fátima Saadi, Adriana Schneider e Ana Kfouri, será lançado na próxima terça-feira, 9, às 18 horas, no programa de debates Troca de Idéias, dentro da programação do IV Festival BNB das Artes Cênicas.
Com apresentação do ator, diretor, produtor teatral e gestor cultural Fernando Piancó, a publicação será lançada e debatida no cineteatro do Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – 2º andar – Centro – fone: (85) 3464.3108). A entrada é gratuita.
Integrante da Coleção Diálogos Emergentes, editada pelo Centro Cultural Banco do Nordeste, o livro é fruto do seminário avançado “O teatro e o diálogo com outras linguagens”, realizado pelo CCBNB-Fortaleza, com curadoria e produção de Fernando Piancó, no período de 24 a 26 de março de 2009, por ocasião da terceira edição do Festival BNB das Artes Cênicas.
Texto de Fernando Piancó, curador do Seminário e apresentador do livro
O objetivo do Seminário foi discutir sobre o diálogo entre os diferentes territórios de expressão, considerando a hibridização de linguagens como uma necessidade da expressão artística – e concluindo-se que a queda de fronteiras entre teatro, dança, performance e artes visuais, entre outras, não é uma tendência, mas um aspecto essencial do teatro contemporâneo.
Participaram do seminário três convidadas – Fátima Saadi, Adriana Schneider e Ana Kfouri –, profissionais de reconhecida competência e com atuação na realização e pesquisa nas artes cênicas, em particular no teatro, que durante três dias expuseram e dialogaram com os participantes sobre o hibridismo do teatro com outras linguagens.
O teatro cearense passa por um processo de discussão, tanto na questão da sua estética, pensamento e formação, como na forma de organização e a relação dos grupos e fazedores de teatro com a cidade e com o poder público e as suas políticas para o setor.
Artistas como Yuri Yamamoto, Oswald Barroso, Ricardo Guilherme, Silvero Pereira, Fran Teixeira, Herê Aquino, Orlângelo Leal, Tiago Arrais, Frank Lourenço e Cacá Araújo, entre outros, experimentam em seus espetáculos a conjunção da linguagem teatral com outras linguagens e manifestações artísticas e culturais. O teatro contemporâneo cearense, apesar de algumas carências materiais e artísticas, vivencia um momento muito particular e rico em sua diversidade cênica.
A música, a literatura, as histórias em quadrinhos, a cultura tradicional popular, o vídeo, as artes visuais “despurificam” o teatro cearense, dando um frescor e uma atualidade vital para a sua sobrevivência e continuidade.
Espaços como o Centro Cultural Banco do Nordeste, Theatro José de Alencar, Teatro Dragão do Mar, Teatro da Praia, Teatro SESC Emiliano Queiroz e o SESC Iracema, todos em Fortaleza, abrem suas portas e os seus palcos para que sirvam de laboratório e locais de fruição para esses experimentos, colocando o teatro cearense em consonância como o que é feito em várias partes do Brasil.
Na sua parte organizacional, contamos com entidades como a Federação Estadual de Teatro (FESTA), o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão (SATED), a Associação dos Produtores de Teatro do Ceará (APETECE) e a Associação Brasileira de Teatro de Bonecos (ABTB-CE). Em fase de implantação, um movimento de grupos e artistas, juntos, procuram criar a Cooperativa Cearense de Teatro, tendo já elaborado um manifesto que se intitula “Todo Teatro é Político” e uma pauta de reivindicações para o setor junto às instâncias públicas de cultura.
Afora tudo isso, temos um processo de formação acontecendo no estado em que instituições como CEFET-CE, Curso de Artes Dramáticas da UFC (CAD), a Universidade de Fortaleza (Unifor), a Universidade Regional do Cariri (URCA), o Theatro José de Alencar e o Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) realizam cursos e oficinas livres e, ainda, o advento do curso superior de teatro da UFC, dão uma grande contribuição na preparação e formação de profissionais de teatro e discutem o fortalecimento e solidificação desse mercado de trabalho.
