sexta-feira, 5 de julho de 2013

MÚSICA

Mick Jagger chega aos 70 com gingado intacto

Ao celebrar 70 anos nesta sexta-feira (26), Mick Jagger pode se vangloriar de requebrar ao som de "Sympathy For The Devil" com o mesmo traquejo de 1968, quando apresentou um dos hinos dos Rolling Stones pela primeira vez. O vocalista pouco mudou em 50 anos de carreira, período em que a banda vendeu mais de 200 milhões de álbuns. Para a alegria dos fãs, Jagger e os Stones não tentaram se reinventar. Nas últimas semanas, o cantor celebrou o jubileu de ouro do grupo com uma turnê, "50 & Counting", que incluiu a estreia dos veteranos no tradicional festival de Glastonbury, no fim de junho. Cerca de 100 mil pessoas foram assistir aos remelexos do senhor Jagger.

Nos dias 6 e 13 de julho, a trupe ancorou no Hyde Park, em Londres, onde havia tocado em 1969. Quarenta e quatro anos atrás, o show gratuito The Stones in the Park [os Stones no parque] teve público estimado em 500 mil pessoas. Naquela ocasião, em homenagem ao guitarrista Brian Jones (1942-1969), morto dois dias antes, Jagger leu um trecho do poema "Adonais", escrito pelo poeta inglês Percy Bysshe Shelley em tributo ao também escritor John Keats (1795-1821).

As apresentações de 2013 não tiveram entrada franca --os bilhetes custavam até £330 (R$ 1.140). Mas isso não impediu o evento de atingir sua lotação (65 mil pessoas) em três minutos de vendas. O entusiasmo chegou à crítica. Em sua resenha, o crítico Paul Sexton, da revista "Billboard", afirmou que poucas vezes a banda pareceu tão feliz no palco.

Depois dos shows, a banda ainda lançou o disco "Hyde Park Live", disponível exclusivamente para usuários do iTunes durante um mês. E Jagger disse, em entrevista à revista inglesa "NME", que gostaria de tocar lá novamente. "Foi uma ótima apresentação. Eu adorei. Acabou sendo maravilhoso, com o sol se ponto atrás do parque. Foi uma perfeita tarde londrina."

Mick Jagger, vocalista do Rolling Stones, faz 70 anos. Jagger celebrou seu aniversário há dez dias em um clube no bairro de Mayfair, em Londres, mas foi visto saindo cedo da própria festa. Nascido na cidade de Dartford, na Inglaterra, filho de um professor de educação física e de uma cabeleireira australiana, Jagger largou a London School of Economics, prestigiada faculdade britânica, para se dedicar à música. Em 2010, teve seu patrimônio estimado em £190 milhões (cerca de R$ 650 milhões) pelo jornal "The Sunday Times".

Apesar de não ter fugido na juventude à tríade rock'n'roll, drogas e álcool --e de ter sido preso em 1967 com Keith Richards, ambos sob a acusação de porte de drogas--, o músico atende em alguns círculos por "Sir Jagger". Ele recebeu o título de cavaleiro da Ordem do Império Britânico em 2003. Longe da compostura real, os chutes e pulos de Mick Jagger são tão singulares que inspiraram uma canção: "Moves Like Jagger", hit de 2011 da banda pop Maroon 5. Na letra, para impressionar uma mulher, o vocalista diz que sabe dançar como Mick Jagger.

Não é só o gingado do setentão que chama a atenção. A lista de beldades que sucumbiram aos seus gracejos é digna de nota. Lá estão a modelo Chrissie Shrimpton, a cantora Marianne Faithfull, a ativista Bianca De Macias (sua primeira mulher) e a modelo Jerry Hall, além da brasileira Luciana Gimenez. Ecumênico, Jagger também admitiu, na revista britânica "The Face", que havia tido relações homossexuais, inclusive com o músico David Bowie. Sua namorada atual é a estilista L'Wren Scott. E Jagger é pai de sete filhos, entre eles o brasileiro Lucas, com Luciana.







