quarta-feira, 15 de setembro de 2010

LIVROS - NÃO FICÇÃO

Umberto Eco e “A Memória Vegetal”

Em lançamento da Editora Record, escritor retoma discussão sobre a alegria da leitura


“Como é belo um livro, que foi pensado para ser tomado nas mãos, até na cama, até num barco, até onde não existam tomadas elétricas, até onde e quando qualquer bateria se descarregou. Suporta marcadores e cantos dobrados, e pode ser derrubado no chão ou abandonado sobre peito ou joelhos quando caímos no sono”. Essa declaração de amor é a síntese de A Memória vegetal, de Umberto Eco — um dos mais importantes intelectuais da atualidade. Com sutileza, humor e habilidade, Eco reúne reflexões sobre o antigo e fascinante mundo dos livros, a bibliofilia, a memória e a alegria da leitura.
Neste volume refinado e elegante, Eco traça um elogio às bibliotecas e aos livros, desde os papiros até os dias atuais, e desmistifica a noção de que é preciso muito dinheiro para ser um colecionador. Lista, ainda, os inimigos dos livros, os agentes de uma morte prematura: brocas, cupins e o mais assustador, a ignorância do próprio homem. Afirma que IPads e Kindles são apenas uma evolução — as páginas podem não ser mais de papel, mas o livro permanecerá o que é. Revê algumas obras, conta histórias, redefine critérios de valor, leva-nos ao mundo mágico das letras impressas.

Da memória orgânica, registrada e organizada pelo nosso cérebro, até o aparecimento da escrita, ele acompanha as mudanças na apreensão, e compreensão, do conhecimento. Os livros são os nossos anciãos, nossa memória vegetal. A memória histórica escondida entre parágrafos é a nossa própria memória, nossa capacidade de refletir. Um seguro de vida, uma pequena antecipação da imortalidade. Diante do livro, procuramos, mais que decifrar, interpretar. É através da memória vegetal do livro que podemos recordar não apenas nossas brincadeiras de infância, mas também as de Proust.
Paixões, desejos, sofrimento, alegria, tudo pode nascer da leitura. A leitura se torna um diálogo com alguém que não está diante de nós. Um diálogo que a qualquer momento evoca lembranças e conhecimento, emoções e experiências, de outra forma perdidos. É isso que Eco, com a leveza de quem tem uma cultura sem fronteiras, resgata do esquecimento em A Memória vegetal.
Umberto Eco nasceu em Alexandria, Itália, em 1932. É semiólogo, professor, escritor. Entre suas obras ensaísticas destacam-se: Kant e o ornitorrinco (1997), Sobre a literatura (2002). Entre suas coletâneas, ressaltam-se: Diário mínimo (1963), O segundo diário mínimo (1990). Em 1980 estreou na ficção com O nome da rosa (Prêmio Strega 1981), seguido por O pêndulo de Foucault (1988); A ilha do dia anterior (1994); Baudolino (2000) e A misteriosa chama da rainha Loana (2004). Também é autor de História da beleza (2004), História da feiura (2007) e Não contem com o fim do livro (2010).






Heróis ou vilões?

Grandes personalidades da história


Livro analisa semelhanças e diferenças entre famosos

Qual a semelhança entre Al Capone, Pelé, Napoleão, Marilyn Monroe e Jesse James? Embora por motivos bastante distintos, todos eles entraram para a história e agora ganham destaque - ao lado de muitos outros nomes - em Heróis, Vilões & Trapaceiros, livro de Rupert Matthews e John Birdsall que acaba de ser lançado pela Editora Larousse do Brasil.
Conforme afirma Rupert Matthews, “Não são só os ricos e poderosos que forjam o mundo moderno – apesar de serem numerosos. Muitos lideram pelo exemplo, servindo de modelo ou inspirando a revolta. Alguns desses personagens tão influentes são heróis, outros vilões e não poucos trapaceiros. Uns poucos conseguiram combinar essas três facetas em si mesmos” e foram estes os personagens selecionados pelo autor para compor as 255 páginas de “Heróis, Vilões & Trapaceiros”.
Frank Abagnale fez muito mais do que inspirar o livro, e filme homônimo, Prenda-me se for capaz, ele foi tão eficiente em suas fraudes que depois de cumprir sua pena virou orientador de mestres na academia do FBI. Já Giacomo Casanova deixou seu nome marcado na história por a suas conquistas amorosas, Chacal por seus crimes e Madre Teresa por sua bondade. Vincent Van Gogh ficou imortalizado através de sua obra, Michael Phelps superou todos os esportistas ao ganhar oito medalhas de ouro em uma só olimpíada e o que dizer de Thomas Edison cujas invenções revolucionaram a vida do homem?
Estas são apenas algumas das personalidades que o leitor encontrará em Heróis, Vilões & Trapaceiros, que reúne dezenas de criminosos, empreendedores, militares, políticos, cientistas, esportistas e artistas - os homens e mulheres - que através de suas ideias e ações transformaram a história da humanidade.








A vida oculta de Osama Bin Laden


Esposa e fillho falam sobre a convivência com o terrorista mais procurado do mundo em novo livro da Editora BestSeller

A consagrada escritora de romances históricos Jean Sasson uniu-se à primeira esposa e ao quarto filho do terrorista mais procurado do mundo para contar a história oculta sobre a família e a vida de Osama bin Laden antes dos atentados de 11 de Setembro. "Sob a sombra do terror", lançamento da Editora Best Seller, narra o isolamento opressivo vivido por Najwa após se casar com Osama e retrata a perturbadora infância do filho escolhido para continuar o legado da al Quaeda. O livro descreve como Omar conseguiu libertar-se de seu destino, e o preço que pagou por isso. Sob a sombra do terror não é apenas uma história sobre terrorismo, é uma obra emocionante e intimista, que lida com os conflitos familiares da mulher e do filho do homem mais procurado do mundo.

"Durante aqueles anos de perda e tristeza, precisei me reconciliar com a verdade sobre meu pai, Osama bin Laden. Agora sei que, desde o momento inicial da primeira batalha contra os soviéticos no Afeganistão, meu pai tem matado outros humanos. Ele chegou a admitir isso para mim quando eu era seu soldado no Afeganistão. Muitas vezes, pergunto-me se, por ter matado tantas vezes, o ato de matar não traga nem prazer nem dor ao meu pai. Não sou nada parecido com meu pai. Enquanto ele reza pela guerra, eu rezo pela paz."