Há ebulição, há encontros, há seminários, oficinas, cursos, há uma necessidade permanente de diálogo entre os diversos setores da cadeia produtiva das artes cênicas, para que se busquem alternativas e caminhos, a fim de termos um desenvolvimento sustentável e perene e uma busca constante de uma qualidade maior para o teatro e os seus espetáculos.
O seminário “O teatro e o diálogo com outras linguagens” se inseriu nesse contexto e, com certeza, esse livro será mais uma contribuição nesse processo de construção do teatro cearense.
Nesta obra, os textos escritos são publicados integralmente, respeitando o pensamento de suas autoras e as suas fontes de referência e de pesquisa, seus estilos de escrita, suas experiências práticas na vida acadêmica ou em grupos e companhias que participam.
Fátima Saadi apresenta no seu texto algumas definições sobre termos empregados na sua exposição como: teatro, diálogo, linguagem teatral e faz um retrospecto dessa arte, partindo do momento inaugural do teatro no ocidente, quando, entre os séculos VII e V a.C., a linguagem teatral se estrutura na Grécia Antiga. O texto passeia pela contemporaneidade, onde são apresentadas as diversas possibilidades de diálogo entre o teatro e outras artes e mostra, também, vários pontos de vista de teóricos e encenadores nacionais e estrangeiros sobre o acolhimento que o teatro faz de elementos de outras linguagens.
No texto de Adriana Schneider é feita uma mostra de investigações de formas teatrais “exóticas”, ou ainda, “populares”, realizadas por dramaturgos e encenadores ocidentais, em várias partes do mundo, como Brecht e o teatro na China; Artaud entre os Tarahumaras e em Bali; as experiências de Meyerhold com a commedia dell’arte; Ariane Mnouschkine com o bunkaru e o kathakali. Analisa as relações entre o teatro e a cultura popular no contexto brasileiro contemporâneo, enfocando, a partir de alguns estudos de caso, categorias como “brincadeira” e “jogo” em contraste com “representação”, “atuação”, “interpretação”, entre outros aspectos.
Ana Kfouri encerra o livro mostrando que uma boa parcela do teatro contemporâneo se situa num campo de cruzamento de linguagens, articulando uma miscelânea de conjunturas cênicas advindas de áreas artísticas diversas – como a dança, a literatura, a performance, o vídeo, o cinema, as artes plásticas, a música – que se interpenetram, se redefinem, se tensionam, dando lugar a uma forma teatral híbrida, móvel, que pode ser entendida como um “teatro plural”, conjugando simultaneamente elementos heterogêneos.
Portanto, o seminário “O teatro e o diálogo com outras linguagens”, que gerou esse livro, mostrou o quanto o teatro é uma arte transgressora que dialoga constantemente com outras artes, com a finalidade, única, de manter uma comunicação com o público de agora e expressar os desejos, sonhos, angústias e visões de mundo da alma do homem contemporâneo.
Coleção Diálogos Emergentes
Percebendo a necessidade de uma política cultural consistente para o crescimento da arte a serviço de ações diversificadas e longe de qualquer medo de experimentar, nesses onze anos de existência o Centro Cultural Banco do Nordeste tem se guiado por apresentar e incentivar a diversidade da arte brasileira.
Seja por meio de nomes fundamentais da História ou experimentos de artistas emergentes, o CCBNB cria, assim, condições para o intercruzamento cultural e para o desenvolvimento de uma produção capaz de exprimir um conjunto de considerações sobre o fazer da Arte no século XXI.
Ao organizar esta coleção, oriunda da programação de seminários e debates no CCBNB, o objetivo é dar destaque às interpretações sobre as diversas formas de linguagens praticadas hoje nas artes visuais, literatura, teatro e música, onde as linhas de fronteiras são tênues, devido às características de flexibilidade, efemeridade, radiação, interação e versatilidade da arte contemporânea.
