segunda-feira, 1 de março de 2010

CINEMA



Romance de ex-casal

'Simplesmente Complicado', comedia com Meryl Streep, Steve Martin e Alec Baldwin, é uma das estreias da semana


Reunindo um tarimbado trio de atores experientes, Meryl Streep, Steve Martin e Alec Baldwin, a diretora e roteirista Nancy Meyers (Alguém Tem que Ceder) escreve e dirige a comédia Simplesmente Complicado, em torno das incertezas do romance na maturidade. Tal como fez em Julie & Julia (atuação que lhe rendeu a indicação ao Oscar de melhor atriz pelo qual concorre no próximo dia 7), Meryl Streep aparece cozinhando de novo. Ela interpreta Jane Adler, dona de uma padaria sofisticada, recheada de croissants, bolos e biscoitos sensacionais. Seus três filhos, todos adultos, já são independentes.
Jane foi casada por 20 anos com o advogado Jake Adler (Alec Baldwin, de Amigos, Amigos, Mulheres à Parte). Um dia, ele a trocou por uma estonteante mulher mais jovem, Agness (Lake Bell). O divórcio foi repleto de mágoas e, por anos, ela simplesmente não o deixava entrar em sua casa. Agora, quando se reencontram para a formatura do filho caçula (Justin Kirk), o antigo casal tem uma recaída e vive um tórrido e clandestino romance.


Cheios de sentimentos confusos e também para evitar problemas com Agness, os dois tentam esconder do resto do mundo o que está acontecendo. Nem sempre é muito fácil. Um dia, Jake e Jane decidem ter um encontro no meio da tarde, num grande hotel. Justamente ali, sua filha (Caitlin Fitzgerald) e o futuro marido, Harley (John Krasinski, da série The Office), tinham uma reunião para preparar sua festa de casamento. Harley faz o maior malabarismo para não deixar a noiva ver os pais chegando e subindo aos beijos no elevador, além de outros incidentes - que incluem a participação de um médico.

Contribuindo para dividir ainda mais seus sentimentos, Jane está sendo cortejada por Adam (Steve Martin, A Garota da Vitrine), outro divorciado, e o arquiteto que comanda a reforma de sua casa. Uma sequência especialmente engraçada entre os dois inclui sua ida a uma festa e o consumo de maconha. O forte do filme está no elenco - todo ele justamente premiado com um troféu do National Board of Review, uma das associações de críticos e estudiosos ligados ao cinema mais prestigiadas dos EUA. O ponto fraco está em que a diretora e roteirista Nancy Meyers não tira realmente todo o proveito do potencial cômico de Steve Martin e de seu namorico com Meryl Streep, o que poderia tornar a comédia mais saborosa.








Veja os indicados ao Oscar 2010

A atriz Anne Hathaway e o presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, Tom Sherak, anunciaram na manhã desta terça-feira os indicados ao Oscar deste ano.

"Avatar" e "Guerra ao Terror" lideram as indicações com nove cada um. "Preciosa - Uma História de Esperança" concorre em seis categorias.
A cerimônia de entrega do Oscar ocorre no dia 7 de março, um domingo, e será transmitida em mais de 200 países.
A TNT será o único canal da TV por assinatura a transmitir a 82ª edição do evento no domingo, dia 7 de março, a partir das 22h – além de ser o único do país a exibi-lo desde o tapete vermelho às 21h, com o já tradicional pré-show. Pelo sexto ano consecutivo, o OSCAR® contará com os comentários do crítico de cinema Rubens Ewald Filho, maior autoridade brasileira no assunto, com apresentação de Chris Nicklas.

A principal categoria da noite agora passa a contar com dez indicados ao invés dos tradicionais cinco, retomando uma tradição clássica das décadas de 30/40. Além de “Avatar” e “Guerra ao Terror”, também disputam a cobiçada estatueta os filmes “Um Sonho Possível”, “Distrito 9”, “Educação”, “Bastardos Inglórios”, “Amor Sem Escalas”, “Preciosa”, “Um Homem Sério” e “Up – Altas Aventuras”. O cargo de mestre de cerimônias ficará nas mãos da dupla Steve Martin e Alec Baldwin. Enquanto o primeiro é um veterano, responsável pela tarefa em 1998 e 2000, o segundo é um iniciante no cargo. Confira abaixo a lista completa dos indicados ao Oscar 2010.