Osama bin Laden é o terrorista mais procurado de todos os tempos. No entanto, pouco se sabe sobre sua história pessoal. Pela primeira vez, uma das mulheres de Osama, a primeira esposa Najwa bin Laden, e o quarto filho do casal, Omar, quebram o silêncio para expor a vida privada do inimigo público da nação mais poderosa do mundo.

Aos 15 anos, Najwa Ghanem deixou a Síria para se casar com o tímido Osama, seu amigo e primo de primeiro grau. O jovem casal mudou-se para a Arábia Saudita, onde nasceram os primeiros dos 11 filhos que viriam a ter. Mas os sonhos de Najwa de uma vida tranquila, uma casa bonita e uma família feliz foram aos poucos dilacerados pelo crescente fanatismo religioso do marido, que exigia que a família vivesse sem qualquer conveniência moderna, como luz elétrica e medicamentos.

Omar relata uma infância conturbada, em que se via proibido de brincar com outras crianças e repreendido sempre que sorria ou solicitava o afeto do pai. Na adolescência, foi escolhido para assumir o legado de Osama e segui-lo pelas montanhas inóspitas do Afeganistão. Durante essa experiência, Omar se viu dividido entre o amor pelo pai e a aversão à guerra. Até que finalmente teve coragem para mudar seu destino e construir uma vida longe da Al-Qaeda.

Escrito por Jean Sasson, autora do best seller Mayada, entre outros, Sob a sombra do terror é o único livro redigido a partir de depoimentos de membros da família de Osama. O resultado é um relato comovente e extremamente corajoso sobre a vida com o homem mais procurado pelas Forças Armadas americanas.

JEAN SASSON, autora de Princesa, best seller do New York Times, entre outros, morou no Oriente Médio por 12 anos e viajou extensivamente pela área durante trinta anos. Atualmente, vive no sul dos Estados Unidos. www.jeansasson.com

NAJWA BIN LADEN é a primeira esposa de Osama bin Laden e mãe de 11 filhos dele. Atualmente, Najwa vive com três filhos no Oriente Médio.

OMAR BIN LADEN, quarto filho de Osama bin Laden, pediu publicamente para que o pai "mudasse seu caminho". Omar e a mãe deixaram o Afeganistão antes do 11 de Setembro. Desde então, nenhum dos dois voltou a entrar em contato com Osama.





“O último trem de Hiroshima” retrata os horrores da bomba atômica


Lançamento da Editora leya revive o ataque que Pôs fim à 2ª GRANDE Guerra e mudou a história mundial

“O último trem de Hiroshima”, de Charles Pellegrino, chega às livrarias, editado pela LeYa. Os acontecimentos de agosto de 1945, quando as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki foram atingidas por bombas atômicas, em ofensiva ordenada pelos Estados Unidos, são minuciosamente revisitados, assim como os dias subsequentes.

A narrativa de Pellegrino combina depoimentos, documentos oficiais e técnicas modernas de arqueologia e reconstrói toda a atmosfera em torno dos acontecimentos. Contextualiza politicamente as ações, revelando em detalhes as estratégias militares utilizadas. A partir da memória dos sobreviventes, narra com o cenário aterrador vivido pelas vítimas das bombas atômicas.

As histórias são, como não poderia deixar de ser, comoventes. Entre elas está a do grupo de 30 pessoas que tentou escapar de Hiroshima e chegou à Nagasaki de trem (citado no título), a tempo de presenciar a segunda explosão. Neste grupo esteve Tsutomu Yamaguchi (que morreu em janeiro, aos 93 anos) tido como a única pessoa que sobreviveu a duas bombas atômicas.

Charles Pellegrino não poupa detalhes para descrever as consequências de uma arma capaz de produzir uma temperatura mais alta que a do núcleo solar. Entre a desintegração imediata e a sobrevivência precária, carregada de sequelas de envenenamento, o autor dá voz aos habitantes que viveram o maior ataque com vítimas civis até aquele momento. Não há como determinar um número preciso, mas há consenso que cerca de cem mil pessoas morreram devido às explosões – que até então só haviam sido testadas em locais desabitados. Experiente escritor e também cientista, Pellegrino enriquece seu relato com dados arqueológicos - alguns inéditos –, que aproximam o leitor ainda mais do terrível cenário em que se transformaram as duas cidades.

“O último trem de Hiroshima” cumpre o doloroso e necessário papel de manter viva a lembrança do horror, na tentativa de evitar que ele se repita. Em um mundo dominado pelo fascínio audiovisual, em que as tragédias são transmitidas ao vivo, esse vigoroso relato é também um manifesto antibelicista e um alerta sobre os perigos das armas atômicas.

Ficha Técnica
Título: O último trem de Hiroshima
Autor: Charles Pellegrino
Nº de páginas: 432
Preço: R$ 39,90





Livro dos Mortos do Rock

Obra da Editora Aleph traz um relato surpreendente e revelador da vida e da morte das sete lendas do rock


Conhecidos como ícones culturais e lendas do rock'n'roll, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Elvis Presley, John Lennon, Kurt Cobain e Jerry Garcia têm mais em comum do que se possa imaginar. Cheios de atitude e genialidade quando o assunto é música, eles também eram figuras problemáticas e autodestrutivas. O Livro dos Mortos do Rock, de David Comfort, desconstrói esses mitos ao revelar particularidades e detalhes da vida de cada um, especialmente no período que antecedeu sua morte.
Da infância solitária, arruinada por perdas irreparáveis, às músicas e atitudes que falavam de amor e revolução, essas lendas encontraram um fim precoce, trágico e coberto de mistérios e especulações. Com a exceção de Lennon, todos tentaram o suicídio ou ameaçaram cometê-lo. Quatro morreram aos 27 anos – vale lembrar que 2010 marca 40 anos da morte de Jimi Hendrix (18 de setembro) e Janis Joplin (4 de outubro), e 30 anos do assassinato de John Lennon (8 de dezembro).
Os capítulos foram organizados em ordem cronológica, seguindo a sequência de suas mortes, ocorridas ao longo daquela que foi a era de ouro do rock. Diferente de outros livros que se concentram pontualmente em minúcias biográficas, O Livro dos Mortos do Rock é o primeiro estudo sobre o lado sombrio desses músicos. Com uma linguagem leve e muitas vezes sarcástica, David Comfort revela com precisão os medos, fraquezas e excessos que levaram esses astros à condição de imortais.










