segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

LIVROS - FICÇÃO

Geração Editorial traz de volta às livrarias o polêmico romance "A escolha de Sofia"

Publicado em 1979, com três milhões de exemplares vendidos inicialmente nos Estados Unidos, 47 semanas nas listas de best-sellers do The New York Times e vencedor do National Book Award de 1980, este clássico moderno relata, com perfeito domínio do tempo na narrativa e um texto denso, envolvente e cheio de suspense, o drama comovente e aterrador de Sofia Zawistowka, uma polonesa sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, que é também a história de um dos mais bárbaros crimes de todos os tempos: o Holocausto promovido pelos nazistas.

Neste que é o seu mais complexo e ambicioso romance, o autor norte-americano William Styron criou, ao longo da jornada existencial de seu alter ego, o jovem aspirante a escritor Stingo, dois dos mais poderosos e impactantes personagens literários: a própria Sofia, com seu passado trágico, e o namorado dela, Nathan, jovem judeu diabolicamente brilhante. Do confronto dessas vidas nasceu esta obra-prima da literatura contemporânea.

O romance é em parte autobiográfico, ao narrar o envolvimento de Stingo com a bela Sofia, assombrada pela terrível escolha que precisou fazer um dia e que não somente definiu o resto da sua vida, como também se tornou uma expressão idiomática: fazer uma “escolha de Sofia” significa ver-se forçado a optar entre duas alternativas igualmente insuportáveis. Em sua patética grandeza, A escolha de Sofia nos mostra uma mulher entregue a uma relação alucinante e destrutiva, impermeável a qualquer felicidade capaz de desviá-la do puro e simples aniquilamento. Para além das cercas eletrificadas e das câmaras de gás, Auschwitz continuava a fazer vítimas.

Por trás das angustiantes lembranças que atormentam Sofia, cujos mistérios são aos poucos implacavelmente revelados, o autor mergulha fundo nas raízes da loucura e da crueldade humana que ele próprio conheceu de perto.

O livro foi um sucesso instantâneo em todo o mundo, onde vendeu mais de 10 milhões de exemplares, não só por tratar de um tema polêmico e candente, mas também por sua linguagem de thriller, que torna a leitura acessível a qualquer leitor que deseje apenas desvendar o mistério, mas também um prazer intelectual para os leitores mais exigentes, que acompanham, passo a passo, uma fascinante discussão filosófica sobre a natureza do mal, a partir das ideias de Simone Weil — filósofa francesa que lutou na Guerra Civil Espanhola e na Segunda Guerra Mundial — e da pensadora judia de origem alemã Hannah Arendt.

O romance de Styron provoca polêmica também por deixar claro que o Holocausto vitimou também milhões de não judeus. A própria Sofia do título era polonesa e católica.

“A escolha de Sofia é um livro corajoso e passional... um romance filosófico sobre o assunto mais relevante do século XX”, escreveu o crítico e romancista John Gardner no The New York Times Book Review. “Uma das razões pelas quais Styron é tão bem-sucedido ao escrever A escolha de Sofia é que, como Shakespeare (a comparação não é exagerada), Styron sabe como se distanciar da parte sombria do seu material, de modo que, ao voltar para ele, este golpeia com redobrada intensidade... A escolha de Sofia é um romance de suspense da mais elevada grandeza, tanto mais de suspense pelo fato de que os segredos sinistros que vamos desenterrando um por um — revirando mentiras e terríveis males-entendidos, como uma mão procurando às apalpadelas por uma pepita de ouro no ninho de uma cascavel — podem muito bem ser segredos da História e de nossa própria natureza humana.”

A escolha de Sofia teve versão cinematográfica de grande êxito. Com roteiro, produção e direção de Alan J. Pakula, foi eleito o melhor filme de 1983 pela Associação de Críticos de Nova York e Los Angeles, ganhou o Globo de Ouro da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, e deu à atriz Meryl Streep o segundo Oscar de sua carreira.






Autora de "A casa das sete mulheres" lança novo romance

Em "Os Getka", Letícia Wierzchowski cria uma trama onde fala de tragédias e as marcas deixadas por elas

Presença constante nas listas de mais vendidos, a gaúcha Leticia Wierzchowski – autora do best seller A casa das sete mulheres – é uma das mais ativas escritoras do cenário literário brasileiro. Pouco mais de um ano depois do lançamento de Os Aparados, ela surge com um novo romance, que mistura história, tradições sociais e religiosas, tudo costurado pela memória. Narrado pelo próprio protagonista, desenvolve-se com base no olhar de um menino e da relação com a família vizinha, principalmente a filha de um casal, que veraneia na casa ao lado.

Um romance que fala das tragédias, das marcas deixadas por elas e do quanto é difícil cicatrizá-las. Essa ótica infantil confirma o caráter visceral do trabalho de Letícia. "Minha literatura é mais instintiva que cerebral", argumenta. "Não escrevo racionalmente... Mas tudo isso se equilibra, as memórias, as alegrias, o inesperado bom e o ruim - a voz infantil é mais limpa, mais auspiciosa."

OS GETKA é protagonizado por um escritor de origem polonesa, que beira os 40 anos e rememora fatos da infância presente ainda hoje na sua vida. Fechado em seu escritório, Andrzej deixa que a memória o leve até outros tempos mais felizes, quando Jan, seu pai, guiava seu Ford por entre quilômetros e quilômetros de ventosas praias desertas, até o chalé onde Andrzej e sua família dividiam os verões com Os Getka.

Lá estava Lylia, a filha mais nova de Jósef e de Danya Getka. A pequena Lylia, linda e corajosa. Lylia, um amor infantil que perseverou no tempo. Um amor que Andrzej jamais poderá esquecer, assim como não esquece aqueles antigos verões, quando a vida despontava como um caminho seguro e iluminado. Fantasia e realidade, passado e presente se conjugam e se iluminam neste belo romance de Leticia Wierzchowski.

Leticia Wierzchowski nasceu e vive em Porto Alegre, RS. Estreou na literatura com o romance O Anjo e o resto de nós, em 1998. De lá para cá lançou outros quatorze livros de ficção adulta e infantil, entre eles A casa das sete mulheres, que virou série de televisão e foi publicado em vários países. É autora também de Os Aparados, Uma ponte para Terebin e Um farol no pampa e O pintor que escrevia, ambos editados em língua espanhola, e dos infantis Semente de gente e Todas as coisas querem ser outras coisas, entre outros.









Uma História imaginada


Em seu novo livro, o aclamado romancista e biógrafo britânico Peter Ackroyd mistura ficção e fatos históricos para criar as aventuras hipotéticas do poeta John Milton no Novo Mundo

Premiado biógrafo de Oscar Wilde, T.S. Eliot, Ezra Pound, Charles Dickens, William Blake, Thomas More e Shakespeare, o inglês Peter Ackroyd, autor de A queda de Tróia, é considerado um mestre das narrativas históricas. Neste romance, o escritor propõe um novo e original desfecho para um dos principais poetas do século XVII.

John Milton era um homem polêmico, que viveu em tempos difíceis. Famoso por seus protestos durante a restauração do trono inglês a Carlos II, o poeta cego de 52 anos, secretário de Oliver Cromwell, se viu desempregado e jogado na cadeia à espera da execução. Foi durante esse período turbulento da vida que Milton escreveu a obra-prima Paraíso perdido. Mas e se, em vez de voltar sua energia criativa para a poesia, Milton tivesse seguido um caminho diferente, digamos, para a América? É essa a premissa de MILTON NA AMÉRICA.

Para evitar a prisão, John Milton foge para o Novo Mundo. No caminho, conhece um jovem que rebatiza como Goosequill. Juntos, eles alcançam a Nova Inglaterra depois de um naufrágio desastroso. Quando finalmente chegam ao assentamento de Nova Tiverton, Milton é recebido como herói entre os puritanos. Não demora muito para que o poeta organize a Nova Milton e lidere seu próprio grupo.

Seu sonho parece se concretizar, mas as ideias inicialmente liberais acabam por ser corrompidas, e se tornam tão repressoras quanto as que deixara do outro lado do oceano. John Milton pode se tornar um déspota tão cruel quanto o rei que renegara.

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