quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

MÚSICA

A música pop e sua orgia organizada

Filosofia une integrantes de bandas alternativas brasileiras


Não é de bom tom iniciar a apresentação de grupo estalando de novo com trocadilho. Mas vá lá. Em This is an Organized Orgy os quatro integrantes organizam a orgia da música pop. E pronto. O título do disco é, assim, menos pretensioso do que este início de texto, pois cada um dos quatro é mestre no campo de atuação. Fredi Chernobyl Endres tem a guitarra da Comunidade Nin-Jitsu e produção do Bonde do Rolê no currículo. Seu par masculino no grupo é exímio guitarrista também, Rodrigo O’Reilly Brandão, do Leela, e aficionado por timbres e sonoridades. Bianca Jhordão divide guitarras com Rodrigo no Leela e é dona exclusiva do microfone. E no Brollies & Apples divide sensualidade e microfone com a escritora e filósofa Carol Teixeira.
Faça as contas. Dois casais. E são dois casais pra valer – Rodrigo & Bianca e Fredi & Carol. Agora faça as contas musicais. É a soma de todos os elementos perdidos no suíngue musical pop. Você percebe os timbres das guitarras com efeitos devidamente aplicados, enquanto os vocais passeiam pela melodia de Bianca e rouquidão sexy de Carol. O som é costurado entre a vibração do electro e a energia do rock.
A combinação começou a ser desenhada quando os casais se encontraram nos bastidores de uma premiação televisiva. Carol e Bianca ficaram amigas e no ano passado os quatro se reencontraram em Londres e perceberam que era um casamento musical que poderia ser interessante. As letras de Carol Teixeira seguem o clima dual e confessional de seus livros com misturas de referências pop e menções a escritores e pensadores. Evocam também a imagem de uma personagem feminina forte que circula por todas as letras – em alguns momentos insatisfeita, como na música She (“She can’t live in peace / Perfection isn’t perfect for her / She wants the damage she can’t find in your kiss”), em outros doce como em Lack of Ability (“Sorry for my lack of ability to hold your heart in my hands”) ou até pretensiosa, como em Not My Fault (“I’m a Hendrix’s solo / a Nietzsche’s book / a play by David Hare/ You’re just a project of something”).
A imagem dessa personagem ganha vida no vocal de Bianca Jhordão (de forma mais melódica e vigorosa) e no vocal de Carol Teixeira (com métricas e equalizações que puxam para a música eletrônica). Mas é um álbum de dois casais. E o teor feminino das letras e vocais em contraste com a visceralidade masculina das bases e instrumentais dão o tom dessa orgia organizada.










Novo clipe de Karine Alexandrino

A cantora cearense lançou videoclipe da música "Tenho Febre" - assista!






Quem é rei nunca perde a majestade

Recente pesquisa do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) apontou o ranking das dez músicas mais regravadas do Rei Roberto Carlos. “Emoções”, “Como é grande o meu amor por você” e “Sentado à beira do caminho” lideram a lista, que segue com outras obras como: “Detalhes”, “Se você pensa”, “Quero que vá tudo pro inferno” (a proibida!), “De tanto amor”, “Jesus Cristo”, “Proposta” e “Olha”.

O estudo também mostra que as músicas do Rei foram regravadas por, aproximadamente, 1000 intérpretes brasileiros, de diversos estilos, que vão desde o brega até clássico, incluindo grandes nomes do sertanejo, axé e da MPB. A análise da Gerência de Distribuição não considera as regravações internacionais.

Mesmo com todo o sucesso que o sertanejo vem fazendo e que o funk e pagode fizeram no passado, Roberto Carlos lidera o ranking dos autores com maior rendimento nos últimos 10 anos, provando que um rei nunca perde a sua majestade.


EMOÇÕES > 57
COMO E GRANDE O MEU AMOR POR VOCÊ > 43
SENTADO À BEIRA DO CAMINHO > 35
DETALHES > 34
SE VOCÊ PENSA > 29
QUERO QUE VÁ TUDO PRO INFERNO > 28
DE TANTO AMOR > 27
JESUS CRISTO > 27
PROPOSTA > 27
OLHA > 26














A sobrevida das lojas de discos e o mercado da música digital

> Em Fortaleza, a Desafinado é uma das poucas que ainda existe


Reportagem de Ana Paula Sousa e Marcus Preto publicada na Folha de S. Paulo indica que apesar da desmaterialização de músicas, filmes e livros ter atingido negativamente muitas empresas, existe uma luz no fim do túnel quando o assunto é sobrevivência das estruturas comerciais físicas em meio ao desenvolvimento da tecnologia.