Fotógrafo e motociclista JOSÉ ALBANO lança o MANUAL DO VIAJANTE SOLITÁRIO

O lançamento aconteceu em Fortaleza, no Centro Cultural Banco do Nordeste, e na Bienal Internacional do Livro de São Paulo

“Tudo começou em 1983 com um desses telefonemas chatos de telemarketing, um cara tentando me vender um consórcio de automóvel. (...) eu resolvi encerrar o papo dizendo que, na verdade, eu já estava farto de carros e, se fosse comprar um veículo novo, seria uma moto. (...) O engraçado é que eu tinha falado aquilo pro vendedor só pra cortar o papo pois, na verdade, eu detestava motos!”
A semente plantada há 27 anos na cabeça de José Albano, um dos maiores nomes da fotografia no Ceará, deu frutos. No ano seguinte comprou uma Honda 125cc, com a qual viaja até hoje pelas estradas do país. O mais novo fruto daquela conversa de telemarketing é MANUAL DO VIAJANTE SOLITÁRIO (Terra da Luz Editorial, 2010. 112p), patrocinado pelo Banco do Nordeste, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultural.


O autor procura desmistificar as viagens de moto, o perigo que a ela é atribuída e, assim, reduzir o medo e a ansiedade ligada ao uso da moto nas estradas. “É mais perigoso usar a motocicleta na cidade do que na estrada”, comenta. “Quero dar a boa notícia de como tenho me dado bem com o meu estilo despojado de viajar”, diz o autor no prefácio intitulado “Moto de viagem?”.
Outro mito que José Albano põe na mesa é a moto ideal. “A melhor moto para viajar é a pequena, a comum, pois ela é mais barata, mais econômica, mais leve e tem mecânico e peça em qualquer lugar”, justifica. “E tem outra vantagem, a moto pequena corre pouco, então é menos perigosa”, continua.

MANUAL DO VIAJANTE SOLITÁRIO não é uma narrativa de viagens. O autor não visa contar nada, mas dá dicas para motoqueiros e, para isso, cita fatos que aconteceram em mais de 20 anos nas estradas sobre duas rodas. É um manual prático, onde instiga o motociclista a viajar.

O livro é dividido em capítulos que proporcionam uma espécie de diálogo com o leitor. São questões, como “Por que uma 125cc?”, “E as viagens?”, “E o desconforto?”, “E o medo?”, “E a manutenção?”, “E os perigos?”, entre outras perguntas que levam o leitor às linhas seguintes, para saber as resposta de José Albano, que são apresentadas em uma linguagem coloquial, como uma boa conversa entre motociclistas.

Alguns bons exemplos:
...muita gente me pergunta quantos quilômetros eu faço por dia. Respondo: “Eu sei lá!... Depende!...” “Mas, em média, quantos quilômetros por dia?”, insistem. Respondo: “Só no fim de uma viagem, posso tirar uma média.” Mas confesso que não estou muito preocupado com esses números, não. O que posso dizer é que depende da viagem, da estrada, do clima, depende da minha disposição, da minha pressa, ou não, de chegar... Mesmo assim, depois de tantas viagens, posso dizer que rodo entre 350 e 450 km por dia, se você insiste em saber... Você acha pouco? Eu, não!

Aprendi a dar uma resposta às inúmeras pessoas que me abordam com a frase: “Mas que coragem!”. A minha resposta é: “Coragem é a sua de ver a vida passar dentro de casa! Como é que você tem coragem de gastar a vida desse jeito?”

O livro é dedicado a J.E.R.M.L. Quem é? Nem José Albano sabe. Mas estava em um monumento erguido a esse motoqueiro falecido na estrada, nas proximidades de Icó, no Ceará. Como José Albano sabia que era motoqueiro? Tinha uma moto vermelha desenhada.

Entre os vivos, o autor dedica o livro a Amarílio Rebouças, o “Bigode”, o mecânico da moto desde seus primeiros quilômetros até hoje. Foi ele quem deu o estalo para que o fotógrafo José Albano registrasse suas viagens quando disse: “Não se esqueça de tirar fotos quando cruzar uma divisa. É a prova que você tem de que esteve lá”. Conselho dado, conselho seguido. A primeira foto da primeira viagem está na página 37. Ela data de 1988 e foi feita na BR-222, na descida de Tianguá, no Maciço da Ibiapaba, Ceará.



QUEM É JOSÉ ALBANO

Nascido em Fortaleza, Ceará, em 1944, José Albano é fotógrafo desde 1967, quando cursava Letras na Universidade Federal do Ceará.Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na Manchete Press Agency, agência de notícias da Editora Bloch (1969-1970). Com bolsa da Comissão Fulbright, estudou nos Estados Unidos, onde obteve o mestrado em Fotografia para os Meios de Comunicação na Syracuse University, em Nova York. Exerceu o fotojornalismo percorrendo os Estados Unidos, o Canadá e 12 países da Europa.

De volta ao Ceará, trabalhou na Escala Publicidade durante cinco anos, até abrir seu próprio estúdio, onde passou a fazer fotografia profissional para o comércio e indústria cearense, ilustração fotográfica de livros, restauração e reprodução de fotos antigas, retratos, documentação da paisagem, ecologia e turismo no estado do Ceará.

Faz fotografia de expressão pessoal documentando o movimento alternativo em todo o Brasil, as viagens de motocicleta e os meninos do Projeto Albanitos. Seu trabalho autoral foi publicado no livro “José Albano 40 Anos de Fotografia” (Terra da Luz Editorial, 2009). Foi contemplado com dois prêmios pelo conjunto da sua obra. Faz documentação fotográfica, junto ao seu irmão Maurício Albano, para o projeto “Comida Ceará” do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. “E continuo fotografando tudo o que me interessa na vida... e não é pouco!”



