quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

POESIA

Divirta-CE recomenda:

CLÁSSICO PARA COLECIONADOR


EDITORA LANDMARK RELANÇA A ACLAMADA E MAIS PERFEITA E COMPLETA TRADUÇÃO PARA A LÍNGUA PORTUGUESA DA OBRA DE DANTE EM MAGNÍFICA EDIÇÃO BIL
ÍNGUE



A DIVINA COMÉDIA foi iniciada em 1308, mas só concluída ao final da vida de Dante. Trata-se de um poema em três partes, Inferno, Purgatório e Paraíso, que descreve a jornada de Dante para encontrar Deus, acompanhado de Virgilio (simbolizando a razão humana), até o ponto em que Beatriz (a graça divina) deve guiá-lo. Na sua viagem ele pára para conversar com todos os tipos de pessoas, tanto contemporâneas quanto figuras da Antiguidade e da mitologia. Conforme desce através dos nove círculos do Inferno até Satã, é apanhado em armadilha de gelo no centro da terra e sobe a montanha de sete andares até o Purgatório; vai sendo gradualmente purificado de seus pecados, ficando pronto para ser conduzido pela série de esferas celestiais ao Império de Deus. A Divina Comédia é uma cosmografia completa do conhecimento medieval e uma profunda recapitulação da doutrina cristã da queda e da redenção, colocada em versos de sublime e majestosa beleza, especialmente na criação de imagens. Representa o pináculo da poesia italiana.


A EDIÇÃO BILÍNGUE PORTUGUÊS / ITALIANO
A edição bilíngue relançada pela EDITORA LANDMARK conta com a apurada tradução de um importante poeta português, Vasco Graça Moura, que resgatou todas as minúcias do texto original em volume único. A EDITORA LANDMARK apresenta, dentro do mesmo segmento de publicações, que inclui as obras de grandes escritores como Charlotte Brontë, Oscar Wilde, Joseph Conrad, Jane Austen, Henry James, William Shakespeare, entre outros, a tradução definitva da obra de Dante para o português, em uma versão que respeita a construção poética da obra original do poeta italiano, além de apresentar as necessárias notas explicativas para diversas passagens da obra.


DANTE ALIGHIERI (1265-1321): Poeta, prosador, teórico literário, filósofo e pensador político italiano. Nascido em Florença, passou a primeira metade da vida naquela cidade, até que os acontecimentos políticos o obrigaram ao exílio, procurando refúgio em uma corte após outra. Os anos de Florença foram marcados por sua paixão por Beatriz Portinari, que morreu em 1290, com menos de 20 anos, e que permaneceu como fonte de inspiração e devoção cristã para o poeta até o fim da vida. Este amor trágico inspirou belos poemas líricos em "Vita Nuova" (1293). No exílio, escreveu dois tratados latinos: "Sobre a Língua do Povo" (1306), da maior relevância ao colocar o italiano como idioma literário, e "No Governo do Mundo", que apoiava o Sacro Império Romano contra as reivindicações do papa. "O Banquete" (1304-7) é um trabalho filosófico não concluído. "A Divina Comédia" foi iniciada em 1308, mas só concluída ao final da vida.

O TRADUTOR > VASCO GRAÇA MOURA: nasceu no Porto em 1942. Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1966. Com uma carreira política iniciada em 1974, é eleito deputado ao Parlamento Europeu, em 1999, vivendo, desde então, entre Lisboa e Bruxelas. É colaborador de jornais, revistas e de canais de televisão. Tem muita de suas obras traduzidas para italiano, francês, alemão, sueco e espanhol. Para lá da poesia e da prosa, é autor de numerosos ensaios, alguns deles premiados, e de excelentes traduções literárias. A sua obra iniciou-se em 1963, com o título "Modo Mudando". Entre os seus ensaios encontram-se "David Mourão-Ferreira ou A Mestria de Eros" (1978), "Camões e a Divina Proporção" (1985). Distinguindo-se publicamente como tradutor, amplamente consagrado, as suas traduções da "Vita Nuova" e da "Divina Comédia" de Dante (1995) mereceram-lhe a atribuição do Prêmio Pessoa, em 1995. Em 2000, publica "Poesia 1997-2000", seguido do romance "Meu Amor, era de Noite" (2001). Além desse último recebeu os seguintes prêmios: Prêmio de Tradução Calouste Gulbenkian, da Academia das Ciências de Lisboa, 1979; Prêmio de Poesia Cidade do Porto da Câmara Municipal do Porto, 1982; Prêmio Rodrigues Sampaio, da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, 1985; Prêmio Município de Lisboa e Prêmio Jacinto do Prado Coelho, da Associação Internacional dos Críticos Literários, 1986; Prêmio Município de Lisboa, 1988; Prêmio de Poesia do P.E.N. Club, 1994; Grande Prêmio de Tradução do P.E.N. Club, 1996; Prêmio Eça de Queirós da Câmara Municipal de Lisboa e Medalha de Honra do Conselho de Cascais, 1997; Medalha de ouro da cidade de Florença, 1998; Grande Prêmio de Poesia da APE, 1999.