“Há oito anos, se me perguntassem se ainda estaríamos vendendo CDs hoje, eu provavelmente diria que não”, disse aos jornalistas o diretor de marketing da Livraria Cultura, Fábio Herz. O mercado de locação de vídeo e DVD caiu pela metade no Brasil entre 2006 e 2009. E nos últimos cinco anos, estima-se que pelo menos 4 mil videolocadoras tenham sido fechadas.

No entanto, há quem tenha crescido nesse período, como a Livraria Cultura e a 2001 Vídeo, que teve um aumento de 10% nas locações ano passado e abriu nesta semana mais uma loja, nos Jardins. Segundo a sócia da rede, Sônia de Abreu, os consumidores ainda procuram a loja em busca de interlocução e convivência. Além disso, a indústria do entretenimento no século 21 está pautada nos nichos, e não nos hits. Essa é a tese de Chris Andersen, editor-chefe da revista de tecnologia “Wired”, em seu livro “A Cauda Longa”.

Na prática, isso pode ser notado quando o consumidor vai à loja em busca de um catálogo diferenciado. “O mercado em crise é aquele focado no best-seller”, diz Herz. Tendo isso em vista, lojas e gravadoras têm apostado em ações como relançamentos de catálogo histórico e caixas com discografia completa de artistas mais conhecidos.

Isso pode não garantir a vida eterna – a famosa Modern Sound, no Rio de Janeiro, que apostava em ações desse tipo, fechou em dezembro -, mas tem possibilitado uma sobrevida a algumas marcas.

Música no celular

A reportagem também aborda a questão do download de música e filmes e como o mercado tem buscado soluções para recuperar o público do comércio legal. Uma das principais saídas tem sido aproveitar a tecnologia dos aparelhos de telefonia celular.

A Som Livre, por exemplo, lançará em fevereiro o Escute, um site de música por assinatura no qual o consumidor paga um valor fixo por mês para baixar certo número de faixas de um vasto catálogo, nacional e internacional, negociado com grandes gravadoras e artistas independentes. O conteúdo pode ser baixado no computador, no mp3 player e também no celular.

O gerente do departamento digital da Universal Music, Danillo Ambrosano, informou que a música digital representa 30% da receita da gravadora, sendo 30% disso vindo de venda on-line e 70% da venda para celular. “O Brasil é o inverso do resto do mundo, que vende 80% on-line e 20% em telefone. Talvez porque a maior parte dos usuários que consomem música no celular seja das classes C e D, sem computador em casa”, afirmou.

A grande questão, no entanto, ainda é saber como estimular as pessoas a pagar por algo que elas podem ter de graça, já que os argumentos legais não surtiram efeito. De acordo com o professor Carlos Affonso de Sousa, da FGV, “as pesquisas mostram que as pessoas sabem que estão fazendo algo ilícito, mas não se sentem constrangidas pela lei” .

Experiências em outros países mostram que as melhores soluções são aquelas que permitem que as pessoas continuem baixando conteúdo, mas fora da “clandestinidade”. Na Europa, o site do momento é o Spotify (ainda não disponível no Brasil), que possibilita ouvir e compartilhar qualquer música, de qualquer artista, de graça e legalmente. Criado na Suécia em 2008, o Spotify já tem 10 milhões de usuários em sete países e acaba de anunciar o lançamento de um aplicativo para celulares.

A manutenção do site e o pagamento dos direitos autorais são pagos com anúncios e uma assinatura mensal que oferece serviços especiais, como o direito de carregar a música no iPod ou não visualizar anúncios na tela.

Para o professor da FGV, “ouvir música é só parte da experiência. As pessoas compartilham, remixam, criam comunidades”. Isso é o que fará o mercado crescer, desde que as pessoas tenham acesso.