TV DIVIRTA-CE

Confira videos sobre o livro de Jose Albano

















Retrato da falência do sistema carcerário

‘Voo para a escuridão’ conta o drama de um comissário de bordo nos porões d
e uma prisão brasileira

Cruel, arrasadora, atual. E, ainda por cima, verdadeira. Essa é a história do comissário de bordo colombiano Jak Mohamed Harb, de 48 anos. Rico, bonito e gay, ele vê de uma hora preso em uma masmorra brasileira, num processo kafkiano.
É da história de Jak e sua passagem por uma prisão no estado de São Paulo que o publicitário e especialista em marketing político Marcelo Simões – ex-parceiro de Duda Mendonça e hoje fazendo a campanha de Aloísio Mercadante para o governo de São Paulo – tirou o tema para seu primeiro livro. “Vôo para a escuridão” conta, com lances de romance de suspense, a dramática história de um personagem injustiçado, mas também – de forma nunca vista – a falência do sistema carcerário paulista e o amplo domínio de uma facção criminosa – o PCC – dentro dos presídios.
“A liderança do PCC dentro dos presídios, inclusive do presídio estrangeiro é inequívoca”, diz Marcelo Simões. “Isso revela a falência do sistema penitenciário em São Paulo e, acredito, em todo o Brasil, onde outras organizações criminosas agem como o PCC. As regras do PCC são seguidas à risca, tanto para a boa convivência lá dentro, como para o desenvolvimento de ações fora do presídio”.
História de erros e horror
Jak, o comissário de bordo, é preso num hotel de São Paulo no momento em que entregava, a pedido de uma colega de trabalho, uma encomenda para um suposto amigo dela. O pacote continha dólares e o tal amigo era um traficante.
Foi preso junto com outro colega também comissário de bordo, Gilberto, numa das espetaculares e midiáticas ações da Polícia Federal, com acompanhamento de jornalistas principalmente da televisão. Nestor, a pessoa para quem Jak devia entregar a encomenda, era nada menos que o colombiano Nestor Alonso Castañeda Arevelo, que estava sendo seguido há sete meses pelos federais. O telefone dele estava grampeado.
Outras 10 pessoas foram indiciadas no final da operação, inclusive criminosos internacionais, como o italiano Roberto Pedrani, procurado em outros países e que vivia no Brasil com documento falso, passando-se por diplomata. A PF também aprendeu carros importados blindados e 125 quilos de cocaína.
Jak tinha uma explicação para a confusão, mas a polícia não quis ouvir. Aí começa o drama. A primeira passagem de Jak pelo inferno foi na Penitenciária de Guarulhos II, de onde foi transferido para um presídio na cidade de Itaí, no interior paulista, onde ficou um ano preso, de julho de 2008 a agosto de 2009. Foi libertado após 400 dias no cárcere, sem culpa.
O que restou desse período dramático na vida desse filho de libaneses foram as memórias destes 400 dias no cárcere brasileiro, afinal relatadas no livro (“Voo para a Escuridão – o drama de um comissário de bordo nos porões de uma prisão brasileira”, de Marcelo Simões, Geração Editorial, 240 páginas, R$ 34,90).
O livro conta como Jak Harb viveu na prisão em péssimas condições de higiene, no meio de extrema violência e a cada dia tendo que lutar para sobreviver. Viu presos se cortando com estiletes para serem atendidos no ambulatório e outros morrendo, por atendimento precário. Uma vida nada normal para quem frequentava os melhores hotéis do mundo e é dono de pousada boutique na paradisíaca ilha caribenha de San Andres, diante de um mar azul-turquesa e sol durante quase todo o ano. A tarefa diária de dividir espaço com homicidas, assaltantes e líderes da maior facção criminosa do estado de São Paulo, o PCC (Primeiro Comando da Capital), não era as das mais tranquilas, para quem poderia em um dia acordar na Europa, tomar café nos melhores bistrôs e dormir após uma festa em alguma capital latina.
O que ele menos entendia era a acusação – fazer parte de uma quadrilha internacional de traficantes de drogas. Ele afirma que não conseguia ser ouvido nem pela polícia nem pelos magistrados brasileiros, para os quais qualquer colombiano só poderia ser mesmo traficante. No hostil ambiente carcerário, ainda teve que ocultar sua opção sexual, pois logo percebeu que os homossexuais levavam vida ainda pior que os demais.
Passado o trauma da prisão, agora em liberdade e de passagem pelo Brasil, Jak faz planos para seguir a vida, mantendo a pousada em San Andrés e viajando para a Índia, para uma tournée mística. Está acionando na Justiça a companhia aérea na qual trabalhava – e que não lhe deu assistência jurídica – e pensa ainda se processa ou não o Estado brasileiro, que o tratou tão mal na prisão.






Transcendência e liberdade nos clássicos da poesia


Livro analisa a influência do gnosticismo na escrita poética

Em "Um obscuro encanto" Claudio Willer relaciona mito, religiões, esoterismo e poesia em uma análise da literatura à luz da gnose e do gnosticismo. O livro apresenta uma estimulante reflexão sobre a produção poética de uma série de escritores influenciados por estas duas premissas filosóficas, como William Blake, Goethe e Baudalaire.

“Além de constituir uma lúcida análise do gnosticismo e suas imbricações na poesia do Romantismo até a atualidade, abre-se à discussão das relações entre heterodoxia e criatividade poética”, avalia o professor Benjamin Abdala Junior, autor da orelha do livro. Antes de ser considerado herético pela Igreja Católica, o Gnosticismo caminhava ao lado do Cristianismo nos primeiros anos da religião. Mesmo após o seu repúdio, esta corrente filosófica-esotérica continuou a influenciar artistas e pensadores de vários campos do conhecimento com a sua doutrina de caráter intuitivo e transcendental.

Mas foi no século XVIII que o Gnosticismo voltou à cena com grande força e influenciou a filosofia e as escolas literárias a partir do Romantismo passando pelos simbolistas, modernos e alcançando os contemporâneos. Desde então, sua influência pode ser considerada como uma “rebelião contra a sociedade burguesa e industrial, a massificação, a ideologia do progresso; e, em literatura e artes, contra o realismo e o naturalismo”, afirma Claudio Willer.

Ao abordar temas da tradição do pensamento gnóstico e suas confluências na literatura, o autor releva inclinações de poetas inovadores que se valeram de perspectivas sincréticas e heterodoxas na construção de poéticas abertas. Claudio Willer destaca o caráter libertário das obras de grandes nomes da literatura mundial e brasileira, entre eles, Rimbaud, Mallarmé, Victor Hugo e Hilda Hilst.

