FILME INTELIGENTE COM TEMA ATUAL E ROTEIRO CRIATIVO
"Bem Vindos ao Meu Mundo" é mais uma opção de ótimo longa metragem que não chegou aos cinemas, contando com bons atores e uma história leve e ao mesmo tempo complicada, a produção americana faz uma crítica aos reality shows com pitadas de humor negro
Em tempos de realities shows e redes
sociais, a procura de anônimos pela fama ou reconhecimento midiático
esta cada vez mais desenfreada. Alice Klieg (Kristen Wiig), personagem central do filme "Bem Vindos ao Meu Mundo", lançamernto da Universal nas melhores locadoras e lojas, não é uma
mulher sintonizada nesses meios, mas a ideia de ser flagrada por uma
câmera e ter a sua face transmitida lhe é sedutora, especialmente quando
ganha 87 milhões de dólares ao acertar todos os números da loteria.
Alice é vidrada no programa da Oprah
Winfrey, revendo vários episódios incessantemente através das gravações
que fez em fitas de vídeo. É nele que Alice se inspira ao dar ao magnata
de um canal em frangalhos Rich Ruskin (James Marsden) um cheque de 15
milhões de dólares, quantia que viabilizará uma temporada de um programa
todo seu, chamado “Welcome to Me”.
Através das consultas com o doutor Daryl
Moffet (Tim Robbins), sabemos que Alice sofre de transtorno de
personalidade Borderline e ter um programa em que ela é a única atração
ocasionará uma série de imprevisibilidades. A primeira é o protesto de
alguns profissionais por trás do programa, como Deb (Jennifer Jason
Leigh). O segundo é o sucesso inesperado de “Welcome to Me”,
transformando Alice em um verdadeiro fenômeno. Por fim, há os danos na
relação de Alice com algumas pessoas que a acompanham há muito, como a
sua melhor amiga Gina (a excelente Linda Cardellini).
Filme com um roteiro complicado de
ganhar vida, “Bem-vindos ao Meu Mundo” precisou dos esforços de sua
protagonista Kristen Wiig, que trouxe o diretor Adam McKay e o ator Will
Ferrell a bordo como produtores. Por ser uma mulher instável, Alice
dita os rumos de suas ações no último segundo. Por isso, talvez a
diretora Shira Piven não consiga extrair da encenação do programa
“Welcome to Me” algo além da estranheza (a castração de cachorros é um
dos poucos momentos cômicos que realmente funcionam) e da oportunidade
para a protagonista exibir todos os seus ressentimentos.
De qualquer modo, não se pode acusar
“Bem-vindos ao Meu Mundo” de não ser uma produção independente cercada
de autenticidade, especialmente pela preocupação acertada em investigar
Alice ao invés de insistir do discurso cansado sobre as intenções nem
sempre nobres por trás daquilo que é televisionado. Com o tempo, Alice
reconhece a sua vilania em uma narrativa em que se insere como vítima,
uma constatação que vem em um terceiro de certo modo enternecedor.
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