quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

CINEMA NACIONAL


Comédia "Agamenon" brinca com fatos históricos

Pedro Bial (foto) tem o programa "Profissão Bial" no filme sobre Agamenon, um jornalista atrapalhado


Dois integrantes do Casseta & Planeta, Marcelo Madureira e Hubert, idealizaram um longa e chamaram Marcelo Adnet, humorista da MTV, para contracenar com eles. O resultado é uma comédia escrachada, pontuada por piadas de cunho sexual e chistes com fatos políticos.

O deboche de "As Aventuras de Agamenon, o Repórter" usa uma fórmula que os comediantes conhecem bem. O filme tira partido de fatos históricos para satirizar o jornalismo documental. É apresentado com entrevistas que simulam uma reconstituição biográfica.

A ficção refaz a trajetória de Agamenon, um personagem que foi criado há 23 anos por Madureira e Hubert para assinar uma coluna do jornal carioca "O Globo".

"É uma coisa nossa, trabalhar em cima de fatos históricos, brincar com a realidade", diz Madureira. "A gente mistura cenas gravadas, cenários que reconstituem ambientes históricos e gravações de arquivo", diz Hubert.

Assim, o espectador vai ver o protagonista em uma orgia com Eva Braun cercada por nazistas; para se salvar do naufrágio do Titanic, o repórter se agarra ao pênis de Leonardo DiCaprio; e, numa conversa com Bin Laden, pergunta quem seria a cantora lésbica preferida do terrorista.

"A gente optou por não cair no alegórico, não queria ser 'trash' demais", diz o diretor Victor Lopes.

Para reforçar essa tentativa, o filme traz depoimentos (todos fictícios) de Caetano Veloso, Fernando Henrique Cardoso, Jô Soares, Paulo Coelho e outros nomes que já foram citados, ou "sacaneados", como lembra Hubert, pela coluna de Agamenon.

O colunista da Folha Ruy Castro (que já escreveu biografias de Garrincha e Nelson Rodrigues) interpreta o biógrafo não autorizado de Agamenon. Fernanda Montenegro faz a narração. Pedro Bial aparece como repórter. E Luana Piovani encarna um par romântico do protagonista.



Hubert conta que Paulo César Pereio também faria uma participação especial, mas faltou à gravação. "Isso pode acontecer quando se contrata alguém sem caráter", explicou-se Pereio, por telefone, quando cobrado pela ausência, como conta Hubert.

As filmagens foram realizadas em oito semanas, no Rio, no início de 2011.

Com orçamento de R$ 6 milhões, sendo R$ 4,5 mi de leis de incentivo fiscal, o filme vai ocupar 250 salas do país.







Cinema nacional aposta na continuação de blockbusters


Bruno Mazzeo em cena de "Cilada.com", que estreou em 2011 e vai ganhar sequência

Típica da indústria hollywoodiana, a prática de continuações de blockbusters contaminou, enfim, o cinema brasileiro. Pelo menos oito produções nacionais engatilham sequências a partir de 2012. Em breve, numa tela perto de você, estarão em cartaz as comédias "De Pernas pro Ar 2", "A Casa da Mãe Joana 2", "Muita Calma Nessa Hora 2", "Cilada de Férias" --continuação para "Cilada.com"--, além do espírita "Nosso Lar 2" e da ação "Assalto ao Banco Central 2". A franquia "Se Eu Fosse Você", que fez 6 milhões de espectadores para sua versão 2.0, de 2009, dará origem a dois novos filmes.
No período pós-Retomada, como se convencionou chamar a produção nacional de 1995 para cá, o longa de Daniel Filho só perde em público para "Tropa de Elite 2" (2010), que levou 11 milhões de pessoas ao cinema. O fato de os dois filmes brasileiros mais vistos nos últimos 16 anos serem continuações fez com que a indústria local se desse conta do potencial escondido aí. Segundo o Filme B, portal de análise do mercado cinematográfico, o Brasil fecha 2011 com um público 4% maior que o de 2010, o que representa 140 milhões de ingressos vendidos. Sete filmes ultrapassaram a faixa de 1 milhão de público --três deles terão sequências.
"Filmes populares têm encontrado seu público, e a abertura de shoppings e salas de cinema em áreas de classe C provocam, sem dúvida, um aquecimento importante no consumo", afirma Mariza Leão, produtora de "De Pernas pro Ar 2". O momento também indica uma profissionalização crescente do setor. "Esse boom é um sintoma de que o cinema brasileiro está finalmente deixando de ser apenas um 'cinema de diretor' para se tornar também um 'cinema de produtor', em que o filme é pensado como produto", afirma Sérgio Sá Leitão, presidente da RioFilme. A empresa pública é coprodutora e codistribuidora de "De Pernas Pro Ar 2", "Muita Calma Nessa Hora 2" e "Cilada de Férias". Segundo Leitão, a injeção de verbas em um tipo de filme claramente comercial tem um objetivo: gerar lucro.
Uma franquia nasce, invariavelmente, de um sucesso prévio, o que reduz riscos e potencializa o retorno financeiro da produção seguinte. "Quando você faz um filme, o mais difícil é emplacar uma marca. Nada mais natural que criar outra história em cima dela", aposta Leão. "A vantagem é que você pode ter uma dimensão mais precisa do tamanho do lançamento e da previsão de retorno", afirma Abrão Scherer, da distribuidora Imagem Filmes, responsável por "A Casa da Mãe Joana 2".

Para o diretor José Alvarenga Jr., que vendeu 5 milhões de ingressos com dois longas inspirados na série de TV "Os Normais", insistir numa história com os mesmos personagens também é válido do ponto de vista criativo. "É uma oportunidade de abordar outras possibilidades narrativas", diz. Para Paulo Sérgio Almeida, diretor do Filme B, a opção requer cuidados. "Pra merecer uma continuação, um filme tem que ter algo que o justifique, um elemento novo. É mais fácil apostar no conhecido, mas tem que mudar algo, senão não haverá nada para cativar o público."

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