O punk rock da banda Sabonetes

Grupo de Curitiba lança CD com distribuição nacional e se destaca na cena pop brasileira


O punk renasceu. Não mais em espírito, agressividade, revolta, três acordes + needles & pins, mas em espírito do it yourself. Em Curitiba. E na forma de uma banda que trafega entre Cartola e Pixies com naturalidade de quem sabe que música boa é música boa, e não apenas um invólucro ou uma roupa. São indies sem usar barba e camisa xadrez. São punks sem necessidade de atacar o sistema. São pop radiofônico sem abrir mão da qualidade e das influências, que mais uma vez vão de Cartola a Pixies.
São os Sabonetes, que lançam CD homônimo neste início de 2011 em uma parceria dos selos Cornucópia/Midas Music. Ano que nem começou direito e já tem um candidato às listas de melhores daqui uns 300 e poucos dias. Na banda, Wonder toca guitarra, Artur também empunha seis cordas mais o microfone, Alexandre tem as baquetas, e João, as quatro cordas do baixo. Mas isso é em cima do palco ou no estúdio. Na casa deles, a sala é escritório, onde um edita vídeos, outro faz contatos para show, um terceiro cuida das economias e ainda sobra espaço para outro organizar a logística de turnês, estúdio, viagens etc. Porque eles querem assim. Porque eles sabem que eles só funcionam assim. E porque eles sabem que na atual realidade da música é só assim que funciona.
O disco foi gravado pelo baiano Tomas Magno, nos estúdios Toca do Bandido, no Rio, e Máfia do Dendê, em São Paulo. Com grana do suor da banda, que entra e é reciclada na íntegra em capital de giro. E nenhum dos quatro reclama disso. “A gente é o socialismo em forma de banda”, resume Artur. Como num socialismo à risca, os outros três concordam.
E quando deixam de ser empresa, agência, editora, partido político e o disco começa a rodar, são uma usina de hits. Duvida? Aperte o play. Adianto que “Nanana” é novo rock com pegada de punk 77, “Haicai” tem frescor de boa canção brasileira, “Descontrolada” é disco punk com flerte de new wave, “Hotel” tem cheiro de balada de estrada, numa rota que segue em 11 músicas e arremate de powerpop bem composto.










O valor do patrocínio de shows no Brasil

Reportagem do jornal Valor Econômico apresentou os atuais valores de patrocínio para shows internacionais no Brasil. A comparação com os anos anteriores mostra que esse é um mercado que cresce rapidamente e em grandes proporções. Os dois principais argumentos: do lado de quem traz o artista, mais custos de logística e mão-de-obra; do lado das empresas patrocinadoras, mais interesse em associar sua linha estratégica de marketing com o mercado de entretenimento.

O grande volume de shows internacionais, já visto em 2010, deve crescer 20% neste ano, de acordo com líderes desse mercado. As cotas de patrocínio vem sofrendo reajustes pelo aumento dos custos e da demanda de empresas interessadas em investir.

Empresas consultadas pelo Valor relataram que a cota simples das apresentações no país varia de R$ 2 milhões a R$ 4 milhões, mas o patrocínio master, montante com a maior variação dos últimos cinco anos, têm girado entre R$ 10 milhões a R$ 15 milhões.

Além dos custos fixos, quem desembolsa as maiores quantias leva um pacote de iniciativas paralelas – como ações de interação do público com a marca – que se sofisticou, tem dado retorno às marcas e, por conta disso, os organizadores dos espetáculos estão valorizando mais as cotas.

No Rock in Rio 2011, por exemplo, as ações dos patrocinadores devem atingir 120 mil pessoas por dia. Há dez anos, as cotas intermediárias não passavam de 40% do valor cobrado agora. Claro, Heineken, Volkswagen, Trident e Coca-Cola pagaram R$ 7 milhões cada, o dobro do desembolsado nas cotas da edição de 2001. Outras nove cotas de apoio serão vendidas por R$ 2 milhões e há ainda o Banco do Brasil, patrocinador master, que desembolsa R$ 17 milhões.

No cálculo do Valor, cinco dos principais espetáculos internacionais de 2011 – shows de Amy Winehouse, Iron Maiden, Shakira, Justin Bieber e Rihanna -, além do Rock in Rio, exigirão patrocínios de R$ 117 milhões.












A era da segregação nos festivais

A partir da realização do primeiro Rock in Rio em 1985, o Brasil se tornou uma grande potência em festivais. Isso é fato. Desde então, festivais como Hollywood Rock, Free Jazz, Tim Festival, Skol Beats e muitos outros com a marca do patrocinador à frente do nome ou do estilo fizeram com que o país se consolidasse no circuito de festivais mundiais, e muitos artistas – grandes, médios e pequenos – querem vir ao Brasil participar dessa festa, por vários motivos. Além de ocuparmos uma situação de destaque para qualquer turista internacional, o Brasil deixou uma profunda marca na música mundial que faz com que qualquer músico do mundo queira conhecer de perto a terra do Samba, Bossa Nova e Tropicália, ou do Sepultura, CSS e do Funk Carioca.