Claudio Willer (São Paulo, 1940) é poeta, ensaísta e tradutor. Seus vínculos são com a criação literária mais rebelde e transgressiva, como aquela representada pelo surrealismo e geração beat. Antes de lançar Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e poesia moderna, ensaio (Civilização Brasileira, 2010), publicou Geração Beat (L&PM Pocket, coleção Encyclopaedia, 2009), Estranhas Experiências, poesia (Lamparina, 2004); Volta, narrativa (terceira edição em 2004); Lautréamont - Os Cantos de Maldoror, Poesias e Cartas (Iluminuras, nova edição em 2008) e Uivo e outros poemas de Allen Ginsberg (L&PM, edição pocket em 2005, nova edição em 2010).



Teve publicados, também, Poemas para leer en voz alta (Andrómeda, Costa Rica, 2007) e ensaios na coletânea Surrealismo (Perspectiva, 2008). É autor de outros livros de poesia – Anotações para um Apocalipse, Dias Circulares e Jardins da Provocação – e da coletânea Escritos de Antonin Artaud, esgotados. Presidiu por vários mandatos a UBE, União Brasileira de Escritores. Doutor em Letras na USP com Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia moderna, faz pós-doutorado na USP sobre Religiões Estranhas, Hermetismo e Poesia. Coordena oficinas literárias; ministra cursos e palestras sobre poesia e criação literária. Prepara um livro sobre surrealismo e uma coletânea de ensaios sobre misticismo e poesia.





Obra analisa os transtornos mentais por meio do estudo do cinema


Artmed editora lança livro inédito no mercado nacional, voltado para estudantes de saúde mental e interessados em cinema ou psicopatologias

Em tarefa pioneira, J. Landeira-Fernandez e Elie Cheniaux escreveram "Cinema e Loucura", novo livro da Artmed Editora. Os autores estudaram os personagens do cinema clássico e moderno para auxiliar o leitor a compreender os mecanismos dos transtornos mentais retratados nos mais diversos filmes. "O cinema já vem sendo utilizado com certa frequência em várias universidades do Brasil e do exterior como um importante recurso acadêmico. Filmes podem motivar o aluno, aumentando seu entusiasmo para a compreensão de conteúdos complexos na área da psicopatologia, tornando o aprendizado mais agradável", contam Landeira e Cheniaux.

A ideia para a obra surgiu após os autores notarem o pouco acesso que os estudantes de psicopatologia, psicodiagnóstico e de outras disciplinas da área de saúde mental têm aos exemplos clínicos representativos dos sintomas de transtornos mentais. No entanto, o livro é de interesse não apenas dos estudantes acadêmicos, mas também de todos aqueles que se interessam por cinema e saúde mental e, por isso mesmo, foi escrito com uma linguagem simples e acessível. Segundo os autores, "mesmo pessoas que já possuam um alto nível de conhecimento sobre os transtornos mentais podem se interessar pelo livro, pois este traz um panorama de como a sétima arte tem retratado o adoecimento mental. Acreditamos ainda que o livro possa interessar ao leigo que tenha curiosidade sobre o assunto ou queira adquirir algum conhecimento sobre psicopatologia".

Para que pudessem ter como resultado uma obra que envolvesse a grande maioria dos transtornos mentais ligada aos personagens do cinema, Landeira e Cheniaux gastaram aproximadamente três anos vendo e revendo filmes que já conheciam e indicados por colegas e alunos, ou que foram sendo descobertos por meio de contínuas pesquisas sobre o assunto. "Vários filmes foram interrompidos várias vezes para que anotações fossem feitas ou para que uma mesma cena fosse revistas com mais detalhe. Em seguida, as anotações sobre os filmes se transformavam em textos que abordavam especificamente a questão dos transtornos mentais", explicam eles.

Todo o processo foi feito de forma a criar um livro com o maior embasamento teórico e clínico possível, sem perder a clareza e a objetividade da leitura de textos necessárias para o público geral.

Um dos aspectos mais interessantes de "Cinema e Loucura" é a percepção da representação muito ou pouco fidedigna dos transtornos mentais pelas produções cinematográficas. Como exemplo, os autores citam o filme "como se fosse a primeira vez", o qual consideram um exemplo de grosseira distorção de como é de fato um transtorno mental. "A personagem da atriz Drew Barrymore no filme, depois de sofrer um traumatismo craniano num acidente de carro, perde a memória sobre o que acontece a cada dia quando vai dormir. No entanto, nos pacientes reais que sofrem de um transtorno amnéstico, a perda da memória se dá de forma contínua, durante o dia inteiro, minutos após o registro de uma informação nova", afirmam Landeira e Cheniaux. Ainda defendem a existência de filmes que obtiveram um ótimo resultado ao retratar os transtornos.

"O filme Farrapo humano (1945), do diretor Billy Wilder, que deu o Oscar de melhor ator para o Ray Milland, retrata muito bem o alcoolismo, apresentando, inclusive, uma cena com um quadro de delirium tremens, que representa uma grave síndrome de abstinência ao álcool", finalizam os inovadores escritores do título nacional.

Serviços
Livro: "Cinema e Loucura"
Autores: J. Landeira-Fernandez e Elie Cheniaux
Formato: 16 x 23
Páginas: 228

Sobre os autores
J. Landeira-Fernandez: Mestre em Psicologia Experimental pela USP. PhD em Neurociências e Comportamento pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Diretor do Núcleo de Neuropsicologia Clínica e Experimental (NNCE). Professor do Curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá (UNESA). Professor da Graduação e do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-Rio.

Elie Cheniaux: Médico pela UERJ. Especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Mestre e Doutor pelo IPUB/UFRJ. Pós-doutor pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE) da UFRJ. Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ. Professor do Programa de Pós-graduação em Psiquiatria e Saúde Mental do IPUB/UFRJ. Membro associado e docente da Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro (SPRJ).








Sonhos de Miriam Leitão

Jornalista reúne as melhores crônicas da sua coluna, tratando de temas variados como política, meio-ambiente e, claro, o melhor da análise econômica

Uma das mais respeitadas jornalistas do país, Miriam Leitão reúne, em “Convém Sonhar”, suas crônicas mais marcantes, publicadas ao longo de duas décadas. Dividido de forma temática, este livro, além de ser uma coletânea de textos, é um retrato da história recente do país, com os acontecimentos que marcaram a sociedade, a política e a economia. Colunista de economia, Miriam não se atém ao tema, mas avança por outras áreas: há espaço para o jornalismo, as questões sociais e ambientais e, até mesmo, para textos de viagens e histórias pessoais, como a que dá título ao livro. O livro acaba de sair da gráfica da Editora Record (www.record.com.br) e chegou às livrarias no fim da semana.
Ter uma coluna diária é um exercício inigualável de disciplina. Um desafio que, a princípio, assusta. É assim que Miriam Leitão, uma das mais respeitadas jornalistas do país, define seu ofício de colunista. “A vida tem inesperados; o humor oscila; emergências acontecem. Mas a coluna tem seu prazo inegociável. É também um extraordinário privilégio: um espaço diário reservado para análises, notas, notícias, debates, reflexões”, revela.