Nenhum de Nós inova conceito de DVD musical 

Do pop, passando pelo cinema mudo, até a psicodelia, a banda traz muitas referências no novo “Contos Acústicos de Água e Fogo”
 

O Nenhum de Nós firmou a tradição de entremear álbuns “normais”, isto é, elétricos, feitos em estúdio, com acústicos ao vivo. A resposta dos fãs sempre foi ótima, os acústicos venderam muito bem desde o primeiro, de 1994, que rendeu também um disco de ouro para a banda. Na carreira, iniciada em 1987, são dez discos de estúdio, um elétrico ao vivo, três acústicos ao vivo (dois com os respectivos DVDs), mais seis coletâneas, superando um milhão de cópias. Poucas bandas brasileiras fizeram tantos discos, com tanta regularidade. Mesmo assim, tradições podem ser quebradas. Com o lançamento de “Contos Acústicos de Água e Fogo”, a banda ao mesmo tempo quebra e mantém sua tradição, protagoniza um dos mais inventivos projetos audiovisuais já realizados no Brasil e abre novos conceitos para DVDs de música ao vivo.
 

No meio de 2012, ainda durante a bem-sucedida temporada de lançamento do álbum elétrico Contos de Água e Fogo iniciada um ano antes, Thedy Corrêa, Carlos Stein, Veco Marques, João Vicenti, Sady Homrich e seu produtor Antônio Meira começaram a pensar no próximo trabalho. Estava tudo certo, público fiel e crescente, qualidade musical inquestionável, uma carreira sólida, mas... o que fazer? Mais um acústico ao vivo no Theatro São Pedro, como os outros? Não; ainda que de forma meio difusa, em vez de novamente um show gravado, eles queriam algo diferente, uma excitação nova. A busca por essa abordagem especial para o novo acústico ao vivo, com o fundamental detalhe de ser concebida para o formato DVD, interligou um circuito que chegaria a Claudio Veríssimo, experiente e arrojado realizador de filmes publicitários e videoclipes musicais. E ele topou o desafio de afirmar com imagens a necessidade do Nenhum de Nós em renovar sua exposição, acrescentando informações inéditas. O resultado é brilhante. Um DVD de música que pode ser visto como um DVD de arte, pois convive o tempo todo com a pintura, o desenho, a fotografia e especialmente, o cinema.
“Quando o artista grava um show, a intenção é transportar quem assiste para dentro do show”, argumenta Thedy, principal letrista da banda e um dos grandes cantores do pop brasileiro. “Com Contos Acústicos de Água e Fogo queríamos levar as pessoas para outros lugares. Queríamos mexer com elas de uma forma sensorial, abrir algumas portas de sua percepção. E o Veríssimo foi muito feliz nisso, assim como Moisés Betim, que deu grande contribuição para a linguagem artística do trabalho com suas pinturas e fotos criando ambientes oníricos”. Entre outros detalhes, Betim construiu artesanalmente maquetes que, filmadas, ampliadas e manipuladas no computador, se transformam em cenários de surpreendente efeito visual. Em vários momentos do DVD a música dialoga com uma estética de cinema mudo, a partir do ancestral, básico e até psicológico preto-e-branco. Mas também existe muita cor, usada com filtros, granulações e sugestões incomuns, aqui e ali remetendo à plasticidade psicodélica dos anos 60.
Tão bom nas guitarras quanto nos violões de 6 e 12 cordas de náilon e aço, no banjo, no ukulele, na sitar e agora no gu-zheng (espécie de harpa que trouxe da viagem à China em 2011), Veco chama a atenção para outra das preocupações iniciais: evitar o padrão do videoclipe convencional, quase sempre muito fragmentado. “Queríamos uma ideia de calma, sem cortes bruscos, mostrando nossos rostos e nossos instrumentos. As pessoas gostam de ver detalhes dos instrumentos”, diz.
A integração/interação das imagens com a banda é perfeita. Em alguns momentos as imagens (bosque, lago, cidade, trem, estrada, arabescos, figuras geométricas) são projetadas no telão ao fundo e, em outros, projetadas também nos músicos. Aqui, os músicos aparecem recortados, em total fundo branco; ali, quando o cenário é uma casa de brinquedo de verdade, eles estão dentro dela em miniatura. A menção a videoclipe vem a propósito, pois embora o resultado final seja de grande unidade em todos os sentidos, as 15 “faixas” de Contos Acústicos de Água e Fogo também podem ser vistas como 15 clipes, cada um com sua personalidade. Ou seja: mais um diferencial. Nada menos que oito cameramen trabalharam nas gravações.
 

Piano e violões abrem o DVD com Último Beijo, tocada em meio a lâmpadas translúcidas comuns com efeito incomum. A canção é do álbum Contos de Água e Fogo (2011), do qual saíram outras nove: Outono Outubro, Tu Vicio, Exatamente Igual, Água e Fogo (participação de Duca Leindecker), Um Pouquinho (chacarera com ukulele e bombo legüero), Primavera no Coração, Pequena e Inicio Fim, esta fechando o DVD só com Thedy e o piano de João Vicenti, som e gostas de chuva, um corpo azulado de mulher no telão. Quatro grandes sucessos ganham arranjos novos: Vou Deixar Que Você Se Vá (de Mundo Diablo, 1996, em clima de folk irlandês), Paz e Amor (do disco homônimo, 1998), Julho de 83 (de Histórias Reais Seres Imaginários, 2001), todas presentes em outros acústicos, e Feedback (de Pequeno Universo, 2005, letra de Martha Medeiros). Além de Tu Vicio, com letra em espanhol, a porção platina do Nenhum de Nós se manifesta na balada Crimen (de Gustavo Cerati, da cultuada banda argentina Soda Stereo), com a participação de Jorginho do Trompete. E para completar tem uma inédita, Aquela Estação, country-folk como a turma gosta, marcado por acordeom, três violões e banjo, mais o ator Zé Vitor Castiel recitando parte da letra (“Então ele embarcou naquele trem, com o bolso vazio, o coração partido...”).
Sempre usando seu chapéu gaúcho, o pianista, tecladista e acordeonista João Vicenti fala das gravações: “Fizemos tudo direto, ao vivo mesmo, tocamos como nos shows, respirando juntos o tempo todo, o que não é fácil no clima de um estúdio”. O mesmo podem dizer o consistente e bem-humorado baterista Sady Homrich e o baixista  convidado Estevão Camargo, que também participa dos vocais. Com seus violões, guitarras e o olhar sempre atento e calmo, Carlão Stein parece um dos pontos-chave da consistência mais íntima do Nenhum de Nós como um grupo de companheiros.
Contos Acústicos de Água e Fogo mostra uma banda excepcionalmente afiada e afinada. Soa estranho falar em maturidade aos 27 anos de estrada, mas neste trabalho o público pode constatar isso como nunca antes. Está tudo explícito na tela à frente, em planos gerais, closes, sobreposição de imagens, trocas de instrumentos, feeling, verdade e grande competência musical. Até vale salientar que das bandas brasileiras dos anos 1980 o Nenhum de Nós é a única, ao lado dos Paralamas do Sucesso, que nunca trocou nem perdeu integrantes.
 