No entanto, existe um outro fator curioso nesse interesse em estar nos line-ups dos festivais brasileiros, que é o cachê quase sempre acima da média. O verdadeiro motivo disso eu não sei, mas o Brasil se tornou famoso por pagar um cachê com valor muito acima dos outros festivais mundiais, e nos últimos anos essa conta tem sido repassada ao público da forma mais absurda e discriminatória possível, sob o curioso nome de “Pista VIP”. Esse setor, que oferece uma posição extremamente privilegiada em relação ao palco, custa em média três vezes mais que o ingresso comum – que já é absurdamente muito caro. Em certos casos esse ingresso VIP dá direito a comida e bebida “de graça”, quase sempre em setores do festival onde se quer é possível assistir ao show. Mesmo assim, o espaço está sempre lotado. Ou seja, quem está ali ocupando o espaço do verdadeiro fã é quase sempre um playboy qualquer que nem sabe quem está no palco. Está lá apenas para ver e ser visto. Há muito tempo não frequento esse tipo de festival pois sou absolutamente contra essa prática e não me sinto bem compactuando com isso tudo. O que me motivou a escrever esse texto foi constatar vários desses absurdos comuns nos festivais brasileiros em nossa última participação em um festival desse porte.

Nós do Instituto ficamos muito honrados com o convite para fazer parte do line up do festival Summer Soul. Sou grande fã do trabalho do Mayer Hawthorne e da Janelle Monae, e apesar de ser contra essa política de grandes festivais, já estava há algum tempo querendo desenvolver um repertório com base no soul brasileiro da década de 70 – que é um tanto menosprezado no Brasil, porém idolatrado por artistas e DJs no exterior. Achei que seria uma ótima oportunidade e durante um mês fiz uma pesquisa de repertório, escrevi arranjos, ensaiamos com uma banda com 12 músicos e convidei cinco artistas para participar do show: Kamau, Emicida, Céu, Thalma de Freitas e Carlos Dafé. Deu um puta trampo, mas fiquei muito satisfeito com o resultado.

Pouco antes de subir ao palco, recebi a notícia da produção que o show que estava acontecendo antes do nosso (dos queridos André Frateschi e Miranda Kassin) teria 10 minutos a mais do que constava no cronograma. Fiquei muito feliz em perceber que estavam dando mais espaço para as bandas de abertura, coisa muito rara em grandes festivais. Só que pra minha surpresa, logo no início do show do Instituto, fui informado já no palco que o nosso show teria que ser menor que o combinado, e não entendi absolutamente nada! Fui extremamente cuidadoso com o nosso repertório para que fosse possível contar com a participação de todos aqueles artistas que eu convidei para o show. Quando me passaram essa informação, entrei em pânico e fiquei completamente transtornado. A falta de noção persistiu ao longo de todo show, com a produção do festival me alertando que eu teria que sair do palco, caso contrário eles cortariam o som. O pesadelo do comportamento padrão de grandes festivais brasileiros se tornava realidade. Bom, quem me conhece sabe que esse tipo de ameaça comigo não cola. Fomos firmes emendando uma música na outra e fizemos nosso repertório completo, extrapolando apenas 2 minutos do que havia sido combinado inicialmente.

O fato é que no fim, o show foi ótimo pra todo mundo, mas pra mim, como diretor, músico e arranjador, foi um desastre. Me senti muito desrespeitado e a preocupação com esse desrespeito comprometeu (e muito) a minha performance. Não toquei direito e muito menos consegui conduzir o show da forma que eu queria. Vi todo aquele trabalho sendo tratado de forma completamente antiprofissional e fiquei muito triste. Triste não, fiquei foi muito puto! Xinguei, chutei, gritei, chorei… perdi a razão.

E como se não bastasse, no fim do show do Mayer Hawthorne eu estava a caminho do camarim quando vi um segurança carregando violentamente um amigo meu pelo pescoço por ele ter entrado sem pagar numa brecha de abertura do portão lateral. O maluco não tem R$200, é louco por música e tava na porta do festival há horas tentando entrar. É claro que o cara tava todo errado, mas eu não consigo ver algo do tipo acontecendo com um amigo meu e não intervir. Corri pro segurança mostrando minha credencial, me apresentando como músico do festival e pedindo para ele ter calma pois o cara era meu amigo. Foi quando o brutamontes me empurrou, e eu que não tenho sangue de barata o empurrei de volta. Depois de um enorme bate-boca, tive muita sorte de não ter sido seriamente agredido pois o cara chegou ao absurdo de pegar um desses cones de trânsito pra jogar em mim. O ignorante é membro da “Fonseca’s Gang”, empresa contratada para a segurança do festival. Quem tem mais de 30 anos e costumava ir em shows nos anos 80 e 90 com certeza já tremeu ao ouvir esse nome. Os caras são famosos a muitos anos por serem extremamente prepotentes e truculentos. Lamentável…