Melhor Filme:
Guerra ao Terror
Avatar
Um Sonho Possível
Distrito 9
Educação
Bastardos Inglórios
Amor Sem Escalas
Preciosa
Um Homem Sério
Up - Altas Aventuras

Melhor Ator:
Jeff Bridges - Crazy Heart
George Clooney - Amor Sem Escalas
Colin Firth - A Single Man
Morgan Freeman - Invictus
Jeremy Renner - Guerra ao Terror

Melhor Atriz:
Sandra Bullock - Um Sonho Possível
Helen Mirren - The Last Station
Carey Mulligan - Educação
Gabourey Sidibe - Preciosa
Meryl Streep - Julie & Julia

Melhor Ator Coadjuvante:
Matt Damon - Invictus
Woody Harrelson - O Mensageiro
Christopher Plummer - The Last Station
Stanley Tucci - Um Olhar do Paraíso
Christoph Waltz - Bastardos Inglórios

Melhor Atriz Coadjuvante:
Penélope Cruz - Nine
Vera Farmiga - Amor Sem Escalas
Maggie Gyllenhaal - Crazy Heart
Anna Kendrick - Amor Sem Escalas
Mo'Nique - Preciosa

Melhor Diretor:
Kathryn Bigelow - Guerra ao Terror
James Cameron - Avatar
Lee Daniels - Preciosa
Jason Reitman - Amor Sem Escalas
Quentin Tarantino - Bastardos Inglórios

Melhor Roteiro Original:
Guerra ao Terror - Mark Boal
Bastardos Inglórios - Quentin Tarantino
O Mensageiro - Oren Moverman, Alessandro Camon
Um Homem Sério - Joel Coen, Ethan Coen
Up - Altas Aventuras - Bob Peterson, Pete Docter

Melhor Roteiro Adaptado:
Distrito 9 - Neill Blomkamp, Terri Tatchell
Educação - Nick Hornby
In the Loop - Jesse Armstrong, Simon Blackwell, Armando Iannucci, Tony Roche
Preciosa - Geoffrey Fletcher
Amor Sem Escalas - Jason Reitman, Sheldon Turner

Melhor Fotografia:
Avatar - Mauro Fiore
A Fita Branca - Christian Berger
Harry Potter e o Enigma do Príncipe - Bruno Delbonnel
Guerra ao Terror - Barry Ackroyd
Bastardos Inglórios - Robert Richardson

Melhor Montagem:
Avatar - Stephen E. Rivkin, John Refoua, James Cameron
Distrito 9 - Julian Clarke
Guerra ao Terror - Bob Murawski, Chris Innis
Bastardos Inglórios - Sally Menke
Preciosa - Joe Klotz

Melhor Direção de Arte:
Avatar - Rick Carter, Robert Stromberg
The Imaginarium of Doctor Parnassus - Anastasia Masaro
Nine - John Myhre
Sherlock Holmes - Sarah Greenwood
The Young Victoria - Patrice Vermette

Melhor Figurino:
Bright Star - Janet Patterson
Coco Antes de Chanel - Catherine Leterrier
The Imaginarium of Doctor Parnassus - Monique Prudhomme
Nine - Colleen Atwood
The Young Victoria - Sandy Powell

Melhor Maquiagem:
Il divo
Star Trek
The Young Victoria

Melhor Trilha Sonora:
Avatar - James Horner
O Fantástico Sr. Raposo - Alexandre Desplat
Guerra ao Terror - Marco Beltrami, Buck Sanders
Sherlock Holmes - Hans Zimmer
Up - Altas Aventuras - Michael Giacchino

Melhor Canção Original:
"Almost There" - A Princesa e o Sapo
"Down in New Orleans" - A Princesa e o Sapo
"Loin De Paname" - Paris 36
"Take it All" - Nine
"The Weary Kind" - Crazy Heart

Melhor Edição de Som:
Avatar
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Star Trek
Up - Altas Aventuras

