quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

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FILME INTELIGENTE COM TEMA ATUAL E ROTEIRO CRIATIVO

"Bem Vindos ao Meu Mundo" é mais uma opção de ótimo longa metragem que não chegou aos cinemas, contando com bons atores e uma história leve e ao mesmo tempo complicada, a produção americana faz uma crítica aos reality shows com pitadas de humor negro

Em tempos de realities shows e redes sociais, a procura de anônimos pela fama ou reconhecimento midiático esta cada vez mais desenfreada. Alice Klieg (Kristen Wiig), personagem central do filme "Bem Vindos ao Meu Mundo", lançamernto da Universal nas melhores locadoras e lojas, não é uma mulher sintonizada nesses meios, mas a ideia de ser flagrada por uma câmera e ter a sua face transmitida lhe é sedutora, especialmente quando ganha 87 milhões de dólares ao acertar todos os números da loteria.
Alice é vidrada no programa da Oprah Winfrey, revendo vários episódios incessantemente através das gravações que fez em fitas de vídeo. É nele que Alice se inspira ao dar ao magnata de um canal em frangalhos Rich Ruskin (James Marsden) um cheque de 15 milhões de dólares, quantia que viabilizará uma temporada de um programa todo seu, chamado “Welcome to Me”.
Através das consultas com o doutor Daryl Moffet (Tim Robbins), sabemos que Alice sofre de transtorno de personalidade Borderline e ter um programa em que ela é a única atração ocasionará uma série de imprevisibilidades. A primeira é o protesto de alguns profissionais por trás do programa, como Deb (Jennifer Jason Leigh). O segundo é o sucesso inesperado de “Welcome to Me”, transformando Alice em um verdadeiro fenômeno. Por fim, há os danos na relação de Alice com algumas pessoas que a acompanham há muito, como a sua melhor amiga Gina (a excelente Linda Cardellini).
Filme com um roteiro complicado de ganhar vida, “Bem-vindos ao Meu Mundo” precisou dos esforços de sua protagonista Kristen Wiig, que trouxe o diretor Adam McKay e o ator Will Ferrell a bordo como produtores. Por ser uma mulher instável, Alice dita os rumos de suas ações no último segundo. Por isso, talvez a diretora Shira Piven não consiga extrair da encenação do programa “Welcome to Me” algo além da estranheza (a castração de cachorros é um dos poucos momentos cômicos que realmente funcionam) e da oportunidade para a protagonista exibir todos os seus ressentimentos.
De qualquer modo, não se pode acusar “Bem-vindos ao Meu Mundo” de não ser uma produção independente cercada de autenticidade, especialmente pela preocupação acertada em investigar Alice ao invés de insistir do discurso cansado sobre as intenções nem sempre nobres por trás daquilo que é televisionado. Com o tempo, Alice reconhece a sua vilania em uma narrativa em que se insere como vítima, uma constatação que vem em um terceiro de certo modo enternecedor.

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