O livro “O teatro em diálogo com outras linguagens”, com textos de Fátima Saadi, Adriana Schneider e Ana Kfouri, será lançado na próxima terça-feira, 9, às 18 horas, no programa de debates Troca de Idéias, dentro da programação do IV Festival BNB das Artes Cênicas.
Com apresentação do ator, diretor, produtor teatral e gestor cultural Fernando Piancó, a publicação será lançada e debatida no cineteatro do Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – 2º andar – Centro – fone: (85) 3464.3108). A entrada é gratuita.
Integrante da Coleção Diálogos Emergentes, editada pelo Centro Cultural Banco do Nordeste, o livro é fruto do seminário avançado “O teatro e o diálogo com outras linguagens”, realizado pelo CCBNB-Fortaleza, com curadoria e produção de Fernando Piancó, no período de 24 a 26 de março de 2009, por ocasião da terceira edição do Festival BNB das Artes Cênicas.
Texto de Fernando Piancó, curador do Seminário e apresentador do livro
O objetivo do Seminário foi discutir sobre o diálogo entre os diferentes territórios de expressão, considerando a hibridização de linguagens como uma necessidade da expressão artística – e concluindo-se que a queda de fronteiras entre teatro, dança, performance e artes visuais, entre outras, não é uma tendência, mas um aspecto essencial do teatro contemporâneo.
Participaram do seminário três convidadas – Fátima Saadi, Adriana Schneider e Ana Kfouri –, profissionais de reconhecida competência e com atuação na realização e pesquisa nas artes cênicas, em particular no teatro, que durante três dias expuseram e dialogaram com os participantes sobre o hibridismo do teatro com outras linguagens.
O teatro cearense passa por um processo de discussão, tanto na questão da sua estética, pensamento e formação, como na forma de organização e a relação dos grupos e fazedores de teatro com a cidade e com o poder público e as suas políticas para o setor.
Artistas como Yuri Yamamoto, Oswald Barroso, Ricardo Guilherme, Silvero Pereira, Fran Teixeira, Herê Aquino, Orlângelo Leal, Tiago Arrais, Frank Lourenço e Cacá Araújo, entre outros, experimentam em seus espetáculos a conjunção da linguagem teatral com outras linguagens e manifestações artísticas e culturais. O teatro contemporâneo cearense, apesar de algumas carências materiais e artísticas, vivencia um momento muito particular e rico em sua diversidade cênica.
A música, a literatura, as histórias em quadrinhos, a cultura tradicional popular, o vídeo, as artes visuais “despurificam” o teatro cearense, dando um frescor e uma atualidade vital para a sua sobrevivência e continuidade.
Espaços como o Centro Cultural Banco do Nordeste, Theatro José de Alencar, Teatro Dragão do Mar, Teatro da Praia, Teatro SESC Emiliano Queiroz e o SESC Iracema, todos em Fortaleza, abrem suas portas e os seus palcos para que sirvam de laboratório e locais de fruição para esses experimentos, colocando o teatro cearense em consonância como o que é feito em várias partes do Brasil.
Na sua parte organizacional, contamos com entidades como a Federação Estadual de Teatro (FESTA), o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão (SATED), a Associação dos Produtores de Teatro do Ceará (APETECE) e a Associação Brasileira de Teatro de Bonecos (ABTB-CE). Em fase de implantação, um movimento de grupos e artistas, juntos, procuram criar a Cooperativa Cearense de Teatro, tendo já elaborado um manifesto que se intitula “Todo Teatro é Político” e uma pauta de reivindicações para o setor junto às instâncias públicas de cultura.
Afora tudo isso, temos um processo de formação acontecendo no estado em que instituições como CEFET-CE, Curso de Artes Dramáticas da UFC (CAD), a Universidade de Fortaleza (Unifor), a Universidade Regional do Cariri (URCA), o Theatro José de Alencar e o Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) realizam cursos e oficinas livres e, ainda, o advento do curso superior de teatro da UFC, dão uma grande contribuição na preparação e formação de profissionais de teatro e discutem o fortalecimento e solidificação desse mercado de trabalho.