Melhor Mixagem de Som:
Avatar
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Star Trek
Transformers: A Vingança dos Derrotados

Melhor Animação Longa-Metragem:
Coraline
O Fantástico Sr. Raposo
A Princesa e o Sapo
The Secret of Kells
Up - Altas Aventuras

Melhor Animação Curta-Metragem:
French Roast
Granny O´Grimn´s Sleeping Beauty
The Lady and the Reaper (La Dama e la Muerte)
Logorama
A Matter of Loaf and Death

Melhor Filme Estrangeiro:
Ajami (Israel)
El Secreto de Sus Ojos (Argentina)
The Milk of Sorrow (Peru)
Un Profète (França)
A Fita Branca (Alemanha / França / Áustria / Itália)

Melhores Efeitos Especiais:
Avatar
Distrito 9
Star Trek

Melhor Documentário Longa-Metragem:
Burma Vj
The Cove
Food Inc.
The Most Dangerous Man In America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers
Which Way Home

Melhor Documentário Curta-Metragem
Province
The Last Campaign of Governos Booth Gardner
The Last Truck: Closing of a GM Plant
Music by Prudence
Rabbit à la Berlin

Melhor Curta-Metragem:
The Door
Instead of Abracadabra
Kavi
Miracle Fish
The New Tenants









"Preciosa" deve ser o filme queridinho dos críticos para o Oscar

A edição norte-americana da revista Rolling Stone elegeu o filme o melhor longa-metragem de 2009. "Preciosa"chega ao Brasil esta semana

Uma história intensa de adversidade e esperança. Em "Preciosa", estreia da semana nos cinemas brasileiros, a personagem central é uma adolescente obesa que tem dois filhos do próprio pai (um deles com Síndrome de Down). A mãe a agride frequentemente, fisicamente e psicologicamente. Expulsa da escola, ela acaba em um centro de educação alternativa. Até descobrir que tem um problema ainda maior, de saúde. A imaginação da menina, com sonhos de fama, sucesso e riqueza, é o que a salva - e também salva o espectador - durante os piores momentos.


O filme de Lee Daniels (Matadores de Aluguel), tem participações de Lenny Kravitz e Mariah Carrey (surpreendentemente bem, no papel de uma assistente social), mas a estrela é a estreante Gabourey Sidibe. A garota, 26 anos, filha de um taxista com uma cantora, é aposta certeira para o Oscar. Agora ela está fazendo a ronda dos talkshows norte-americanos. Ela foi ao novo programa de Jay Leno e também já visitou a Oprah Winfrey (que é produtora de Preciosa e, pouca gente se lembra, foi indicada ao Oscar e ao Globo de Ouro por sua participação em A Cor Púrpura), a Ellen DeGeneres e o Conan O'Brien, outros apresentadores americanos, também receberam a nova famosa em seus programas. O livro no qual o longa-metragem foi baseado, Push (de Saphire, lançado em 1996) ainda não tem edição nacional.

O filme começa em Harlem, no ano de 1987. A história é narrada pela personagem principal, que em alguns intervalos, insere seu ponto de vista nas situações apresentadas. A protagonista citada é a adolescente afro-americana Clareece "Precious" Jones (Gabourey Sidibe), que vive (ou sobrevive?) com sua familia desajustada; engravidada duas vezes pelo pai e em uma relação destrutiva com a sua mãe (Mo'Nique). Precious é muito fechada pra os outros mas aberta a reflexões, e daí, temos alguns dos momentos mais bonitos do filme. Toda reflexão de Precious se transforma em poesia: ás vezes ela relata ser apaixonada pelo professor, não gosta (e não consegue) ler e adora matemática (ela diz que nem sabe o motivo). A mãe de Precious é vivida pela atriz Mo'nique, de forma demonizadora.

Ao longo da primeira parte do filme, Precious é intimidada pela diretora da escola a abandonar o local, devido à sua segunda gravidez aos 16 anos de idade: Precious recebe então o convite para entrar em uma escola alternativa, onde ela tem esperança de poder mudar a direção de sua vida, e nisso, começam os confrontos com a sua mãe, construída de forma demonizadora pela atriz Mo’nique.