Enquanto assistia ao incrível show da Janelle Monae ficou muito claro pra mim o tamanho do absurdo que era aquela barreira de proteção dividindo a pista comum da pista VIP. A impressão que eu tive era que aquilo separava os verdadeiros fãs dos desavizados, os amantes da música do pessoal da “azaração”. Na pista VIP, pouquíssimos aplausos. Na comum, uma gritaria insana. E o mais bizarro foi adentrar à area “super ultra vip golden plus” (ou qualquer merda do gênero), onde por meros R$700 você tinha direito a comes, bebes e muita badalação. Era visível a falta de interesse dos playboys, patricinhas, gente da moda e celebridades ali presentes e o lugar mais parecia uma mistura de feira de eletrodomésticos com festa de fim de ano de empresa metida a descolada. Inacreditável!

Música é a minha vida. Fazer música seguindo meus próprios padrões de qualidade é quase uma missão pra mim. Não faço nada pela metade e quando esse tipo de absurdo acontece, fico péssimo por dias. Me faz mal de verdade. Sei que publicando esse texto, posso estar dando adeus à minha presença nesse tipo de festival, mas sinceramente, nem sei se eu quero mais fazer parte disso. Me sinto mil vezes mais satisfeito subindo ao palco do SESC, ou fazendo na raça minhas noites no Studio SP, onde sei que serei respeitado pela produção e todos na platéia estarão ali principalmente pela música. Existem vários festivais independentes no Brasil que tratam o artista e o público com muito respeito. Acho que pertenço mais a esse universo.

Ah! Teve também o show da Amy Winehouse, né? Essa sofre da “síndrome de Kurt Cobain”. O show dela me lembrou o Nirvana no Hollywood Rock, em 93. É nítido que ela não vê sentido pra todo esse alvoroço acontecendo em torno de tudo que faz, e trata a situação com descaso e muito despreparo. Pense bem: uma cantora de 27 anos de idade estourada no mundo todo. Todo o talento dela como intérprete e compositora sendo banalizado em função de problemas com drogas e álcool, recebendo mais aplauso quando dá um gole numa bebida ou coça o nariz do que quando canta. Não deve ser fácil lidar com tamanha babaquice. Pro Kurt, com certeza não foi… Mas o show não foi todo esse desastre que a mídia fez questão de enfatizar. A banda realmente não era muito expressiva, mas ela (quando cantava no microfone) cantou direitinho. A impressão que eu tive é que a grande maioria dos jornalistas já sabia o que iria publicar antes mesmo de ver o show.

*Publicado originalmente em http://danielganjaman.blogspot.com/













HARDNEJA SERTACORE

Uma banda que se define já no próprio nome não precisa de muita apresentação, certo? Errado.
Afinal, o som que a Hardneja Sertacore faz não é a simples junção de estilos musicais tão diferentes quanto o hardcore e o sertanejo. Tão ousada quanto possa parecer, a mistura dá certo: a pegada acelerada do primeiro e as letras melódicas e românticas do segundo soam como se fossem feitas uma pra outra. E esse casamento - no mínimo inusitado - é apresentado, com toda pompa, no primeiro disco homônimo da banda.
Para já começar mostrando do que se trata, a Hardneja não deixa pouco pros curiosos na proposta inesperada deles. A faixa de abertura nada mais é que “Estou Apaixonado”, sucesso no Brasil na voz da dupla João Paulo & Daniel e talvez uma daquelas músicas que todos sabem cantar o refrão secretamente. E não só esse como também outros clássicos sertanejos são apresentados nos moldes do hardcore, indo desde “Dormi na Praça”, de Bruno e Marrone, a “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó, que ganha riffs de guitarra distorcidos e arranjos diferentes da famosa versão original.
Além disso, o disco não deixa pra trás nenhuma vertente do gênero. “Pensa em Mim”, cantada originalmente por Jorge & Mateus em parceria com Lucas & Luan, é uma das faixas que representa o sertanejo universitário e se tornou o primeiro single. A música, inclusive, até ganhou clipe dirigido por Maurício Eça, que já trabalhou também com artistas como Capital Inicial, Marcelo D2, Pitty, etc.