Há ebulição, há encontros, há seminários, oficinas, cursos, há uma necessidade permanente de diálogo entre os diversos setores da cadeia produtiva das artes cênicas, para que se busquem alternativas e caminhos, a fim de termos um desenvolvimento sustentável e perene e uma busca constante de uma qualidade maior para o teatro e os seus espetáculos.
O seminário “O teatro e o diálogo com outras linguagens” se inseriu nesse contexto e, com certeza, esse livro será mais uma contribuição nesse processo de construção do teatro cearense.
Nesta obra, os textos escritos são publicados integralmente, respeitando o pensamento de suas autoras e as suas fontes de referência e de pesquisa, seus estilos de escrita, suas experiências práticas na vida acadêmica ou em grupos e companhias que participam.
Fátima Saadi apresenta no seu texto algumas definições sobre termos empregados na sua exposição como: teatro, diálogo, linguagem teatral e faz um retrospecto dessa arte, partindo do momento inaugural do teatro no ocidente, quando, entre os séculos VII e V a.C., a linguagem teatral se estrutura na Grécia Antiga. O texto passeia pela contemporaneidade, onde são apresentadas as diversas possibilidades de diálogo entre o teatro e outras artes e mostra, também, vários pontos de vista de teóricos e encenadores nacionais e estrangeiros sobre o acolhimento que o teatro faz de elementos de outras linguagens.
No texto de Adriana Schneider é feita uma mostra de investigações de formas teatrais “exóticas”, ou ainda, “populares”, realizadas por dramaturgos e encenadores ocidentais, em várias partes do mundo, como Brecht e o teatro na China; Artaud entre os Tarahumaras e em Bali; as experiências de Meyerhold com a commedia dell’arte; Ariane Mnouschkine com o bunkaru e o kathakali. Analisa as relações entre o teatro e a cultura popular no contexto brasileiro contemporâneo, enfocando, a partir de alguns estudos de caso, categorias como “brincadeira” e “jogo” em contraste com “representação”, “atuação”, “interpretação”, entre outros aspectos.
Ana Kfouri encerra o livro mostrando que uma boa parcela do teatro contemporâneo se situa num campo de cruzamento de linguagens, articulando uma miscelânea de conjunturas cênicas advindas de áreas artísticas diversas – como a dança, a literatura, a performance, o vídeo, o cinema, as artes plásticas, a música – que se interpenetram, se redefinem, se tensionam, dando lugar a uma forma teatral híbrida, móvel, que pode ser entendida como um “teatro plural”, conjugando simultaneamente elementos heterogêneos.
Portanto, o seminário “O teatro e o diálogo com outras linguagens”, que gerou esse livro, mostrou o quanto o teatro é uma arte transgressora que dialoga constantemente com outras artes, com a finalidade, única, de manter uma comunicação com o público de agora e expressar os desejos, sonhos, angústias e visões de mundo da alma do homem contemporâneo.
Coleção Diálogos Emergentes
Percebendo a necessidade de uma política cultural consistente para o crescimento da arte a serviço de ações diversificadas e longe de qualquer medo de experimentar, nesses onze anos de existência o Centro Cultural Banco do Nordeste tem se guiado por apresentar e incentivar a diversidade da arte brasileira.
Seja por meio de nomes fundamentais da História ou experimentos de artistas emergentes, o CCBNB cria, assim, condições para o intercruzamento cultural e para o desenvolvimento de uma produção capaz de exprimir um conjunto de considerações sobre o fazer da Arte no século XXI.
Ao organizar esta coleção, oriunda da programação de seminários e debates no CCBNB, o objetivo é dar destaque às interpretações sobre as diversas formas de linguagens praticadas hoje nas artes visuais, literatura, teatro e música, onde as linhas de fronteiras são tênues, devido às características de flexibilidade, efemeridade, radiação, interação e versatilidade da arte contemporânea.
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