O uso de cores intensas e a forma que são inseridos em determinados locais do filme se tornam poesias adaptadas para o plano cinematográfico. Nesse processo, o diretor faz uso intenso de planos fechados, numa espécie de linguagem documental.




Filmado em apenas cinco semanas, e com um orçamento, digamos, ínfimo para a realidade da indústria cinematográfica hollywoodiana, Preciosa ainda aborda, de forma ligeira, o processo de escrita como forma de expurgar suas dores e ressentimentos: na sala de aula, a adolescente Precious e suas colegas usam as experiências diárias (e passadas) para abordagem dos seus respectivos panoramas de vida.








Novo filme de Clint Eastwood usa poema britânico como inspiração

Morgan Freeman e Matt Damon apertam as mãos em cena de ''Invictus''

Escrito em 1875 por William Ernest Henley, o poema britânico "Invictuous" apresenta palavras fortes em seus versos finais: "Não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença, eu sou o dono do meu destino, eu sou o capitão da minha alma". Um século depois de escrito, o poema tornou-se o companheiro mais constante de histórico prisioneiro inocente: Nelson Mandela que, aprisionado em Robben Island cumprindo pena de trabalhos forçados, lia e relia o texto de Henley para manter a esperança e a sanidade.



"Invictus", o poema, é mencionado duas vezes em "Invictus", o novo filme dirigido por Clint Eastwood. Da primeira vez, na cena que muda todo o ritmo e a dinâmica do filme, Mandela (Morgan Freeman), já presidente da África do Sul, recita o texto para François Pienaar (Matt Damon), o capitão dos Springboks, a seleção sul africana de rugby. O ano é 1995, uma copa do mundo do rugby se aproxima, a ser disputada numa África do Sul ainda profundamente dividida ao longo das linhas raciais. Os Springboks são o próprio símbolo da supremacia branca. "Na prisão, nós fazíamos questão de torcer por quem estivesse jogando contra eles", Mandela/Freeman admite.








"O Fim da Escuridão" é historia de pai vingativo com Mel Gibson


Ao inventigar o assassinato de sua filha, policial descobre rede de corrupção que envolve políticos e armas nucleares


O Fim da Escuridão é a adaptação para o cinema da famosa série de televisão da BBC de 1985. Dirigida por Martim Campbell, a minissérie de seis episódios foi considerada um dos melhores e mais influentes programas de televisão já realizados.

Para a versão cinematográfica, foi convocado o mesmo diretor do original, Campbell, que fez sucesso recentemente com Cassino Royale, que marcou a volta de James Bond aos cinemas. Para o papel de Craven, foi convocado o ator Mel Gibson, que não protagonizava um filme desde Sinais, de 2002.

O detetive Thomas Craven (Mel Gibson) é um experiente policial da divisão de homicídios em Boston, porém será obrigado a solucionar seu caso mais difícil. Viúvo, pai da jovem Emma, de 24 anos, Craven vê sua filha ser assassinada na porta de sua casa, sem poder fazer nada por ela. Em pouco tempo, seus colegas já começam a supor que aquele tiro se destinava ao detetive. Para descobrir a verdade, Thomas decide investigar a fundo este crime, independente das consequências.



Logo o policial percebe que há muito por trás daquele assassinato do que poderiam supor. Aos poucos, ele nota que Emma estava envolvida em um perigoso universo de poderosos que têm muito a esconder. A presença de Darius, um funcionário do governo que se apressa em limpar qualquer evidência do crime, deixa claro que a jovem era mesmo o alvo daquele tiro. Agora, mais do que apenas descobrir quem matou Emma e os motivos do assassinato, Thomas Craven quer saber quem era, na verdade, a sua filha.