Em “Convém Sonhar”, Miriam faz uma seleção desses pequenos privilégios. Insights na vida de milhões de brasileiros. Reunidas, aqui, estão as crônicas marcantes, publicadas ao longo de seus mais de vinte anos de carreira. Colunista de economia, Miriam não se atém ao tema, mas avança por outras áreas: há espaço para o jornalismo, as questões sociais e ambientais, e até mesmo, para textos de viagens — como sua ida ao Parque Grande Sertão Veredas, contada na coluna O senhor tolere.
O livro traz, ainda, histórias pessoais de Miriam. Passagens que a autora julga trazerem algum valor universal, como a que empresta seu nome ao título do livro. Um belo texto onde a jornalista lembra sua relação com o pai e a importância em acreditar nos próprios projetos, ter a ousadia de batalhar pelos sonhos. Algumas das lindas peças incluídas neste livro nasceram no calor da hora. Outras não: tomaram semanas de seu trabalho de apuração dedicado, obstinado, meticuloso.
A maioria dos textos deste livro foi extraída da coluna que começou Panorama Econômico e acabou se transformando na Coluna Miriam Leitão. Um daqueles casos especiais em que o jornalista, pelo seu papel, ganha marca própria.
Miriam Leitão tem coluna diária no jornal O Globo desde 1991, é comentarista de economia da TV Globo, rádio CBN, tem um programa na Globonews. Mineira de Caratinga, começou o jornalismo em Vitória e trabalhou também na Gazeta Mercantil, Veja, Abril Video, Jornal do Brasil e O Estado de São Paulo. Ganhou vários prêmios, entre eles o prestigiado Maria Moors Cabot Prize, conferido pela Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia.








Revelações de um publicitário

“Curto & Grosso” traz as historias de Flávio Corrêa, o Faveco, um dos profissionais de comunicação mais respeitados e premiados do Brasil


“Curto & Grosso – O Brasil de cabo a rabo na visão de um publicitário politicamente incorreto”, publicado pela Geração Editorial (184 páginas, R$ 34,90), traz as historias de Flávio Corrêa, mais conhecido como Faveco, um dos profissionais de comunicação mais respeitados e premiados do Brasil. A sua carreira no mundo é extensa, polêmica e vitoriosa, como jornalista, publicitário e empresário.
Faveco, ainda jovem, foi o escolhido pelo papa da comunicação do século XX, David Ogilvy, sem ao mesmo falar inglês, para trabalhar na nova agência de publicidade que seria montada para atender a América Latina. O resultado final foram 25 anos de convivência com o todo poderoso publicitário e trabalhos para Ogilvy & Mather nos cinco continentes.
“Talvez o que tenha cimentado nossa amizade tão especial tenham sido alguns traços comuns de personalidade: a irreverência, e iconoclastia beirando o anarquismo, o inconformismo, o amor pelo bom texto, pela elegância, pela ética na publicidade e a compulsiva busca da perfeição. E o cigarro...”, conta Faveco, no texto “Meu amigo David”.
Em “Curto & Grosso”, o autor mostra o seu espírito crítico aguçado para comentar os novos caminhos do mercado publicitário, da economia brasileira e da política, e não poderia deixar de lado lembranças do seu passado vencedor. O livro interessa não apenas aos profissionais de negócios, mas a publicitários, jornalistas e cidadãos dispostos a saber o que pensa um homem que, com as suas críticas, defende um melhor caminho para o futuro do país, sem partidarismo ou ambições políticas.
Os textos estão divididos em quatro áreas: Comunicação, Brasil, Gestão e Memórias. Os artigos são sempre “curtos e grossos” e carregam uma análise contemporânea profunda e, às vezes, agressiva contra a postura de políticos, empresários e do mercado em geral.









Uma ferida aberta há 25 anos

Livro reconstitui a morte de Tancredo Neves, primeiro presidente civil eleito após a ditadura militar. Autor questiona procedimentos médicos após pesquisa de 10 anos e entrevistas com profissionais responsáveis pelas quatro cirurgias

Um diagnóstico equivocado, uma técnica de cirurgia ultrapassada e uma briga “brutal de egos” para uma cirurgia de emergência — sem necessidade de urgência — levaram à morte Tancredo Neves, o primeiro presidente civil eleito depois de 21 anos de ditadura militar. A conclusão está no livro ‘O Paciente — Caso Tancredo Neves’, do pesquisador médico Luis Mir. Com documentos e prontuários inéditos, ele questiona, 25 anos depois, o procedimento que matou Tancredo poucos dias antes de assumir à Presidência da República.

“Tancredo foi operado em condições catastróficas. O procedimento operatório foi desatroso, houve um erro técnico clamoroso, primário. Era para ele ter tomado posse no dia 15 de março de 1985”, afirma Mir, que é professor da USP e pesquisou por 10 anos o tema, com entrevistas com a equipe médica responsável pelas intervenções no presidente.

“Não era um caso grave, ele não corria risco de vida. Era uma cirurgia que poderia ter sido programada melhor. Os médicos atenderam magnificamente bem o presidente da República, mas muito mal o paciente”, diz Mir.

HEMORRAGIA

Segundo o autor, a causa da morte de Tancredo foi uma hemorragia em consequência da técnica de sutura (de fechamento dos pontos) utilizada pela equipe do cirurgião Francisco Pereira Rocha. O presidente tinha um tumor benigno no abdômen, que primeiramente foi confundido com uma apendicite. “Já era um procedimento fora de uso, inadequado para 1985. Essa é a principal crítica que colhi da equipe paulista no livro”, conta o pesquisador, referindo-se aos médicos comandados por Henrique Pinotti, o terceiro médico que operou o presidente. Os dois cirurgiões são inimigos até hoje e se processaram após o conturbado processo que culminou com a posse do vice-presidente José Sarney. Mir é enfático ao apontar a principal razão do erro de médicos renomados, que convivem “e sofrem muito com isso”.