Cyndi Lauper completa 30 anos de carreira com reality e musical
 

Passados 30 anos da canção "Girls Just Wanna Have Fun", Cyndi Lauper, 60, quer, mas não pode apenas se divertir. Sua vida, segundo relatou, é "trabalho, trabalho, trabalho". Neste ano, a cantora se envolveu na criação de "Kinky Boots", musical da Broadway, participou de um reality show ("Fora do Comum", no ar no Brasil no canal VH1, segundas, às 22h30) e fez uma turnê comemorando as três décadas de sua carreira. No final do ano passado, publicou uma autobiografia.
Cyndi diz que muita coisa mudou em três décadas, mas suspira e, depois de alguns segundos, conclui: "Tudo mudou, mas, na realidade, está exatamente igual". Segundo ela, a energia dos anos 1980, quando chegou ao estrelato, é a mesma. Sua disposição, contudo, é hoje direcionada a projetos diferentes. Em junho, Cyndi ganhou o Tony, prêmio mais importante do teatro americano, pela composição da trilha sonora de "Kinky Boots". Ela foi a primeira mulher a vencer nessa categoria, em 67 edições da premiação. Já o reality, diz Cyndi, foi satisfatório porque lhe deu tempo para ficar com a família. "Meu filho sempre se interessou por produção de vídeo, então achamos que seria legal expô-lo ao mundo da TV."
No programa, o garoto de 15 anos aparece bebendo champanhe e dando selinho em uma moça. E dá uma bronca na mãe por xingar demais na televisão. "Mas ele viveu uma vida dupla e escondeu aspectos privados, como sua rotina jogando hockey", afirma. Desde "She's So Unusual" (1983), seu primeiro álbum, Cyndi ficou conhecida por atuar em movimentos pró-LGBT. "True Colors" (1986), canção homônima do segundo disco, virou um hino. Mas hoje ela faz questão de dizer que é também uma feminista. "Existe um estado de guerra contra as mulheres agora nos EUA e isso me incomoda muito", afirma, embora descarte agir politicamente.
Cyndi elogia a senadora americana Wendy Davis, que discursou durante mais de dez horas no parlamento do Texas, nos EUA, para tentar barrar a aprovação de uma lei que limitava o número de clínicas de aborto no Estado. "É um absurdo castrarem nossos direitos dessa maneira." A estrela diz que a solução para a opressão e o preconceito é a educação. Ela afirma viver segundo o mantra de uma das canções que compôs para o musical da Broadway: "Você muda o mundo quando muda sua mente". E cita outras frases da canção, que recomendam "aceitar os outros para se aceitar", "seguir a verdade", ou então "deixar o amor brilhar".






Charles Bradley traz de volta os bons tempos do funk, soul e R&B

Deckdisc lança “Victim of Love”, segundo álbum deste cantor e compositor americano que é revelação segunda a crítica

O cantor e compositor Charles Bradley tem chamado atenção da crítica pela sua voz poderosa e por resgatar o melhor do soul, do R&B e do funk. A Deck lança seu segundo álbum, “Victim of Love”. O disco foi produzido por Thomas Brenneck, guitarrista da banda que o acompanha, a Menahan Street Band.
Nascido em Gainesville na Florida, Charles mudou-se para Nova York ainda criança. Os dois lugares o influenciaram na sua produção musical: sua cidade natal através dos hinos que ele ouvia na igreja e em Nova York, aos 14 anos, ele foi pela primeira a um show de James Brown, sua maior inspiração e quem Charles por muitos anos interpretou.
A vida de Charles Bradley teve muitos momentos difíceis, como o assassinato de seu irmão e o fato de ter morado na rua por vários anos. Somente em 2011, aos 62 anos de idade, ele conheceu alguém que acreditasse em seu trabalho e pode, assim, lançar seu primeiro álbum, “No Time for Dreamming”. Nesse disco ele cantava o sofrimento e a dor que passou até chegar àquele momento. Em “Victim of Love” ele continua essa história, mas agora a mensagem é de esperança. Como ele mesmo diz: “É como se eu estivesse saindo da escuridão e indo para a luz”.
O novo álbum tem 11 faixas, todas assinadas por ele e Thomas, algumas com a colaboração do restante da banda. “Nós só queríamos fazer música, boa música. Música de amor, que as pessoas pudessem sentir” – diz Charles. E sentimento é o que não falta em “Victim of Love”, principalmente o amor, é claro. Forte exemplo disso são faixas como “Love Bug Blues”, “You Put the Flame on It”, “Strictly Reserved for You”, “Crying in the Chapel” e “Let Love Stand a Chance”. O disco passa também por um som mais psicodélico em “Confusion”, “Where do We Go From Here” e “Hurricane”, e tem uma faixa instrumental, “Dusty Blues”. Ele termina com um agradecimento sincero de Charles a todos que o ajudaram a superar os momentos difíceis pelos quais ele passou, na música “Through the Storm”. Charles traz de volta os bons tempos do funk, soul e R&B em grande estilo.

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