E tem também sertanejo de raiz, com “Menino da Porteira”, de Sérgio Reis, e a “Volta da Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, representando o clássico do baião. Não faltam também nomes como Zezé di Camargo & Luciano, com “Você Vai Ver” – com vocal e backings que não deixam escapar o tom emocionado e romântico da original, mas com o toque da bateria mais pesada e tempo mais acelerado do hardcore.
Todas as novas versões são fiéis a ambos estilos musicais, mas em aspectos distintos: pra quem gosta de sertanejo, ficam as letras com súplicas de amor e declarações de saudades; pros fãs de hardcore, não falta o que há de melhor do gênero que se destaca por seus riffs fortes e guitarras distorcidas, cheios de backings e vocal gritante.
A ideia da banda surgiu em 2004, mas tomou rumo e seriedade mesmo em 2008, quando a formação atual, composta por Nigéria (vocal e guitarra), Lucas (baixo), Gabriel Rosa (guitarra) e Careca (bateria), começou a fazer sucesso na internet. E a partir daí, sem segredos: fizeram muitos shows, cresceram na cena independente e logo estavam de contrato assinado com a Universal Music. O álbum de estreia da banda foi produzido por Rick Bonadio e Paulo Anhaia e acaba de ser lançado pela Arsenal Music.
A harmonia que a Hardneja Sertacore alcança é das mais interessantes, porque a singularidade dessa mistura funciona. E bem.









Música e moda

Uma das atrações do Lounge Oi na SPFW da coleção Outono/Inverno 2011 será a comercialização dos CDs do selo Oi Música, na loja Pop Up. Um dos álbuns que merece destaque é o “A Strange Arrangement”, do americano Mayer Hawthorne, que abriu o show de Amy Winehouse em São Paulo e está causando frisson com os fãs. Cantor, produtor, multi-instrumentista e engenheiro de som foi criado em Ann Arbor, Michigan, e apesar de crescer em uma família musical (o pai é baixista e a mãe pianista e cantora), não pensava em ser cantor. A influência de Mayer é muito ampla e vai desde The Police a Smashing Pumpkins, passando por Steel Pulse, Stereolab, Public Enemy, Slum Village e, claro, os clássicos da Motown, Barry White, Curtis Mayfield e outros.








SHOWS


Skank apresenta “Multishow ao Vivo” no Ceará

Dias 4, 5 e 6 de fevereiro, em Caucaia, Fortaleza e Quixeramobim


No mês de fevereiro, o Skank desembarca no Ceará, onde apresenta o novo show da turnê "Multishow ao Vivo”, durante a 5ª edição do evento Férias no Ceará. A primeira parada acontece na cidade de Caucaia, no dia 4 de fevereiro (6ª feira). No dia seguinte (5/fev), banda se apresenta em Fortaleza. Encerrando sua passagem pelo Ceará, a banda se apresenta em Quixeramobim, no dia 6/fev (domingo). O evento tem entrada franca. No show, Samuel Rosa (voz e guitarra), Henrique Portugal (teclados), Haroldo Ferretti (bateria) e Lelo Zaneti (baixo) interpretam sucessos da carreira da banda, além do primeiro single do novo álbum, “De Repente”, fruto da parceira de Samuel Rosa e Nando Reis. O Skank também interpreta músicas do disco Estandarte (2008), como “Noites de um Verão Qualquer”, “Sutilmente” e “Ainda Gosto Dela”, que no registro do show do Mineirão contou com a participação especial da cantora Negra Li. A banda ainda garante seus grandes hits, como “Vou Deixar”, “É uma Partida de Futebol”, “Acima do Sol”, “Resposta”, “Garota Nacional”, dentre outras. O set list do novo trabalho foi escolhido com a ajuda dos fãs, através de uma enquete promovida pela banda em seu site oficial (www.skank.com.br).






Festival Blues do Nordeste apresenta nove bandas do gênero em Fortaleza

O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108) realizará o Festival Blues do Nordeste, no decorrer do mês de março.

No Festival, vão se apresentar nove bandas (com cada uma fazendo dois shows), a saber: Blues Label e Puro Malte (dias 2 e 3), De Blues em Quando (dia 4), Kazane Blues e Felipe Cazaux (dias 9 e 10), Água Ardente Blues e Allyson dos Anjos (dias 16 e 17), Marcelo Justa e Artur Menezes (dias 23 e 24).

Os shows acontecem sempre às 13 horas e às 18 horas.

Conheça a seguir a programação do evento e as sinopses sobre cada uma das nove bandas:


Blues Label
Dias 2, quarta-feira, às 13 horas, e 3, quinta-feira, às 18 horas

A banda tem um trabalho de pesquisa sobre o Blues, o que permite a excelência nas várias vertentes do estilo. Realizando além dos merecidos tributos a grandes mestres, tem desenvolvido um trabalho autoral, onde aliam inovação e tradição, abrindo-se para novas linguagens musicais, através das influências plurais de cada integrante.



Puro Malte
Dias 2, quarta-feira, às 18 horas, e 3, quinta-feira, às 13 horas

Como um bom uísque, a Puro Malte visa o deleite e a satisfação de que tiver a oportunidade de assistir a seus shows, unindo doses generosas do bom e velho blues, curtido no vácuo de válvulas, com a energia e a virilidade do rock’n’roll, seja em interpretações de clássicos, seja em composições próprias, que adicionam um tempero cearense nessa mistura contagiante.


De Blues em Quando
Dia 4, sexta-feira, às 13 horas e às 18 horas

Simplicidade e autenticidade. Esta é a tônica de um trabalho autoral, em português, que torna o gênero acessível a todos, explorando a sensibilidade e paixão, além de clássicos que fizeram do blues um estilo mundialmente conhecido.



Kazane Blues
Dias 9, quarta-feira, às 13 horas, e 10, quinta-feira, às 18 horas

Com a proposta de lançamento do EP “Ao vivo no Cariri”, o grupo Kazane Blues vem com um formato blues-rock para o Festival Blues do Nordeste. O gênero está sendo redescoberto pela juventude fortalezense.



Felipe Kazaux
Dias 9, quarta-feira, às 18 horas, e 10, quinta-feira, às 13 horas

Melódico, preciso e agressivo: essas são as melhores palavras para definir o som composto pelo jovem cantor e guitarrista paulista – um dos principais expoentes do cenário da música autoral cearense. O primeiro álbum solo de sua carreira, intitulado “Help the dog!” (2007) atraiu críticas sofisticadas por parte da mídia. Atualmente está em processo de lançamento do segundo disco – “Good days have come”.



Água Ardente Blues
Dias 16, quarta-feira, às 13 horas, e 17, quinta-feira, às 18 horas

Nas apresentações, o público vibra e aplaude, e percebe o entrosamento da banda, num espetáculo que recria uma atmosfera de alegria e entusiasmo. A Água Ardente Blues tem como influências Muddy Waters, Raul Seixas, Bessie Smith, Janis Joplin e até mesmo nuances jurássicas do rock’n’roll, como Chuck Berry e James Brown.



Allyson dos Anjos
Dias 16, quarta-feira, às 18 horas, e 17, quinta-feira, às 13 horas

Guitarrista e vocalista com diversas influências que partem do Blues Rural, e passeiam pelo jazz, country, boogie woogie e rock’n’roll. Nos shows, clássicos do blues e do jazz como: Freddie King, Billie Holiday, John Lee Hooker, Ella Fitzgerald, Muddy Waters, Chuck Berry, Elvis Presley e Jimi Hendrix. Sonoridade crua inspirada nos bluesmen do delta do rio Mississipi (EUA), além de composições autorais e muito improviso.


Marcelo Justa
Dias 23, quarta-feira, às 13 horas, e 24, quinta-feira, às 18 horas

O guitarrista cearense Marcelo Justa iniciou seus estudos de música com formação clássica, mas tendo como principais influências o jazz e o blues. Desenvolveu um trabalho autoral, mudando-se no final dos anos 1980 para o Rio de Janeiro, onde residiu por cinco anos divulgando a sua música. De volta a Fortaleza, Marcelo Justa passou a atuar profissionalmente em 1992, trabalhando em várias casas noturnas da cidade e participando de vários projetos e eventos.


Artur Menezes
Dias 23, quarta-feira, às 18 horas, e 24, quinta-feira, às 13 horas

Suas influências vão de Jimi Hendrix ao rei do baião Luiz Gonzaga, passando por Albert Collins, Albert King, B. B. King, Stevie Ray Vaughan, Buddy Guy, James Brown e Johnny Winter. Atualmente em São Paulo, após duas temporadas em Chicago, nos EUA. Tocou com músicos internacionais como: John Primer, Charlie Love and The Silky Smooth Band, Linsey Alexander, Phil Guy, Brother John, Jimmi Burns e Big Ray, entre outros.