A DIVINA COMÉDIA

EDIÇÃO BILÍNGUE – PORTUGUÊS/ ITALIANO

BROCHURA – 16CM X 23CM ° 894 PÁGINAS

2011 ° LITERATURA ITALIANA: POESIA

ISBN 978-85-8070-000-8 - PREÇO DE CAPA: R$ 88,00















Os "Figurantes" de Sérgio Medeiros

Rainer Maria Rilke frequentava o Jardin des Plantes, em Paris, para “aprender a ver”. Um exercício ocular, uma contemplação em câmara lenta, para habituar a vista aos aspectos que o observador comum julgava irrelevantes.

Sérgio Medeiros, com estes Figurantes, transfere a visão direta, ainda que detalhista, para um surpreender introspectivo do que “ficou sem ser visto”. Um olhar pelos interstícios, a captação do momento estático entre um fotograma e outro, o flash que intermedeia a visão real e a percepção imaginária. Ele “vê” o que só pode ser visto se abstraída a
impressão visual oftálmica em favor da visibilidade extrassensorial. Seriam “fragmentos de contemplação” que, não raro, associam sua espectralidade a um requintado poder associativo de sensações olfativas e táteis.

São figurantes ainda não escalados para os seus papéis na vida real ou que já a transcenderam e nos levam ao “pós-espetáculo” de uma realidade virtual.

São muitos, mais de cem, os “figurantes” de que trata Sérgio Medeiros neste livro de poemas. Quem são eles? Ou melhor: o que são eles? Insetos, talvez; pássaros; mendigos – ou qualquer outra coisa que se pareça com isso. Isso o quê, exatamente?

Stéphane Mallarmé dizia que na descoberta, na decifração de um símbolo poético está boa parte do prazer do leitor. Mas a frase não se resume a um jogo de esconde-esconde, aparentemente meio frívolo e “decadentista”, entre quem escreve e quem lê. Quando – para citar um exemplo famoso da estética simbolista – um leque de mulher é “traduzido” em verso e se transforma no “branco voo fechado que pousa sobre o fogo de um bracelete”, está em curso algo mais do que uma simples charada de salão.

O que se celebra é o poder da poesia para “instabilizar” as coisas – um leque é uma asa branca, uma asa fechada é um voo, um voo pode ficar pousado, mas não sobre a terra, e sim sobre o fogo, e nada que pousa, por assim dizer, fica no mesmo lugar. A forma “fechada” do verso, em seu silêncio escrito, paradoxalmente se abre num leque de sentidos, e o som das palavras, que batem como asas, sempre se ouve quando se lê.
Seja como for, pensamos sempre na metáfora como uma “aproximação” entre coisas distantes, reunidas por alguma semelhança secreta. Sérgio Medeiros faz, a meu ver, o caminho inverso: distancia, isola, separa os elementos da metáfora – de modo que cada um parece funcionar por si mesmo, em anotações de extraordinária precisão.

Sobre o centésimo nono “figurante”, por exemplo, sabemos apenas que “No nevoeiro, ele adere ao morro/ Ou se planta, repleto de espadas”.

Como já estamos no final do livro, nossa atenção encontra-se suficientemente treinada para perceber do que se trata – e de
qual “isso”/ ou de qual “aquilo”, Sérgio Medeiros está falando. Mas a respiração entre um verso e outro, o “branco” entre um poema e o seguinte, deixam cada imagem funcionar por si.

Antes de decifrar “a coisa”, imaginamos tudo o que, como um nevoeiro, seja capaz de “aderir” ao “morro” – a começar pelo próprio nevoeiro. Em outras palavras, a imagem de um nevoeiro “aderindo” ao morro já seria poética em si mesma; impõe-se sozinha à nossa consideração, à nossa fantasia. Um salto no tempo e nas circunstâncias é feito, então, e temos diante dos olhos algo que “se planta, repleto de espadas”. O leitor se confronta com uma imagem de natureza e conotações totalmente diversas, como se jogado de repente em outro fuso horário.
Como unificar as duas imagens num sentido só? Lendo e relendo Figurantes, aos poucos essa operação vai se tornando possível para nós – porque, como em toda grande poesia, intelectualismo e sedução nunca se separam realmente na obra de Sérgio Medeiros.

A metáfora mais hermética pode ser, vá lá o termo, penetrada, quando a linguagem se entrega, com a intensidade e a arte que vemos aqui, a erotizar integralmente o mundo.

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