quarta-feira, 6 de julho de 2011

CINEMA NACIONAL

O filme do roubo no Banco Central de Fortaleza

O filme "Assalto ao Banco Central" é uma obra de ficção, inspirada no maior roubo a banco do século.

Envolvendo desde a preparação da quadrilha aos bastidores da investigação da polícia federal.

Em Agosto de 2005 164.7 milhões de reais foram roubados do Banco Central em Fortaleza, Ceará.

Sem dar um único tiro, sem disparar um alarme, os bandidos entraram e saíram por um túnel de 84 metros cavado sob o cofre, carregando 3 toneladas de dinheiro. Foram mais de três meses de operação. Milhares de reais foram gastos no planejamento.

Foi um dos crimes mais sofisticados e bem planejados de que já se teve notícia no Brasil.

Quem eram essas pessoas? E o que aconteceu com elas depois? São as perguntas que todo o Brasil se faz desde então. Leia a entrevista com o Diretor do filme "O assalto ao Banco Central", Marcos Paulo.

Como foi dirigir um filme? O que você trouxe para o cinema da sua grande experiência em TV e vice-versa?

Eu trouxe da televisão quase quarenta anos, trinta, quarenta anos de experiência de direção. Mesmo sendo televisão, eu não posso menosprezar esses trinta, quarenta anos. Isso me deu muita experiência em direção, embora o processo televisivo seja completamente diferente do cinema (no vídeo, aqui ele fala televisão de novo) por várias razões. Mas, talvez, a coisa mais importante que eu tenha descoberto, chega uma hora em que o filme começa a ter uma vida própria, quer dizer, você começa a filmar, e a chegada dos atores, da direção de fotografia, de todos os elementos, de todas as pessoas envolvidas, até a própria direção do filme, todos vão se modificando e o filme vai tomando um caminho, uma vida própria, como se fosse uma pessoa que fosse crescendo; ele começa como um bebê e, de repente, ele vai se tornando adulto e, daqui a pouco, ele está indo para o mundo como se fosse um filho e vai embora. Então, nesse momento, é muito importante que você não perca a rédea dele. Isso eu aprendi muito neste primeiro filme. Você tem que deixá-lo tomar vida própria como um filho, mas, ao mesmo tempo, não pode perder o controle dele. Isso foi, talvez, a grande descoberta minha fazendo cinema. É claro que eu vou levar toda a experiência que eu tive para a televisão. Talvez a grande diferença, a maior diferença, é que o filme você faz e daqui a vinte, trinta, quarenta, cinquenta, cem anos, vai ter alguém assistindo e a televisão é uma coisa mais efêmera, ela pode passar duas, três vezes, talvez lá na frente passe de novo, mas não como uma coisa inteira, sempre como um documentário, ou a ilustração de um trabalho meu, a ilustração de um momento da televisão brasileira e tal, mas sempre como um documento, não como um trabalho completo. E o filme não. O filme a gente vai embora e o ele fica.

O que o público vai encontrar quando for ao cinema assistir ao filme?
Não esperem um filme de ação, não esperem um filme de tiroteio, ou de assassinatos. Na verdade, é um suspense. Como eu falei, ele é inspirado numa história real. Mas o filme tem humor, tem amor, e um pouco de ação, evidentemente, mas é um filme mais de suspense, onde você fica querendo saber o que vai acontecer daqui a pouco. É um filme mais de tensão, na verdade, do que um filme de ação.