“Com o procedimento ideal, ele teria saído do hospital cinco dias depois da cirurgia andando para assumir o cargo. Mas era uma operação para salvar o presidente, houve modelos e várias soluções diferentes. Não podia dar certo. Foi um desastre médico, político, cirúrgico...”, critica.

Autor nega mitos e lendas sobre a morte de Tancredo

Entre as motivações de Luis Mir para escrever o livro, que chega amanhã às livrarias pela Editora Cultura, o autor diz que pretende desfazer lendas, mentiras e “outras bobagens” sobre a morte de Tancredo Neves. Há versões que apontavam até mesmo envenenamento, além de responsabilizar de certa forma ao próprio presidente, que seria um paciente rebelde. “É mentira, ele foi um excelente paciente. Faltou, digamos, sensibilidade com ele por parte dos médicos. Não defendo o presidente, mas o paciente. O que ele dizia apenas é que queria tomar posse para depois ir direto para o hospital”, lembra Mir, que teve contato com a neta de Tancredo (Andrea Neves) e o filho (Tancredo Augusto). Com eles, o autor acredita que vai desfazer um dos “boatos históricos” que cercam a morte de Tancredo: que ele teria sido mantido vivo artificialmente até o dia 21 de abril para morrer no mesmo dia que Tiradentes.






Literatura e arte moderna

Crítico Antonio Arnoni Prado lança “Itinerário de uma falsa vanguarda”


Reconhecido por estudos de primeira grandeza sobre Lima Barreto, o teatro e a cultura anarquistas no Brasil, e o percurso intelectual de Sérgio Buarque de Holanda, entre outros temas, o historiador e crítico de literatura Antonio Arnoni Prado realiza com o livro “Itinerário de uma falsa vanguarda - Os dissidentes, a Semana de 22 e o Integralismo” uma proeza admirável.
Ao focar sua atenção sobre uma linhagem de obras e autores pouco analisados pela crítica — com destaque para a produção excêntrica e contraditória de Elísio de Carvalho (1880-1925) —, o autor amplia a compreensão dos nexos entre literatura e política no período crucial que se estende da proclamação da República à maturação do Modernismo.
História cultural densa e crítica literária das mais finas, “Itinerário de uma falsa vanguarda”, lançamento da Editora 34, mapeia, sem nenhum esquematismo as várias vertentes estéticas que confluiriam para os acontecimentos da Semana de Arte Moderna de 1922, bem como para as tomadas de posição ideológica que viriam à tona na década de 1930.








Emocionante história de superação

O grande bailarino Li Cunxin volta a ser notícia, após sua autobiografia virar filme


“Adeus, China”, lançado no Brasil pela Editora Fundamento, conta a emocionante história de superação de um dos mais importantes bailarinos do mundo: o chinês Li Cunxin. A obra virou bestseller na Austrália, onde foi eleito o livro do ano pela Associação Australiana de Livreiros (a Nielson BookScan, em 2004) e recebeu o Book of the Year Award. Nos Estados Unidos recebeu o prêmio Christopher Award for Literature e foi um dos finalistas do National Biography Award. Publicado em mais de 20 países, está em listas de mais vendidos em vários lugares do mundo. No ano passado se tornou filme e foi lançado no Festival de Toronto.
Sucesso de público e de crítica, a história de Li Cunxin é admirável e envolvente. Um dos dançarinos mais importantes do mundo da dança, Li já se apresentou com algumas das maiores companhias da atualidade e é reverenciado por milhares de bailarinos. Mas todos concordam que ainda mais impressionante que a leveza de seus movimentos é sua história. O caminho que ele teve de percorrer da infância miserável na China comunista até a glória é narrado em sua autobiografia.
Amigo de presidentes americanos e estrelas de cinema, o bailarino escreveu suas memórias em linguagem simples, que agrada até àqueles que não conhecem seu nome e sua reputação como dançarino do Australian Ballet e do Houston Ballet. Nem mesmo a as características da China comunista, ainda pouco conhecidas no ocidente, se tornam obstáculos em uma história escrita com sentimentos intensos.
O livro relata a determinação de um garoto pobre da província de Qingdao que tem a oportunidade de mudar de vida. Unindo histórias de sua infância com o panorama político do país que passava pela Revolução Comunista, sob o comando de Mao Tsé-tung, Li Cunxin descreve seus anos de árduo treinamento e suas impressões do ocidente.
Li Cunxin foi um grande bailarino, mas, desde 1999, após uma lesão, trabalha no mercado de ações. Vive na Austrália com a esposa Mary e três filhos.






Na defesa da comunicação

Jornalista Adísia Sá é homenageada em obra que mostra a trajetória de grandes jornalistas


A Comissão Especial que vai proferir parecer à Proposta de Emenda à Constituição 386/09, conhecida como a PEC dos Jornalistas poderá ser instalada ainda em maio na Câmara dos Deputados. Enquanto parte da categoria se mobiliza pela obrigatoriedade do diploma, os jornalistas José Marques de Melo e Francisco de Assis lançam o livro "Valquirias Midiáticas" (Editora Arte e Ciência), com a luta de sete mulheres ícones na atuação acadêmica do jornalismo.
Entre as homenageadas está a cearense Adísia Sá, que foi a primeira mulher a integrar uma redação de jornal, a Gazeta de Notícias, em 1955. Foi a primeira repórter policial feminina, primeira mulher sindicalizada no estado do Ceará e fundadora do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará.
O livro mostra a trajetória de Adísia Sá, Anamaria Fadul, Cremilda Medina, Lucia Santaella, Maria Immaculada Vassallo de Lopes, Sonia Virgínia Moreira e Zélia Leal Adguirni. O título do livro, Valquírias Midiáticas, remete à primeira revista feminina do Brasil - Walkyrias -, lançada na década de 1930 pela jornalista-empresária Jenny Pimentel de Borba, época da Constituição de 1934, que garantiu o direito de voto à mulher e que a incentivava a tomar consciência de seu papel de cidadã.