George Clooney faz executivo cruel em drama

O ator, em cena de 'Amor sem Escalas': forte concorrente ao Oscar

O cineasta Jason Reitman salta da adolescência, que retratou tão bem na comédia Juno, sua primeira indicação ao Oscar de direção, para a idade adulta no drama Amor sem Escalas, em cartaz no Multiplex Iguatemi e outros cinemas. O filme recebeu no último dia 17 um Globo de Ouro de melhor roteiro, adaptado por Reitman e Sheldon Turner a partir de livro de Walter Kim. Além disso, Reitman recebeu uma indicação ao prêmio do Sindicato dos Diretores da América, o que representa uma forte tendência de que será novamente indicado ao Oscar da categoria este ano. As indicações do Oscar serão divulgadas em 2 de fevereiro.
Embora tenha diversos momentos divertidos, Amor sem Escalas aborda temas polêmicos e bem contemporâneos do mundo do trabalho. George Clooney (de Queime Depois de Ler) interpreta Ryan Bingham, um executivo que não sai do avião, ganhando um bom salário e acumulando milhares de milhas fazendo um trabalho sujo e antipático - é contratado por diretores de empresas que estão realizando demissões em massa para dar a triste notícia aos ex-empregados. E, de quebra, tentar convencê-los de que perder o emprego pode ter um lado positivo.
Bingham vive tão longe do chão que perdeu quase completamente o contato com a própria sensibilidade. Já não se abala com a crueldade de seu trabalho. Aliás, também não é capaz de manter qualquer ligação emocional com ninguém, nem com sua própria família. Suas irmãs mal conseguem conversar com ele ao telefone.


Três situações forçam-no a encarar as coisas de que ele foge. As duas irmãs o procuram porque uma delas vai se casar. Ele conhece uma bela executiva, Alex (Vera Farmiga, de Os Infiltrados), que é exatamente igual a ele em tudo, por isso, torna-se fácil um envolvimento. A terceira é a chegada de uma nova executiva, jovenzinha e carreirista, que pretende revolucionar os métodos em sua própria empresa, Natalie Keener (Anna Kendrick). A moça simplesmente quer tornar o trabalho deles mais impessoal ainda, demitindo as pessoas via Internet.
Abalado pelo assédio feminino em vários níveis, Ryan sente-se fragilizado. No fundo, talvez nada do que ele pensou ou fez até agora se sustente mais. O melhor aspecto desta balançada afetiva do protagonista é que o roteiro não lhe oferece uma redenção fácil, muito menos uma jornada de autoflagelação.
Os personagens delineados no filme são bem próximos da realidade. Nesse aspecto é que a história mais se afasta dos clichês da comédia romântica. Quem for vê-lo esperando aquele final feliz açucarado vai se decepcionar. Amor sem Escalas exige um pouco mais de seu espectador, mas também entrega mais ao final da sessão.







A nova versão de 'Sherlock Holmes'

Diretor Guy Ritchie faz filme com Jude Law e Robert Downey Jr.

Aproveitando o lado marginal da personalidade do próprio ator que o interpreta, Robert Downey Jr., bem como o sucesso de sua recente participação em aventuras como Homem de Ferro, o diretor inglês Guy Ritchie (Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes) injeta sangue novo em Sherlock Holmes - baseado no personagem do detetive criado em 1887 por sir Arthur Conan Doyle.

Tratando com bastante liberdade o personagem, conhecido por sua esperteza e poder de dedução, Ritchie abre mão da maior parte de sua tradição, como os até agora inseparáveis cachimbo, chapéu de caçador e a frase "elementar, meu caro Watson" - que era sempre usada para seu habitual parceiro, o médico John Watson (Jude Law, de Um Beijo Roubado). Assim, dá força total a uma atualização da imagem de Holmes, tornando-o um personagem atlético, quase um heroi de ação sem superpoderes.

Nesta nova encarnação, Sherlock gosta de luta livre por esporte. Mesmo sendo bem-humorado, ele tem um lado sombrio. Seu quarto parece o de um feiticeiro, numa confusão de poções - que ele testa no cachorro de Watson -, bebidas, papeis e todo tipo de bugigangas, além de armas de fogo.

A fotografia de um antigo amor, Irene Adler (Rachel McAdams de Te Amarei para Sempre), está sobre uma mesa para lembrar que dentro desse peito bate um coração. Muito embora a lembrança da moça, uma vigarista que o deixou na mão, não seja das melhores.