No dia 11 de fevereiro (sexta-feira), a partir das 12 horas, o CCBN-Fortaleza apresentará shows históricos em DVD, com nomes mundialmente consagrados do Blues, como Eric Clapton, B. B. King, Johnny Winter, Gary Moore, Rory Gallagher e Muddy Walter, entre outros.











CULTO NEGRO no Teatro José de Alencar

Música afro nos dias 03, 17, 24 de FEVEREIRO no Pátio Nobre do TJA

Show que exalta a negritude da música popular brasileira, trazendo para o corpo e para a voz a energia dos nossos ancestrais.
Culto Negro – Música Afro
dia 03 - 18h
dia 17 - 18h30
dia 24 - 18h

Pátio Nobre grátis Duração: 60min
Direção musical - Gabriel Nunes
Violão – Gabriel Nunes
Bateria – percussão – Ricardo Pinheiro
Percussão – Hugo Costa
Cavaquinho – Jamerson Farias
Participação especial – Clara Galvão
Adriana de Maria










Quinta Acústica do Teatro SESC Emiliano Queiroz

Nessa quinta,dia 3/2, o projeto Quinta Acústica do Teatro SESC Emiliano Queiroz apresenta o grupo Ibadã Brasil.

O grupo Ibadã Brasil apresenta o show “Olha o Meu Emblema e Cai na Gandaia”. As manifestações populares são a matéria prima para construção dessa alegria verdadeira. O coco, a ciranda e o baião abrem a divertida brincadeira nos ritmos que alegram o espírito. E essa brincadeira chega à devoção do maracatu cearense. São cocos, xotes e cirandas que fazem do salão uma grande festa pra ninguém vai ficar parado.

Horário: 20h
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) / R$ 5,00 (meia)









Kukukaya: onde você vai pro sertão sem sair da cidade

Decoração com casas de taipa e madeira, toalhas de chita, fogão à lenha, muito forró tradicional e aquela comidinha com gosto bem regional: cuscuz, queijo coalho, feijão verde, carne do sol, purê de jerimum, entre outros quitutes. No Kukukaya, todos os finais de semana, o cliente pode viver o clima do sertão, mesmo que não tire o pé da cidade, ou achar que ciclo junino dura o ano inteiro.

Fundada há 14 anos, a casa de shows Kukukaya tem o nome inspirado na letra da música homônima de Kátia de França, já gravada por Xangai e Elba Ramalho. “Isso já determinava a qualidade da música que seria tocada”, afirma Elaine Brito cofundadora da casa. Desde então, o Kukukaya é uma empresa que se posiciona na afirmação da autenticidade da cultura local e no compromisso com as raízes nordestinas.

Confira a programação do fim de semana:

Sexta 04/02
Zé de Manu
Chapéu de Couro
Bob Araújo

Sábado 05/02
Antônio Pereira
Pé de Ouro
Bob Araújo

Serviço: Os show acontecem no Kukukaya respectivamente dia 04 e 05 a partir das 22h
Av. Pontes Vieira, 55 – Dionísio Torres
Info:85 32275661









BEACH SOUNDS

Dias 05 e 06 de fevereiro


O Beach Park oferece durante os fins de semana e feriados shows ao vivo com revelações locais da música através do Projeto Beach Sounds. Grupos de pop rock se apresentam no palco montado na areia da praia. Tudo em um clima bem descontraído. As apresentações começam ao meio-dia e a música só pára às 16h. As bandas convidadas são:

05/02 - Sábado – Pukabanda
Toca os principais hits da música pop atual e relembra os grandes clássicos da música universal. No repertório, artistas como Maroon 5, Jamie Cullum, Simply Red, James Morrison, Amy Winehouse, The Coors, Madonna, Gloria Gaynor, Lulu Santos e O Rappa.

06/02 - Domingo – Outdoor
Resgata músicas e trilhas sonoras de sucesso. Valorizando a pureza dos instrumentos, utiliza apenas percussão, baixo acústico e violões de 12 e 6 cordas, fazendo com que a sonoridade seja a mais natural possível. No repertório, Lenine, Eric Clapton, Beatles, entre outros.

* Programação sujeita a alterações.

Serviço
Local: Restaurante da Praia do Beach Park
Horário: a partir do meio-dia. Couvert: R$ 6,00 por pessoa
Mais Informações: 4012.3000)

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