Como é o túnel? Como foi dirigir as cenas dentro dele?
O túnel, na verdade, é um personagem do filme, sem dúvida nenhuma. A cenografia foi muito feliz na confecção desse túnel. Ele foi feito dentro de um estúdio, tinha em torno de uns vinte e cinco metros de comprimento e era todo modulado. Então, a gente podia tirar paredes e o teto na hora em que precisasse. É claro que depois demandava um tempo para remontar. Era bem complicado, porque a gente tinha que andar agachado o tempo todo, era difícil entrar com câmera lá dentro, era um trabalho complicado. Ele foi feito numa proporção um pouquinho maior do que era o túnel original, porque se não a gente não conseguiria trabalhar, mas tentamos ser o mais fiéis possíveis ao material que tivemos acesso. Quando entramos no túnel, levamos meio que uma surra porque a gente não sabia como se mexer lá dentro, por onde que a gente entrava, como começava, mas, no segundo dia, a gente já tinha feito, digamos, uma amizade com o personagem que é o túnel. Depois a coisa fluiu, em uma semana lá dentro a gente já estava dominando ele. Saíamos todos sujos de barro, mas era ótimo!
Como foi a parceria com a Total?
Eu estava fazendo o “Se Eu Fosse Você 2”, filmando com o Daniel, eu fazia uma participação no filme dele e, um dia, eu estava filmando, e a Walkiria chegou, e eu não a conhecia. Me apresentaram a ela e a gente ficou sentado ali com o Daniel conversando e tal e a Walkíria me perguntou se eu não tinha um projeto. Disse que estava na hora de eu estrear no cinema. Respondi que tinha sim, o Assalto ao Banco Central. Ela arregalou os olhos e disse pra gente conversar. E aí a gente começou a conversar e a coisa foi tomando corpo. Eu, no início, achei que era uma conversa, mas, de repente, quando vi, a coisa já estava tomando corpo, já estava começando a existir, já estava indo. Eles apostaram muito, inclusive, a nível financeiro, se viraram e, quando eu vi, já estava montando elenco. A Antonia estava escalando o elenco, eu estava montando equipe e, de repente, um dia a Walkíria fala assim: “Começamos a filmar daqui a vinte dias.”. Eu falei: “Como?”. E, de repente, em vinte dias, a gente estava filmando. Foi um casamento perfeito e durante aquelas seis semanas que a gente ficou filmando não tivemos nenhum problema, foi tudo tranquilo. Foi um amor à primeira vista, que acabou dando num casamento, que acabou dando neste filhote aí. Tomara que a gente tenha uma prole.


TV DIVIRTA-CE

Confira o trailer do filme "O Assalto ao Banco Central"










Curtas de Glauber Rocha e Cao Guimarães, dentre outros, em debate no Cineclube desta semana

O Cineclube Vila das Artes dá continuidade, nesta quarta-feira (20), à Mostra Documentário: Desvio e descoberta. Serão exibidos, a partir das 17h, seis curtas de diferentes épocas e temáticas que refletem sobre o fazer documental.

Entre eles, estão Da janela do meu quarto (2004), vídeo em que o diretor Cao Guimarães registra de forma poética a relação entre duas crianças que interagem sob a chuva; Di Cavalcante (1977), curta de Glauber Rocha filmado durante o velório do pintor brasileiro Emiliano Di Cavalcanti; e Vista Mar (2009), produção de alunos do Curso de Realização em Audiovisual da Vila das Artes em que, a partir da força das imagens, é construído um discurso provocativo sobre o universo imobiliário de alto luxo.

A sessão será seguida de debate. A entrada é gratuita. Os interessados em receber comprovante de participação devem realizar pré-inscrição pelo e-mail estagioaudiovisualviladasartes@gmail.com. Mais informações pelo 3252-1444.

Programação
JULHO
Dia 20/07 - Vários curtas:
Da Janela do Meu Quarto, de Cao Guimarães (2004)
Man Road River, de Marcellus L. (2004)
Di Cavalcante, de Glauber Rocha ( 1977)
Ação e Dispersão, de Cezar Migliorin (2003)
Confessionário, de Leonardo Sette (2009)
Vista Mar, produzido durante o Curso de Realização em Audiovisual da Vila das Artes (2009)
Dia 27/7 - Porto da Minha Infância, de Manoel de Oliveira (2001); Person, de Marina Person (2007)

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