Cia Editora Nacional lança livro com fotos inéditas de Michael Jackson

No dia 25 de junho de 2009 o mundo perdia o cantor Michael Jackson, o rei do pop. Em junho, a Companhia Editora Nacional vai lançar o livro Michael Jackson, o rei do pop 1958-2009. O livro foi lançado mundialmente dois meses depois da morte do cantor e, finalmente agora, chega ao Brasil. Os diferenciais da obra são muitos e começam pelo escritor. Chris Roberts é jornalista especializado em música, já biografou Lou Reed, Abba, Scarlett Johansson e escreveu para a revista Melody Maker. É colaborador atual dos jornais The Telegraph e The Guardian e as revistas Elle e Ikon. O livro também contém imagens inéditas da carreira do artista como os bastidores do videoclipe Thriller e as poucas fotos com sua ex-mulher Debbie Rowe e filhos. Os fãs terão acesso a mais de 140 fotos, inclusive as do fuderal-show do cantor.

Em Michael Jackson, o Rei do Pop - 1958-2009, o autor, Chris Roberts, apresenta a carreira do músico e não fica preso à excentridades e polêmicas nas quais o artista se envolveu. A obra começa com os Jackson Brothers (depois Jackson Five), passa pelo primeiro álbum solo Off The Wall, o lendário Thriller, maior recordista de vendas de todos os tempos, Bad e outros grandes sucessos como Dangerous - histórias bem conhecida, mas Chris Roberts a enriquece com diversos episodios de bastidores.

A questão racial também não fica de fora. Roberts mostra que, no início da carreira do artista, na Motown, após os grandes embates pelos direitos civis da década de 1960, havia um anseio difuso por integração racial em todo o país. E a Motown soube aproveitar, como nenhuma outra gravadora, os novos tempos, tendo sido pioneira em popularizar seus artistas afro-americanos para fora do gueto. Assim, os Jackson Five figuraram nas capas dos maiores veículos da imprensa dos EUA. Mas essa não é uma história cor-de-rosa: em meio ao grande sucesso de Off the Wall, às vésperas da década de 1980, o já superastro Michael Jackson ainda se queixava do que considerava discriminação racial da mídia em relação a ele.



Michael Jackson, o Reio do Pop - 1958-2009 resume toda a vida e a obra do cantor, resultando em um livro que certamente agradará a todos os seus fãs - escrito não somente por um fã, mas por um exímio biógrafo e crítico musical acurado. A obra foi considerada pelo jornal inglês The Guardian um tributo "perspicaz" sobre o artista, em meio à enxurrada de publicações que surgiram após sua morte. *

(http://www.guardian.co.uk/books/2009/aug/02/michael-jackson-biography-review).

SOBRE O AUTOR
CHRIS ROBERTS nasceu no País de Gales, no Reino Unido, e mora em Londres. É escritor e jornalista, especializado em música e cinema. Escreveu assiduamente na Melody Maker, a mundialmente famosa revista sobre música, extinta no ano 2000. Tem colaborado com diversos periódicos, como os jornais The Telegraph e The Guardian e as revistas Elle e Ikon, além de participar de programas de TV na rede BBC e outras emissoras. Foi organizador da obra Idol Worship, sobre o estrelato da indústria cultural (Bono Vox, Nick Horbny, Thurston Moore), considerada pelo New York Times o livro mais original desde sempre sobre rock'n'roll. Publicou biografias de Lou Reed, Abba, Scarlett Johansson, entre outras.







Mito, religiões, esoterismo e poesia


Em Um obscuro encanto Claudio Willer relaciona mito, religiões, esoterismo e poesia em uma análise da literatura à luz da gnose e do gnosticismo. O livro apresenta uma estimulante reflexão sobre a produção poética de uma série de escritores influenciados por estas duas premissas filosóficas, como William Blake, Goethe e Baudalaire.

“Além de constituir uma lúcida análise do gnosticismo e suas imbricações na poesia do Romantismo até a atualidade, abre-se à discussão das relações entre heterodoxia e criatividade poética”, avalia o professor Benjamin Abdala Junior, autor da orelha do livro. Antes de ser considerado herético pela Igreja Católica, o Gnosticismo caminhava ao lado do Cristianismo nos primeiros anos da religião. Mesmo após o seu repúdio, esta corrente filosófica-esotérica continuou a influenciar artistas e pensadores de vários campos do conhecimento com a sua doutrina de caráter intuitivo e transcendental.

Mas foi no século XVIII que o Gnosticismo voltou à cena com grande força e influenciou a filosofia e as escolas literárias a partir do Romantismo passando pelos simbolistas, modernos e alcançando os contemporâneos. Desde então, sua influência pode ser considerada como uma “rebelião contra a sociedade burguesa e industrial, a massificação, a ideologia do progresso; e, em literatura e artes, contra o realismo e o naturalismo”, afirma Claudio Willer.

Ao abordar temas da tradição do pensamento gnóstico e suas confluências na literatura, o autor releva inclinações de poetas inovadores que se valeram de perspectivas sincréticas e heterodoxas na construção de poéticas abertas. Claudio Willer destaca o caráter libertário das obras de grandes nomes da literatura mundial e brasileira, entre eles, Rimbaud, Mallarmé, Victor Hugo e Hilda Hilst.

Claudio Willer (São Paulo, 1940) é poeta, ensaísta e tradutor. Seus vínculos são com a criação literária mais rebelde e transgressiva, como aquela representada pelo surrealismo e geração beat. Antes de lançar Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e poesia moderna, ensaio (Civilização Brasileira, 2010), publicou Geração Beat (L&PM Pocket, coleção Encyclopaedia, 2009), Estranhas Experiências, poesia (Lamparina, 2004); Volta, narrativa (terceira edição em 2004); Lautréamont - Os Cantos de Maldoror, Poesias e Cartas (Iluminuras, nova edição em 2008) e Uivo e outros poemas de Allen Ginsberg (L&PM, edição pocket em 2005, nova edição em 2010).

Teve publicados, também, Poemas para leer en voz alta (Andrómeda, Costa Rica, 2007) e ensaios na coletânea Surrealismo (Perspectiva, 2008). É autor de outros livros de poesia – Anotações para um Apocalipse, Dias Circulares e Jardins da Provocação – e da coletânea Escritos de Antonin Artaud, esgotados. Presidiu por vários mandatos a UBE, União Brasileira de Escritores. Doutor em Letras na USP com Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia moderna, faz pós-doutorado na USP sobre Religiões Estranhas, Hermetismo e Poesia. Coordena oficinas literárias; ministra cursos e palestras sobre poesia e criação literária. Prepara um livro sobre surrealismo e uma coletânea de ensaios sobre misticismo e poesia.

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