Diferentes em quase tudo, o organizado Watson e o desordeiro Holmes unem suas forças para enfrentar magia negra. No caso, uma sociedade do mal orquestrada pelo sinistro lorde Blackwood (Mark Strong, de Rocknrolla - A Grande Roubada), responsável por uma série de assassinatos rituais e capaz de fazer quase todos acreditarem que ressuscitou após o próprio enforcamento.

Blackwood é muito eficiente para dominar pessoas influentes, como políticos e juízes, tornando-se extremamente perigoso. Sorte que a Inglaterra pode contar com dois guardiões da liberdade charmosos e eficientes como Holmes e Watson, além de uma ajudinha da malandra Irene - que volta à cena e prova muita habilidade.



No saldo geral, Guy Ritchie faz boa figura e mostra que está se reinventando também, depois da relativa decepção de seu último filme antes deste - Rocknrolla - A Grande Roubada (2008). Reinventando, mas nem tanto. Estão aqui sequências visuais de arrepiar - como uma cena numa ponte semidestruída, a centenas de metros de altura, cheia de efeitos especiais. Mas o diretor recorre também a suas habitais câmeras lentas para valorizar os detalhes das lutas e aos flashbacks acelerados, para recapitular passagens complicadas.

Enfim, é um Ritchie no seu melhor, divertido e saboroso. E com final apontando certeiro para o início de mais uma franquia, para a qual Brad Pitt já teria sido sondado para interpretar Moriarty, o eterno inimigo de Holmes.






'The Rock' provoca gargalhadas como o "Fada do Dente"

Depois de correr e distribuir muita pancadaria, astros fortões de filmes de ação costumam se voltar para comédias infantis para ganhar dinheiro. Foi assim com Arnold Schwarzenegger em Um Tira no Jardim da Infância e com Sylvester Stallone em Pare! Senão Mamãe Atira. Recentemente esse clube ganhou mais um membro, Dwayne Johnson, mais conhecido como 'The Rock'.

Depois de Treinando com o Papai, o ator aparece nas telas com O Fada do Dente, que estreia em todo o país apenas em cópias dubladas.

Nessa comédia infantil - que precisou de cinco roteiristas -, Johnson é o jogador de hóquei Derek Thompson. Veterano, sua carreira dá os últimos suspiros. Seu apelido é "o fada do dente" por conta de sua truculência, sendo capaz de derrubar os jogadores adversários com tanta força que resulta na perda de algum dente na queda.

Apesar de ter uma namorada, Carly (Ashley Judd, de Possuídos), ele é um tanto amargurado pois sabe que sua carreira está perto do fim. Também tenta, em vão, conquistar a amizade do filho adolescente dela, sem conseguir.

As coisas se complicam quando o jogador acaba com o sonho de um garotinho que almejava uma carreira como jogador de hóquei. Derek também quase conta à filha de sua namorada que a Fada do Dente não existe - o que deixa o ministério das fadas em polvorosa. Governado por Lily (a eterna Mary Poppins, Julie Andrews), o reino das fadas condena o jogador a ser um Fada do Dente de verdade por uma semana.

Em seu castigo, Derek terá não apenas de usar um figurino especial, como também terá asas, uma varinha e alguns apetrechos mágicos. Seu supervisor será Tracy (Stephen Merchant, da série The Office), um homem que sonha em ser fada dos dentes, mas como não tem asas, não pode desempenhar tal função.

A princípio, o castigo atrapalha sua vida. Ele é chamado para o trabalho - recolher um dente e deixar uma nota de dinheiro em troca - nas horas mais impróprias, no meio de um jogo ou quando está namorando Carly.



Mas como O Fada do Dente é um filme-família, Derek vai perceber que, por mais que tenha convencido crianças a abandonarem seus sonhos, eles valem a pena serem perseguidos. É a mesma lição de sempre nas produções do gênero.

Dwayne 'The Rock' Johnson, que nunca foi ator de verdade, não precisa se esforçar muito aqui. Afinal, seu personagem passa parte do tempo batendo de frente com jogadores do time adversário e o restante fazendo estripulias como fada - nada que envolva muitas habilidades dramáticas.

Nenhum comentário: