quarta-feira, 6 de julho de 2011

CINEMA DIGITAL - 2º FESTIVAL DE JERICOACOARA

Os vencedores do 2° Festival de Jericocoara

O
jovem cineasta cearense Arthur Leite, de 19 anos, que ganhou o Troféu Pedra Furada de melhor documentário e direção, foi o grande vencedor do 2° Festival de Jericoacoara - Cinema Digital

Chegou ao fim na terça, 21 de o 2° Festival de Jericoacoara - Cinema Digital. Após sete dias de muito cinema em um dos mais belos cenários do litoral cearense, foram conhecidos os vencedores da Mostra Competitiva de Curtas-metragens, selecionados entre 50 filmes classificados, de realizadores de 16 estados. Disputam os prêmios em diversas categorias produções como documentários, filmes de ficção, animações e filmes experimentais.

A comunidade de Jericoacoara respondeu prontamente ao convite do festival, lotando o circo onde aconteceram as exibições da Mostra Competitiva de Curtas e da Mostra de Cinema Ambiental, além de produções especialmente selecionadas. Desde quarta-feira, 15/6, o cinema independente brasileiro e grandes nomes do audiovisual nacional estão se encontrando em Jeri, com o festival mobilizando a população da paradisíaca vila, que durante o evento ganha a oportunidade de um contato diário com a magia do audiovisual.
Realizado pela Anhamum Produções e dirigido pelo cineasta, escritor e produtor cultural cearense Francis Vale, o festival tem por objetivo contribuir para dar visibilidade a novos valores da produção audiovisual, de forma descentralizada, propondo um olhar bem além dos grandes centros.

Objetivo que se vê, no festival, concretizado na prática, com a grande presença de moradores de Jericoacoara, com destaque para mães e filhos, sempre lotando as sessões de exibição. “Esta segunda edição do festival alcançou o objetivo de mostrar a diversidade do novo cinema brasileiro e as novas pessoas que estão fazendo esse cinema acontecer, nos quatro cantos do País", afirma Francis. “A relação do festival com a comunidade é outro aspecto muito importante. Para contribuir com Jericoacoara, o festival aconteceu na baixa estação, ajudando a garantir maior movimentação na cidade nesse período”, complementa.
O grande vencedor do 2° Festival de Jericocoara foi o jovem cineasta cearense Arthur Leite, de 19 anos, que ganhou o Troféu Pedra Furada de melhor documentário e direção.

Na noite de encerramento, os espectadores conferiram um filme produzido por crianças e adolescentes de Jericoacoara, ao longo do festival, na oficina de Prática de Cinema Digital. Os jovens realizadores também receberam certificados. A noite contou com apresentação do jovem músico Giuliano Eriston, outro promissor talento da região.

Como em todas as noites do evento iniciado em 15 de junho, o festival prestou homenagem a personalidades do cenário audiovisual e da cena artística e cultural em geral. Receberam o troféu Pedra Furada o cantor e compositor cearense Calé Alencar, o produtor de cinema Jackson Bantim, o ator Luiz Carlos Salatiel, a atriz mineira e moradora de Jericoacoara Lívia Matos; o secretário de Turismo e Meio Ambiente de Jijoca de Jericoacoara, Osmar Fonteles, e o representante do Conselho Comunitário de Jericoacoara, Steban Franich.

Entre os vencedores da Mostra Competitiva de Curtas, destacam-se filmes do Ceará, São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro. Também houve a entrega do prêmio CEPIMA (melhor filme dos estados do Ceará, Piauí e Maranhão) ao documentário cearense “O outro lado do Curral Velho”, de Felipe Ribeiro. O prêmio homenageia os estados integrados pela Rota das Emoções, iniciada em Jericoacoara, passando pelo Delta do Parnaíba e estendendo-se até os Lençóis Maranhenses.

“É muito interessante participar de um festival tão diverso. É importante receber esse prêmio em Jeri. Foi uma alegria imensa”, declarou o cineasta pernambucano Ionaldo Araújo, diretor de “Uma noite em 68”, produção vencedora como Melhor Filme Experimental. O filme presta homenagem ao cantor e compositor Geraldo Vandré, exibindo imagens do famoso festival de música em que, sob vaias incessantes, “Pra não dizer que não falei de flores” perdeu o primeiro lugar para “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque.

VENCEDORES DO TROFÉU PEDRA FURADA NO 2º FESTIVAL DE JERICOACOARA - CINEMA DIGITAL

MELHOR ANIMAÇÃO A MENINA DA CHUVA – ROSÁRIA MOREIRA, RJ.

MELHOR FILME EXPERIMENTAL UMA NOITE EM 68 - IONALDO ARAUJO, PE.

MELHOR DOCUMENTÁRIO MATO ALTO – PEDRA POR PEDRA - ARTHUR LEITE, CE.

MELHOR FICÇÃO
TIMING - AMIR ADMONI, SP.

MELHOR FILME DE CEARÁ, PIAUI E MARANHÃO
O OUTRO LADO DO CURRAL VELHO - FELIPE RIBEIRO, CE
MELHOR EDIÇÃO
SILÊNCIO, POR FAVOR - FELIPE MATZENBACHER, RS.

MELHOR ATOR
JUVÊNCIO DE ASSIS - FILME: O SABIÁ - CINEASTA ZECA BRITO, RS.

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
O FILHO DO VIZINHO - ALEX VIDIGAL, DF.

MELHOR TRILHA ORIGINAL
A MENINA DA CHUVA – ROSÁRIA MOREIRA, RJ.

MELHOR FOTOGRAFIA
TIC TAC - SYLVIO ROCHA, SP.

MELHOR ROTEIRO
A MENINA DA CHUVA – ROSÁRIA MOREIRA, RJ.

MELHOR DIREÇÃO
MATO ALTO – PEDRA POR PEDRA - ARTHUR LEITE, CE

MENÇÃO HONROSA
É MUITA AREIA PRO MEU CAMINHÃOZINHO - ANA GUIMARÃES, SP.

RECICLANDO FORMAS: A ARTE DE ANA CRISTINA - ELIZACABRAL E LAURITA CALDAS, PB.

CURTA SARAUS - DAVID ALVES, SP.




TV DIVIRTA-CE


Veja vídeos da cobertura de Felipe Muniz Palhano no Festival de Jericoacoara - Cinema Digital 2011



























Raiz das artes

"Circo" leva inclusão c
ultural para Jijoca

Inusitado, independente, em um lugar distante e paradisíaco do Ceará, o Festival Jericoacoara - Cinema Digital chegou a segunda edição trazendo mais uma vez inovação, inclusão cultural, promovendo o cinema cearense e destacando os novos cineastas brasileiros, mesmo sem muitos patrocinadores, mas contando com a criatividade e energia do seu diretor, Francis Vale, que também criou outros festivais de cinema, como o Curta Canoa e o Cine Ceará. O Festival começou na quarta, 15/06 com a exibição de "Espelho Nativo", do cearense Philipi Bandeira, um documentário que registra a resistência dos índios Tremembés, nativos de Jijoca, em cultivar sua história em uma civilização que sufoca os primeiros habitantes do Brasil.

Antes houve apresentação do grupo de teatro infantil Lagarta Dourada de Jericoacoara, com uma peça que contou com a participação de crianças da região, e após o filme, para surpresa de todos, os índios Tremembés, juntamente com seu cacique, mostraram alguns rituais de sua tribo.
O Festival Jericoacoara mudou de local: na primeira edição acontecia na praça da Rua Principal de Jeri, que está em reforma, numa área prestigiada por turistas, com muitos bares e restaurantes ao redor, e consequentemente com muito barulho, o que atrapalhava a exibição dos filmes.

Dessa vez o "circo do cinema" montou sua lona numa área da periferia de Jericoacoara, ao lado do Centro de Artesanato, privilegiando uma população humilde da praia de Jijoca, a maioria, jovens, adultos e crianças que nunca tiveram acesso a uma sala de exibição. Foi assim com Syliane, que mora perto do Centro de Artesanato, e levou seus três filhos para assistir os filmes do Festival. "Adorei esse festival. Todo mundo aqui só faz eventos grandes para turistas. Muito bom terem montado o circo do cinema aqui, na parte pobre de Jericoacoara. Ano passado ficava muito distante da minha casa", afirmou a dona de casa, com suas crianças de quatro, seis e sete anos. Os moradores de Jeri e os turistas que se aventuraram a encontrar o "circo" puderam assitir produções independentes dos mais diversos temas e estéticas, feitas em sua maioria por jovens realizadores.

Além de montar sua estrutura com exibição de filmes e a participação de realizadores de todo o país, que disputam prêmios em dinheiro na mostra competitiva, apresentar teatro e até índios, o Festival de Jericoacoara produz cinema cearense: um documentário do cineasta Nirton Venâncio sobre o Pessoal do Ceará começou a ser filmado em Jericoacoara, com apoio do Festival. Mesmo com a ausência do principal convidado da segunda edição do evento, o diretor brasileiro Nelson Pereira dos Santos, que por motivos de saúde e idade (ele tem 83 anos) não pôde comparecer ao Festival, a justa homenagem que prestaram a essa lenda do cinema nacional não perdeu seu brilho, com a realização do seminário Raízes do Brasil, que contou com a participação dos convidados Osmar Fonteles (da Universidade Vale do Acaraú -UVA- e secretário de turismo e meio ambiente de Jijoca), Alexandre Fleming (professor de antropologia da Universidade Federal do Ceará), Sérgio Santeiro (professor do curso de cinema da Universidade Federal Fluminense- UFF), Halder Gomes (diretor), Tuna Espinheira (roteirista) e Zeca Ferreira (diretor), além de exibição do filme homônimo, o documentário de Nelson Pereira sobre o historiador Sérgio Buarque de Hollanda dividido em dois capítulos. Outras grandes surpresas do 2° Festival de Jericoacoara foram os pré-lançamentos de filmes cearenses que ainda estão em pós-produção, como "O Gato Preto" de Clébio Viriato (cineasta de "O Auto da Camisinha" e diretor do Festival) e "O voo da beleza", de Alexandre Fleming, este último um documentário feito na França sobre as travestis brasileiras que lutam pela sobrevivência na Europa.

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