A “Fuga” de Tom Custódio da Luz
Conheçam um novo prodígio da MPB
“Vai lá, uma hora aparece algo de bom e o viço do som pode ser um par de asas para fugir com mais jeito, com peito e cor e a dor de outrora findou. Que a fuga resolva toda melodia triste em que me vou.” Falando em nome do conjunto da obra, a faixa título é tão clara como quer e pode ser: uma expressão metalinguística para o que é compor e criar para Tom Custódio da Luz. E essa necessidade de fazer refúgio na letra e música das 13 faixas de “Fuga” é o que forma o mosaico de humores intrínseco ao trabalho intuitivo de Tom, apresentado nesse disco de estreia, com lançamento pelo selo Albornoz.
É pela estrutura sem refrão, os arranjos trabalhados para dar forma à heterogeneidade das canções e o timbre despretensioso que podem formar aquilo pode ser descrito como a unidade do disco. Ainda assim, como amostra mais latente da contradição – não necessariamente algo pejorativo -, “Damien” e “Cotidiana” são exemplos vivos. A primeira tem letra em inglês, carrega uma melodia que remete ao Oasis e é acompanhada pelo trio básico da cozinha, com baixo e bateria, e da guitarra. Já a segunda tem belos metais - que complementam o som dos violinos, viola e violoncelo -, e uma melodia que em certo momento lembra uma marchinha de carnaval. Tem até um quê de Los Hermanos – que junto com tantos outros, é influência na música de Tom, que também cita Caetano Veloso, Ella Fitzgerald, Novos Baianos e Beatles. Outro exemplo da miscelânea, se ainda é preciso: “E Agora, Tião”, que abre o disco, ora é samba, ora não é mais – só ouvindo para entender -, e “Outsider” tem apenas piano, cuja linha também é seguida em “Desculpe”, esta com a adição do violoncelo. “Do Outro Lado do Morro” é o mais próximo do pop que o disco chega, mas ainda com os dois pés na MPB. Uma inusitada voz feminina – de Geni Longhini - divide os microfones em “Da Falta”, que finaliza o disco com flauta e percussão.
Sobre processo de feitura de “Fuga”, principalmente na hora gravar a voz, Tom diz que o ambiente era inclinado a virar um cenário ideal para a entrega à música. São por esses momentos que ele diz obrigado, antes de qualquer outra coisa, nos agradecimentos do disco: pelos pés descalços, caminhando pela sala de gravação enquanto interpretava as próprias canções no escuro, e por tudo que fora captado nos dias que ele, os músicos e o produtor Oliver Dezidério, também responsável pelos arranjos do disco, passaram no estúdio até o lançamento do produto final - Tom não via a hora de ver tudo pronto.
Afinal, nem que seja para digerir alguma vivência, outras vezes para simplesmente tirá-la para fora do peito, é compondo que para ele há uma eficiência que não existe em nenhuma outra maneira de expressão. “Eu preciso dizer e a música me imbui de certa eloquência afetiva que me permite fazer isso com muito mais riqueza” diz Tom. “É uma relação irresistível.”
Conheçam um novo prodígio da MPB
“Vai lá, uma hora aparece algo de bom e o viço do som pode ser um par de asas para fugir com mais jeito, com peito e cor e a dor de outrora findou. Que a fuga resolva toda melodia triste em que me vou.” Falando em nome do conjunto da obra, a faixa título é tão clara como quer e pode ser: uma expressão metalinguística para o que é compor e criar para Tom Custódio da Luz. E essa necessidade de fazer refúgio na letra e música das 13 faixas de “Fuga” é o que forma o mosaico de humores intrínseco ao trabalho intuitivo de Tom, apresentado nesse disco de estreia, com lançamento pelo selo Albornoz.
É pela estrutura sem refrão, os arranjos trabalhados para dar forma à heterogeneidade das canções e o timbre despretensioso que podem formar aquilo pode ser descrito como a unidade do disco. Ainda assim, como amostra mais latente da contradição – não necessariamente algo pejorativo -, “Damien” e “Cotidiana” são exemplos vivos. A primeira tem letra em inglês, carrega uma melodia que remete ao Oasis e é acompanhada pelo trio básico da cozinha, com baixo e bateria, e da guitarra. Já a segunda tem belos metais - que complementam o som dos violinos, viola e violoncelo -, e uma melodia que em certo momento lembra uma marchinha de carnaval. Tem até um quê de Los Hermanos – que junto com tantos outros, é influência na música de Tom, que também cita Caetano Veloso, Ella Fitzgerald, Novos Baianos e Beatles. Outro exemplo da miscelânea, se ainda é preciso: “E Agora, Tião”, que abre o disco, ora é samba, ora não é mais – só ouvindo para entender -, e “Outsider” tem apenas piano, cuja linha também é seguida em “Desculpe”, esta com a adição do violoncelo. “Do Outro Lado do Morro” é o mais próximo do pop que o disco chega, mas ainda com os dois pés na MPB. Uma inusitada voz feminina – de Geni Longhini - divide os microfones em “Da Falta”, que finaliza o disco com flauta e percussão.
Sobre processo de feitura de “Fuga”, principalmente na hora gravar a voz, Tom diz que o ambiente era inclinado a virar um cenário ideal para a entrega à música. São por esses momentos que ele diz obrigado, antes de qualquer outra coisa, nos agradecimentos do disco: pelos pés descalços, caminhando pela sala de gravação enquanto interpretava as próprias canções no escuro, e por tudo que fora captado nos dias que ele, os músicos e o produtor Oliver Dezidério, também responsável pelos arranjos do disco, passaram no estúdio até o lançamento do produto final - Tom não via a hora de ver tudo pronto.
Afinal, nem que seja para digerir alguma vivência, outras vezes para simplesmente tirá-la para fora do peito, é compondo que para ele há uma eficiência que não existe em nenhuma outra maneira de expressão. “Eu preciso dizer e a música me imbui de certa eloquência afetiva que me permite fazer isso com muito mais riqueza” diz Tom. “É uma relação irresistível.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário